Olicity - Lies escrita por Buhh Smoak


Capítulo 16
Capítulo 16




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POV ~ Felicity Smoak

— Eu tenho certeza que essa Samanta morreria se estivesse vendo essa cena.

Olhei para o lado e vi Curtis parado a poucos metros com uma pasta na mão. Estávamos em um restaurante perto das docas, onde as mesas ficavam fora do estabelecimento e ao redor lojas vendiam lembranças para os turistas que vinham a Starling.
Oliver e Willian estavam em uma dessas lojas escolhendo um presente para o menino, enquanto eu os aguardava em uma das mesas bebendo chá gelado.

— É que você não viu a satisfação em seu olhar quando descobriu que o passeio com o Will não a incluía, mesmo com o Oliver dizendo isso antes por telefone.
— Então as coisas se ajeitaram de vez? – sentando do outro lado da mesa.
— Ainda tenho algumas feridas para curar, mas segui uns conselhos ai que me deram. – sorri para ele, que entendeu que eu me referia a ele.
— Esse alguém ai é um sábio. – chamando o guarçom e pedindo o mesmo que eu tomava.
— O que é isso ai?
— Alguns laudos que o Oliver me pediu sobre a empresa.
— Ah é? – pegando a pasta e me deparando com relatórios sobre a segurança da Palmer.
— O que está acontecendo para ter uma queda tão grande no quadro de funcionários?
— Não tenho ideia, mas sem perceber mais de quinze seguranças se demitiram nos últimos seis meses.
— E isso é perigoso. – as últimas folhas diziam sobre os antecedentes de alguns deles e na maioria nem mesmo tinham a ficha limpa. – Ex presidiários?
— Sim, muitos foram contratados em outras vagas para inclusão na sociedade e não fazemos ideia de como terminaram cuidando da segurança.
— Acha que eles podem passar informação sobre a empresa?
— Acho. Todos abandonaram seus postos no meio do expediente.
— Olha tia, comprei para você.

Willian parou ao lado dela com uma caixinha nas mãos, ela sorriu ao ver a ansiedade do menino em mostrar o presente. Colocou os papéis sobre a mesa e pegou o presente.

— Que coisa mais linda. – abrindo a caixa e se deparando com um par de brincos de coração.
— Fui eu que escolhi, mas foi meu pai que pagou. – olhando para trás, vendo Oliver se aproximar.
— Vou colocar agora mesmo. – tirei os brincos que usava e os substitui pelos novos.
— Eu disse que ela ia ficar linda com qualquer um que você escolhesse. – me dando um beijo e sentando do meu lado.
— Pai, to com fome.

Escutar pai tão espontaneamente ainda era difícil de Oliver assimilar, eu via pelo modo que ele olhava para o filho. Apertei sua mão, percebendo que ele não conseguiria dizer nada.

— Willian, esse é um amigo da gente. O Curtis.
— Tudo bem rapaz? – estendendo a mão para ele, que apertou em seguida.
— Tudo.
— Vocês poderiam ir lá dentro e pegar alguma coisa para a gente comer. O que acha?
— Posso? – perguntando para o Oliver.
— Claro que pode.

Logo os dois estavam correndo para dentro do restaurante. Peguei os papeis e entreguei a ele, sabia que conversar sobre o Willian não adiantaria naquele momento.

— Acho que é hora de evacuar o prédio. – olhando as últimas paginas.
— Acha que eles seriam capazes de colocar a vida de tantas pessoas em risco?
— Sem dúvidas. Temos que montar um esquema para tirar tudo o que é importante do laboratório.
— Os cofres estão suspensos sobre tubos de titânio, eu dando o comando eles deslizam por esses tubos indo para uma saída de emergência que só eu posso abrir com comando de voz.
— Você tem ideia de como isso é perigoso?
— Agora eu tenho, mas nem me atendei a isso antes.
— Temos que encontrar uma maneira de resgatar esses projetos sem que você tenha que ir lá.

Arrastando a cadeira para perto, ele me envolveu com um braço e me beijou. A mudança do rumo da conversa me pegou desprevenida e quando me dei conta ele estava beijando meu pescoço de uma maneira totalmente imprópria por estarmos em publico.

— Sabe que seu filho logo estará de volta, não sabe? – fiz carinho em sua nuca, quando ele pressionou os lábios contra os meus.
— Sei, queria estar enroscado em você. – me beijando e se afastando por ouvir a voz do filho se aproximando.
— Pai, comprei sorvete, chocolate e bala. – colocando tudo na mesa.
— Tio Curtis é a alegria de qualquer criança. – olhei para o celular e vi que tinha duas mensagens da Thea.
— Sua irmã. – mostrando o celular para ele.

T: “Novo ataque no centro da cidade, tentaram entrar na Palmer.”

Aquela não era uma situação familiar para mim. Enquanto Oliver e todos os outros estavam correndo para o centro da cidade para entender o que estava acontecendo na Palmer eu estava sentada no sofá da sala de tv monitorando tudo que eles precisavam enquanto Willian estava deitado no chão assistindo um daqueles desenhos de luta que eu nunca vi na vida. 

