O Preço da Perfeição escrita por Isabella


Capítulo 5
O Preço da Família


Notas iniciais do capítulo

Oi Oi Gentee ♥
Sei que demorei - bastante! Mas, me veio um bloqueio na mente e eu acabei começando a assistir Game of Thrones e poxa, me viciei! Acabei que fui escrevendo um pouco cada semana e fui ficando enrolada. Na verdade, eu nem iria postar hoje, afinal tenho alguns comentários para responder. Maaas, um certa Maximoff Evans Olsen Rogers recomendou a fic ontem e eu me senti na obrigação de postar. Menina, que recomendação foi essa?!! Fiquei bastante emocionada com suas palavras. Esse cap é todo seu!
Preparados?!! Esse cap ficou bem grande, quase 5.000 palavras. Espero que gostem ♥
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Boa Leitura >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>.



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A casa estava uma bagunça só. Todos estavam curiosos para saberem quem era a moça que estava dormindo no quarto de cima. Sarah tentava colocar as crianças de volta para os quartos. 

Lizzie! Me ajude aqui, querida — a mãe chamou a jovem que estava lendo um livro.

— Hey, hora da historinha, pessoal — Elizabeth pegou um livro infantil na estante e foi caminhando para o final do corredor, com as crianças ao seu enlaço.

Sarah sorriu observando a cena. Desde de que decidira abrir o orfanato, não imaginava que se apegaria tanto aquelas crianças. No começo tinha sido difícil, Steve tinha ido para o exército e sua renda não estava tão boa. Porém, no dia em que viu uma pequena garotinha abandonada na rua, seu coração apertou. Ela adotou Lizzie e decidiu abrir um lar para crianças. Fora a melhor coisa que fizera na vida. 

— Steve ainda está no quarto com ela, mas a moça não acorda — Sharon descia as escadas.

Sarah por um minuto se deixou sentar no sofá.

— Já vai fazer um dia e ela não acorda — a mulher estava realmente preocupada. 

Sharon sentou ao seu lado e segurou as mãos frias da mulher que considerava uma segunda mãe.

— Relaxe, eu já chequei os batimentos cardíacos e a temperatura do corpo duas vezes, foi só uma reação do corpo dela. Deve ter sido a falta de remédios, pelo que vi na bolsa dela, ela toma alguns — a enfermeira tentava a tranquilizar.

— Certo, vou preparar uma sopa para as crianças, o tempo está bem frio — a senhora Rogers foi para a cozinha, Sharon também a acompanhou.

No quarto de cima, Steve observava a ruiva dormir tranquilamente. Sua mãe havia trocado as roupas da moça com a ajuda de Sharon, disse que estava frio e ela precisava se agasalhar mais. Já fazia um dia que ela dormia e ele estava preocupado. O celular dela, por incrível que pareça, não havia tocado, apenas o alarme. Será que ninguém se preocupava com ela? Não fazia nem quatro meses que a conhecia, mas ela já era alguém importante para ele.

Deixou os pensamentos de lado e continuou desenhando. Estava devendo um retrato para Lizzie, ela insistia em que ele á desenhasse. Steve fazia qualquer coisa por ela. Não era sua irmã de sangue, mas era muito mais que isso.

— Oi loiro — Lizzie abriu a porta de repente.

Steve fez um sinal de silencio para ela. A morena deu um joia e fechou a porta.

— Tenho que terminar minha tarefa, graças á Deus é o último ano. Será que pode ajudar a mãe com a janta? Eu fico de olho nela — ela estava com os braços cruzados.

O loiro maneou a cabeça.

— Ah, qual é? Você quase não sai daqui! Esse quarto é meu, tenho o direito de te expulsar. Anda! Levanta essa bunda gorda da minha cadeira — falou alto e depois tapou a boca, se lembrando de Natasha.

Steve adorava o jeito descontraído e inofensivo da irmã. Levantou-se e beijou o topo da cabeça dela.

