Doce Novembro. escrita por Anna Lancaster


Capítulo 1
28 de Outubro.


Notas iniciais do capítulo

Olá! Deixem sugestões e criticas construtivas okay?



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Meu dia como sempre começou as 09h15min, fiz o de costume, Levantei, fui pro banheiro fazer tudo que tinha pra fazer por lá, desci, e como de costume recebi um “Bom dia” em coro.

Tomei café enquanto assistia TV, depois eu e minha mãe pegamos o carro e fomos para o HCI Jones Blaze (Hospital do Cancer Infantil). Dependendo do dia, ou de qualquer outro fator que fosse nos atrasar, sempre gastávamos exatamente 45 minutos no trajeto Casa-Hospital.

Ficávamos lá em média 06h00min e depois passávamos na sorveteria, um sundae nos era servido e depois de terminarmos voltávamos pra casa em 50 minutos.

E era essa minha rotina, eu não ia todos os dias ao HCI, mas nos dias que eu ia era sempre mais ou menos assim, quando eu não ia, ficava moscando no sofá, levava o cachorro pra passear, navegava na internet ou fazia qualquer outra coisa pro meu dia ser pelo menos um pouco interessante. Eu gostaria de poder dizer que era bem sociável, que ia a escola, falava com meus vizinhos, saia com os amigos, frequentava algum tipo de clube, ia à igreja, ou uma coisa qualquer que envolvesse pessoas, que eram legais e tal, mas era totalmente ao contrario, eu parei de frequentar a escola quando saiu o diagnóstico de leucemia, acho que eu tinha uns 14 anos, eu não curtia muito meus vizinhos, amigos? Ta ai uma coisa que eu tinha quando fiquei internada no HCI, pena que eles não estão mais entre nós, Igreja? Bom, eu nunca prestei muita atenção mesmo, Clube? Só se for do livro da minha irmã de oito anos, Eu pouco saia de casa, as pessoas que eu conhecia e visitava eram familiares e os médicos do HCI. Minha mãe me achava deprimente, e com razão. Eu não a culpo, aprendi a conviver com isso, e depois... Eu vou embora em pouco tempo, deixarei nada mais que a tristeza então... Decide reduzir o numero de vitimas.

—Chegamos!- Disse minha mãe entrando pela porta, seguida de Kemy e Josh.

—Oi!- Tentei dar meu oi, mas animado.

— Trouxemos coisas!- Falou Kemy empolgada, Kemy é minha irmã mais nova, frequentadora assídua do clube do livro “Garotas Sunshine”.

— Que coisas?- Perguntei enquanto eles atravessavam a sala.

— Só conto se me der o controle!- Josh se jogou no sofá do meu lado. Josh é mais velho que eu, tem 17 anos, anda de skate, é bonito, e trabalha no fim de semana numa loja de vitaminas no fim da rua, mas ele só vai quando precisa de grana.

— Josh! Deixa sua irmã em paz!- Mamãe repreendeu.

— Que saco!- Bufou.

— Toma! Eu vou indo pro quarto, preciso me drogar!- Falei tentando parecer engraçado, ele deu um risinho e a mamãe, bom, ela pôs as mãos na cintura.

Ele não pegou o controle da minha mão como eu previ, mas tudo bem, eu coloquei no sofá do lado dele, e fui pro quarto.

Eu me sinto mal quanto a isso tudo, eu sei que ela ta tentando ser legal comigo mais às vezes, as coisas soam meio que assim:

Mãe: Ela precisa ser mimada por que ta morrendo!

Eu tenho tudo que quero, e me sinto diferente dos meus irmãos, é tão irritante e frustrante. Sinto muito por eles, eu vejo que às vezes eles se irritam comigo, ou com a doença pelo fato de toda a atenção ser focada em mim.

— Eu sinto muito!- Sussurrei assim que entrei no quarto e fechei a porta atrás de mim.

Todos os dias eu tomo remédios, remédios que eu nem me lembro ao certo o nome, só sei que, dois azuis eu tomo de manhã as 10h00min, dois vermelhos eu tomo a tarde as 15h00min e três amarelos eu tomo antes de dormir independente do horário. Fui catar os remédios azuis no banheiro do quarto, achei, tomei, me joguei na cama, e fui navegar um pouco pela internet.

