Pecadores ocultos (Reescrita) escrita por Lobo Alfa


Capítulo 27
Cap. 26 Amargo




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Helena acordou no dia das mães depois de seis anos em coma. Foi o dia mais feliz da minha vida, pouco tempo depois ela já estava pronta pra ir para casa. Ela conheceu a nossa filha e o Loki que não poderia ser deixado de lado. Assistimos todas as gravações que eu fiz para ela e tudo parecia perfeito. Estávamos prontos para viver as nossas vidas até aquele momento. Fiz com ela tudo que eu não pude fazer; Fomos à praia, fomos ao cinema, transamos muito. Eu finalmente a tinha de volta e eu só pensava em aproveitar o momento, me esquecendo de completamente todos os outros problemas, mas eles viriam até mim. E não demorou muito até isso acontecer.

—De quem é isso David? Perguntou Helena com uma calcinha na mão.

Ao ver lembrei-me de que era da Ângela em uma noite que eu estava muito... Impulsivo... Joguei para trás a roupa íntima dela sem nenhuma atenção, que idiota eu fui, ficou por semanas debaixo do móvel e Helena ao procurar pelo seu brinco que havia caído a encontrou.

—De quem é isso David? Perguntou novamente Helena.

—Helena... Só disse seu nome.

—Mentiroso! Ela gritou e jogou a peça íntima em mim.

—Helena! A segurei pelo braço.

—Não toque em mim. Ela se soltou com nojo de mim.

—Helena, por favor. Tudo que eu fazia era dizer seu nome.

— Você nunca esperou por mim! Ela saiu chorando.

Só que eu não tinha a menor pretensão de dar uma explicação. O que eu diria? Helena pegou sua bolsa e simplesmente saiu pela porta. Eu corri, a puxei novamente e disse:

—É de noite, foi desse jeito que tudo isso aconteceu.

—Não estou de carro e eu não quero lhe ver. Ela que não conseguiu mais se controlar começou a chorar descontroladamente e para não demonstrar me empurrou e saiu correndo. Percebendo que ela precisava ficar sozinha e eu também, não fiz mais nada.

—Quando foi isso David?

—Foi ontem à noite padre. Respondeu David.

—Você sabe para onde ela foi?

—Ela está na casa de Ângela que me ligou avisando, mas só foi pra lá uma hora depois. Por quê? Ele me questionou.

—Por nada.

Alguns instantes em absoluto silêncio.

—David, acho que o melhor é ir para casa, esperar que ela esteja preparada e contar a verdade, afinal, não se esqueça de que Ângela está grávida.

—Não padre. Ele negou me assustando.

—Você me disse que ela estava grávida! Argumentei espantado.

Na noite em que Helena já tinha acordado nós tivemos uma discussão, Ângela me pressionava para dizer toda a verdade e eu insistia que diria, mas não agora. Exaltada ela quis ir embora, eu a segurei pelo braço próxima à escadaria, ela se soltou, mas caiu.

— Tem certeza de que você não a... Insinuei

—Não! Ela tropeçou exaltada e caiu. Estou dizendo a mais pura verdade desde o momento em que entrei nessa igreja padre. Já tenho pecados demais, mas mentir para o senhor com certeza não é mais um deles!

—Deus sabe o que faz.

—Mas eu não padre. O que eu faço?

—Sinceramente eu não sei David. Apenas vá rezar e Deus lhe indicará um caminho.

Ele me olhou desapontado. Queria uma direção melhor que essa.

—Está bem padre.

—Mas David, volte depois. Eu também irei rezar e pedir um direcionamento a Deus.

Ele assentiu e foi embora.

—E no que você precisa da minha ajuda padre Tomás?

—O que o senhor acha dessa história padre João?

—Eu acho que ele está apenas sofrendo as consequências pelos absurdos que ele fez. Trair a esposa em coma? Com a irmã dela?

—Mas foi por fraqueza padre João, lembre-se de que ele teve que criar a menina sozinha, perdeu a sogra e o genro que também era seu melhor amigo.

—Você está sendo complacente padre Tomás.

—Ele voltará e o que posso lhe aconselhar?

—Eu também não sei dizer padre Tomás. Deixe nas mãos de Deus.

Um mês depois.

—O que aconteceu David? Você me parece pior do que a última vez que nos falamos.

—Acabou padre.

