Live or Die escrita por Lanna


Capítulo 2
Oscilando


Notas iniciais do capítulo

Ooi! Finalmente consegui postar aqui, haha. Obrigada pelos comentários no primeiro capítulo e boa leitura!



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E D Y T H E



Edythe estava perdida em pensamentos. As vozes que ouvia em sua cabeça foram empurradas para um canto isolado de seu cérebro enquanto ela tentava se concentrar apenas nas visões. A garota imaginava quão ruim estaria a sede dos outros, buscando algum perigo no futuro enquanto esperava o resto de sua turma da aula de inglês voltar do almoço.

Ela via Rosalie. Sua "irmã" perfeita estava sentada, olhando pela janela distraidamente, movendo-se aqui e ali para não causar impressões estranhas. Sua primeira impressão de Rosalie foi que ela era muito bonita, mais bonita do que qualquer vampira que Edythe já vira na vida, e aquilo era muita coisa. Elas não se deram bem imediatamente porque a loira era muito relutante com o novo, ou qualquer coisa que fosse perturbá-la, mas eventualmente elas começaram a se entender. A visão seguiu como se alguém houvesse apertado o botão de acelerar em um vídeo, e logo Rose tornou-se duas pessoas. Uma, a mais consistente, continuava sentada na cadeira, agora tensa de sede. A outra, apenas um espectro da verdadeira Rosalie, levantava-se e pedia para sair da sala. Hum. Podia ser pior.

Edward estava sentado em sua cadeira. A visão novamente acelerou-se e o garoto continuou lá olhando pela janela, apenas escutando a aula. Edythe sentiu-se estranha sobre ele no começo, quando se juntou aos Cullen. Ela tinha a sensação que Carlisle estava... esperando. Era quase como se quisesse vê-los juntos. E aquilo se confirmou no dia em que ela decidiu tomar o dom de Edward emprestado. A garota percebeu que, como o rapaz não mostrara interesse em Rosalie, Carlisle esperava que ele desenvolvesse algum tipo de relacionamento com Edythe. Ela achou aquilo ridículo no começo; não precisava de ninguém. Vivera cinquenta anos sem um parceiro, apenas com sua outra família antes de achar os Cullen, e não era um rostinho bonito que a faria mudar de ideia. No entanto, logo ela entendeu o ponto de vista do patriarca. Ele queria ver seu filho feliz com alguém como ele era feliz com Esme, e ela compreendia aquilo. Mas sabia que não era a pessoa que Edward procurava no fim das contas, e sim uma irmã mais nova.

Edythe começou então a examinar Emmett, e ficou feliz em constatar que o único futuro possível para ele naquele momento era esperar o sinal tocar e vê-la na educação física, quando ele tinha um período de estudos independentes por estar no último ano. A garota deu um sorrisinho. Emmett era seu segundo irmão favorito.

No entanto, antes que ela pudesse relaxar totalmente por ter cumprido seu dever, algo deu errado. Uma decisão foi tomada e ela assistiu enquanto Bella Swan levantava-se de sua mesa no refeitório e rumava para a sala de biologia após ter se despedido de Beau. Segundos depois que a garota entrou no cômodo, Edward ficou tenso. Enquanto a visão avançava e Swan sentava-se a seu lado, ele desprendeu-se em duas partes: o Edward que continuava sentado, aquele mais apagado, e o Edward que massacrava a turma inteira - o mais nítido. Ela sabia que quanto mais nítida a visão, mais fácil de ocorrer ela era.

Edythe acompanhou o processo todo enquanto seu irmão matava todos os presentes em poucos instantes, deixando Bella para o final. Um grito breve e inofensivo escaparia de seus lábios antes que Edward cravasse os dentes em sua garganta.

Edythe estremeceu e rebobinou para o começo da visão, quando Edward ainda estava sentado. Novamente, o cenário se acelerou e logo o sinal foi ouvido. Edward saltou da cadeira e desprendeu-se em três.

Ela seguiu primeiro o menos nítido, aquele que ia em direção ao estacionamento. O ruivo apenas escondia-se em seu carro e tentava relaxar.