— Google! O que você tem pra mim?- perguntei quando a pagina abriu.

Antes mesmo de conseguir digitar algo, alguém bateu na porta.

— Entra!- Falei, e a porta abriu revelando Josh.

— Oi Maninha!- Sorriu sem graça.

— Oi Josh!- Falei e ele veio e se sentou na cama comigo.

— Que ta fazendo?-

— Nada interessante, só vendo umas coisas na internet!- Falei e ele riu.

— Amanda Parker, então quer dizer que você vive no mundo real?- debochou.

—Pois é!- Ri

— Ahn! Por que você não... Sabe... Não faz uma conta... Numa... - Josh tava enrolando muito com as palavras.

— Fala logo!-

— Rede social! Sabe conhecer gente... - Falou resignado e eu ri.

— Eu conheço gente!- O que era tecnicamente verdade, eu conhecia gente, gente que me viu de fraldas e gente que me viu vomitar durante um tratamento para leucemia.

— Ah com certeza! Pessoas que te viram de fraldas, ou vomitando não contam!- Ele falou humorado.

— É claro que contam! Eles são ETs por algum acaso?-

— Não, Mandy, você me entendeu! Eu to falando de gente da sua idade... Garotos, garotas... E tal!-

— E se eu me meter em encrenca?- Falei e ele bufou.

— Eu vou estar com você!-

— Meu Deus por que eu não me sinto segura? Ah! Talvez seja por que meu irmão desmiolado entrou no meu quarto me incentivando a entrar em redes sociais e conhecer pessoas estranhas!- Falei e ele riu.

— Deixa de besteira!- Falou, pegou o Notebook e entrou numa rede social qualquer lá.

— Josh! Eu não sei... -

— Pronto Criatura!- Falou Josh concluindo o cadastro.

— What?- Perguntei assustada.

— Já! Chama alguém pra conversar e tal!- Me incentivou, o que soou muito estranho.

— Ta legal!- Falei arrastada e confusa- Cadê meu irmão? E o que você fez com ele?-

— Eu vim de Vênus... Vim para salvar você de um suicídio social, não quero que fique enfurnada nesse mundinho solitário que criou, já que não gosta de sair, pode ficar em casa conversando com alguém virtualmente!- E fez uma coisa de ET com os dedos, o que me fez rir.

— Quem eu chamo pra conversar?- Falei encarando a tela.

Antes que Josh pudesse responder um “Oi” Chegou pra mim.

Usuário Nick123 Diz: Oi.

— Josh! Olha!- Falei empolgada e ele riu.

— Responde Mandy!- Encorajou.

— Tá!- Respondi

Mandy98: Oi.

Nick123: Tudo bem?

— Eu posso ficar aqui, olhando?- Josh falou e eu ri.

— Pode!- respondi e ele piscou

— Vou pegar meu Notebook então!- Saiu do quarto.

Mandy98: Sim! E vc?

Nick123: Humm! Tem quantos anos?

Mandy98: 45! E vc?

Nick123: ‘o‘ 45? A idade da minha mãe!

Mandy98: KKKK vc tem quantos anos?

Nick123: Fiquei com medo de te dizer... Diga-me, o que uma senhora de 45 anos faz numa site como esse? Vigiando seus netos?

Mandy98: Sim, eles são muito danados! Kkk e sua mãe sabe que vc esta num site desse rapazinho?

Nick123: Não senhora!

Mandy98: Não entendi por que ficou com medo de me dizer sua idade... Você também pode muito bem ser um velho de 65 anos usando este site para enganar meninas de 16 anos!!

Nick123: kkkkk Olha quem fala! ~-~

Mandy98: Tenho 16 anos!

Nick123: Não sei se posso confiar em vc!

Mandy98: Digo o mesmo!!

 Nick123: Kkk Se tem 16 anos mesmo, quem ganhou a copa do mundo?

Mandy98: Até meu cachorro sabe! Sabe... Notei que você não respondeu nenhuma das minhas perguntas anteriores!

Nick123: Sim... Sim estou bem, e tenho 17 anos!

—Mandy! Qual é o endereço desse site?- Josh perguntou e eu dei um pulo.

— AIMEUDEUS!!!- Levei a mão até o peito e ele riu.