— Qualquer mexida de dedo, me grite — disse antes de sair e fechar a porta.

Elizabeth sentou na cadeira onde Steve estava e pegou seu caderno. Antes de começar sua redação de história, ficou olhando para a mulher em sua cama. Steve sempre foi um bom homem, mas ele devia gostar muito de Natasha para levá-la para casa. Ali era sua fortaleza, e ele protegia sua família - não só ela e sua mãe, mas todas as crianças e até mesmo Sharon - de tudo. Ela já tinha ouvido falar sobre a ruiva. Sharon vivia dizendo para ler seus livros, segundo ela, eram apaixonantes. Mas também a conhecia do escândalo envolvendo Jimmy O’connel, o policial que havia sido preso. Lembrava-se de um noticiário dizendo que ele e Natasha haviam separado.

Foi tirada dos seus pensamentos por uma tosse. Natasha havia acordado.

— Ai meu Deus! — Lizzie largou o caderno na mesinha e se levantou — Oi. Espero que tenha dormido bem na minha cama. Sabe, eu digo pra mamãe que ela está um pouco velha, mas como eu sei que tem as coisas do orfanato, eu nem peço ela outra. Você acha ela dura?

Natasha se sentou na cama e olhou confusa para a garota.

— Quem é você? — a voz da ruiva era grave.

— Prazer, Elizabeth Rogers, mas eu odeio que me chamem assim, apenas Lizzie, ok? — Natasha estreitou os olhos — Oh! Está muito escuro? Steve odeia meu quarto por ser escuro e os pisca-pisca, mas mamãe não deixou você ficar no quarto dele, sabe, tem crianças aqui..

A ruiva não estava entendendo nada.

— Steve? — era a única coisa que conseguiu entender.

A morena correu até a porta e chamou pelo nome dele.

— Acredito que ele não vai demorar, é que ele está ajudando a mãe e as crianças. Desculpe, eu sou imperativa e falo demais, pode me cortar por favor?

Nesse mesmo momento a porta se abriu, revelando um Steve com a expressão preocupada no rosto.

— Cara, ainda bem que você chegou, acho que ela perdeu a fala, muito pouco falou, Ste, acho que ela esta passando mal — a garota tinha o cenho franzido.

Natasha estava transtornada. Não que ela estivesse passando mal, mas aquela garota não a deixava falar em um minuto sequer!

— Bee — Steve a chamou por um velho apelido — Pode deixar comigo — sorriu para a irmã.

Lizzie corou envergonhada ao perceber o que tinha feito. Saiu fechando a porta e murmurando desculpas ao mesmo tempo. Steve voltou sua atenção para a ruiva sentada na cama.

— O que está acontecendo, Steve? — sua voz tinha voltado ao normal.

O loiro sentou na beirada cama. Colocou uma das mãos em cima do joelho de Natasha, que estava embaixo do grosso edredom, porém o tecido não a impediu de sentir um arrepio.

— Você está bem? — Rogers expressava certo alívio na voz.

Natasha apenas concordou e continuou esperando a explicação dele.

— Ontem á tarde, você desmaiou de repente e eu iria te levar para um hospital, mas começou uma nevasca e eu te trouxe para minha casa, aliás, me amiga enfermeira te examinou — ele sorriu brevemente para ela.

— E o que sua amiga disse? — Romanoff o fitava com certa timidez.

— Que foi por causa de um remédio que você não tomou, converse com ela depois, eu não sei falar as palavras que ela usou — ele colocou as costas da mão na testa dela — Só verificando se não está com febre.

Ela abriu um sorriso de agradecimento. Na verdade, nem sabia como agradecer. Ele foi tão bondoso com ela e nem se importou de levar uma desconhecida para casa.

— Eu...nossa, nem sei como agradecer, isso foi muita gentileza, Steve. O que você precisar, conte comigo — as mãos dela encontraram as dele.