A garota rebobinou novamente e seguiu o Edward que esperava junto à porta. No momento em que Bella Swan passava ali, ele lhe dava um sorriso brilhante e se oferecia para levá-la à sua próxima aula. Swan, obviamente aceitava, e logo ele estava guiando-a para o lugar errado. Edward a atraía para a parte do estacionamento que dava para a floresta e, uma vez encoberto pelas árvores, ele a matava. Edythe engoliu em seco e rebobinou antes que os dentes do rapaz tocassem o pescoço de Bella.

Logo, ela chegou ao último cenário - o mais nítido de todos. Edward apenas saía. Ia para sua última aula e agia normalmente até o toque do último sinal. Ele daria as chaves do Volvo para Jasper no final da aula. Depois, tomando cuidado para ficar longe de Alice, Edward seguiria os Swan até a casa. Ele pegaria o garoto primeiro, matando-o rapidamente, e aquilo fez Edythe querer rugir. Depois, ele mataria Bella, e desprendia-se em mais dois. Um que escondia os corpos e outro que estraçalhava-os de forma que acreditassem que um animal fizera aquilo. Não haveria gritos ou testemunhas.

Aquilo embrulhou o estômago de Edythe, e ela se sentiu ainda pior ao descobrir que mal passara dois segundos presa naquelas visões. A garota tentou rever as opções, mas todas continuavam a mesma coisa, e logo ela começou a se desesperar. No entanto, alguns instantes depois, um cenário foi excluído: aquele em que Edward massacrava todos os humanos na sala. Edythe quase suspirou aliviada, mas percebeu que aquilo apenas intensificou os dois outros cenários, aquele em que seu irmão levava Bella à floresta e aquele em que ele a seguia até em casa. Sim, ainda havia a possibilidade de ele se abrigar em seu carro, mas aquela era tão pequena que mal existia mais.

E assim teve início uma das horas mais longas de sua vida. Ela nada podia fazer enquanto os planos de seu irmão tomavam forma e ele decidia de vez como agir. Era surpreendente que ela não visse Alice interferir naquilo, mas a garota devia estar muito ocupada com Jasper.

Quando o sinal estava perto de tocar, os planos de Edward eram claros: ele levaria Bella para a floresta. O rapaz aparentemente não queria matar mais ninguém, e daria um fim apenas naquela que lhe importunava.

Aquilo literalmente quebrava as pernas de Edythe. Ela teria de atravessar o campus correndo em velocidade humana e tentar agir normalmente na frente de Bella enquanto tirava seu irmão de perto da menina. Edythe buscou no futuro e decidiu que tinha uma boa probabilidade de conseguir.

O toque da sirene foi como um tiro de largada. Edythe disparou porta afora com os cabelos ruivos voando diante do rosto e transpassou a multidão de humanos para sair do prédio em que estava e tentar alcançar Edward. A garota tirara as luvas e tocava o máximo possível nas pessoas agora para diminuir sua velocidade, e, ao alcançar a saída, estava mais lenta do que estivera em qualquer momento. Ela correu pelo chão molhado do estacionamento, atravessando-o em pouco tempo graças à falta de empecilhos, e finalmente alcançou o prédio que queria.

Edythe viu, um pouco tarde demais por causa dos reflexos limitados, que três pessoas bloqueavam sua passagem: Mike e McKayla Newton e Beau Swan. Não havia tempo para gentileza; àquela altura, Edyhte ouvia os pensamentos de seu irmão, e ele estava encostado na porta, esperando a por Bella. Por esse motivo, a ruiva espremeu-se entre McKayla e Beau - coisa que definitivamente irritou a loira - e apressou-se até Edward, lançando-lhe um olhar penoso.

— Edward — chamou delicadamente e quase ofegante — Me acompanha até minha próxima aula?

Rápido, implorou ela mentalmente ao perceber que Bella estava saindo da sala. O garoto assentiu com uma expressão indecifrável.

No entanto, eles não foram até a próxima aula de Edythe. Entraram no Volvo de Edward e encararam através do para-brisa por alguns segundos.

— Obrigado — disse o garoto por fim.