— Que foi?-

— Você! Eu nem te vi entrar, me assustou! Ainda bem que eu não sou doente do coração!- Falei me recuperando do susto enquanto ele ria da minha reação.

— Foi mal!- Bateu de leve na minha costa.

— Ta!- Falei e dei o endereço do site pra ele.

— Ei? Como é que ta a conversa com o tal Nick?- Perguntou Josh.

— Que sutil!- Ironizei- Ta legal, ele parece legal... Tem 17 anos, e é o que eu sei até agora!- Falei observando Josh fazer uma conta pra ele.

Nick123: Ainda tá ai???

Mandy98: Sim ^-^!!

Nick123: Me fale de você!

Mandy98: O que quer saber?? Não tem muita coisa!!

Não tem mesmo, mas o que eu podia dizer, sou uma doente que entrou num site desses pra fugir da solidão? Claro que não! Analisando-me agora... Eu sou Amanda Parker, tenho 16 anos, moro com minha família, e só! Eu não tenho nada de extraordinário.

Nick123: Tem quanto de autura?

Mandy98: Kkk Acho que a palavra certa é ALTURA!! ;)

Nick123: Correto! Obg!! ^^  Tem quanto de “altura”??

Mandy98: ??? Por que quer saber? O.o

Nick123: Você me perguntou o que eu queria saber! E eu quero saber quanto tem de altura? Só isso!

Mandy98: Tá! Rsrs 1,99!! :o

Nick123: !!!!!

Mandy98: Brincadeira! Kkk 1.58!

Nick123: AIMEUDEUS!!  Pare de fazer isso!! Jura mesmo?? Tem 1.58?

Mandy98: Sim!! Tenho 1.58! E não, eu não vou parar, é divertido ver que você acredita!! Rsrsrs!!

Nick123: Me sentindo inocente!! ‘~‘

Mandy98: Kkk... E você quanto tem de altura?

Nick123: Isso importa?

Mandy98: Sim! Você sabe a minha! Quero saber a sua...

Nick123: Tenho 1.10!!

Mandy98: Ah não!! Kkk Para com isso é sério!

Nick123: É sério! Tenho 1.10, sou anão!

Mandy98: Que absurdo! Eu já entendi a lição engraçadinho, agora já pode parar!

Nick123: Mas é vdd! Tem preconceito com anãos??

— AIMEUDEUS!!! Josh! O cara é anão!!- Gritei e ele caiu na gargalhada.

— Mandy! Por favor, né?- Falou rindo.

Mandy98: Não!

—É sério Josh! Olha... - Apontei a tela do notebook a conversa e ele só riu mais ainda.

— Ai meu pâncreas!- Foi tudo o que ele disse e caiu na gargalhada de novo, eu estava incrédula, mas achava tudo um pouco engraçado também.

Nick123: Então porque não acredita??

Mandy98: Porque não! Do mesmo jeito que eu menti você pode esta fazendo isso tbm!

Nick123: Acredite! Eu nunca brinco com a minha altura... É um trauma pra mim!

Mandy98: Sinto muito!

Nick123: Tudo bem!^^ Agora vc vai parar de falar comigo??

Mandy98: Porque eu faria isso?

Nick123: É isso que as pessoas fazem quando descobrem que sou anão!

Mandy98: Eu não sou assim! Acredite, eu sei o que é ser rejeitada, acontece quando você é diferente!

Nick123: Você é diferente??

Mandy98: Sim!! Muito...

Nick123: Tipo??

Mandy98: Não quero falar disso agora!! Não sei se posso confiar em alguém que nunca vi! Não me entenda mal!

Nick123: Claro! De boa!!

Passei as ultimas horas tendo um papo interessante com o anão- ou não- pelo site, foi bem engraçado, até que a minha mãe nos chamou pra almoçar.

— Então? O que estavam fazendo no quarto todo esse tempo?- Mamãe indagou, eu e Josh demos olhares cúmplices.

— Nada!- Respondi, tentando repreender minha enorme vontade de rir, e Josh também.

— Humm!- Foi tudo o que conversamos.

Depois do almoço, ajudei a lavar os pratos, e estava subindo as escadas quando Josh passou por mim.

— Não se apaixone maninha!- Falou debochando.

— Se isso acontecer à culpa é sua!!- Respondi- Idiota!- Murmurei e ele riu.