Naquele momento, só o calor que emanava das mãos deles juntas era o que importava. Os verdes dos olhos de Natasha sorriam largamente para o azul dos olhos dele. Duas batidas na porta estouraram a bolha de hipnose que se formava ali. Steve soltou lentamente as mãos dela.

— Desculpe atrapalhar, mas eu e Sharon queríamos conferir se estava tudo bem — Sarah abriu a porta.

Sharon estava ao seu lado, a loira não escondia sua expressão de ansiedade e euforia. Sarah estava com um pano de prato sobre os ombros. O Rogers se levantou da cama.

— Nat, essa é minha mãe Sarah e essa é Sharon, minha amiga enfermeira — Steve passou um dos braços pelo ombro da mãe.

A ruiva puxou o cobertor que a cobria e reparou levemente que aquele moletom não era seu. Não se importou e levantou-se.

— Eu queria agradecê-las, foi incrível o que fizeram por mim, Steve me contou — ela esbouçou um sorriso.

— Não precisa agradecer — a Carter estava empolgada.

— O jantar está pronto, espero vocês lá em baixo — Sarah se virou para ir em bora.

Sharon demorou mais dois segundos. Para a loira, estava sendo incrível conhecer a autora de um dos seus livros favoritos.

— Bem, antes de descermos, quero que saiba que mamãe tem um orfanato anexado aqui. As crianças são uma graça, mas não se assuste — ele carregava um leve sorriso no rosto.

Natasha seguiu Steve pela escada. Pôde escutar o barulho de risadas e conversas infantis. Por um segundo sentiu paz. A verdadeira Paz. Passou por uma sala comum, que dava á um corredor que levava a porta. E então a sala de jantar. Uma enorme mesa, cheia de pequenas crianças, de quatro á uns nove anos. Natasha conseguiu contar quatorze. Viu a garota falante na ponta da mesa, ajudando um garotinho de óculos a terminar sua sopa. Sarah e Sharon terminavam de servir a garotada e também viu um rapaz de uns vinte e cinco anos e uma moça loira junta á ele.

— Então essa é a bela adormecida? — o garoto falou.

Natasha sorriu ao ver os olhinhos curiosos se voltarem á ela.

— Oi — falou envergonhada — Eu sou a Natasha.

Uma menina pequena puxou a calça do seu moletom.

Voxê é a namolada do tio ste? — era uma garotinha morena de grandes olhos castanhos.

Romanoff logo se enamorou da menina que olhava para ela esperando ansiosamente pela resposta.

— Isabella! Venha terminar de comer sua sopa — a mulher loira a chamou em um tom de repreensão mas ao mesmo tempo divertida.

— Quantos anos você tem, Bella? Posso te chamar assim? — a ruiva se agachou ao lado da pequena.

A menina sorriu mostrando seus pequenos dentes.

— Assim ó — ela mostrou três dedinhos.

Natasha riu. Aquelas crianças lhe davam o sentimento de estar em casa. Ela percebeu que eles, todos eles, poderiam ser o que ela perdeu a muito tempo: sua família.

[...]

Era sábado, porém a ressaca de Virgínia não a deixou dormir até ás sete. Dessa vez, não foi apenas uma ressaca de leve, foi uma das piores que teve. Vomitou várias vezes e tomou três capsulas de remédio, que não parecia funcionar. Pouco se importando para o frio, Pepper estava de lingerie deitada de barriga para cima na cama. Pretendia passar o resto do dia assim e iria, se não fosse pelo seu celular tocando na sala.

— Ah, foda-se celular, foda-se tudo! — esbravejou irritada.

O celular tocou por um minuto, até que parou, pela felicidade de Virgínia. Mas não durou muito tempo, trinta segundos depois, tocou novamente. Ela pegou um travesseiro o tacou longe. Desceu as escadas xingando todos os nomes que conhecia. Atendeu sem nem olhar quem era.

— Alô — disse rispidamente.

Então é assim que atende sua mãe? — a voz estava calma e rígida do outro lado da linha.