— Não foi nada.

— Não acredito que eu ia fazer isso — Edward franziu as sobrancelhas.

— Você não ia fazer nada — mentiu Edyhte como Alice fizera no refeitório com Jasper — Eu vi.

— Sim, claro — zombou ele.

— Havia uma possibilidade de você acabar aqui sem minha ajuda - protestou ela — Eu só não queria correr riscos.

— Tudo bem — disse Edward — Você devia voltar para sua aula.

— Você vai ficar bem? — Perguntou a garota.

— Se você sair correndo do ginásio em câmera lenta pra me salvar de fazer algo idiota, talvez.

Edythe sorriu e saiu do carro. Ela respirou fundo enquanto andava pelo estacionamento agarrada em seu trench coach, amaldiçoando-se por ter tirado as luvas.

Tocar em humanos era algo estranho para ela. Era irritante porque a tornava mais fraca e lenta, além de diminuir seus sentidos. Edythe faria aquilo apenas em caso de querer adiar uma viagem de caça, o que acontecia quase nunca. A garota podia ter revertido o efeito tocando em Edward, mas estava aliviada que as vozes finalmente começavam a deixar sua cabeça e as visões ficavam indistintas nas bordas; logo sua mente estaria livre.

Ela finalmente chegou ao vestiário, e se trocou rapidamente. Até que não fora má ideia sair tocando todos aqueles humanos antes da aula de educação física; pelo menos naquele dia ela não teria de se controlar como fazia toda aula. A menina terminou de se trocar e seguiu suas colegas até o ginásio.

A primeira coisa que sentiu enquanto ouvia vagamente o treinador explicar que iriam jogar vôlei foi um cheiro doce. Era quase imperceptível, mas estava lá. Ela fungou disfarçadamente tentando achar a origem e viu-se olhando para uma parte do ginásio onde Beau e Bella Swan estavam sentado lado a lado, tendo a última aula juntos. Nenhum dos dois foi obrigado a se juntar à turma, talvez por serem novatos.

Enquanto Edythe observava-os sem conseguir ouvi-los direito, Beau a olhou, e ela teve outra visão. Não era nada como as que tivera com Edward, Rosalie e Emmett, eram apenas flashes, talvez porque já estava tudo se dissipando. No entanto, ela pode distinguir as cenas: ela observando enquanto Beau andava para longe e o garoto olhando-a nervosamente enquanto se encostava numa parede, então tudo escureceu; a menina havia voltado ao normal. Edythe desviou os olhos, confusa, e deparou-se com Emmett sentado na outra arquibancada, olhando para a bandeira da escola distraidamente. Aquilo a fez sentir-se um pouco mais normal, então a garota apenas participou da aula normalmente, sem voltar a pensar em Beau Swan.

Emmett estava esperando-a quando ela saiu do vestiário, e andou com a ruiva até o Volvo de Edward. Ao lado do carro estava a moto de Edythe, uma Cub vermelha. Os dois foram os primeiros a chegar no carro, então apenas encostaram-se ali, até a menina ficar entediada. Ela tinha que ir a Seattle comprar roupas novas, talvez alguns livros, e estaria de volta antes do anoitecer, com certeza. Passaria em casa para pegar seu carro e sairia antes que os outros chegassem.

— Eu vou indo — disse para Emmett — Avise a Carlisle que fui pra Seattle.

O garoto assentiu.

— Até mais — falou.

Edythe subiu na moto, e logo estava fora dos limites da escola, indo a quarenta antes mesmo de chegar na rodovia. Ela não voltou a olhar para Beau Swan.

A garota estava na casa dos Cullen pouco tempo depois e não ouviu movimento lá, o que devia indicar que Esme não estava. Ela estacionou a moto na garagem, subindo para pegar as chaves de seu carro vermelho. Edythe gostava do lugar; era aberto, iluminado e pintado em tons de branco. Um lugar onde os Cullen podiam ser o que eram.