— E ai? Como ele está?  

A voz de Oliver chegou, mas eu não respondi de imediato. Mesmo de costas para mim a semelhança do menino com o pai era gigantesca e isso era perturbador. 

— Sim. Está. – falei baixo. 
— O que foi? 
— Ele é muito igual a você. 
— E isso é ruim? 
— Para as mulheres que cruzarem o caminho dele no futuro... acho que sim. – ri, mas ele não me acompanhou. 
— Ele vai crescer sabendo que respeitar uma mulher é uma obrigação e que se ele fizer o que eu fiz vou ser o primeiro exigir que pare. 

O tom duro com que ele disse aquilo me trouxe duas emoções diferentes, orgulho pelo homem que ele tinha se tornado e preocupação por ver o quanto aquele assunto o machucava.

— Eu só estava brincando, amor.
— Eu sei, mas não quero que você pense que aquele Oliver ainda existe ou que exista alguma possibilidade de meu filho se espelhar no que eu era de ruim.
— As coisas mudarem e mesmo antes quando me afastei pelo motivo que você sabe, eu já sabia que o antigo Oliver não existia mais.

O barulho de sirenes fez com que voltássemos ao foco do problema que deveríamos nos preocupar realmente.

— Destruíram a saída de emergência. E chegaram até o segundo andar da Palmer. - mudando de assunto.
— Vou tentar encontrar uma maneira de tirar os projetos dai. Onde está o Curtis?
— Conversando com o Diggle, ele estava no laboratório quando tudo aconteceu.
— Acho que é hora de contar a ele quem você é e o que fazemos. Vou precisar dele para tirar tudo da Palmer e não acredito que somente contanto meia verdade ele vai acreditar.
— Acha que ele é de confiança a esse ponto?
— Tenho certeza.
— Então vamos contar. O que você precisa que a gente faça aqui?

Aquela confiança me emocionou, mas eu não disse nada. Localizei a planta do prédio da Palmer e conheceu a marcar algumas possíveis passagens para chegar até o cofre onde tudo estava. Enviei para que Oliver visse e conversasse com os outros sobre como chegariam até lá.

— Só quando vocês estiverem lá com o Curtis que posso tentar desativar o código de emergência.
— Vou falar com o Curtis e com os outros e já te retorno.
— Estarei esperando.
— Amo vocês.
— Nós te amamos também.

Só quando eu desliguei que percebi que tanto ele quanto eu tínhamos falado no plural. Olhei para frente e me deparei com o William ajoelhado na minha frente, me olhando de um jeito diferente.

— Tudo bem, Willian?
— Quem é meu pai e o que vocês fazem?

Fiquei sem saber o que dizer quando ele repetiu o que eu tinha dito a Oliver. Abaixei a tela do notebook e senti meu coração parar na garganta.

— O que ele é? E o que ele faz?
— É tia, ouvi você falando para ele que tinha que contar para alguém quem ele era e o que ele fazia.
— Se eu te disser que isso não é assunto de criança você vai ficar chateado?
— Não, só fiquei curioso mesmo. – chegando mais perto de mim.
— Está com fome? – desesperada para mudar de assunto.
— Estou, mas um dia vocês vão me contar o que é? – insistindo.
— Quando você for adulto, sim.
— Então eu espero. – chegando mais perto e me dando um beijo no rosto. – Gosto muito de você tia. – levantando. – Vou no banheiro.

O choque que senti quando ele fez isso fez com que eu perdesse um pouco o rumo das coisas. Não estava acostumada com aquela situação de ter uma criança por perto, ainda mais uma que demonstrava tanto carinho por mim.

— Felicity? – ouvir Oliver me chamar no comunicador chamar de novo.
— Oi. – sentindo um nó na garganta.
— O que foi?
— Nada, só que seu filho ouviu nossa conversa e perguntou quem você era e o que a gente fazia.
— E o que disse a ele?
— Perguntei se ele ficaria chateado se eu dissesse que isso era assunto de criança e ele disse que não, que só estava curioso. E perguntou se vamos contar para ele quando for adulto.
— Ele é mais esperto do que a gente pensa.
— Desculpa por não ter tomado mais cuidado.
— Não tem que se desculpar. Depois vamos conversar melhor sobre isso, ok?
— Tudo bem. – ouvi a porta do banheiro abrir. – Ele estava no banheiro e já está voltando.
— Então só eu falo.

Willian voltou para a sala e deitou no chão para continuar a assistir seu desenho. Abri o notebook de novo e acessei o programa que conectava o comunicador a um conversor de voz para que eu pudesse escrever e o Oliver ouvir a máquina respondendo.

— O Curtis está se recuperando da conversa que tivemos, mas acredito que logo ele vai estar bem para nos ajudar.

Comecei a digitar e as vezes olhava para o Willian, o vendo distraído.