Pepper teve que se apoiar no aparador ao seu lado. Por que diabos sua mãe estava ligando? Elas não se falavam há pelo menos dois anos. Desde o acidente.

— O que você quer? — ela já não controlava sua voz agora.

A risada de Yvne Potts soou do outro lado.

Sabe, eu passei boa parte da minha vida tentando ensinar boas maneiras para minha duas filhas, mas parece que só uma delas foi esperta o suficiente..— Pepper não a deixou continuar.

— Tão esperta que eu que sou conhecida mundialmente pela Virgínia Secret’s e fiquei com a outra empresa de papai, como é o nome mesmo? Sabe, eu tenho tanto dinheiro que não me importo com os pormenores — um sorriso glorioso brincava pelos lábios de Pepper.

Você é uma vadia! — a outra gritou — O maior erro da minha vida foi ter abrido as pernas para seu pai e ter engravidado de uma cobra como você! Uma ingrata! A única coisa que ganhei foi a Verônica, que ao contrário de você.. — a ruiva a interrompeu novamente.

— Você me ligou para me insultar? Ah, por favor, mamãe! Eu tenho mais o que fazer e realmente espero que você e a linda da minha irmã também! — sua paciência havia esgotado.

Pois saiba que não vai ficar assim, eu juro, pela minha vida que vou te deixar na lama e tirar tudo o que você me tomou! — Yvne soltou seu último veneno.

— Como se sua vida fosse algo importante para mim..

Eu te criei! Eu te dei tudo o que eu podia dar e é assim que trata sua família, Virgínia? — a matriarca dos Potts estava tentando tocar na ferida da mulher.

Tudo que consegui foi uma risada sonora e irônica de Pepper.

— Família? Agora você quer falar sobre família? — ela pausou — Você me obrigou á entrar para um mundo que eu não queria! Me obrigou a posar nua com quatorze anos! Eu era uma criança e você só queria o dinheiro! Você escondia tudo de papai e quando ele descobriu e se separou de você, você o matou! Pena que ele tinha deixado tudo pra mim e não para a bastarda da Verônica! Não venha falar de família, não comigo  — a ruiva não esperou uma resposta e desligou.

Seu sangue fervia. Não queria pensar em tudo novamente. Só traria mais dor de cabeça para si. Pela primeira vez sentiu frio naquela manhã, mesmo assim, não quis colocar uma roupa, ficou com sua lingerie rosada mesmo. Pepper abriu a geladeira e encheu um copo d’agua. No instante que fechou a geladeira seu copo espatifou no chão, um caco de vidro fez um rasgo no peito de seu pé. Tudo isso pelo o susto que levou.

Tony Stark estava em sua frente, com um sorriso de orelha a orelha.

— Pelos sete infernos, como você entrou aqui? — a manhã de Pepper não podia ficar melhor — Ai meu pé!

— Desculpa, lindinha — Tony se abaixou para pegar os cacos de vidros — Respondendo a sua pergunta: Eu tenho contatos — ele levantou a cabeça, dando de cara com a calcinha de Pepper. A ruiva deu um tapa em sua cabeça, Tony riu e voltou a catar os cacos.

Pepper se permitiu sentir-se envergonhada, afinal, estava seminua na frente do cara mais mulherengo e charmoso que já conhecera, mesmo que não admitisse.

Tony jogou os cacos no lixo. A mulher tentava andar até a cadeira, sem que o corte abrisse mais, porém estava difícil.

— Tem.. — ela limpou a garganta — Tem muito tempo que está aqui?

O moreno pegou um braço dela e passou pelo seu pescoço.

— O que está fazendo? — ela indagou.

— Vou fazer um curativo no seu pé, vou te carregar até o seu banheiro, se você for sozinha vai chegar lá amanhã — ele passou um braço pelas costas de Virgínia e outro por debaixo dos joelhos dela.

