Pecadores ocultos (Reescrita) escrita por Lobo Alfa


Capítulo 18
Cap. 18 Lembranças são o mais importante




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—Olá Helena, hoje faz cinco meses desde que você entrou em coma, por isso já faz algum tempo que você foi transferida do hospital, pelas expectativas dos médicos, as chances de que acorde caíram significativamente. Mas como eu acredito que você vai acordar, resolvi filmar os momentos mais importantes que tivemos sem você e também nossa filha Laura, está crescendo e eu te conheço o suficiente para saber que ela tem uma mãe coruja. Então, sem mais delongas, está é a nossa filha, ainda estou surpreso de como você acertou que era menina, como promessa é dívida, eu coloquei o nome que você escolheu -Loki latiu neste momento- Você estragou a surpresa garotão. Helena, este é outro membro da nossa família, Loki, diga oi rapaz –ele latiu e se pôs a ficar de pé- Olhando assim ele parece ser um cachorro incrível, só que ele é um verdadeiro monstro quando está sozinho –virei a câmera para mim e continuei- Cuidar desses dois sozinho não é fácil e eu estou com saudades, mesmo que os médicos digam que talvez nunca acorde –comecei a chorar entretanto tentava me conter- eu sei que vai acordar, você sempre foi teimosa. Por isto, vou estar aqui, filmando tudo para quando você acordar assistirmos juntos. Eu te amo Helena e vou esperar por mais cinco meses se necessário. Concluí a gravação e guardei a câmera.

Não contei para ninguém esta minha ideia que eu já estava pensando fazia algumas semanas, até porque todos estavam desanimados, depois da morte de Donabela, ficamos um pouco separados, era muita tristeza e ninguém era capaz de consolar o outro. Visitar Helena se tornou algo para os domingos, como ir à igreja, o problema era que nem sempre nós íamos. Vê-la do mesmo modo quando a vimos da outra vez, fazia-nos pensar que ela tinha morrido, seu coração batia teimando com nossos pensamentos, o que gerava dúvida e está dúvida, nos matava também.

Era um dia de verão mais quente que os outros, estava na sala com Laura brincando no chão e eu assistindo TV, eu havia conseguido treinar Loki, não completamente, mas algumas coisas ele havia aprendido, como a não pegar minhas roupas e cavar no quintal. O cachorro estava próximo a Laura como se quem a protegesse também. Tudo estava em paz, foi quando a campainha tocou, Loki apenas olhou para mim.

—Está bem. Eu vou atender a porta. Respondi para o cachorro que apenas me observava.

—Olá David. Disse Ângela.

—Ângela? –Ainda não estava acreditando- Tudo bom?

—David, você tem dormido? Está péssimo.

—Estou trocando a noite pelo dia –Falei passando a mão nos olhos, ainda estava um pouco sonolento- Entre. Terminei gesticulando para ela entrar.

—Ele não vai me atacar? Perguntou Ângela com medo vendo Loki se aproximando dela.

—Não se preocupe, ele é treinado. Pelo menos, quase treinado. Respondi ordenando ao cachorro para se afastar e sentando no sofá. Ela sentou-se do meu lado.

—Como vai? Perguntou-me iniciando a conversa.

—Tudo bem. Só fiquei surpreso por você vir me visitar. Comentei.

—Eu sei, faz tempo que não nos falamos –ela passou os cabelos para trás, abaixou o rosto e me olhou nos olhos enquanto continuava- Depois que minha irmã entrou em coma e que minha mãe morreu, eu precisava de um tempo. Ela explicou.

—Tudo bem. Eu entendo, também está sendo muito difícil para mim. Concordei.

—Eu imagino. Está cuidando dela sozinha? Ângela perguntou como se não acreditasse nesta possibilidade.

—Estou. Por quê? Perguntei querendo razões pela dúvida.

—Homens não são bons com crianças. Ela argumentou preconceituosamente.

—Minha filha discorda de você –Loki latiu- meu cachorro também.