—Como assim meu filho?

—Ela me odeia pelo que fiz, disse que tem nojo de mim e que só quer falar comigo para discutirmos sobre a nossa filha.

—Deus resolverá tudo meu filho.

—Não padre. Não tem mais o que resolver. Ela voltou com a Bruna.

—Oh céus! Bem David, você sabe que você tem sua culpa.

—Mas padre, por tudo que eu passei por ela. Por que ela não poderia relevar isso e me perdoar?

—Eu não sei David.

—Mas eu sim. Ela não me ama. Eu sabia!-Ele grunhiu e cerrou os punhos batendo-os contra a parede- Ela sempre gostou da Bruna eu apenas servia para manter as aparências, ela não queria falar a verdade para a família, mas agora que metade já foi enterrada, ela não precisa mais de mim.

—Não diga isso David. Você não sabe.

—Eu que me dei mal nessa história.

—E a Ângela David?

—Nos vimos no cemitério visitando os corpos de Donabella e de Carlos que fizemos questão de enterrar o mais próximo possível.

—E como foi? Perguntei.

Era um dia nublado, meu coração desesperado precisava de uma ajuda, então resolvi visitar o túmulo do meu falecido amigo, deixei-lhe flores ajoelhando-se.

—Veio visitar o túmulo do meu marido por quê? Perguntou Ângela visivelmente detestando minha presença.

—Ele também era meu amigo. Respondi me pondo de pé.

—E eu sua amante e isso não mudou nada.

—Ângela...

—Não precisa. Eu peço desculpas, mas ainda não superei o acidente.

—Você está melhor? Perguntei analisando seu braço que ainda estava um pouco inchado.

—Fisicamente sim. Mas perder meu filho é muito difícil para mim.

—Ele também era meu.

—Você queria matá-lo!

—Não é verdade! Eu nunca disse isso.

—Agora já não adianta mias, eu não vou ser mãe. E Helena?

—Com a Bruna. Olhe Ângela eu tenho que te agradecer por não ter contado nada para ela.

—Não me agradeça, não fiz por você. Ela é minha irmã e eu pequei também.

Alguns instantes em silencio.

—E como vai a vida?

—Bem. Chegou um novato na minha aula de ioga e ele me pareceu um cara melhor que você.

Ela sempre teve um humor negro.

—Eu espero que sim.

Depois disso, nós fomos embora por caminhos diferentes.

—E o que você vai fazer David? Perguntei.

—Deixar minha filha com Helena por um tempo e viajar. Preciso recomeçar.

—É o melhor para você David.

FIM


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Notas finais do capítulo

E assim terminou esta linda história de amor que iria durar para sempre, mas o para sempre chegou ao fim. Helena existe, mas com outro nome, David também. Ela nunca entrou em coma e ele nunca foi médico ou teve um caso com a cunhada. O coma representa a relação dos em que os dois estavam separados, pois não podiam ficar juntos.
Mas ele a deixava em casa quando adolescentes.
Mas ela teve uma duvida em sua sexualidade.
E ele a ajudou.
Mas ele a traiu.
E ela a perdoou
Eles brigaram uma noite.
E esta noite foi o suficiente para ir cada um para seu lado.
Ela não está com outra e ele não está com a ex-cunhada. Mas ela não foi capaz de perdoar o que ele fez por causa dela.
Mas foi cada um viver sua vida, ele sonha em ser médico, ela sonha em ser feliz. Quando comecei a escrever esta história que para você não é nada demais, eu pensava em usá-la como um exemplo de que o amor supera tudo, que é capaz de perdoar, que uni duas pessoas através do próprio universo. Infelizmente, este não é o amor. O amor acaba e quando termina leva junto um pedaço seu e deixa em sua cabeça o que um dia já foi bom.
O sentimento que uma vez me deixou eufórico, mostrou-me sua verdadeira face. O amor não é eterno, o amor não é infinito, o amor não é indestrutível, o amor é uma muda que ambos cuidam juntos, um pode esquecer mas o outro por amar, deverá cuidar até que ambos voltem a cuidá-la, mas quando nenhum dos dois quer mais, este sentimento simplesmente se esvaia dos corações como o vento que espalha as folhas que cairam.
Por isso, use essa história como exemplo para sua vida. Cuide do seu amor, cuide pois ele não é eterno. Eu errei. Você não tem que errar também



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