Codinome: Estrela da Noite escrita por Ana Clara Medeiros


Capítulo 6
VI {ou quase fim do mundo, part. 1}


Notas iniciais do capítulo

Preparem-se para o primeiro arco da fanfic Codinome: Estrela da Noite! Essa promete!



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Damian

Confirmando minhas suspeitas: ser líder não é uma coisa tão legal assim. Ainda mais quando você descobre que "ser líder" significa baixar sua guarda a fim de dar suporte a todos da equipe.

Eu não tinha talento nenhum para isso, por mais que eu tivesse me saído bem com Estrela da Noite. Quer dizer, eu achava que tinha me saído bem. Após sua conversa, não me encontrei mais com a mesma, por mais que o alarme que indicava reunião tocasse cada vez mais alto, ela não estava na sala. Teria então falhado? Dick não iria gostar nada nada daquilo.

Mas ele também não estava lá.

Havia restado poucos heróis na nave já que a grande maioria estava em uma batalha mortal e aparentemente longa. Cyborg flutuava de um lado para outro com a mais nervosa das expressões. Ricardito/Arsenal/Arqueiro Vermelho/mil e outro nomes que aquele cara possuía também parecia preocupado por mais que tentasse se distrair com suas flechas e pensamentos indecifráveis. Eu estava pronto para perguntar o que diabos estava acontecendo quando Canário Negro III assumiu esse posto.

— Qual o problema? - Perguntou.

Nossos superiores se entreolharam antes de irem para perto da gigante tela que ali havia. De repente, com alguns cliques no teclado, o mapa mundi apareceu junto com vários pontos vermelhos em diversas áreas diferentes, desde o Japão até a própria Gotham.

— Estamos sendo atacados de maneira brutal. - Comentou Cyborg com um pesar absurdo em sua voz. - Vários meteoritos de tamanho bem menor em comparação ao que caiu em Gotham se chocaram com a Terra da madrugada de ontem para a manhã de hoje. Vários dos alienígenas estão atacando capitais importantes de diversos países, e para piorar... - Com um outro clique, houve uma aproximação na capital dos Estados Unidos, onde câmeras de segurança flagraram os alienígenas asquerosos utilizando armas. Armas gigantes e bem assustadoras.

Eu não me intimidava com facilidade alguma. Porém, todas aquelas imagens me fizeram engolir a seco.

— O que faremos nós? - Manotaur, o qual já estava recuperado e pronto para a briga, deu um passo a frente.

— Vamos ter que separá-los. Terão de usar toda a habilidade e força que possuem para, no mínimo, minimizar os ataques. - O ruivo com braço robótico se pôs a falar com uma expressão tão baixa quanto a de Cyborg.

— Só podem estar loucos! - Exclamou Avia com todo o seu sotaque meio árabe meio egípcio. - Todos nós já não formos suficientes para derrotar aquela massa de aliens em Gotham. Acha mesmo que cada um de nós sozinho poderá salvar uma capital inteira?

— Teremos de contar com a sorte e com nossa força. - Cyborg desligou a tela, deixando tudo com um ar sombrio e gélido. Já havia reparado que aquela nave não era lá das mais quentes...

— Espera ai, cadê a Mar'i? - Perguntou Canário Negro III, vasculhando toda a área com seus olhos ágeis.

—  Ela foi requisitada para uma outra missão. - Cyborg tratou de responder usando as melhores palavras que conseguia.

Aquilo causaria algum tipo de raiva no grupo?  Afinal, nosso único momento mais "família" aconteceu a poucas horas atrás, sem muita cerimônia ou real envolvimento. Estrela da Noite e eu éramos os únicos que haviam ficado de fora do papo meloso e sem necessidade.

— Perfeito! Além de tudo, estamos em desvantagem! - Avia apertou no botão que ativava a sua armadura, deixando seu rosto coberto para nós. Talvez ela preferisse que nós encarássemos aquela face dura e sem expressão do que a sua verdadeira, tomada de raiva e incerteza.

Era oficial: os Jovens Titãs estavam apavorados.

Mais uma vez. Mais uma vez eu tive de engolir muito do orgulho que tinha e reconhecer que não estava do lado de meros perdedores, e sim, de... Adolescentes promissores. Dei um passo a frente de todos e estendi meu olhar para os dois únicos heróis que estavam ali, enxergando em nós os seus tempos de glória ou somente um bando de quase mortos.