—Talvez tenha razão. Você nunca ligou reclamando ou pedindo ajudar. Comentou Ângela observando Laura brincando.

—Você e Carlos têm suas vidas para cuidar, não queria atrapalhar vocês. Expliquei.

—Nós somos sua família, ao menos, o que sobrou dela. Concluiu Ângela bem pessimista.

—Eu sei –afirmei- quando precisar saberei a quem pedir ajuda. Quer um café? Ofereci para ela que aceitou.

Peguei um para mim também e voltamos a conversar.

—Até quando vai sua licença maternidade? No seu caso, paternidade. Ela me perguntou bebendo um pouco do seu café logo em seguida.

—Falta um mês. Depois disto vou ter que voltar a trabalhar.

—Vai ser bom para você. Se distrair um pouco. Argumentou Ângela.

—Também acho, mas estou mais preocupado com Laura, vou ter que contratar uma babá. Expliquei.

—Se quiser, pode deixá-la comigo.

Ângela fez a mesma proposta que Donabela, ainda sim, senti uma necessidade enorme de aceitar, precisava trabalhar e entre uma desconhecida e minha cunhada era preferível minha cunhada.

—Mas você trabalha. Argumentei contra a proposta mesmo desejando dizer sim.

—Depois de tudo que nos aconteceu, eu decidi parar de trabalhar. Deixei meu emprego já tem dois meses. Ela contra argumentou e não tinha mais o que dizer para negar.

—Não pode deixar a tristeza tomar conta de você! Tente fazer outra coisa. Comentei.

—Eu estou fazendo yoga. É mais relaxante. Explicou Ângela.

—Bem, neste caso, acho que não tenho o que fazer, além de lhe agradecer. Concordei finalmente.

—Sabe que pode contar comigo. Disse Ângela segurando minha mão e me olhando nos olhos.

—Eu sei. Respondi segurando sua mão mais forte.

O destino adora brincar com você, pelo menos, era o que parecia, Ângela seria uma amiga a me ajudar passar por tudo isto?

—Deus nunca deixa ninguém sozinho. Expliquei para David, que talvez, fosse verdade.

—Não padre. Não sei bem o que dizer sobre Ângela, mas ela não foi uma amiga na história. Ele me respondeu deixando no ar um mistério.

—Continue então.

Pouco tempo antes de a licença maternidade acabar, fui ver Helena, deixei Laura com Ângela que realmente parecia gostar de crianças. Sentei-me em uma cadeira do lado da Helena e segurei sua mão com as duas.

—As coisas estão indo bem em casa, Laura já está engatinhando e muito, mas não se preocupe, eu estou filmando para você poder ver depois.

Fiquei calado por algum tempo, observando-a na esperança que acordasse.

—Eu vou voltar a trabalhar, então não terei mais uma rotina para vir aqui, mas eu prometo que venho te ver sempre que puder, está bem?

O silencio me fazia estar à beira da loucura.

—Também não fique preocupada com nossa filha, Ângela disse que vai cuidar dela, sei que você iria preferir alguém mais preparado para isso, mas você sabe que eu nunca gostei de babás, prefiro um conhecido cuidando de Laura. Expliquei minha decisão para ela que apenas respirava tranquilamente.

A solidão invadia meu coração.

—Posso entrar? Perguntou Bruna que surpreendentemente estava na porta, carregando um buquê de flores.

—O que está fazendo aqui? Perguntei ficando de pé e totalmente desagrado de sua presença.

—Obrigada –Agradeceu Bruna que entrou e pôs as flores no criado mudo ao lado de Helena ignorando o fato de eu ter negado sua entrada- Você é sempre assim, mal educado? Ela me perguntou ficando do outro lado da maca.

—Só com quem eu não gosto. Respondi francamente.

—Que amor você. É uma pena que Helena seja quem está em coma. Ela rebateu minha crítica.

—E o que você quer aqui afinal? Perguntei sentando-me.