A proximidade dos dois os incomodava. Pepper sentia o corpo rígido de Tony colado ao seu e podia sentir sua respiração um pouco pesada por estar carregando-a pela escada. Já Tony, estava se controlando para não olhar para o corpo firme de Pepper.

— Como você sabe que a caixinha de primeiro socorros está no meu banheiro? — ela perguntou desconfiada.

Stark virou o corpo desajeitado de Pepper, para poder passar entre os batentes da porta, acabou por deixar o pé machucado da ruiva esbarrar num vaso de flores. Virgínia fincou as unhas no ombro de Tony e soltou um grunhido.

— Desculpa — o homem a colocou sentada na beirada da banheira, que era de borda larga — Como eu já havia dito antes: eu te conheço, Pepper.

Tony jogou o roupão de seda para a mulher, que o vestiu. Ele ficou abrindo as gavetas para encontrar a caixa.

— Você não sabe de nada, Anthony Stark — murmurou a ruiva — Está no meu closet, terceira porta da esquerda para direita — ela o observava de relance.

Ele sentou no chão, colocando o pé machucado de Pepper no seu colo. Primeiro ele lavou o machucado com sabão, depois colocou uma gaze seca para estancar o sangramento e ficou pressionando ali.

— Ainda não entendi o porque de você estar aqui.. — ela deixou a frase no ar.

— Tô retribuindo o favor de ter colocado meu amigo na sua festa — ele se permitiu fitar os olhos azuis dela — Queria te levar para almoçar, mas está tendo uma nevasca, então eu decidi fazer o almoço aqui mesmo, já que você dispensa sua empregada nos fins de semana.

Tony tirou a gaze e passou um pouco de iodopovidona no corte, o que fez com que Pepper reclamasse da dor. Depois colocou outra gaze e terminou o curativo. Tony se levantou e estendeu a mão para Pepper, para ela tentar firmar o pé.

— Tome um banho e se vista para o nosso almoço, estarei te esperando — ele piscou para ela e saiu fechando a porta.

Potts ficou parada, pensando se mandava o Stark ir embora ou se iria fazer o ele pedira. Estava em uma briga interna, que nem percebeu que já tinha ligado o chuveiro. Desistiu de seguir a razão e seguiu seu coração.

Tomou uma ducha morna, e nem tinha percebido que sua ressaca havia ido em bora. Com cuidado para não molhar o curativo, ele rapidamente terminou seu banho. Vestiu um vestido rosa de renda e calço um par de chinelos. Amarrou seu cabelo em um rabo, deixando apenas a franja solta. Pepper decidiu colocar seus óculos ao invés das lentes, ás vezes elas a incomodavam.

Apoiando em cada parede, Virgínia foi descendo as escadas devagar. O cheiro estava muito bom. Percebeu que o aroma de pimenta estava no ar. Tony estava fazendo comida mexicana.

— Cadê o salto? E a maquiagem? — ele se virou para ela.

— Você fez o favor de cortar o meu pé, não reclame — ela puxou uma cadeira e se sentou.

Tony riu e se virou, continuando a cozinhar. Pepper pôde reparar nas roupas dele. Usava uma calça jeans escura, sapatos, uma camisa de manga longa preta escrita AC/DC na frente. Seu casaco estava jogado no sofá.

— Ok — ele voltou-se para ela — Vou te servir, milady — Tony colocou um prato de frente para Pepper.

— Uma curiosidade: Como você sabe que eu gosto de comida mexicana? — Pepper encarava o prato com uma das sobrancelhas erguidas.

Tony riu e colocou seu prato na mesa e se sentou.

— Eu sei que segunda, quarta e sexta, sem falta, você liga para o Lintlee’s e pede comida mexicana — ele arrumou o guardanapo no seu colo — Só deduzi — ele piscou para ela.

Virgínia riu. Colocou a primeira garfada na boca. Estava realmente bom.

— Eu sei que sou um bom cozinheiro, mas isso está divino — o Stark falou depois de experimentar a comida.

