Jonas Marra não poderia estar mais exultante. Apesar de ainda faltarem quatro meses para a data oficial, naquele dia ele estava comemorando os 30 anos da Marra. Há 30 anos, de forma modesta, ele havia começado seu império, e agora colhia os louros disso.

O grande salão de festas na Califórnia estava belissimamente decorado, e algumas das principais figuras do mundo tecnológico e pop estavam entre os convidados. Mas o brilho dos seus olhos estava na mesa principal, onde o fruto de sua vida se ocupava.

Verônica e Pamela conversavam animadamente, seus dois grandes amores, suas lindas Marra Woman. Ernesto conversava com Zubgunjunil e Pedro, na certa repreendo-os por alguma travessura. Renata e Maria Antonia, suas pequenas princesinhas, desmanchavam um arranjo de mesa, usando as flores para criar outro.

E, é claro, seus dois grandes orgulhos, Megan e Davi. A filha que ele ganhou e o filho que não viu crescer, agora dois adultos, com família constituída, ambos engajados em projetos sociais maravilhosos.

A loira brilhava em seu vestido de festa prateado, enquanto Ally repousava em seu ombro, já cansada, trajando um figurino parecido. Arthur não saia do seu lado por um minuto, Jack segurando sua mão do chão, todos sorrindo para um fotógrafo de uma revista famosa.

Já Davi estava sentado à mesa, Maya em uma perna tentando lhe dar os salgadinhos da mesa. Manuela, ao seu lado, amamentava Larissa, a filha caçula, enquanto não parava de falar e apontar grandes nomes do ramo tecnológico para o marido.

“Hey, daddy, congratulations!” Megan veio ao seu encontro, segurando Ally. “30 anos de Marra não é para qualquer um, right?”

“Mas eu só consegui isso, peanuts, porque eu tive você e sua mãe do meu lado no começo... E todos vocês ao meu lado no resto da jornada.” Ele falou para toda a família. “Essa noite é de sucesso para todos nós!”

“Que tal uma foto para comemorar, boss?” Murphy propôs, estalando os dedos repetidamente até chamar a atenção do fotógrafo. “Por favor, uma foto de toda a família Marra para ir direto para as redes sociais.”

“Acho que vamos precisar de uma grande angular.” Riu Arthur, apanhando Jack no colo e indo ao encontro de Megan.

“Zuzu, filho, venha aqui com sua mom.” Pamela puxou o marido pela mão, chamando o filho para ir junto deles.

“Maria Antônia, no colo do papai. Pedro e Renata, comportadinhos aqui com a mamãe. E cadê o Vicente?” Verônica procurava o primogênito com os olhos.

“To aqui, mãe!” Ele veio correndo, a abraçando e abrindo um sorriso travesso.

“Oh, e onde estão Dorothy e Brian?” Pamela lembrou.

“Amor, a família aqui já está bem grande, vamos com calma.” Ernesto brincou com a esposa, que riu.

“Ok, vamos contar... Manuela, Larissa, Davi e Maya, confere. Vicente, Verônica, Renata, Pedro, Jonas e Maria, confere também. Pamela, Ernesto e Zuzu, estão aí. Megan, Arthur, Jack e a sonolenta miss Ally. Ok, pode tirar a foto!” Murphy fez a chamada em sua lista, antes de autorizar o fotógrafo.

“Prontinho, temos várias fotos lindas!” Avisou o homem por trás da câmera, sorrindo para os presentes.

“Murphy, por favor, eu gostaria de tirar uma foto com os meus filhos.” Avisou Jonas, e as crianças se animaram.

“Mom, segura a Ally, please.” Megan passou a filha para Pamela, já que a menina continuava adormecida. “Acho que teremos que ir embora logo com ela.”

“Não se preocupe, peanuts, já mandei preparar um lugar para as crianças irem quando se cansarem.” Avisou Jonas, enquanto a abraçava. “Davi? Vicente?”

“Eu, Jonas?”

“Você é meu sucessor na Marra, além de meu enteado. Nada mais justo do que você estar aqui comigo, rapaz.” Avisou o mais velho, enquanto Davi enlaçava o rapaz pelo pescoço e o puxava para a foto. “Muito bem, sem caretas, ok?”

“Maravilhoso, boss, vou postar agora mesmo!” Avisou Murphy, saindo puxando o pobre fotógrafo, que já não aguentava mais o falatório do indiano.

“So, eu vou colocar a Ally em um lugar mais confortável. Tuca, não deixe o Jack tocar o terror, ok?” Pediu Megan, apanhando a filha de volta com a mãe.