—Ver se ela está bem. Respondeu-me Bruna segurando nas mãos de Helena.

—Eu já fiz isso. Obrigado. Agradeci sarcasticamente.

—Quer dizer que você tem ciúmes de mim?

—Por que teria? Recusei-me a responder, porém percebi que minha atitude tinha deixado óbvio que sim.

—Relaxe David. Estou namorando agora.

—Quanto tempo tem isso? Perguntei curioso.

—Oito meses - Respondeu-me e olhou para Helena- Depois que eu soube que vocês iriam se casar, percebi que eu já tinha perdido.

—Como soube? Nós não iríamos lhe convidar para o casamento. Perguntei deixando esclarecido que não a queríamos.

—Amigas. Ela respondeu me deixando confuso.

Quem seria? Odeio fofocas.

—Espero que vocês duas sejam felizes. Falei sinceramente.

—Até porque, desta forma você fica mais despreocupado com Helena. Concluiu Bruna a fonte da minha sinceridade.

Fiquei calado. Ela realmente havia descoberto, mas não iria deixá-la certa disto. Ficamos um tempo em silêncio.

—Quanto tempo ela vai ficar assim? Perguntou-me Bruna.

—Não há como ter uma previsão, é tão incerto quanto dizer os números da loteria. Tentei responder.

—Eu nunca encontrei uma garota tão incrível como Helena. Por favor, não diga isto para minha namorada.

—Não se preocupe. Concordei.

—Acho que, para ela ter preferido você, você também teria de ser um cara tão incrível quanto ela. Helena não se contenta com pouco.

Rimos um pouco. E eu estava surpreendido como ela parecia conhecer tanto Helena se foi pouco tempo que as duas passaram juntas.

—O que está tentando fazer? Perguntei intrigado com este elogio. Se é que foi realmente um elogio.

—Não gosto de ter inimigos e antes de acontecer algo entre nós, éramos amigas e sei o quanto ela é uma ótima amiga.

—Concordo com você. Afirmei.

Helena sabia perfeitamente como lhe apoiar, como lhe incentivar, enfim, era uma amiga perfeita e eu era o homem mais sortudo por ter uma amiga e uma mulher como mãe da minha filha.

—Sabe que ainda assim, não vou lhe convidar para o casamento, não é?

Ela riu surpresa pelo que disse.

—Eu sei. Você ainda tem um pouco de ciúmes.

—Talvez. Respondi vagamente.

—Você se tornou amigo desta mulher David? Perguntei surpreso.

—Não nos tornamos melhores amigos, mas aos poucos, sempre que ela passou a visitar Helena, estávamos desenvolvendo um respeito mútuo. Só que eu nunca deixei de ter minhas dúvidas em relação às intenções dela.

—O que importa é que vocês fizeram as pazes. Concordei.

—Padre, esta mulher me causaria um problema terrível posteriormente, algo que iria fazer me sentir como se tudo que passei por Helena tivesse sido em vão.

—O que ela lhe fez? Perguntei intrigado.

—Se eu lhe contar agora terei que pular vários acontecimentos importantes que contribuíram para isto, fatos que ainda nem se quer tinham acontecido na época.

—Então prossiga.

Voltando a parte em que Bruna e eu estávamos nos dando bem. Ela se despediu dizendo:

—Espero que ela acorde e que vocês sejam muito felizes.

—Obrigado. Agradeci com um sorriso terrivelmente desacreditado em suas palavras.

Aquilo me era muito suspeito. Sei que já faz anos desde o ocorrido entre elas, mas sempre achei que Bruna ainda era completamente apaixonada por Helena, ao ponto que, se Helena pedisse para voltar, Bruna largaria sua namorada imediatamente, sem hesitar. Eu sentia-me numa competição, que só havia o primeiro lugar e o prêmio era o amor de Helena.

—Não gosto dela. Sussurrei no ouvido de Helena após beijar-lhe a testa.


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