Seu quarto fora arrumado por ela mesma. Tinha o formato de um retângulo, com a parede da esquerda toda feita de vidro. As outras eram brancas e a que ficava atrás de sua cama era vermelho sangue, seu trocadilho particular. A que ficava de frente para a porta era repleta de pôsters, fotos e adesivos. No canto direito da parede, a foto de quatro pessoas se destacava. Uma garota de cabelos castanhos, pálida como qualquer outro imortal, dois loiros magrelos igualmente brancos, os gêmeos, e um rapaz alto com covinhas nas bochechas e cabelo preto. Seus olhos agora eram dourados, mas Edythe lembrou tristemente da cor que costumavam ser, verde-água.

Aquela era uma foto de sua primeira família, Melissa, John, Jack e Peter. Eles a haviam acompanhado pela maior parcela de sua vida imortal, mudando de lugar nublado a lugar nublado e ocasionalmente fingindo serem uma banda retrô, até que Edythe decidiu morar com os Cullen.

Fora uma escolha difícil. Por um lado, ela era muito apegada aos outros, mas por outro, havia a culpa. Se a garota houvesse se controlado no início, nenhum deles estaria fadado àquela vida, pois Edythe os transformara. Ela não fizera por mal, muito menos por querer, mas não pôde evitar. Nenhum deles a culpava, no entanto ela sabia que não eram felizes daquela maneira, então os deixou.

A garota espantou esses pensamentos e pegou sua carteira cheia de cartões de crédito reluzentes. Virou as costas para a foto e desceu as escadas correndo para pegar seu carro vermelho e deixar a casa.

Edythe chegou a Seattle nem uma hora depois. A cidade estava encoberta por uma camada de nuvens, o que facilitaria sua vida caso ela quisesse andar em público.

Durante o resto da tarde, Edythe vagou de loja em loja, sem achar muita coisa que lhe interessasse. Ela teria de terminar suas compras pela internet e franziu os lábios por isso enquanto andava para o carro com a última leva de sacolas.

Já era noite quando ela chegou aos limites de Forks novamente. Seus sentidos não haviam voltado por inteiro e Edythe sentia uma ardência em seu estômago que caracterizava fome. A boa notícia era que a garota não devia precisar caçar até o dia seguinte. Ela avistou o lugar que vendia donuts e estacionou o carro, planejando levar comida para a viagem.

Quando a garota deixou o veículo, ouviu o sino da porta tilintar e um cheiro doce fez sua cabeça virar-se rapidamente. Saindo da loja, Beau Swan carregava um saco de papel nas mãos olhando distraidamente para a etiqueta no mesmo. De repente, o garoto escorregou em uma porção de musgo e caiu sentado, trincando os dentes. A garota segurou o riso enquanto ele se levantava olhando em volta para ter certeza de que ninguém vira a gafe. Seus olhares se cruzaram e um vermelho tingiu a pele do rapaz do pescoço ao rosto. Edyhte sorriu abertamente enquanto ouviu o ritmo de seus batimentos cardíacos aumentar. O garoto afastou-se rapidamente enquanto ela ia em direção à loja, repentinamente pensando nas visões que tivera pela manhã. Aquela na qual ela via a si mesma observando Beau afastar-se acabara de acontecer. O que significaria isso?

Após fazer seu pedido, Edythe voltou para o carro e dirigiu em direção à casa dos Cullen. Ela podia ver como antes agora, então deixou-se distrair enquanto guiava o carro, fazendo tudo automaticamente. Finalmente, as luzes do casarão surgirão em meio à escuridão que não era tão escura assim, e Edythe estava em casa.

Ao abrir a porta e adentrar na sala, no entanto, a garota notou algo estranho. Um ar triste, quase melancólico pairava pelo cômodo, onde toda sua família estava disposta aleatoriamente. Bom, quase toda.

— Onde está Edward? — perguntou Edythe para ninguém em particular.

— Ele se foi – respondeu Rosalie sem olhá-la. — Partiu esta tarde.

Ela jogou as sacolas no chão e cruzou os braços, incrédula.

— Foi embora? — perguntou, a voz trêmula.

 


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Notas finais do capítulo

Gif da Edythe quando descobre que o Edward foi embora. Gostaram? Deixem reviews!



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