Olicity - Lies escrita por Buhh Smoak


Capítulo 9
Capítulo 09


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, aqui está o cap novo.
Está sem revisão, mas ainda hoje arrumo ele.
Espero que gostem. =)



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~ Felicity Smoak ~

Curtis entrou primeiro que a gente e isso me deu alguns minutos para me preparar. Pedi que ele levasse a cadeira de rodas porque eu precisava andar para ver se o formigamento dava uma trégua. Thea me abraçou pela cintura para me ajudar a não perder a firmeza das pernas. O caminho até a casa era curto, mas para mim pareciam quilômetros. 

Fomos andando devagar e a cada cinco passos eu precisava parar e esperar que as pontadas nas pernas aliviassem. Olhei para a casa e vacilei ao ver Oliver nos observando de uma das janelas. 

— O que foi? 
— Ele está nos observando da janela. 
— Cretino. Se fosse um verdadeiro cavalheiro tinha saído para te pegar no colo ao invés de ficar vendo tudo de longe. 

Olhei de novo e não o encontrei, para meu desespero ele saiu da casa e veio em nossa direção. Encarei a Thea em pânico com a possibilidade dele fazer o que ela tinha acabado de dizer. 

— Pode entrar que eu a ajudo, Speed. 
— Acho que não é uma boa ideia. – ela me olhou com a testa franzida. 
— Tudo bem, Thea. Pode ir. 

Relutando em me largar, ela me segurou pelo braço enquanto ele se colocava no lugar que antes ela estava. Senti o braço de Oliver deslizar pelas minhas costas e sua mão apertar minha cintura. Mesmo por cima da blusa minha pele recebia o toque dele como se eu estivesse sem nada. Dei dois passos e vacilei de novo, sendo amparada por ele. 

— Posso te ajudar de outro jeito? 

Ele estava tão perto que eu pensei que sua voz estava só dentro da minha cabeça. Aquela aproximação não estava ajudando em nada, mas eu não tinha a força necessária para pedir que ele deixasse Thea voltar a me ajudar. 

— De outro jeito? – cometi o erro de olhar para o lado. 

Ele estava mais corado e com o cabelo cortado como quando ele estava em Nanda, o que mostrava como ele estava melhor. Pensar que eu poderia ser o motivo daquela melhora encheu meu coração. 

— Assim. – segurando firme minhas costas e abaixando para envolver o outro braço atrás dos meus joelhos. 

A surpresa em ser levantada do chão fez com que o ar faltasse por um momento. Meu olhar encontrou o dele e ficamos nos encarando por um tempo antes de desviar o olhar para qualquer coisa para afastar a vontade de beija-lo. 

— Obrigada. 

Meu braço estava envolta de seu pescoço e apertei meus dedos em seu ombro. 

— Como foi seu dia? – caminhando devagar em direção à entrada. 
— Corrido. Está brotando executivos na Palmer interessados nos projetos que estamos desenvolvendo. 
— Eu não esperava menos de vocês. 

Entramos na casa e as gargalhadas de Thea chegaram até nós. Eles estavam na cozinha e assim que entramos ela puxou uma cadeira para mim. 

— Onde estão seus remédios? – Oliver perguntou ignorando a irmã. Desde que ela estava morando comigo eles não se falavam direito. 
— Estão na minha bolsa. Já está na hora de toma-los mesmo. 
— Eu sei. – sorrindo para mim. 

Eu não tinha forças para ignorar aquele sorriso e antes que percebesse estava sorrindo de volta. 

— São esses dois? – perguntou Thea.
— Isso. Obrigada. – peguei o frasco e Curtis me ofereceu um copo de suco. 
— Formigamento? – Paul apontou para minhas pernas. 
— Sim, tanto que chega a doer. 
— Enquanto o Curtis termina de arrumar a mesa, vamos esticar um pouco essas pernas? 
— Vamos. Por favor. 
— Oliver, no fim do corredor tem uma porta de vidro. Você pode leva-la até lá? Tenho que buscar algumas coisas no escritório. – parando de falar olhando para Curtis que revirou os olhos. – Ou se preferir pode usar a cadeira de rodas. 
— Não, eu a levo. – me pegando no colo de novo. 

Sem cerimônia, Oliver saiu da cozinha e foi até o corredor. Eu estava tão cansada que me permiti deitar a cabeça em seu ombro e fechar os olhos. 

— Isso logo vai passar amor. 

O jeito com que ele disse aquilo fez meu coração acelerar. Eu não esperava essas atitudes vindas dele e isso só me deixava mais confusa. 

— Uau. 

