Porto Seguro - Uma Nova Chance II escrita por Bia Zaccharo


Capítulo 5
Laços De Amor




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—Eu te espero em casa.
—Ok.

Dou um abraço em mamãe e pego minhas chaves do carro e meu celular, aviso Margot que estou de saída e vou correndo para casa de vovó.
A viagem não é longa, e quando chego tenho um vislumbre dela sentada em sua cadeira de balanço, está escuro e apenas a luz fraca das lamparinas iluminam a varanda.
Vejo o rosto de vovó e seus olhos demonstram tristeza... Ela sempre foi tão alegre, e só de pensar que ela está assim por mim eu me sinto a pior pessoa do mundo. Eu nunca imaginei que eu era tão importante, e o quão destrutivo o amor pode ser.
Abro o portão de cerca de madeira branca, mas vovó está alheia, dou alguns passos pelo caminho de pedras brancas e ela me olha, por alguns segundos ela não me reconhece, mas assim que a luz bate em meu rosto vejo vovó sorrir.

—Será que ainda tem um pedaço de torta para mim? —Digo encolhendo os ombros.
—Minha menina. —Vovó diz com sua voz rouca, ela se levanta e abre os braços.

Lágrimas rolam pelo meu rosto e eu corro para os seus braços sentindo seu cheiro familiar de biscoitos. Como isso é acolhedor.
Vovó chora e isso me surpreende muito. Eu nunca a vi chorar.

—Me perdoa vovó. —Digo em prantos.
—Não há o que perdoar minha querida, você está aqui, você voltou.

Olha para ela e sorrio.

—Eu te amo tanto, senti sua falta. —Digo feito uma menininha.
—E eu a sua. —Vovó diz olhando atentamente meu rosto. —Você se tornou uma linda mulher.
—Como você sempre disse. —Sorrio.
—Não, melhor do que eu dizia.

Sorrio docemente e ela enxuga minhas lágrimas.

—E então? Ainda tem torta? —Pergunto sorrindo. —E onde está o vovô Mart?
—Vamos entrar querida, você vê seu avô e eu te dou sua torta.
—Ok. —Sorrio.
—E onde está a minha bisnetinha?
—Na casa da mamãe, ela vai me matar porque eu não à trouxe, mas nós temos muito tempo ainda.
—Claro. —Vovó sorri.

Nós entramos na casa e eu vejo vovô Mart sentado em frente a TV com Lady ao seu lado. Vovó me dá um sorriso encorajador enquanto caminho até a cozinha, aproximo-me de vovô que está de costas e coloco a mão sobre seu ombro.
Vovô coloca sua mão sobre a minha e solto um longo suspiro, o que me faz ter a certeza de que ela está sorrindo.

—Eu reconheceria essa mão de anjo em qualquer lugar. —Ele diz com sua voz calma. —Olá Anastásia.
—Oi vovô. —Digo ajoelhando em sua frente.

Vovô sorri e se curva segurando meu rosto entre suas mãos, ele beija minha testa suavemente e a sensação é ótimo.

—Você está linda querida. —Vovô e sei que ele quer dizer que sentiu minha falta.
—Eu também senti sua falta. —Me levanto um pouco e o abraço.

Por alguns segundos tenho a sensação de que ele está chorando, mas não tenho coragem de soltá-lo e saber que ele está chorando por minha causa.
Meus avós são literalmente meus segundos pais, talvez eu não os coloque em segundo lugar, e sim no mesmo nível.
Os dois sempre tiveram uma paciência incrível comigo, mesmo quando eu era apenas aquela adolescente rebelde e revoltada.
Solto vovô e encontro um sorriso e um lindo par de olhos azuis brilhantes.
Quando eu era pequena vovó falava que eu tinha olhos iguais ao de vovô, eu me sentia a pessoa mais especial do mundo, principalmente quando vovô falava que meus olhos era duas jóias muito preciosa, e que eles guardavam os segredos mais secretos do mundo... Aquilo que estava no meu coração, as palavras não ditas com os lábios, mas sim com o olhos, os refléxos do coração.

—Quem vai querer torta? —Vovó sai da cozinha trazendo um pedaço de torta em uma prato de porcelena que tme bordas azuis.
—Quem honra. —Digo sorrindo. —Meu prato e minha torta favoritos.

Quando eu era pequena vovó falava como conquistou cada coleção de porcelena, ela não tinha condições financeiras muito boas, e luto por cada coisa que hoje tem, ela dizia que as porcelnas são importantes porque cada uma delas representa as fases da vida de vovó.
Mesmo quando as condições financeiras da família melhoraram vovó se recusou a deixar essa casa, ela dizia que a casa é a história dela e de vovô e abrir mão disso seria a mesma coisa de abrir de uma vida perfeita, e abrir mão da pessoa que ela sempre foi.
Minha porcelana favorita de todas é o prato branco com bordas azuis, vovó o comprou quando eu nasci, ela fez uma festa com mamãe e chamou toda a família.
Vovó sempre dizia que o branco era a pureza que eu representava, e as bordas azuis eram os laços de amor que sempre me levariam de volta à todos que eu amo.
Talvez ela sempre teve razão. Mesmo quando eu fui sequestrada vovó dizia que eu voltaria, porque o amor e os laços que ele constrói são as coisas mais forte do mundo. Como sempre, vovó teve e terá razão.


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Notas finais do capítulo

O que acharam meninas ?