Histórias Esquecidas escrita por Ana Carolina Heringer


Capítulo 1
Orleans


Notas iniciais do capítulo

espero que gostem, me avisem se estou fazendo certo ou não



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Em 1912, New Orleans.

Nova Orleans nunca pareceu tão sombria para Dylan, Elizabeth e Sophia. A lua que sempre fora motivo de declarações amorosas, agora, simplesmente, as banhava com seu olhar triste e frio. E o Mississippi, por sua vez, também não ajudava, este parecia mais um lençol azul-escuro sobre a terra, de tão calmo que estava, do que um rio. O ar rusticamente do campo, marcava a cidade. Embora os mortais não soubessem de nada, pareciam lamentar pelas mesmas. Formando assim uma nuvem melancólica sobre a cidade.

As garotas andavam vagarosamente pelas ruas de Nova Orleans, a lama sujava seus sapatos e vestidos. Não se importavam. Estavam focadas demais olhando atentamente a cidade. Como se quisessem gravar cada casa, cada pedra, cada detalhe de Nova Orleans.

Andavam a passos calmos e pequenos, como se não quisessem chegar ao destino que a longa ruela lhes proporcionava. O silêncio tomava conta da cidade já adormecida, fazendo assim os passos das meninas ecoarem pela noite.

Dylan, sendo a mais velha das três, agia como a líder de uma família, que de fato era. Com seus olhos azuis tempestuosamente elétricos, seu corpo atleticamente “de matar”, e seu cabelo em um misto de loiro (nas pontas), ruivo (no meio) e preto (na raiz), lhe dava um ar de cruel e inocente ao mesmo tempo. Como uma rainha.

A garota sentindo o frio da noite entrelaçou seu braço no da amiga, Elizabeth, que até então estava com um olhar pensativo, até mesmo preocupado, agora lhe mandava um olhar de agradecimento, como se também precisasse, não pelo frio, mas talvez pelos pensamentos que a assustava.

Elizabeth, era a mais normal do trio, tinha cabelos negros, lisos até as pontas, onde o mesmo insistia em fazer cachos perfeitos. Seus olhos eram tão pretos e penetrantes, que só pela descrição faria qualquer um temer, sendo que sempre transmitiam afeto, carinho e amor - sempre. Seu corpo era um pouco menos atlético do de Dylan, além de ser incrivelmente branco. Tanto que quando fica meditando ao entardecer no jardim, suas bochechas ficavam levemente coradas, como se alguém tivesse lhe falado algo vergonhoso. O que normalmente sempre acontecia, já que a mesma era calada e tímida, só falando o necessário.

Elizabeth agia como uma mãe, sendo aquela que mantém a união do trio, já que Dylan e Sophia são temperamentais. Mas nunca perdera a paciência com as duas. Amava-as tanto, que cuidava de Sophia como uma filha e considerava Dylan uma irmã. As outras sabiam o motivo de tanto afeto, mas preferiam não tocar no assunto.

Sophia era a mais entediada da Academia Meio-Sangue. Desde que se entende por gente conhecia a Senhora C. Não sabia ao certo a sua história, mas tinha certeza que Senhora C não era sua parente, por mais que a mesma insistisse, Sophia não acreditava, não compreendia.

De apenas 16 anos, altura mediana, olhos azul mar, cabelos azuis revoltados que nem a dona. Já se metera em brigas por quase toda a Nova Orleans, menos na própria Academia. Os motivos eram sempre os mesmos, que estava entediada ou que defendia sua “honra”.

Sophia não parecia pertencer a sua época. Entrava em brigas por diversão, bebia pela emoção. Era uma das governantes que todos mais amavam e temiam, comandava o Ar. Por ser diferente e livremente independente, tinha a cara do novo século.

Uma das poucas pessoas que Sophia respeitava, era a Senhora C. Que uma vez perdera a sua santa paciência e a mandou, por um mês, para um acampamento militar, que na época era só para garotos. Fora espancada, humilhada diversas vezes, mas como a Senhora C proibiu-a de usar seus poderes fora dos muros da Academia, não podia revidar nem se defender. Eles eram mais fortes e brutos, bem eram... Meninos.

Na última noite no Acampamento Militar, Sophia ainda tinha seus cabelos loiros, o diretor de atividades mandou que todos os meninos pegassem seus potes de tinta de escrever (n/a: naquela época, eles usavam como Harry Potter, a tinta era permanente, por serem muito fortes os ingredientes) e que fizessem um corredor polonês. E empurrou Sophia para passar pelo meio. Por enquanto que passava lentamente, resistindo, cada menino virava o seu pote de tinta, derramando o seu conteúdo sobre Sophia, mas especificamente, em seu cabelo.