— É, talvez esteja um pouco bom — Pepper maneou a cabeça.

Tony soltou a cabeça para trás e gargalhou. Depois dos dois rirem, o silêncio predominou o local e só se escutava o barulho dos talheres. Nem Tony, nem Virgínia tentaram quebrar o silêncio, era a primeira vez em anos que os dois não discutiam por alguns minutos.

— Bem — ele bebeu um pouco de vinho — A Union Awards vai fazer a premiação das melhores empresas daqui á uma quinzena.

Pepper concordou. Nem se lembrava mais.

— Como iremos juntos — Tony passou a língua nos lábios — Eu já estou preparando nossas falas, e até mandei a Thinney, minha estilista á fazer seu vestido para combinar com meu terno..

— Eu deveria ter adivinhado! — ela o cortou — Você quer á todo custo manter a sua empresa por cima da minha, não é? Quer sempre me ‘controlar’ pra mim não ‘tomar’ seus prêmios idiotas! Você não venho aqui para fazer as pazes.. — Pepper deixou a frase no ar — Fora!

Ela se levantou tão rápido que a cadeira caiu no chão.

— Pepper..

— Não venha com essa de ‘Pepper’, é senhorita Potts pra você e se você analisasse as minhas ligações no Lintlee’s saberia que minha comida preferida é Japonesa! — ela despejou.

Tony percebeu que não tinha nada a fazer. Realmente não queria chegar á esse ponto, mas tinha que falar sobre a premiação, era importante para ele.

— Desculpe — ele murmurou antes de pegar o casaco e sair.

Pepper pegou sua taça de vinho e tacou no chão. Sua manhã ia de mal a pior. Só tinha uma coisa á fazer: Descontar tudo nas bebidas e no seu precioso maço de cigarros.

[...]

Era o primeiro fim de semana de Inverno e Wanda sabia muito bem o que significava isso. A família de seu pai era de origem russa e eles sempre comemoravam o início do inverno juntos, por mais que isso parecesse banal aos olhos da garota, ela sempre ia, mesmo que obrigada. Esse ano a festa seria na sua casa. Wanda não se dava muito bem com a família do seu pai, eram pessoas ricas e bastante orgulhosas. Dora, sua irmã, por outro lado, se dava muito bem com eles. Mesmo que a casa fosse grande, ela teria que dividir seu quarto com seu primo Aldrey, já que Dora insistira que Hanna ficasse no quarto dela. Hanna era prima perfeita, que sempre a comparavam com ela. A modelo perfeita, uma barbie.

— Wanda, o que acha que uso esta tarde? O vermelho ou o azul? — Dora parou na frente do quarto de Wanda, segurando dois cabides com um vestido em cada um.

A garota avaliou os dois. O vermelho decotado demais, o azul dava cara de boa moça. Sabia que a irmã iria usar o vermelho.

— Vermelho — disse para não contrariá-la.

— Do que sua opinião me importa? Vou com o meu preto novo, pegue esses pra você, aliás, está precisando de um novo — a mais velha jogou os vestidos no chão.

Wanda suspirou pesadamente. Aquilo já era costume, sua irmã a humilhá-la virou rotina que nem se importava mais. Pegou os vestidos e os colocou no lixo do banheiro.

A Maximoff preparou o quarto, deixando um colchão no chão para seu primo Aldrey, deixou cobertores e travesseiros. Ela não planejava dormir ali, mas aonde iria? Sua família não se importava com ela mesmo.

Já eram quatro horas da tarde. A festa iria começar ás seis. Wanda foi banhar-se. Tomou um banho quente. Assim que saiu do banho, secou seus cabelos e fez babyliss nas pontas. Vestiu primeiro as meias-calças, afinal, era uma tradição que nas festas de inverno o aquecedor da casa estivesse desligado. Maldita tradição russa da família Maximoff! Praguejou Wanda. Colocou um vestido vinho não muito justo, ele ia uns dois dedos á cima dos joelhos. Por fim, vestiu o seu casaco preto e seu salto. Passou um batom vinho e fez seu inseparável delineador. Seus anéis e um par de brincos.

