—agora vocês devem descansar e se arrumar para a longa viagem até Álflheim o reino dos elfos de luz.

Zoe fez uma breve reverência ao Rei e se retirou, sendo seguida pelos dois irmãos, ela queria conversar sobre o que havia acontecido com ela e por que não se lembrava de quase nada dos dias anteriores mas sua cabeça estava muito barulhenta, pensava em qual seria a reação de sua mãe ao vê-la e como ela seria, se descobririam o que há de errado com ela, não ouviu os irmãos falarem com ela, imersa nos próprios pensamentos, entrou em seu quarto, só queria um bom banho e ouvir um pouco da voz mecânica dos vocaloids, quando era mais nova adorava passar o dia vendo vídeo dos cantores holográficos, com o passar dos anos acabou se esquecendo deles.

Os irmãos passaram o caminho todo conversando entre sí e tentando chamar a atenção da jovem midgardiana mas fora em vão, Thor estava temeroso em leva-la para fora de Asgard, os reinos estavam muito instáveis desde o ataque de Malekith, os elfos sabiam distinguir quem poderia ser uma ameaça ou não, leva-la a Alflheim era perigoso, os moradores poderiam considerar o sangue da jovem como uma ameaça, Thor tentaria não pensar nos contras, já tinha muitas dores de cabeça com isso, já Loki tentava imaginar como uma criatura aparentemente tão indefesa como ela tinha conseguido tal poder, sua soberba o fazia pensar em toma-lo para sí, com o poder do espelho até mesmo o Pai de todos se curvaria diante dele.

Zoe entrou na água morna da banheira e relaxou enquanto ouvia world is mine, um breve sorriso em seu rosto, amanhã seria um novo dia, um dia em que talvez encontraria sua mãe, se passaram 30 minutos nos quais ela brincava com seus longos cabelos castanhos, ela levantou-se da banheira e pegou a toalha macia, ao terminar de secar-se ela se enrolou no robe de seda negro e foi para a cama, revirou algumas vezes na cama, sua ansiedade estava quase a devorando viva, e foi no pensamento alegre de encontrar sua mãe que a jovem adormeceu.

Zoe acordou com as batidas leves da criada Mina em sua porta.

—Zoe levante-se e se apresse pois logo o desjejum será servido!

Logo após a criada terminar de falar um ser parecido com a moça do chamado abriu a porta assustando a pobre criada.

—Zoe pelo amor de Odin! Queres matar-me do coração?!

Zoe deu uma risada alta diante da declaração da empregada.

—Desculpe Mina, eu não pude resistir.

A criada fez cara de birra fingida e bufou, ambas riram, até que a jovem Mina se pronunciasse.

—A criada de Loki já o está ajudando com as vestes e você se quer tem os cabelos arrumados, já para o banheiro mocinha!

Ao ouvir isso Zoe correu para o banheiro em meio as risadas, enquanto isto no quarto à frente a criada Caroline ouvia as ordens ferozes do mestre que se encontrava em um estado de fúria.

—seu verme insolente, você se quer se deu ao trabalho de polir minha armadura direito! Até mesmo um inseto midgardiano faria um trabalho mais decente!

—m m meu... meu senhor me perdoe... irei poli-la novamente.

A criada estava de joelhos segurando a armadura que havia sido jogada brutalmente ao chão, Loki que virou para encará-la, os olhos se assemelhavam a chamas ardentes de Muspelheim, a jovem tinha o rosto manchado pelas lagrimas e em seus olhos carregava o mais puro terror, Loki se deliciava ao ver isto mas teve de conter-se, apesar de querer aterroriza-la a ponto de que até os netos dela tremessem ao ouvirem seu nome, sabia que se Odin soubesse disto o mandaria trancafiar na mais profunda cela existente em Asgard, ele baixou o tom de voz, deixando ainda um fio ameaçador em seu tom ao dizer.

—Faça isso o mais rápido que suas mãos possam fazer!

E dizendo isto ele apontou em direção a porta, um lampejo de alivio atravessou o rosto de jovem que saiu em disparada pela porta, Loki passou as mãos por seus cabelos, sua raiva lhe corroendo, ele se perguntava por mais quanto tempo ele teria de fingir ser o filho pródigo, ele se encaminhou a poltrona onde se jogou brutamente, projetou a imagem de Frigga, sua mãe, seus olhos arderam, era culpa dos elfos negros que ela estava morta, ela culpa dele não estar lá para protege-la, era culpa de Jane, aquela midgardiana imprestável, que sua mãe estava morta, o rosto de Zoe se projetou em sua mente, era culpa da raça dela que agora não tinha mais a única mulher eu foi capaz de amá-lo e que ele amou, em um impulso de fúria e poder ele lançou os objetos próximos a ele ao chão, conteve sua vontade de gritar deixando apenas as silenciosas lagrimas escorrerem por seu rosto, ficou assim por um tempo, até que ouviu as leves batidas da criada a porta, fez um ilusão em si mesmo para que ela não visse seu estado deplorável naquele momento, e em uma voz rouca mandou que entrasse, a serva entrou de cabeça baixa com a armadura em mãos, tão brilhante quanto no dia em que foi entregue a ele, ele viu a mão da jovem ao entrega-lo a armadura, estava machucada, ele respirou fundo, fazer o que iria fazer neste momento era algo difícil, engolir o orgulho era difícil, ele se aproximou da jovem, ergueu seu queixo delicadamente e pediu para que ela o olhasse nos olhos.

—Perdoe-me pelo meu comportamento deveras severo para contigo.

A serva empalideceu, será que o príncipe estava delirando? Ela jamais saberia, ela aceitou as desculpas e com uma reverencia deixou o quarto. Loki fez um movimento com as mãos e logo sua armadura se encontrava montada em seu corpo. No quarto em frente Zoe era espremida dentro de uma armadura feminina.

—Eu não vou lutar, então para que tantos ferros em mim?!

—Zoe eu já lhe disse que o Rei quer a sua segurança.

—Mas eu tenho dois príncipes para me prote... Ai.

Zoe soltou um grito abafado quando o corpete de ferro se tornou mais apertado em seu tronco, a criada riu dela.

—Pronto criancinha, já acabou.

Ambas se encararam, pareciam prontas para avançar uma no pescoço da outra, então começaram a rir.

—Bom, é melhor ir depressa, não queremos que a princesa... digo o príncipe fique bralho!

Mina fez uma fingida carranca de brava e as duas tornaram a rir, Zoe caminhou em direção a porta e a abriu, dando de cara com o moreno encostado ao batente da porta de seu próprio quarto, um calafrio percorreu sua espinha quando viu o rosto gélido e serio do jovem.

—Por Odin! Achei que estavam mortas ai dentro, quanta demora!

—Loki não exagera também né, não demoramos tanto!

—Ah não, só perderam o café, vamos já estamos de saída.

Zoe arregalou os olhos, partiria com fome? O moreno a olhou por cima do ombro e jogou uma maça pra ela que a pegou e começou a come-la no mesmo instante.

—Thor tem alguns assados com ele, tente roubar alguns.

Disse Loki rindo assustadoramente e seguindo pelo corredor, Zoe buffou, “ essa viagem vai ser loooonga” pensou.