Love Kitsune escrita por BlackCat69


Capítulo 15
Capítulo: Futuro (parte 3)




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Karin escovava os dentes.

Sozinha ela não se enxergava no espelho acima da pia, mas com ajuda da pequena escada dupla, de três degraus de cada lado, alcançava tal propósito.

Após lavar a boca, de banho tomado, vestia seu pijama amarelo de listras brancas e pantufas de raposa.

Esticava os braços andando ao leito, ao afundar o traseiro no colchão, suspirou.

Sentou na cama, e passou as mãos sobre a superfície macia, como se realizasse uma suave carícia.

Mais uma noite, na qual caso acordasse, não iria para o quarto da avó.

A iluminação do ambiente provinha da luz amarelada do abajur e da janela aberta, pela qual entrava o luar.

Mantidas as pernas fora da cama, Karin jogou as costas sobre o colchão e abriu os braços.

Observando o teto, seus orbes pararam no pendurador circular, do qual fileiras de estrelas, em cada filamento, brilhavam.

Não retirou seu cordão, nem mesmo quando tomou banho.

Levou uma mão ao peito, segurando o pingente cristalino.

Foi um dia bom, o melhor das férias até o momento.

Reservou sua mente às boas lembranças criadas nas horas anteriores, exceto quando conheceu aquele menino estranho.

Afundando-se em seus pensamentos, a preguiça a dominava.

A concha se encimava na cômoda que recebia, maiormente, o luar.

Os óculos de Karin, guardados em cima da cômoda, distanciavam-se da concha por quinze centímetros.

O reflexo batido na concha alcançou a visão periférica da menina.

Lentamente, ela virou a cabeça até seu rosto se pôr frontalmente àquele órgão rígido de um falecido molusco.

Pensava em pôr a concha de enfeite em algum lugar no quarto da avó, talvez na cabeceira da cama.

Mito adoraria.

Escutava a voz dela, elogiando-a pela gentileza, e em seguida, o abraço cheio de amor que ela lhe daria.

 

Toc

Toc

Toc

 

Karin fechou os olhos, desgostada por ter sua doce imaginação interrompida, alcançou um travesseiro e cobriu a cara com ele.

Ausentava-se de vontade de se erguer do leito.

Soou a voz de Karina:

— Eu sei que não está dormindo, a luz está acesa, vejo por baixo da porta.

A filha se estendeu na mudez, esperançosa de que a mãe desistisse e fosse embora.

— Filha minha não tem medo de escurooo.

Karina cantarolou. Aguardou durante um momento, e tendo o silêncio prevalecido, continuou:

— Eu estava pensando, podíamos comer biscoitos e assistir alguns filmes, não precisamos dormir agora. Uma noite mãe e filha, que tal?

Karin jogou o travesseiro ao centro da cama, e se retirou do leito, caminhou a porta, e abriu apenas um pouco.

O cabelo de sua mãe se prendia com um pompom rosa Pink, o corpo dela se introduzia em um pijama branco com estampa de coelhinhos, e seus chinelos se revestiam interna e externamente de algodão.

— Eu escovei os dentes, não quero escovar de novo.

— Tudo bem, nós ficaremos apenas nos filmes. — Disse Karina, tentando empurrar a porta.

A menor segurou firme a folha da porta, argumentando:

— Não é somente isso, estou cansada, brinquei bastante hoje.

Os olhos de Karina se arregalaram, engrandeceu um sorriso em seus lábios, questionando-a:

— Com outras crianças?

A pequena assentiu.

Karina em breve perdeu o sorriso, e temerosa, tocou no assunto:

— Sabe, seu tio me contou que você chegou em casa descalça. Não...não...está escondendo nada? Alguma criança roubou seus tênis? Não precisa ter medo, conte para a mamãe qualquer coisa que a incomoda.

— Não aconteceu nada. Eu estava na praia...e quando chegou a hora de ir embora, tive que ir com as outras crianças por que estava escurecendo.

— Você foi à praia? — Karina retornou a se animar. — Podemos retornar lá amanhã de manhã, e procurar seus tênis, e aproveitamos para tomar banho.

— Eu... — Karin forçou um sorriso. — Aqueles tênis já estavam apertados mesmo...deixa pra lá. Eu prefiro brincar com meus amigos de Konoha, combinamos de nos encontrar amanhã, naquele lugar chamado....Ichiraku. — Era um restaurante famosinho, por isso foi o primeiro nome que lhe veio à mente.