— Anão!! Fala sério!- Falou e entrou no quarto dele.

Fui pro quarto e observei o Notebook em cima da cama, peguei o mesmo e o coloquei na escrivaninha. Fui dormir.

—----

Acordei com a Kemy me chamando, já eram 15h30min!! Passei do horário de tomar o remédio, por isso antes de descer tomei logo o remédio!

Desci as escadas e a tava todo mundo arrumado, os olhares de todos na sala pairaram sobre mim o que me fez corar, mais fiquei confusa.

— O que foi?- Perguntei hesitante, mas já tinha um palpite em mente.

— Ligaram do hospital... Katy Eliot... Bom ela...- Mamãe parecia estar escolhendo palavras o que me irritou, por que eu sabia como tudo isso funcionava.

— Ela morreu é isso!- Disparei, contendo a ponta de irritação.

— Sim! É uma pena, ela lutou bravamente, mas infeliz... -

— Ah mãe, por favor!- Revirei os olhos, não estava nem um pouco a fim de ouvir o mesmo discurso.

— Não seja insensível!- Ela me repreendeu.

— Vou me arrumar!- Foi tudo o que eu disse, milhões de respostas passaram pela minha cabeça, mas eu preferi escolher a mais inteligente.

Me vesti como sempre, vestido azul marinho 10 cm acima dos meus joelhos, um decote discreto, meu cabelo preso em um coque mal feito, delineador e gloss de cereja, nos pés, uma bota preta de cano médio. Após uns 30 minutos, estava pronta.

— Estou pronta!- Falei na sala.

— Ta linda!- Mamãe beijou minha testa.

— Demorou!- Josh reclamou e eu dei língua pra ele.

Fomos pra uma espécie de igreja, familiares, colegas, e médicos do HCI estavam lá, todos prestando homenagens.

— Mandy!!- Falou Drª Darlla.

— Oi Drª!- Falei.

— É uma pena!- Falou abaixando a cabeça.

— Ahn!?- Ai que burra!

— Katy!! Mandy estou falando da Katy!- Ela falou me olhando como se estivesse tentando me ler.

— Ah!- Falei vagamente- Claro, é uma pena mesmo! 17 anos??- Perguntei tentando parecer interessada, quando na realidade, minha cabeça vagueava sem eu querer até Nick123.

— Sim!! Ta tudo bem com você Amanda? Parece distraída!- Falou cruzando os braços.

— Claro!- Assenti com a cabeça pra dar ênfase.

— Humm! Tem certe... -

— Mãe, sabe onde eu posso encontrar água?- Um garoto nos interrompeu, o que me deixou incrédula foi... Darlla tem um filho??

— Mãe?- Perguntei e ela tapou a boca pra conter um risinho.

— Sim!- Falou pra mim- Ali filho! Perto do púlpito... - falou pro garoto apontando o local.

— Você nunca me disse que tinha um lindo, quero dizer, filho!- Que isso? Eu disse Lindo?? É isso mesmo produção?

— Ele é lindo mesmo!- Assentiu e eu corei.

— Eu... Ah meu Deus... Não... - To me enrolando toda, devo estar parecendo uma pateta.- Ah bosta!- Droga! Falei alto, vou ali me enterrar e já volto.

— Nunca use as palavras Deus e Bosta numa mesma frase! É feio!- Me repreendeu Darlla.

— Foi mal!- Falei sem jeito.

— Tudo bem!- Falou colocando o braço em volta do meu pescoço. - Nicholas! Vem aqui filho!- chamou o garoto e aquele frio na barriga passou por mim devastador.

— Sim!- Ele disse se aproximando de nós.

— Essa é Amanda, uma... - Deu uma pausa e olhou pra mim parecia estar decidindo o que fazer ou falar.- Amiga, Amanda é uma amiga.- Falou por fim. Amiga? Sério? Incrédula...

— Oi Amanda! Sou Nicholas West!- Estendeu a mão e eu o cumprimentei.

— É... -

— Queridos amigos aqui presentes... - Bosta, o padre me interrompeu com sua voz trovejante quando eu ia falar.

Como eu disse... Eu nunca prestei muita atenção nas coisas da igreja, eu já meio que sabia o que ele iria dizer, é isso que acontece  quando a gente vai a oito velórios ao longo de uma vida de 16 anos, mas é quando estou sentada no banco olhando pra frente observando aquelas homenagens e os discursos para a pessoa que a mesma pergunta martela na minha cabeça... Quando vai ser eu??