“- Quando ele puder, o faça ir até o laboratório e acessar o painel de segurança. Preciso de três codigos sequenciais que o sistema libera para reconhecimento. Ele sabe o que fazer.”
— Pode deixar, mais alguma coisa?
“- Por enquanto só preciso disso. E que você volte logo para casa.”
— O quanto antes.

Quando ele desligou eu voltei a me concentrar no mapeamento do sistema de segurança do cofre. As vezes eu esquecia que burlar meu sistema era difícil até mesmo para mim. E por causa disso as horas foram passando e quando Willian me chamou já era quase fim da tarde.

— Tia, vamos comer?
— Willian, eu esqueci que você tinha dito que estava com fome. Porque não me chamou antes? – fechei o notebook e desci minhas pernas do sofá.
— Não estava com tanta fome antes tia, agora eu estou.
— Você pode pegar minhas muletas lá na sala? Perto da porta de entrada?
— Pego. – correndo para fora da sala de tv.

Ouvi a porta abrir e Willian gritar pelo pai. Meu coração acelerou como sempre acontecia. Esperei que eles chegassem até mim e ver o Will entrar na sala carregando minha muletas com um sorriso no rosto mexeu comigo.

— Meu pai chegou. – me entregando as muletas.
— E cadê ele?
— Aqui. – parado na porta. – Como foi o dia de vocês?
— Eu fiquei aqui com a tia assistindo desenho.
— E gostou?
— Sim, posso dormir aqui? – olhando para o pai e depois para mim.
— Tenho que ver com sua mãe.
— Eu ligo para ela. – saindo correndo da sala.

Levantei e caminhei até ele, que sorria e me media dos pés a cabeça.

— Você pode não gostar, mas prefiro você com as muletas. – segurando meu rosto entre suas mãos e me beijando.
— Estou começando a aceita-las.
— O que acha do Willian ficar aqui hoje?
— Acho ótimo, mas a mãe dele não vai ficar tão feliz assim.
— A mãe dele que se acostume, porque essa é a família dele e quero que isso se repita por muitas vezes.

Seus braços envolveram minha cintura e logo eu estava perdida em seus beijos. Nunca tinha sido tão negligente quanto estava sendo com o que estava acontecendo com a Palmer, porque em outros tempos eu estaria enlouquecida por não estar com eles na caverna resolvendo tudo. Naquele momento eu só queria estar com ele, e com Willian.

— Pai, minha mãe quer falar com você. – entregando ao pai e indo sentar no sofá que eu estava antes.
— Tudo bem filho?
— Sim, só não queria ir embora.

Olhei para Oliver e nós dois sabíamos qual tinha sido da resposta de Samanta quanto a vontade do pequeno em ficar em sua casa.

— Não discuta, teremos outras oportunidades. – eu disse antes de ir em direção a Will. – Ei. – o chamei, já que estava de cabeça baixa. – Porque essa carinha?
— Queria ficar com vocês, tia. – olhando para mim com os olhos cheios de lágrimas.
— Não precisa ficar assim, hoje foi só o primeiro dia.
— Vou poder vir mais aqui?
— Claro que pode. Só que quando sua mãe não deixar você precisa entender para que ela não fique brava.
— Vou entender tia.
— Promete?
— Prometo. – e para minha surpresa ele se ajoelhou no sofá e me abraçou.
— É filho, hoje você terá que ir embora. – entrando e nos encontrando abraçados.
— Tudo bem pai. – sentando do meu lado.
— E agora vamos comer porque o senhor passou a tarde de estômago vazio.
— Vem tia, eu te ajudo. – levantando e segurando as muletas para ela.

Sorri para o pequeno e me apoiei nas muletas para levantar, ele seguiu na frente e Oliver se colocou ao meu lado enquanto andávamos pelo corredor.

— Ela pode ser o que for, mas tenho que admitir que criou bem o Willian. – Oliver disse, mas seu tom de voz demonstrava sua preocupação. – Só que do modo que ela falou comigo no telefone, tenho medo que ela o contamine com a raiva que ela tem despejado em mim.
— Ela não faria isso. – paramos na porta da cozinha vendo ele quase entrando dentro da geladeira. – O amor que ela tem por ele não vai permitir isso.
— Assim espero. – me dando um beijo e indo ver o filho que carregava uma jarra de suco.

Mesmo dizendo que não gostava eu tinha que admitir que as muletas eram muito mais praticas que a cadeira de rodas. Puxei uma cadeira e sentei. Estiquei minhas pernas e logo Willian puxou outra cadeira para que eu colocasse as pernas. Fiquei observando enquanto ele voltava para perto do pai o ajudando a colocar as coisas sobre a mesa. E foi nesse momento que senti que a mágoa estava finalmente se desfazendo em meu peito. Não por completo, mas eu estava a um passo de finalmente sentir o perdão que eu tanto queria e que me libertaria para finalmente voltar a pensar sobre o dia mais importante da minha vida. O dia em que eu finalmente diria sim ao amor da minha vida.


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