Ela ficou se olhando no espelho até sua mãe bater na porta antes de entrar.

— Querida, os convidados já estão chegando — Cassandra sorria na porta. Usava um vestido branco e um casaco marrom, estava simples, mas incrivelmente bonita.

Wanda apenas acenou a cabeça em confirmação. Sua mãe andou até ela e beijou o topo da sua cabeça.

— Minha linda, não se preocupe, apesar de serem terríveis, os irmãos de seu pai são incríveis, eles não á machucarão — ela passava a mão pelo cabelo de Wanda — E, eu sei que você não vai me decepcionar, não é?

— Sim, mãe, eu sei o quanto é importante para a senhora, que eu alcance o sucesso agora, a família depende disso, eu só.. fico um pouco intimidada na frente da Hanna, ela é uma modelo incrível e eu não sei se — Cass a cortou.

— A Hanna é maravilhosa, mas eu sei que você é melhor do que ela basta apenas mostrar sua modelo interior, querida — a matriarca Maximoff beijou o topo da cabeça dela — Não me envergonhe, Wanda — ela sorriu perigosamente diante do aviso.

Ela concordou e seguiu sua mãe para fora. Naquela noite teria que ser mais que perfeita. Ela estremecera á ameaça da mãe, não queria ser motivo de desonra.

Na grande sala, estavam sua irmã e seu pai recepcionando seus parentes. Procurou pelo pequeno sobrinho, mas não o encontrou. Dora deve ter colocado o filho para dormir. A irmã mais nova de seu pai, Asha, estava com seu marido, Roycer. Os pequenos trigêmeos dela, já corriam pela casa, eram Luiddi, Mancel e Lira. Os três tinham cinco anos de idade cada. Logo em seguida chegou o irmão mais velho, o tio que não havia casado, mas era o mais rico, Walder. E por fim, Ella, mãe de Hanna e Aldrey. Assim que olhou para ele, sentiu um calafrio. O garoto, que antes estava em uma universidade na Itália, agora tinha virado um homem, homem que não parava de olha-lá, e não eram bons olhos.

— A pequena Wanda cresceu desde o ano passado — o marido de Ella, Edmure, a abraçou.

— É verdade pai, mais eu não a vejo há cinco anos — Aldrey a olhou de cima á baixo e a puxou para um abraço apertado.

Wanda estava se incomodando com os olhares do seu primo.

— Solte a garota, Visão — tio Walder chamou Aldrey pelo apelido — Venha beber comigo — o homem passou o braço pelos ombros de Wanda.

Ele a conduzia para a mesa de bebidas, o cheiro de álcool nele era percebível, mas ela não se incomodou, se sentia mais segura ao lado dele do que de Visão.

— Sabe, você não deveria andar com o Aldrey, apesar de ser meu sobrinho, ele é perigoso, pequena tome cuidado — ele deu um copo de whisky para ela — Beba e seus problemas serão solucionados — Walder piscou para ela e saiu rindo com seu copo na mão.

Wanda bebeu dois grandes goles daquela bebida quente e amarga e encheu o copo novamente, sentiu que iria precisar.

— Oras, prima, cuidado com a bebida, é a destruição de algumas modelos e você é tão jovem — Hanna e sua irmã se aproximavam.

A morena olhou no copo dela.

— Como se refrigerante fosse mais saudável — ironizou.

As duas riram.

— É água com gás — a loira chegou bem perto do ouvido da mais nova — Afinal, as melhores refreiam a comida, não querem engordar, se não a carreira vai a baixo, o namorado á trai e o nome da família é ridicularizado — as palavras saíram baixas, porém bastante afiadas.

A garota bebeu todo o líquido no copo, em quanto observava as duas se afastar. É a noite seria longa.

[...]