Abri os olhos ao ouvir a reação de Oliver e fiquei abismada quando me deparei com uma sala de reabilitação tão equipada, ou até mais, do que a que eu ia todos os dias encontrar o Jonas. 

— Isso sim é levar o trabalho para casa. 
— Quando o Curtis disse que tinha equipamentos em casa eu não pensei que fosse uma clinica inteira.
— Sou um pouco exagerado. – Paul entrou colocando a bolsa que carregava sobre uma maca do outro lado da sala. – É que eu atendo alguns pacientes antigos e pela clínica tudo fica mais caro.
— Bem pensado. – Oliver me colocou em uma maca ao lado da que Paul tirava algumas faixas de borracha. Meus equipamentos de tortura diário.
— O formigamento melhorou?
— Sim, mas ainda estou sentindo as pernas um pouco doloridas.
— Isso é normal, mas você não pode passar tanto tempo sem se alongar. Pelo tempo que está na fisioterapia já deveria conseguir fazer o caminho do carro até a porta sem precisar de ajuda. – cruzando os braços e parando na minha frente. – O Jonas não está fazendo seu melhor?
— Não, ele é ótimo. O problema... – olhei para Oliver que estava com o olhar fixo no chão, provavelmente sabendo o que viria. - ... é que eu não me esforcei o suficiente nas últimas semanas e acabei atrapalhando o tratamento.
— Paul, antes de começarem eu posso falar com a Felicity? A Sós?

Oliver não olhou para mim enquanto esperava a resposta de Paul e isso fez com que eu ficasse ainda mais nervosa.

— Claro. – deixando as faixas do meu lado na maca e saindo.

Assim que Paul fechou a porta, Oliver caminhou até a janela que tinha perto de onde estávamos e ficou olhando para fora. Eu estava nervosa, então tirei a correndo de dentro da minha blusa e apertei o anel em minha mão. Ultimamente era a única coisa que me fazia ficar mais calma.

— Ontem eu estava lá em casa e passei umas duas horas sentado no chão olhando para nossa cama. Eu não durmo nela desde a última vez que dormi com você do meu lado e acho que nunca mais vou ser capaz de deitar nela sem você comigo. – o diamante do anel estava fincado em minha pele e eu não conseguia solta-lo, o tom de voz dele estava fazendo com que o nó em minha garganta começasse a me sufocar. – E pela primeira vez eu tive a consciência de que minha vida pode nunca mais voltar a ter sentido se não estivermos juntos, mas tem uma coisa bem pior que isso. – voltando para perto de mim e parando a minha frente.
— O que é pior do que estamos passando? – respirei fundo para que as lágrimas em meus olhos não escorressem.
— Você desistir de si mesma por causa de algo que foi causado por mim.

O anel em minha mão parecia envolto em brasa, o soltei e olhei para minha mão que tinha uma marca funda onde a ponta do diamante estava pressionada.

— Eu amo você de um modo que eu jamais pensei ser capaz. Eu acordo pensando em você, eu passo meu dia pensando em você, eu vou dormir somente quando o cansaço me vence porque eu não sei lidar com sua ausência, mas tudo isso eu posso suportar, Felicity. Eu posso viver com essa tortura se você escolher não voltar para mim, mas eu jamais vou suportar ver que meus erros tiraram sua vontade de vencer, essa seria minha punição por mentir para você e até mesmo pelo tempo que me neguei a ficar com você antes de Nanda, seria justo se essa punição fosse só minha, mas você não merece.
— Oliver. – o choro já estava a ponto de vencer quando ele chegou mais perto e pegou o anel entre os dedos e ficou olhando para ele por alguns segundos antes de envolver meu rosto com a mão livre.
— Eu não mereço suas lágrimas, não mereço a tristeza que eu vejo em seus olhos todas as vezes que nos encontramos, mas você merece melhorar, merece andar de novo, merece o melhor que a vida tem a te dar, mesmo que esse melhor seja longe de mim.
— Eu não quero você longe. – cobri sua mão com a minha e fechei os olhos, só assim eu teria coragem de falar. – Mas quando você está perto eu sinto raiva, eu me lembro de você naquele parque com seu filho e a mãe dele. Eu não consigo pensar em nada além de pedir que você vá embora, mesmo querendo desesperadamente que você esteja do meu lado. – voltei a abrir os olhos e o encarei. As lágrimas dos olhos dele me encorajaram a continuar. – Eu não vou mentir que não pensei em largar tudo e pensando assim eu não me esforcei para me recuperar. Foi nesses dias que eu entendi que tinha que reagir mesmo sem você do meu lado e estou fazendo meu melhor agora. Só que preciso descobrir um modo de te perdoar Oliver, preciso descobrir como tirar do meu coração toda essa tristeza, toda essa mágoa que me sufoca e me faz querer me manter distante de você... – já não tinha mais como ignorar o choro preso na garganta, e quando ele me abraçou eu permiti que as lágrimas viessem. - ... distante do amor da minha vida.