Depois de 30 minutos de palestra, fomos ao cemitério, tudo aconteceu como tinha que acontecer, flores, choros, depois estava caminhando de volta pra fora do cemitério, eu disse pros meus pais que precisava de um tempo sozinha, mas ai apareceu um carinha...

— Hey! Amanda, certo?-

— Sim!- Falei sem nem ao menos me virar, mas já podia saber quem era.

— Vocês eram amigas?- Perguntou ficando do meu lado, fomos andando juntos.

— Não! Éramos conhecidas, mas, enfim... Eu meio que gostava dela. - Falei e ele me encarou.

— Como pode dizer isso?-

— Isso o que?-

— Eu meio que gostava dela!- Afinou a voz pra tentar me imitar. – Qual é? Você vem no funeral da menina, e ainda “meio” que gostava dela?- Fez aspas no ar quando disse “meio”. – Isso é um insulto à memória dela!- Falou ofendido e eu ri.

— De jeito nenhum! Não é um insulto por que eu não subi no púlpito e falei pra todos ouvirem!- Me defendi.

— É claro que é!! É um insulto na parte da memória dela que EU vou guardar, porque, quando eu lembrar de Katy Eliot, e de todas as suas homenagens, vou lembrar que nem todos os que ali estavam gostavam dela, alguns MEIO que gostavam dela!- Bufou e eu ri, sei que não deveria, mas ri mesmo assim.

— Foi mal!! Na verdade, eu nem queria vir no enterro dela. - Falei, o que era verdade, eu só vim por que quando desci pra sala já estavam todos arrumados, então...

— É mesmo? Por que não queria vir?- Ele perguntou

— Ela vai ao meu velório? Não! Então... - Levantei as mão como uma criança quando diz “Não sei” e olhei pra ele que sorriu.

— AIMEUDEUS! Você é sempre insensível assim?- Perguntou e eu neguei com a cabeça, já tínhamos chegado do lado de fora, minha família estava dentro do carro me esperando, dei uma olhada rápida pra e mamãe estava nos observando com um enorme sorriso.

— Foi um prazer a sua companhia senhor West. Mas... A carruagem me espera!- Falei e ele sorriu assentindo com a cabeça.

— Digo o mesmo Milady! Aprecio seu senso de humor, boa viajem de volta!- Disse e beijou a costa da minha mão, como naqueles filmes antigos. Vermelha feito tomate.

Eu não consegui dizer mais nada, só me virei e fui indo em direção ao carro.

—---

— Pegou o numero do celular dele?- Mamãe sempre direta.

— Que sutil!- Ironizei.

— Acho que ele gostou de você!- Falou meu pai, achei que ele estivesse prestando atenção na estrada.

— Por Deus!!- resmunguei- Eu nem o conheço direito! Nos conhecemos tem o que? 02h00min horas?- Afssss! Pais sendo pais!

— Eu não sabia que a sua médica tinha um filho!- Josh falou.

— Nem eu! Ela parece tão nova!!- Falei e a mamãe deu risinho.

— As aparências enganam!- Meu pai disse e me olhou pelo retrovisor dando uma piscadinha.

— Sabe, podia falar com a Darlla sobre ele!- Mamãe falou enquanto lixava as unhas.

— Mãe, para!- Resmunguei.

— Tá tudo bem!- Levantou as mãos em rendição – Qual o nome dele?-

— Nicholas!- Respondi hesitante.

— Ele é bonitinho! Eu achei, você não?-

— Eu achei também!- Kemy se pronunciou.

— Cala boca pirralha!- Dei língua, e ela deu de volta.

— Parou!- Meu pai repreendeu.

— Não é isso mãe, não que eu não tenha achado ele bonito... Na verdade eu nem reparei... - Tentei mentir e todos riram.

— Ah ta bom! O que você me diz de – Josh me olhou sapeca, fez aspas no ar e disse – “Eu não sabia que você tinha um lindo, quero dizer, filho!”-

— Você ouviu!??- Incrédula e envergonhada.

— Com meus dois ouvidos!- Falou enquanto o pai e a mãe riam.