— Nesse caso, marcaremos um dia para comprar tênis novos. O bom é que os preços de Konoha são mais acessíveis que na cidade grande, vamos poder comprar mais de um par. — Karina feliz, dizia. — Vou comprar até para mim.

— É...marcaremos um dia... — Forçou um bocejo: — Tenho que dormir agora...eu ia apagar a luz antes, mas estava com preguiça.

— Tudo bem meu tomatinho, que tal termos nosso momento de mãe e filha, depois que você retornar do encontro com seus amigos?

— Pode ser...se eu não chegar tão cansada. — Karin respondeu, esfregando a cabeça.

A Uzumaki mais velha conteve sua vontade de festejar.

Saber que sua filha retornava a interagir com outras crianças, empolgava-a.

E só a possibilidade de Karin considerar um momento para as duas, era um grande avanço em seu relacionamento com ela.

— Puxa, mamãe aqui vai sobrar. Então boa noite meu tomatinho. — Varou seu braço entre a folha da porta e o batente, esfregou os cabelos vermelhos de sua primogênita, em seguida, afastou-se.

Karin suspirou aliviada após fechar a porta do quarto, e caminhou à cama.

Antes de subir no colchão, decidiu apagar o abajur.

E pensando melhor, resolveu descer o vidro da janela e fechar as cortinas.

Primeiro subiu no banquinho e aí realizou seu objetivo.

Foi só tirar as mãos dos tecidos, que escutou:

— Que mentira, você foi embora sozinha da praia.

A menina se desequilibrou do banquinho, ele virou, mas por sorte ela caiu de pé.

— Que barulho foi esse? Menina, você está bem?

A ruivinha procurava a fonte do som.

— Menina, você ainda está aí? Deve estar assustada. Eu estou na concha, digo, eu não estou na concha, mas me comunico através dela.

A Uzumaki começou a olhar para a porta, pensava em correr.

— Sou Suigetsu Hokuso, se lembra de mim? Nos conhecemos mais cedo, na praia. Foi eu que te atirei a concha nas costas AHAHAHA desculpe, é que foi engraçado.

Karin deixou de gelar, a voz era igual a do menino sim, a voz saía abafada por vir de dentro da concha.

Atônita, aproximou-se do móvel e pegou a concha, manuseou-a, perguntando:

— Como...como faz isso?

— Fazer o quê? Falar pela concha?

— Não, dar piruetas. É claro que estou falando da concha!

— Credo que brabeza, bem isso é fácil, sou uma criatura do mar, não totalmente do mar, como viu, sou meio humano. Mas tenho a habilidade que algumas criaturas do mar têm de se comunicar pelas conchas.

Karin logo esvaziou seu medo, espiando dentro da concha, desacreditava:

— Essa é muito boa. Tem algum mini walk tok aqui dentro?

— O que é um walk toki?

— Humpf, engraçadinho. Já sei, você deve estar escondido. — Sem largar a concha, Karin se volveu à janela, abaixou-se para levantar o banquinho e subiu nele, afastou as cortinas e subiu o vidro.  

— Não estou escondido, é que no momento estou no mar. Quando está de noite, não posso transformar minha cauda em pernas.

— Espera aí, está dizendo que é um sereio?

— O nome correto é tritão.

Karin riu, obviamente, achando a história cada vez mais ridícula. Observando através da janela, procurando alguém escondido, acusou-o:

— Quando nos encontramos ainda não estava noite, por que não saiu da água transformando sua cauda em pernas?

— É por que estava perto de escurecer, quando a noite ta pertinho prefiro me manter na água. Tenho que ser muito cuidadoso, imaginou como as pessoas podem reagir se verem minha forma verdadeira? Se quiser, amanhã mostro para você.

— Ué, e qual a lógica de mostrar para mim?

Um silêncio se estendeu, e Karin encerrou sua procura visual, e sentou no banquinho, de costas à janela. Disse-o:

— Ahá, não sabe mais o que mentir. Fala aí qual tipo de comunicador você enfiou dentro da concha que te perdoou pela conchada nas costas.

— Não estou mentido, apenas me calei um momento, por que dei uma parada pra cagar, mas já acabei. O bom é que evacuo rápido com a cauda, eu odeio cagar na forma humana, demora demais e as vezes dói. 