— Não vai adiantar ficarmos aqui discutindo enquanto a Terra está um caos. Formos designados para proteger o nosso planeta e é isso o que faremos, custe o que custar. - Tentei deixar o meu timbre de voz um pouco mais grave. Truque que aos poucos eu estava conseguindo pegar com o Batman. - Pensem em todas as pessoas que podem estar morrendo agora. Ou melhor, pensem nos malditos heróis que não estão com as bundas sentadas naquelas cadeiras flutuantes, - Apontei para as mesmas. - pensem nesses malditos heróis que agora estão no espaço lutando para proteger não somente nosso planeta como outros. Vocês querem acabar como o Lanterna Verde? Querem acabar sem casa?

Nunca pensei que fosse conseguir deixar todos da minha equipe cabisbaixos. Quis muito sorrir em deboche, mas me controlei engolindo todo o orgulho. Era um treinamento o qual eu precisava me submeter mesmo que não gostasse. Pior do que falhar na missão de ser líder era falhar na frente de Dick Grayson, e eu jamais deixaria que isso acontecesse.

— Arqueiro, já que estamos em desvantagem, você poderia se juntar à essa batalha? - Perguntei corajoso mesmo que por dentro eu quisesse dizer o contrário.

O mala sem alça sorriu e pulou de onde estava, dando um carpado antes de atingir o chão em uma posição perfeita.

— Você quem manda, capitão. - Piscou para mim.

— Cyborg, nos encaminhe para as capitais de acordo com nossas habilidades. Sei que não poderemos atender a todos os lugares em que requereram ajuda, mas assim que terminamos, ou aparentemente terminamos em algum lugar, nos teletransporte para outro, ok?

Eu tinha certeza: não fui somente eu que enxerguei o gigante sorriso que Cyborg deu para mim junto com um assentido de cabeça. Ele era um dos que mais acreditava em nós por algum motivo. Talvez por não sermos a essência do que seu antigo grupo já foi, mas pelo o que estamos tentando ser. Eu sentia que ele também acreditava em mim.

Tá ai um sentimento que não me atingia já fazia um bom tempo.

— Todos para cima da mesa! - Ele "ordenou" com o tom de alegria mais engraçado de todos, fazendo todo mundo soltar uma risada.

— Acha mesmo que vamos sair vivos dessa? - Canário Negro III teve de tocar meu ombro para que eu pudesse perceber o seu sussurro. Eu não podia enxergar seu olhar por detrás de sua máscara, mas eu sabia que ela estava tão aterrorizada quanto Avia.

Por que diabos ela havia me perguntado aquilo? Então era isso? Eu tinha me tornado o tipo de pessoa em que as pessoas iriam se apoiar? Ou os meus conselhos de líder estavam ultrapassados demais ou eu realmente não conhecia a essência daquilo. Percebi ali que eu teria de mudar em muito mais coisas e ser bem melhor do que eu costumava ser. Dick teria errado em me colocar como cabeça de toda uma equipe frágil e desconexa? Será que aquele lugar realmente deveria pertencer a outra pessoa... Estrela da Noite?

Se o Damian de sempre tivesse sido abordado daquele jeito, eu provavelmente cortaria suas palavras com um "eu sei que eu sairei dessa" e um olhar mais do que cortante. Contudo, respirei fundo ao ponto de relaxar meus nervos. Pude até jurar que quase sorri ao lhe dizer: - Eu espero que sim.

Não tive tempo de ouvir o que ela havia me dito, muito menos ao ponto de tentar imaginar suas palavras. A luz branca e ofuscante do teletransporte atrapalhou, e tudo o que consegui enxergar depois de alguns segundos sentindo o solo firme por debaixo das minhas botas foi somente caos.

Caos em Gotham City.

Continua...


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Notas finais do capítulo

"Viajar com o pai deveria ser sinônimo de férias e diversão, algo como praia ou acampamento. No meu caso, viajar com o pai estava mais para tentar deter o que poderia ser não somente o fim do planeta Terra, como também o fim de vários outros planetas. Entre tantos cinturões de asteroides, corridas na velocidade da luz e um pequeno incidente com o plano de rota, lá longe, o terceiro planeta de uma cadeia de vários outros sistemas interplanetários, lá estava Tamaran, e provavelmente a maior das mudanças no meu destino..."

Aguardem Mar'i e Dick Grayson em uma aventura a mercê dos perigos de Tamaran!



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