 Wanda já tinha colocado sua roupa de dormir. Deitou-se na cama e se cobriu. Ficou fitando o teto. Escutou passos, provavelmente Visão. Virou-se para a parede e fingiu dormir. O homem abriu a porta e riu ao ver Wanda dormindo. Trancou a porta e tirou sua jaqueta, depois os sapatos.

A morena esperava ouvir o primo deitar-se no chão, mas não escutou.

— Eu sei que está acordada, lindinha — Aldrey disse. Ficou mexendo em uma bolsa que havia trago e se deitou ao lado de Wanda.

Ela tentou se levantar, mas ele a segurou e subiu em cima dela.

— Visão, me solta — ela falou baixo.

— Você mudou tanto, princesa, só quero conferir se o seu namoradinho está dando conta do recado — ele começou á beijar o pescoço dela.

Wanda se debatia, mas ele era muito mais forte que ela. Ela queria gritar, mas ele tampava sua boca e de nada adiantaria, ninguém se importava com ela. A morena conseguiu soltar uma mão e bateu em Aldrey, que afrouxou o aperto e ela conseguiu se levantar, mas antes que ela desse um passo, ele a puxou de volta.

— Shh — ele subiu em cima dela — Gosto das difíceis.

Ela tentava á todo custo se soltar. Murmurava ‘por favor’  toda hora. Até que viu o que ele tinha nas mãos. Uma seringa.

— Aldrey, o que você vai fazer? — ela ficou apreensiva.

Ele riu e injetou a droga nela de uma vez. Ela deu um gritinho com a dor.

— Vai amansar a fera, mas você não vai deixar de sentir o quanto eu vou te machucar, gatinha — ele rasgou um parte da blusa dela.

Wanda tinha lágrimas nos olhos. Ela já não era virgem, mas sabia que iria doer e muito. Sua cabeça começou a girar. Até que escutou uma batida na porta. Aldrey fez sinal de silêncio para ela.

— Visão, seu celular na sala não para de tocar — era a voz de Walder, seu salvador.

O primo calçou os sapatos e saiu batendo a porta. Wanda se levantou meio cambaleando, a droga estava fazendo efeito.

— Saia daqui garota, agora — Walder abriu a porta.

Ele pegou algumas roupas dela e enfiou numa bolsa, colocou um casaco nela e á deu um par de chinelos. Ele puxou o pulso dela e abriu a janela.

— Não é muito alto, ligue para alguém e só volte depois que formos em bora — ela a ajudou a pular e fechou a janela.

Wanda correu tonta, vendo as coisas girar. Parou duas esquinas á frente e discou o número daquele que sempre a socorria. Chamou várias vezes e no último toque atendeu.

— Wanda, são duas da manhã, o que aconteceu? — a voz de Clarke era sonolenta, porém preocupada.

— Clar..ke eu.. me busca.. rápido — sua voz estava sumindo.

Ela encostou-se a uma árvore, o frio a pegou e ela achou que iria congelar. De longe, podia ver sua casa, com a luz do sua quarta acesa. Tudo foi girando e Wanda foi perdendo a noção de tempo e espaço. Pareciam anos, mas logo a camionete de Clarke parou ao seu lado.

— Deuses, o que aconteceu com você? — ele a apanhou nos braços — Wanda? Fique acordada, por favor.

Wanda não obedeceu á ordem, apenas fechou os olhos, sentindo a escuridão á engolir.


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Notas finais do capítulo

E aí gente? Algum erro podem me mandar! O que acharam do Visão/Aldrey? E da family linda do Ste? E do almoço fracasso de Pepperony? Beeem, quero e comentem muito.

— A V I S O -

Gente, a cada 5º cap da fic, eu vou fazer um cap bônus narrado por um personagem fa hhistória. E o próximo vai ser o primeiro. Quero que escolham sobre qual personagem - qualquer um que já apareceu até aqui - e me falem nos comentários.
Bjins ♥ ♥