— Pare de falar isso! — Karin exclamou, seu rosto assumindo tonalidade verde, enojada.

— Credo, você é bem explosiva, menina. — Ele prosseguiu. — Ouça, se quer saber da minha intenção...achei o seu cordão interessante, eu queria encostar nele só um pouquinho, ele é muito bonito.

— Humpf. Não acredito que fez isso só por causa de um cordão. Eu não deixarei ninguém tocar no presente que ganhei da minha avó, tá legal?

— Quem é sua avó?

— Boa noite. — Ela não quis mais prosseguir. Retornou a ficar de pé no banquinho, e lançou a concha pela janela; seguido disso, abaixou o vidro e fechou as cortinas.

Sequer reparou onde a concha caiu.

Retornou à cama, tentando esquecer o pequeno momento esquisito com a concha.

 

~NH~

 

Karina usava uma calça jeans de tom claro, cinto preto e uma camisa branca de mangas curtas. Descalça, andou até parar ao pé da escada, abraçando uma melancia.

Seu rosto se iluminava ao ver sua filha descendo os degraus.

Karin passava a mão pelo corrimão amadeirado.

A parede preenchia o outro lado da escada.

Vestia um macacão jeans chegando aos tornozelos.

Por baixo das alças jeans, passavam as mangas curtas da camisa laranja amarelada, a cor preta tingia o acabamento das mangas e a gola circular.

Calçava sandálias de velcro marrom claro, acabamento de borracha, uma tira circulando cada tornozelo e abaixo dos dedos; e tiras laterais interligando as outras duas.

Como esperado, o presente de sua avó, em volta do seu pescoço, o cristal sumia sob a camisa.

— Bom dia meu tomatinho. — Karina cumprimentou, admirando o visual de sua filha. — Que linda, pronta pra sair com os amiguinhos, ah, amei as sandálias, encontrou no armário de sua vó?

— Claro. — Karin confirmou, andando à mesa. — Obaa-chan sempre guardou roupas de emergência, para cada membro da família.

— Verdade? — Karina não estava lembrada, e sorriu. — Depois vou verificar que roupas ela guardava para mim. — Riu, ansiosa.

— E essa melancia? — Karin puxou a cadeira, e sentou à mesa. — O senhor Chen disse alguma coisa?

— Senhor Chen...então conhece ele, é um senhor muito animado, não é? Minha mãe falava bastante com ele.

— Eram amigos, ele não é religioso, mas sabe compor a oferenda que ela levava ao templo.

— Sério? Nossa, eles eram mais próximos do que imaginei. — Karina dissera, surpresa.

Caminhou até parar ao lado da mesa, e encimou no móvel a melancia.

Avisou à menor:

— Ele falou que eu devia entregar para a campeã da casa, e foi embora, sabe o que ele quis dizer com isso?

Karin sorriu, lembrando da diversão do dia anterior.

— Acho que sim.

Karina ergueu uma sobrancelha, pondo uma mão na cintura.

— Não me contará?

— É só uma piada interna. — Karin sacudiu os ombros. Curvou-se sobre a mesa, pegando uma faca. — Comerei uma fatia.

— Mamãe corta. — Karina pegou a faca da mão da filha. Enquanto separava uma parte da fruta, verbalizava: — Por que não me explica sobre a piada interna? Quero me divertir com minha filha.

— Senhor Chen é gentil com todo mundo, ele é de dar apelidos...sou a campeã do sono. Por que eu quase nunca acordava quando ele vinha entregar frutas para a obaa-chan.

Karin estava incerta se sua mãe aprovaria ter ido para a praia a convite de um senhor, mesmo ele estando na companhia da neta.

Por isso, mentiu.

— Uh faz sentido. — Karina gargalhou um pouco e colocou a fatia triangular de melancia dentro de um prato, empurrou-o para a frente da filha. — Vou guardar o resto dentro da geladeira. — Carregou a melancia e se afastou da mesa.

Karin mal deu a primeira mordida que seu tio se inclinou sobre a mesa, pondo a cara dele bem perto da dela.

— Glup! — Karin assustada, engoliu dois caroços de uma vez.

Nagato ignorando a reação da menina, disse-a pondo algo ao lado do prato:

—Olha o que o seu tio super legal trouxe para você.