“Davi, aproveita e leva a Larissa também, ela está capotada.” Pediu Manuela, entregando a menina adormecida para o marido. “Jonas, você se importa de me apresentar o sr. Ling? Eu sou uma grande fã do trabalho dele no campo do wireless.”

“Claro, Manu, com prazer.” O homem sorriu, saindo com ela. Davi bufou, encarando Maya, que sorria para ele.

“Pode ir, dear, eu fico um pouquinho com essa mocinha linda.” Pamela apanhou a pequena do chão, lhe beijando a face. “Você está uma mocinha very pretty, sabia Maya?”

“Bigada.” Ela sorriu, e logo as duas haviam sumido.

“Davi, você vem? A Ally está um pouquinho pesada.” Megan chamou sua atenção, e ele saiu atrás dela, deixando a família curtindo a festa.

Havia um quarto especialmente preparado no segundo andar, inclusive com uma babá esperando para ficar vigiando os pequenos após dormirem. Davi e Megan pediram que ela fosse comer e ver um pouco a festa enquanto arrumavam os filhos nos colchões.

“A Lari está enorme, Davi.” Observou Megan, sentada em uma das camas de armar.

“Onze meses já, né?” Ele sorriu todo babão, beijando a testa da filha.

“E a Manuela ainda está amamentando ela?”

“É mais por medo dos peitos caírem, já que ela praticamente emendou a amamentação da Maya e da Larissa. Acho que ela só tá esperando sobrar um tempo para colocar um silicone.” Ele comentou, distraído.

“Uau, a swettie Manuela colocando silicone? Por essa eu não esperava.” A loira zombou, vendo o rapaz rir. “Você está bastante cansado, Davi.”

“Você tem dois filhos também, Megan, sabe o trabalho que dá.” Ela concordou, enquanto ele sentava ao seu lado. “Como você dá conta de dois?”

“Ah, não é fácil, Davi, mas Tuca é, like, the best of husbands. Eu não conseguiria sem ele, nós somos um time, you know? Era mais difícil quando eles eram little babys, mas tem ficado mais fácil conforme eles crescem.”

“É, imagino que sim.” Ele suspirou, coçando os olhos. “A Manuela quer voltar para Recife.”

“What?”

“Eu ainda não contei para o Jonas, ou para a minha mãe. Nem para os meus tios eu falei ainda. Ela quer voltar a base da escola de código para lá, onde nós começamos. Mas não tem como nós irmos... Direto eu preciso que alguém fique com as meninas para a gente.” Ele desabafou, sentindo-se mais leve. “Desculpa, acho que você quer ir curtir a festa, não me ouvir lamentar.”

“Shut up, stupid boy.” Megan bateu seu ombro de leve com o dele. “Mas o pai e o irmão dela não estão em Recife? Eles não podem, like, ajudar vocês.”

“O Igor está cada vez mais pancada, Megan. Ele e a Janaína vivem em pé de guerra, e mal dão conta do próprio filho. O coitado do Leonardo vive dormindo no Thales, porque os pais quase se mataram. E o meu sogro... Bom, você conheceu a peça, certo?”

“Yeah, ele não parece ser flor que se cheire.”

“Exato. Nesse momento, ir morar sozinho com as meninas é algo fora de cogitação.”

Megan apenas concordou com a cabeça, voltando suas atenções para Ally. Não queria ressaltar isso, mas não pode deixar de notar que ele agia como se Manuela não existisse; pelo menos, no que dizia respeito a cuidar das filhas.

Sabia que ela e Tuca eram grandes parceiros, tinham a maravilhosa sorte de ter o que seus pais haviam tido muitos anos antes, no início daquela louca história de amor. Porém, com ela e Tuca, algo dizia que seria até o fim, não tinha prazo de validade.

Eram grandes amigos, parceiros, companheiros. Ele a conhecia melhor do que qualquer um, e ela podia dizer o mesmo. Tentavam estar sempre juntos, e apesar das divergências, buscavam concordar em tudo que dissesse respeito aos filhos, além de estarem sempre presentes para eles.

Infelizmente, pensou, nem todos podem ter essa sorte.

“É uma fase de adaptação, Davi. Vocês mal se acostumaram a viver em três, veio uma quarta. Logo as coisas vão se ajeitar, I promise.” Ela beijou o rosto dele, se levantando. “Você vem?”

Ele negou, dizendo que ficaria ali até a babá voltar. Ela avisou que a chamaria, e sumiu para a festa. O nerd suspirou, acariciando a cabecinha da filha.

“É, filha... Espero que a tia Megan esteja certa.”