Descendo o Rio escrita por psyluna


Capítulo 2
Parte II - Contrato


Notas iniciais do capítulo

Coloque as músicas pra tocar assim que aparecer o aviso no meio do texto.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/67718/chapter/2

Segundo ato.

   Do lado de fora de onde morava Ai, havia um jardim. Apesar de não ser cuidado, as flores de Lycoris cresciam fortes e viçosas, e sua cor vermelha combinava com o eterno pôr-do-sol. Sentada sob uma árvore próxima, a dona da casa jogava com um conjunto de bola e copo de madeira. Perto dela, havia uma mulher de pé. Bonita, de penteado no estilo japonês antigo, kimono azul-claro e belo corpo. Também estava por perto um senhor careca, de chapéu e sobretudo marrom. Enquanto Ai estava entretida com o brinquedo, eles conversavam.

    -Aquele tal de Uchiha. – A moça disse, olhando para algo bem distante. – É Sasuke o nome dele?

    -É, sim. – O homem respondeu. –Era o nome de um lutador.

    -Há quase uma semana que ele está com o Ren, não é?

    -Mais ou menos isso. – Segurou o chapéu, para não voar com o vento que resolveu bater. – Quanto tempo você acha que ele vai demorar?

    -Não dá pra ter muita certeza... – Cruzou os braços.

    -Ele tem ódio verdadeiro.

    -Mas quer se vingar com as próprias mãos.

    -Não teria nos chamado. – O velho tentava pensar em alguma resposta, coçando a nuca.

    -Talvez seja só uma garantia. Quem sabe ele não dê conta?

    -Tem sentido. – Ele olhou para a garota. – O que você acha, Donzela?

    Ai parou de jogar e levantou os olhos para seus subordinados, pacificamente como sempre.

    -Vamos observar. – Disse. – Até ele se decidir.

    Os dois adultos se entreolharam, sem ação.

-

    Era uma tarde nublada. No meio de uma floresta, num país sem vigilância, moravam três traidores de suas vilas: Orochimaru, Kabuto e Sasuke.

    Um deles, o Uchiha, treinava suas técnicas numa clareira circular contra um tronco instalado no chão, enquanto os outros dois, empoleirados sobre o galho de uma árvore, olhavam a cena de cima.

    -Ele vem treinando demais, não acha? – O médico perguntou.

    -Claramente.

    -E você parece gostar disso.

    -Como sabe?

    -É esse seu sorriso. – Arrumou os óculos, convencido. – Mas é bem difícil ele se esforçar tanto. Será que o objetivo dele está chegando?

    -Logo vamos saber. Ou darei um jeito de descobrir.

    -Essa curiosidade sempre lhe incomoda, não?

    -Ora... – O sannin fez cara de desgosto. – E a você não?

    -Nunca tem graça. Eu descubro rápido demais.

    -Você me assusta com esses raciocínios. Me dá nojo

    -Também não é assim.

    Voltaram a observar o treinamento.

-

    -Kisame. Estava te procurando.

    Ao ouvir seu nome, o homem de pele azul olhou para trás. Era Konan, a única mulher que trabalhava com ele.

    -O que é? – Perguntou, não exatamente de bom humor. – Fale rápido. Preciso sair logo.

    -Não vi Itachi hoje. Por onde ele anda?

    -Não sei.

    -Se o encontrar... – Olhou de um lado para outro antes de contar o que queria. – Diga-o para tomar cuidado. Alguém andou atrás dele.

    -Eu aviso.

    -Obrigada.

    Depois que a moça foi embora, ele também saiu.

    “Você fez bem em sumir do mapa por hoje, Itachi.” Kisame pensava. “É por isso que eu nunca te subestimo.”

-

    A noite caiu, e logo desapareceu. Sumiu em um piscar de olhos.

    -Desapareceu? – Orochimaru perguntou, nada contente.

    -Isso mesmo. – Kabuto confirmou, também preocupado. – Já procurei em todos os lugares possíveis.

    -Nenhum rastro?

    -A espada dele não está mais aqui. E também... – Pausou um pouco para arrumar os óculos. – Um boneco. Não viu nada assim?

    -Por que ele teria uma coisa dessas?

    -Eu não sei. Mas o vi com um outro dia. Horas depois o achei escondido em uma fenda de árvore. Não está mais lá.

    -Ora... – Admirou-se, sem deixar de achar ruim. – No mínimo, estranho.

    -E agora? O que quer que eu faça?

    -Não temos o que fazer, temos? Vamos esperar.

    -Como quiser.

    O médico foi embora.

    “Jovens...” O sannin pensou. “Mudam de idéia tão rápido.”

-

    Andando a passos lentos e calculados, para não fazer ruído, Sasuke atravessava um planalto de terra vermelha coberto por névoa. O céu estava igualmente nublado, e trovejava um pouco.

    Suor descia por seu rosto, mesmo sem calor nem sol. Tremia, sem que passasse um mísero vento. Segurava o cabo da katana, ainda guardada, apreensivo em relação a alguma ameaça.

    Isso porque estava apenas nervoso.