Karin arregalou os olhos, era a concha que jogou fora. 

— Linda, não é? Encontrei correndo na praia. — Nagato esfregou os cabelos da ruivinha. — Resolvi trazê-la para minha amada sobrinha.

— “Que mentiroso!” — Karin torceu o nariz, e vendo a alegria do tio, sorriu sem graça. — Obrigada.

Fingiu acreditar, seria melhor do que revelar que ela sabia a verdade, pois se o fizesse, o tio colaria nela pedindo mil perdões.

O homem contente saltitou à sala de estar e se jogou no sofá, ligando a TV.

— Nagato! Eu disse para você praticar exercício! — Karina exclamou, retornando para perto da mesa.

— Eu já pratiquei, fui na praia...até trouxe uma concha para Karin, olha aí.

— Uau, que linda. — Karina puxou um assento, e se juntou à mesa.

Alcançou a concha, dedilhou-a devagar.

O lilás e o branco da peça rígida a encantaram.

— Deveria colocar em seu quarto, será um belo enfeite. — Karina sugeriu.

Sem chance! Pensou Karin que segurou a crítica. Após engolir mais um pedaço de melancia, dissera:

— Por que não enfeita o seu quarto com ele? Não curto conchas.

— Nagato deu de presente pra você, meu tomatinho.

— Eu sei, mas quero presentear a senhora...mãe.

Karina emocionada, deixou a concha na mesa e contornou a mesa, abraçando sua filha por trás, cada braço passando ao lado do pescoço da criança.

Encheu os cabelos ruivinhos de beijos.

— Isso é tão lindo meu tomate. — Karina deu uma espiadinha na sala de estar. E se concentrando na filha, falou-a diminuindo a voz: — Mas para não magoar seu tio, por que sabe como ele é sensivelmente chato, deixaremos na sala, assim ele não desconfiará que você a entregou para mim. Eu digo que foi você que quis pôr lá na estante, ele ficará satisfeito.

— Pode ser. — Karin deu de ombros, e ficou meio sem jeito por ver tamanha alegria da mãe.

Começou a se sentir mal.

Na porta, escutaram batidas.

— Eu atendo, eu atendo! — Karina toda feliz, saltitou à entrada da casa.

Karin continuou comendo sua melancia, e faltando pouco para acaba-la, sua mãe retornou à cozinha.

Karina parou três passos atrás da filha, perguntando-a:

— Por que não avisou que seu amiguinho viria buscá-la?

Surpreendida, a pequena Uzumaki se virou na cadeira, e observou por cima do ombro, sua mãe preocupada.

Karina avaliou o próprio visual, falando:

— Eu teria me arrumado melhor para recebê-lo. É a primeira vez que um amiguinho seu vem até aqui. 

— Que amigo? — Karin perguntou.

Karina arqueou as sobrancelhas, respondendo-a:

— O que se chama Suigetsu, ele me contou que estava com as crianças que foi com você na praia. — Karina ergueu a mão direita, segurando o par de tênis da filha pelos cadarços. — Ele disse que foi cedo à praia para procurar seus tênis, ele é um amor. — Franzinho o cenho, manuseou os calçados, analisando cada centímetro: — Estão cheios de areia, e ainda estão úmidos. Vou pôr pra lavá-los. Depois posso doá-los para alguma criança, você disse que estão apertados.

— Posso usá-los por mais um ano... — Karin falou de imediato, era claro que havia mentido sobre estarem apertados, apenas para a mãe não se preocupar em procurá-los na praia. — ...não estão tão apertados assim. 

— Tudo bem, mesmo assim, é melhor comprarmos calçados novos. Enquanto isso, não deixe seu amiguinho esperando lá fora, se ainda vai comer algo, convide-o para entrar. — Karina se retirava da cozinha.

Atônita, a Uzumaki não tinha antes percebido o tênis na mão da mãe.

Mas não teve duvidas de que eram os que ela perdeu.

Saiu da cadeira, correu à porta e encontrou um menino com short verde escuro aos joelhos e uma camisa branca sem mangas; calçava sandálias e um chapéu de palha, de topo circular.

— Pronta para ir comigo à praia?

Ele perguntou, mas não a fitava nos olhos, os rotundos arroxeados miravam a corda do pingente em torno do pescoço dela.

Ele sabia que o pingente estaria sob a camisa laranja amarelada.

 

 


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