Os braços dele me apertaram contra o peito e pela primeira vez desde que tudo aconteceu eu senti o choro aliviar a dor no meu peito. A respiração dele estava pesada e rápida, o que deixava claro que ele estava chorando também.

— Vamos curar essa ferida, amor. E no dia que isso acontecer você vai estar vestida de noiva indo em direção ao altar, onde eu vou estar te esperando, pensando como pude mentir para a mulher mais importante da minha vida e atrasar o dia mais feliz das nossas.

A imagem de nosso casamento se formou em minha mente e isso fez com que o choro fosse mais compulsivo. Eu queria que aquele dia realmente existisse e para isso eu tinha que melhorar, tanto por dentro quanto por fora. Respirei fundo e senti como o peso em meu peito tinha aliviado, o afastei apoiando a mão em seu peito e quando levantei o olhar o vi com o rosto banhado de lágrimas.

— Eu te amo, Oliver. Não sei quanto tempo vou demorar para limpar meu coração e não me permitir ser contaminada com toda essa mágoa, mas farei o meu melhor.
— E eu vou te esperar, pelo tempo que for preciso.
— Obrigada. – limpei meu rosto e vi que Paul estava na porta, sorrindo para nós.
— É o momento certo de fazer minha entrada?
— Sim, é. – sorri, mesmo com as lágrimas ainda escorrendo pelo meu rosto.

O celular de Oliver tocou e antes de se afastar ele se aproximou de mim, segurando meu rosto e me dando um selinho demorado.

— É o Diggle, preciso ir. – encostando sua testa na minha.
— Tudo bem. – olhei em seus olhos e não vi mais aquela tristeza que estava presente nas outras vezes que nos vimos.
— Eu te amo. – me beijando de novo.
— Eu também.
— Posso te ligar mais tarde? – se afastando.
— Vou ficar esperando. – já ansiosa por isso.
— Cuida bem da minha mulher, Paul. – apertando sua mão.
— Pode ter certeza disso.

Antes de sair ele olhou para mim e sorriu. Me senti como antigamente, quando ele me convidou para sair pela primeira vez, com o coração acelerado e a ansiedade agindo como se eu tivesse acabado de me apaixonar. Quando ele foi embora eu cobri meu rosto com as mãos e voltei a chorar, mas não sabia se era por felicidade ou por ainda sentir a mágoa agindo em meu coração e me lembrando que ele tinha mentido pra mim.

— Desculpa, Paul. – o encarei com as lágrimas escorrendo de novo sem esforço.
— Não se desculpe, lidar com os problemas é parte fundamental do relacionamento e posso te dizer que já tive muitos momentos como esse com o Curtis.
— Sério? Vocês parecem tão tranquilos.
— E somos, mas a convivência trás consequências que nem sempre são as melhores.
— E como vocês lidam com isso?
— Fazendo o que você e Oliver acabaram de fazer, conversando e dizendo ao outro como nos sentem.
— Você ouviu nossa conversa?
— Não, mas pelo estado de ambos eu imaginei que a conversa tinha sido a necessária.
— E foi.
— Agora vamos deixar o momento love de lado e vamos trabalhar porque a senhorita precisa se cuidar e comer, e não é porque fui eu que fiz, mas o jantar está divino.

Antes de começar ele me abraçou, e assim como sentia com o Curtis, senti a segurança de estar diante de um amigo que queria meu bem. Mas quando olhei para a porta vi Thea e Curtis nos olhando e minha cunhada estava com os olhos cheios de lágrimas, abraçada a ele. Provavelmente tinha conversado com o irmão antes de ele ir embora e eu só consegui sorrir, mesmo com o longo caminho que eu ainda tinha que trilhar até chegar ao altar, saber que meu amor por Oliver ainda tinha chance fazia com que eu tivesse mais forças para seguir até lá.

— Vamos lá? – me soltando e pegando as faixas. – Vamos começar com a tortura leve e depois para aquela que vai fazer você voltar a chorar. – rindo.
— Nada como admitir que se é o carrasco das pessoas. Esse é meu marido.

Limpei meu rosto e respirei fundo quando ele me ajudou a descer da maca e ir até o tatame onde eu faria o alongamento. Me acomodando, começamos a trabalhar e pela primeira vez desde que vi meu mundo desmoronar, eu percebi que reconstruí-lo só dependia de mim, porque Oliver já estava trabalhando nesse recomeço antes mesmo que eu percebesse que também era capaz.


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