O cabelo azul de Sophia significava, para muitos, um ato de sua rebeldia, mas para ela, bem lá no fundo, era motivo de vergonha. De que nem em todas as brigas, ela conseguirá vencer. Mas, claro, nunca mostraria tal vergonha, medo ou até mesmo amor. Essas foram algumas coisas, que em sua vida, Sophia julgava ser o certo a fazer.

A Academia em que residem as meninas era um prédio de estrutura assimilar a uma fábrica. Feita de tijolos avermelhados, continha cinco torres, um lago e jardim. Tendo uma vista única de toda Nova Orleans, pois a mesma ficava afastada da cidade.

Dentro da Academia, sua arquitetura e classe lembravam um palácio, com madeira trabalhada em todos os móveis e ao invés de piso, era mármore branco reluzente. A primeira torre era a mais alta, onde a Senhora C ficava.

A segunda, terceira, quarta e quinta torres tinham a mesma altura e elegância. A segunda vivia Sophia, sendo a dominadora-governanta do Ar. A terceira vivia Dylan, dominadora-governanta da Água. A quarta, Elizabeth, Terra. E por último, Catherine, fogo. Enquanto todas as outras meninas ficavam em dormitórios ao longo da Academia.

Ainda tinha o porão, onde as meninas treinam suas habilidades “sobrenaturais” sem olhares curiosos de fora propriedade. O porão continha quatro alas, para os quatro elementos. Sendo cada um adaptado para suportar o seu elemento. As meninas tinham o horário apertado, acordavam às 7 horas, tomavam café até as 8 horas e do mesmo treinavam até 11 horas. Claro que se alguém reclamasse perdia o direito ao almoço e tinha que dar cinco voltas pela Academia, que não era pequena.

E das 11 horas, tomavam banho e almoçavam no refeitório em frente ao lago. O refeitório se dividia em quatro longas mesas, onde cada dominadora fazia sua refeição na mesa do seu elemento. A Senhora C sentava nas segundas e sextas na mesa do Ar. As terças e sábados, na da Água. As quartas e domingos, na da Terra. E somente as quintas, na do Fogo.

Passado o almoço, Senhora C ensinava a todas as meninas da Academia em uma só sala de aula, tudo. Lutas marciais, de faca, de espada. Geografia, História, Matemática, Português, Física, Química, Biologia. E tinha aula de ética, etiqueta e como guardar as armas em vestidos. Principalmente, estudavam a Arte da Guerra e seus benefícios, e a Arte de roubar. Enfim, coisas básicas para se sobreviver no mundo lá fora. E tudo isso, de 13h00min as 17h00min.

Das 17h00min às 18h00min, caminhavam até o jardim onde cada uma estendia a sua esteira no chão, cruzava sua perna em forma de índio e mergulhava seus olhos na meditação. Para agradecer aos dragões dos quatro elementos e assim aperfeiçoar a sua dominação.

Das 18h00min às 19h00min, tomavam banho e vestiam se a rigor para o jantar. Como inocentes meninas. Das 19h00min às 20h00min ocorria o jantar, tranquilo como qualquer outro.

Das 20h00min até as 22h00min, chegava o horário mais esperado por todas. Elas iam ao lago, e sentavam em volta dele. Formando um grande círculo, misturadas. Lá elas cantam, riam, como uma grande família. Mas o que realmente marca aquele horário, é o fato de que a Senhora C anda sobre a água do lago, sentasse sobre uma cadeira no meio do mesmo, e começa a conta histórias. Histórias gregas, Greco-romanas e a dos quatro elementos.

E enquanto, a mesma contava a história, involuntariamente, fazia com que a água entrasse na história. Como? Se ela estivesse contando a história das amazonas, surgia uma amazona feita de água ao seu lado. Assim como os dragões dos 4 elementos. Diziam que a Senhora C era tão poderosa que com o simples pensar fazia isso acontecer.

Ainda caminhavam pela cidade pensando em como tudo isso foi parar na vida cada delas, e como será a vida delas depois de amanhã. Senhora C disse apenas que estava tudo acabado. Como? Quando? Por que? Imediatamente, Elizabeth começou a chorar. E em seguida todas, em silêncio. O caminho era longo até a Academia, mas elas realmente não se importavam mais.


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Notas finais do capítulo

e aí?



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