Toda vez que chovia, corria para a janela e observava as pequenas gotas caírem no vidro. Quando se é pequeno tudo é incrível, até as tentativas de leitura de sua irmã são incríveis, mas o que eu adorava realmente era inventar nomes para a mesma, na verdade, ela não tinha nome. Vamos por partes não é? Começar confuso logo no começo é engraçado mais do que o fato da minha irmã mais velha não ter nome, mas eu tenho.

Chamo-me Augustus "Young" Waters e por hoje eu tenho a bagatela de dezessete anos, quase que nos dezoito, mas isso são apenas dados e informações do presente, mas que fazem o contar de anos atrás voltar com lembranças.

Eu tinha cinco anos quando minha irmã escolheu seu nome. Arrastou-me para o quarto da mamãe e contou o que ela iria ganhar de presente no seu aniversário.

"Adivinha Gus!" Falou total eufórica, lembro-me de estar totalmente animado com ela, mesmo sem saber o porquê "Hoje eu vou ganhar o meu presente e eu quero que você me ajude a escolher"

"E o que você vai ganhar? Eu vou ganhar alguma coisa também?"

 "Talvez... Venha!"  

 O quarto de nossa mãe era o que mais fascinava a nós dois, prateleiras com tipos estranho de lanternas com bolhas, livros grossos e com capas antigas ou coloridas e o melhor de tudo, um tipo de sofá tão confortável que só depois eu soube como o mesmo se chamava, era um "puff" fofão. Na escrivaninha de madeira havia uma bola de futebol - ou eu pensava que fosse -, colorida e com várias coisas que a dividiam. 

 "Isso é um globo e nele eu vou escolher o meu nome. Como você não sabe ler ainda, vou ditar cada um para você ver qual é o melhor"

"O que é ditar?"

"É o mesmo que falar, Gus" Bufou impaciente, mas logo voltou a ficar animada e trouxe uma cadeira para perto, fazendo-me subir sobre a mesma e olhar a estranha bola de futebol colorida, mas recém chamada de globo.

"O que você acha de Carolina?" Falou, apontando para um canto do globo.

 "Por que vamos escolher seu nome nesse "globo"? 

 "Porque procurar em livros de adultos é chato, aqui é mais legal... Posso ter o nome de algum lugar do mundo, ser diferente" Seus olhos verdes adquiriram um brilho estranho, talvez de ansiedade.

  "Carolina é muito comum, não combina com você mana" Falei fazendo bico, o que acabou fazendo-a rir. Ficando em pé na cadeira, girei o "globo" e apontei para um pedaço de terra do mundo "E esse aqui?"

 "Atenas?" Franzia o cenho, com uma careta "Que esquisito... E que tal América?" Rodou o dedo por todo pedaço de terra num canto afastado do que tinha escolhido antes.

 "Vão olhar para você quando cantarem o hino do país, principalmente nos jogos que o papai assiste na tv" 

"Gus! Como você é chato..." Reclamou, dando-me um tapa no ombro "Mas tem razão no final das contas..." Suspirou tristemente, pensava que era por não achar um nome naquela bola colorida chamada globo.

  Não sabia como anima-la, mas eu sempre conseguia.

 "E que tal esse aqui?" Apontava para uma parte branca,  chamando a atenção dela "Engraçado... Tudo é colorido, menos essa é quase branco..."

"É porque este é o Alaska..." Comentou.

"Gostei... Alaska. É isso! Seu nome pode ser Alaska!" Falei, euforicamente e balançando a cadeira.

"Eu não sou fria..."

"Mas é calorosa, e isso porque é minha irmã sem nome... Alaska é bonito, escolhe esse..."

           Indecisa, ela acabou que negando com a cabeça e se afastando da escrivaninha, saindo do quarto e deixando-me lá.

           Magoado com a atitude dela, a segui e a vi na sala olhando para nossos pais. Parecia que ia falar algo e estava esperando que eu ficasse ao seu lado para começar a falar.

            "Meu nome é Alaska"

Senti um nó se formar em minha cabeça, mas ao mesmo tempo fiquei feliz quando ela deixou-se ter escolhido outros nomes com o que eu lhe tinha deixado