— No creo!- Mamãe falou – Ela o chamou de lindo, assim na cara dura?-

— Saiu sem querer!- defendi.

— E ainda diz que não reparou?- Meu pai desconfiado.

— Gente! Por favor!- Implorei. - Estávamos num enterro!-

— Isso não impede ninguém de trocar numero de celular ou conversar! E até onde eu sei, você disse que queria ficar sozinha... - Mamãe falou. Sempre com uma carta na manga, né mãezinha?

— E estava sozinha, mas ele me acompanhou, eu não sou mal-educada!- Falei e ela só assentiu.

— Qual a dele beijando a tua mão?- Josh perguntou.

— É isso que cavalheiros fazem! Você não entende porque não sabe o que é ser um!- Ataquei-o.

— Uuuuuuh! Ta defendendo ele é Mandy?- Mamãe falou.

— Será que da pra parar? Eu não estou apaixonada por ele, nem ele por mim... Não é como se eu fosse normal ou linda! Eu tenho leucemia, e ele provavelmente sabe que eu sou uma paciente da mãe dele, qual o garoto se interessaria por mim, que alem de não ser bonita, eu sou doente!- Falei e me arrependi no segundo seguinte, eu sabia o quanto aquilo os magoava, foi sem pensar!

— Você é linda!- Papai falou sorrindo, talvez tentando disfarçar algum sentimento.

— Não estamos com pena, e nem te dando esperanças se é isso que ta pensando! Só achei legal o fato de você estar conhecendo alguém alem da família e o HCI!- Mamãe falou voltando pras unhas.

— Desculpa!- Murmurei.

— Ta tudo bem! Só quero que saiba... - Parou e me olhou

— O quê?- levantei a sobrancelha

— Você é linda!!- Mamãe falou.

— Eu não acho!- Josh falou e eu ri.

— Obrigado Mãe! Pai! E Josh, você também é lindo!- Falei

— Hawn! Obrigado mana! Eu já sabia!- Falou todo convencido.

— Idiota!- Murmurei dando um empurrãozinho de leve nele.

—---

O fim do dia chegou, e bem a tempo, o episodio de hoje a tarde não foi comentado, o que me deixa muito agradecida por isso mais ainda sim...

— Mandy!- Josh se jogando no sofá.

— Que é?- Falei meio rabugenta, eu meio que não gosto quando ele faz isso.

— Já falou com o “Anão ou não”?- Eu ri, mas ao mesmo tempo olhei desesperada pra trás, não quero que meus pais descubram, pelo menos não agora. Essa coisa de “Anão ou Não” é um código baseado na nossa conversa, fica obvio o porquê, né?

— Shhhhh!- Fiz sinal de silencio- Não, ainda não!- Falei quase que um sussurro inaudível.

— Por que eles não podem saber?- Ele falou da mesma maneira que eu.

— Ainda não quero que eles saibam! Não que eu não confie neles ou tenha vergonha, é só que... Ahn! Sei lá, só não quero que saibam, por favor, Josh!- Voltei os olhos pra TV.

— Ta bom... - Ele disse por fim e continuamos a assistir TV em silencio por uns 15 minutos até que Josh se pôs a falar novamente.

— Também conheci alguém!- me cutucou no braço esquerdo.

— Sério? Quem?- Perguntei.

— Jessy! Ela é legal... Estava conversando com ela agora pouco!- Falou coçando a barba inexistente e eu sorri desse gesto inconsciente parecido com o papai.

— Humm! Acabou de conhecer ela?- Fitei os dedos cruzados dele

— Hoje... Antes do funeral, se quer saber... - Me examinou um pouco, e sorriu bem grande – Passei o funeral todo falando com ela, não me liguei uma vez naquilo!- Ele disse e recostou a cabeça no meu ombro, como se tivesse feito uma GRANDE revelação e tirado um peso das costas.

— Ta tudo bem! Que bom que conheceu alguém legal... Diferente de mim que só conheci um cara, ele parecia bem humorado e tal, e ai PAM! Ele é anão... - Falei e afaguei os cabelos dele.

— Ou não!- Concluiu e nós rimos.

Depois de termos conversado, eu jantei e vim pro quarto. Eu dormi rápido... Bem rápido.


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Notas finais do capítulo

Comenteeem! por favoooor...



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