    “Está longe, mas eu já sinto...” Pensou. “É aquele mesmo chakra mórbido... E vem da minha frente.”

    Engoliu em seco, mas continuou andando.

    “Tenho que tomar cuidado. Se ele me notar, não vou ter o elemento surpresa. Isso pode ser decisivo. Calma. Concentre-se... Eu consigo disfarçar minha presença”.

    Baixou a guarda um pouco e fez um selo com a mão, parecendo meditar. Com isso, retomou a clareza mental e diminuiu seu chakra perceptível. Menos estressado, seguiu em frente com os braços mais relaxados e não tão confuso.

    Um passo. Dois. Três. Quatro.

    “Ali! Está ali!” Exclamou mentalmente ao ver uma figura de preto por entre a neblina, e puxou a espada.

    Cinco. Seis. Sete batidas do coração.

    Ia começar a correr quando escutou uma voz.

    -Há quanto tempo. – Cumprimentou um homem meio rouco a um metro de distância de suas costas.

    Com os movimentos congelados, Sasuke deu a sorte de aqueles segundos passarem mais devagar do que deviam. Por reflexo, saltou para o lado depois de mover o rosto para trás e ver uma imensa bola de chamas vindo em sua direção, que o teria feito em cinzas. Depois de retomar a postura, extremamente assustado, viu quem era.

    Era ele.

[Aqui, coloque Bokutachi no Yukue, da Hitomi Takahashi pra tocar.]

    Itachi pôs a mão na gola alta da capa e desabotoou-a por inteiro de uma vez só. Depois disso, jogou-a no chão. Sua expressão tinha o mesmo vazio de sempre desde aquele acontecimento, mas estava bem mais cínica.

    -É sempre bom rever parentes.

     -...Rever? – O mais novo revidou a provocação. – Considere última visita, se quiser. Porque vim aqui...

    O renegado sumiu de onde estava e reapareceu num flash ao lado do irmão. Sasuke notou e girou o corpo com a espada na mão para tentar parti-lo ao meio. O outro fora mais rápido e logo ganhou distância outra vez.

    -...Para vingar meu clã.

    -Então tente.

    -Sharingan!

    Foi uma luta difícil. Não para o integrante da Akatsuki, que nem combatia a sério, mas para seu oponente. Apesar de saber bem como operar a herança genética que tinha, era complicado enfrentar alguém no nível de Kage, mesmo que esse alguém não usasse todas as forças. Mas o pior nem era isso.

    Em sua mente, surgiu a oferta.

    De volta ao mundo exterior, ouviu:

    -Cansei de ser benevolente.

    Só sentiu uma kunai rasgando seu ombro.

    De costas, Itachi continuou falando.

    -Esperava mais de você.

    Caído de joelhos e sem ação, ele tentava não ouvir, mas era inevitável.

    -Custa tanto ter outros pontos de vista? – Continuou.

    -Cale a boca...

    Inteiramente trêmulo, com um buraco profundo entre o pescoço e o ombro esquerdo, demais cortes corpo afora e algumas marcas de socos. Nada doía tanto quanto seu orgulho ferido.

    “Aceitar. Não aceitar.”

    -O que vai fazer agora?

    A mão de Sasuke segurava o boneco, sem firmeza.

    “Aceitar.”

    Puxou o laço.

    -Eu ouço e executo a vingança – Disse a voz de Ren, o servo de Ai.

    Itachi desapareceu.

    O ninja que sobrou ali, ainda vivo, olhou para cima e levou a mão ao peito.

    -Eu consegui.

    Por entres seus dedos, havia uma fita fina e vermelha. Sorriu e caiu ao chão, de frente.

    Enfim, começou a chover.

-

[Aqui, coloque Sonata of Ember Glance, do ALI PROJECT pra tocar.]

    O Uchiha mais velho abriu os olhos, deitado.

    -Onde...? – Perguntou, sentando-se.

    -Vamos ao Inferno.

    Ai, de pé, remava o barco que conduzia os dois. Era um lugar escuro, de clima pesado, com nuvens no céu e um rio.

    -Inferno? – Olhou para a garota.

    -Você não estará só. – Ela falou. –Há vários conhecidos seus.

    “Eu... Morri?” Pensou. “Como?”

    -Seu irmão vem aí.

    Itachi olhou ao redor e viu uma lanterna quadrada de papel que flutuava ao lado da embarcação. Ela tinha estampa de leques vermelhos.

    -Eu levarei essa dor ao Inferno.

    Depois de a frase de Ai perder o som, eles acabaram de descer o rio.

    Epílogo

    Em uma dimensão inteiramente preta, cheia de velas flutuando por si, mais uma se acendeu. Cada uma tinha uma inscrição.

    Aquela tinha “Sasuke Uchiha” em sua cera.

    Mas logo se apagou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oi, oi, galerë. Essa é minha primeira fic por aqui. Consequentemente, a primeira que eu acabo. Alguns leitores, nenhuma review, mas tudo bem.

Agora, nas próximas, peloamordedeus, me contem o que vocês acharam. Eu não leio mentes! e_e



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Descendo o Rio" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.