O Príncipe e Eu escrita por PSGardem2


Capítulo 3
Capitulo 2




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Querida mamãe,
Quando ler está carta eu já estarei bem longe. Sei que não é justo o que vou fazer, mas não vejo escolha. Cursar uma faculdade tem sido o meu maior sonho, o desejo mais profundo do meu coração. Quero que saiba que te amo e isso nunca vai mudar, mas tenho que ir embora, meu lugar não é aqui. Peço que não venha atrás de mim, eu vou fica bem, não se preocupe.
Sei que você pode pensar que minha atitude é infantil e egoísta, mas não é isso mãe, eu sei o que estou fazendo, e mais ainda, sei que terei que lidar com as consequências dos meus atos.
Espero que entenda e mais do tudo, acredite que não faço por mal. Minha ultima intenção é ferir vocês.
Logo entrarei em contato. Espero que fiquem bem, sei que ficaram bem sem mim.
Com muito carinho, sua filha Lizzy.


Foram os dias mais caóticos de toda a minha vida. Fiquei surpresa comigo mesma ao levar adiante a ideia de fugir e fiquei mais surpresa ainda ao conseguir organizar tudo sem que ninguém da minha família percebesse.


Claro que isso não se aplicava a Dana. Ela acabou descobrindo quando veio me fazer uma visita e achou a passagem de ônibus que eu tinha esquecido em cima da escrivaninha. Nunca fui boa mentirosa, e os olhos aguçados de Dana logo perceberam a minha tentativa patética de mentir. Então se ofereceu pra me ajudar.


— Não posso ficar de fora da sua primeira grande loucura - disse ela quando fiz de tudo para declinar sua ajuda.


Várias vezes antes de dormir sentia uma pontada de culpa e indecisão. Mas, logo era substituída pela certeza de que eu estava fazendo a coisa certa.
Tive exatamente 12 dias para organizar tudo. Eu não tinha muito dinheiro, apenas 500 dólares que tinha juntado dos meus pequenos trabalhos como babá dos filhos dos vizinhos. Não era muito, então já sabia que assim que chegasse em Nova York teria que conseguir um trabalho o mais rápido possível. Com esse dinheiro que consegui comprar a passagem de ônibus que me levaria até meu destino final.


No dia da minha partida era uma terça-feira chuvosa, até o tempo estava prevendo que eu ia fazer a coisa mais arriscada que já tinha feito em toda minha vida. Nesse dia eu estava como atendente na loja de ferramentas. A loja fechou no mesmo horário de sempre, e eu e Erik fomos pra casa. O silencio imperava no carro.


Erik não era meu pai, mas foi o único que conheci. Meu pai biológico morreu logo cedo deixando minha mãe com toda a responsabilidade de me criar e cuidar da casa. Quase 13 anos depois ela conheceu Erik e então minha mãe pode ser um pouco mais feliz. Ele não sabia isso, mas eu o admirava pelo simples fato de ele amar e cuidar da minha mãe e ter me dando Zoe como irmã.


Chegamos em casa e fomos jantar. Em silencio, eu observava minha família, sentia meu coração apertado em saber que não os veria mais todos os dias. Será que um dia iriam me perdoar?

 

...

 

Quando meu relógio marcou 3:20AM da manhã eu estava bem desperta. Levantei e troquei de roupa. Peguei a mochila que tinha só o básico, algumas roupas e documentos.


Quando terminei de me arrumar olhei no espelho e vi toda a tensão dos últimos dias refletidas no meu rosto. Olheiras marcavam embaixo dos meus olhos castanhos e realçavam a palidez fantasmagórica que minha pele tinha adquirido nos últimos dias. Eu não era feia, mas decididamente não era bonita o suficiente pra ter garotos correndo atrás de mim. Eu era normal, sem muitos atrativos. Deixei em cima da cama uma simples carta, mesmo sabendo que era muito pouco para explicar tudo.


Peguei minha mochila e joguei-a o mais silenciosamente possível no arbusto mais próximo, depois sai pela janela, rezando pra não cair e acabar quebrando um braço no caminho. Peguei minha bolsa e caminhei rapidamente até a esquina onde Dana já me esperava com o carro dos pais ligado. Aceitei que ela fosse minha motorista mesmo ela não tendo licença para isso. Dana me levou até a cidade vizinha, onde eu iria pegar o ônibus.


Duas horas depois estávamos chegando na rodoviária. Dana estacionou e nós saímos. Faltavam apenas 15 minutos para o ônibus sair.


— Me mande noticias. - disse Dana me abraçando forte.


Eu sabia que não iríamos realmente manter contato. Talvez por um tempo sim, mas com o tempo a relação desgastaria.


— Obrigado por me ajudar e se arriscar por mim. Seus pais não vão gostar de acordar e não achar o carro na garagem.


— Eu me viro com eles. Talvez nem estejam acordados quando eu chegar. - respondeu dando de ombros.


Nos abraçamos de novo e ali eu percebi o quanto eu sentiria falta daquela maluquinha.


— Fique bem Dana.


Dana era uma boa amiga, sentiria saudades dela.


Entreguei a passagem e me sentei no ultimo banco, na lado da janela. Na hora que sentei a chuva começou a cair com força, assim como as lágrimas caiam pelo meu rosto. Levantei o capuz do meu casaco afim de não atrair atenção para meu rosto banhado em lágrimas. Como queria que tudo fosse diferente, que não tivesse que chegar a ponto de fugir de casa na calada da noite, não por que seria impedida, mas por que não conseguiria olhar em seus rostos e dizer adeus.


Uma nova fase da minha vida acabava de começar. Espero que eu possa ser capaz de lidar com todas essas mudanças.

 

 


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Notas finais do capítulo

Então queridos e queridas, o que acharam?

Sei que esse capítulo foi um pouco dramático, mas foi necessário, afinal ter que deixar sua família por qualquer motivo que seja não é fácil não é mesmo?
Espero que tenham gostado, e se gostou não esqueça de dar uma estrelinha e um comentário (vamos lá, não custa nada rsrs). Estou aberta a ouvir todas as suas opiniões...
Até a próxima meu amores, que Papai do Céu abençoe a todos