Seu erro mandou lembranças escrita por Girl of the blue eyes


Capítulo 1
Capítulo 1- A vida segue.


Notas iniciais do capítulo

Ola meus queridos leitores fantasmas ou não, espero que gostem e que divirtam-se! Bjokas



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Uma escolha pode mudar muita coisa. Palavras proferidas sem cuidado podem machucar e ferir. Traição pode muito bem devastar uma pessoa em níveis catastróficos e incuráveis mesmo com o tempo. Mas essa é a vida, as pessoas vêm e vão.

A garota suspirou, olhando para fora da minúscula janelinha do avião que decolava fazendo um barulho ensurdecedor. Aos poucos a cidade foi diminuindo, ate se tornar um borrão disforme e colorido.

Lembrou-se então do cheiro da grama recém cortada, do cheiro da chuva e de seu perfume amadeirado que a deixava sem folego e sorriu fraco. Ele era cativante. E perigoso.

Balançou a cabeça como se para afastar as memorias e abriu seu livro em uma pagina a esmo, já o havia lido tantas vezes que conhecia a historia perfeitamente. E como por ironia do destino, a primeira frase parecia debochar de seus problemas, jogando-os em sua cara.

“O que havia entre eles era frágil como uma chama de vela, delicado como uma casca de ovo –e ele sabia que, se despedaçasse, se de algum jeito deixasse quebrar, alguma coisa dentro dele se despedaçaria também, algo que jamais poderia ser consertado” Cidade das Cinzas.

Hahaha. Muito engraçado.

Como as coisas podiam conspirar tanto contra ela? Qual era o problema do destino com ela?

Fechou o livro com uma carranca e colocou os fones de ouvido, sendo agraciada com a musica “A Thousand Years”. Bufou alto, arrancando os fones e desistindo de tentar se distrair.

Como a vida pode ser tão dramática? Qual a real necessidade disso?

— O que houve, filha?- questionou o velho sentado ao seu lado.

— Nada não, senhor. Estou bem.  Só estou tendo um dia difícil.- respondeu ela forçando um sorriso.

—Filha, você pode estar qualquer coisa, menos bem.- devolveu ele, com um sorriso bondoso- Quer conversar querida? Eu tinha uma filha mais ou menos da sua idade, sei bem como é a cabecinha de vocês.

— Oque houve com ela?- questionou sem pensar, amaldiçoando-se pela curiosidade assim que um semblante triste atingiu o rosto bondoso do velho- Desculpe.

— Não se desculpe. Minha menina tinha mais ou menos sua idade quando descobriu um câncer no pulmão. Infelizmente não sobreviveu por muito mais tempo. - a dor contorcia sua face.

— Sinto muitíssimo. - murmurou.

 - Bobagem! Isso já faz muito tempo- a dor sumiu de duas feições. Mas antes que pudesse continuar a falar, o piloto avisou que estavam pousando.

Assim que puderam, levantaram-se e apanharam suas malas de mão.

— Não sei se ajuda, filha, mas aqui esta meu cartão. Qual coisa que esse velho puder fazer para ajuda-la por favor ligue neste numero. Ficarei feliz em ajudar.- falou ele, entregando-lhe um cartão prateado e vermelho.

— Obrigada- agradeceu, admirada com a bondade do homem, que apenas sorriu em resposta e seguiu seu caminho.

Suspirou alto novamente, atraindo alguns olhares desinteressados, apanhou sua bagagem e seguiu ate o taxi, passando rapidamente o endereço e torcendo para que o novo apartamento fosse realmente como às fotos retratavam.

— Esta tudo bem moça?- questiona o taxista, olhando-a pelo retrovisor interno. Seria assim tão transparente!? INFERNO!

— Sim, apenas um dia complicado, nada de mais. – respondeu seca, deixando claro que não queria conversa, mas foi completamente ignorada.

— Huuum. Admirar-se-ia em como as pessoas tem dias complicados aqui em Miami. – ele estacionou o taxi e olho para trás, revelando um homem surpreendentemente jovem- É nova aqui, posso notar, então se precisar de um taxi ou algo assim, aqui esta meu numero- falou ele, escrevendo seu telefone no verso de uma embalagem de donuts e entregando a ela.

— Obrigada. Quanto deu?- questionou, olhando para o taxímetro pela janela e puxando a carteira.

— Nada não moça. Bem vida a Miami- falou piscando e arrancando o carro, seguindo para seu rumo desconhecido.

— Não sabia que as pessoas eram tão gentis em Miami- resmungou frustrada por sua transparência e desejando que as pessoas tivessem sido gentis assim em sua antiga cidade.

Apanhou as malas na calçada e catou as chaves no bolso, abrindo a porta da frente e subindo as escadas com dificuldade, parando em frente a uma porta de uma madeira curiosamente avermelhada com um 7 em dourando pregado no alto. Largou as malas provocando um ruído alto e procurou a chave certa, enfiando-a na fechadura e a abrindo, chutando as malas sem delicadeza nenhuma para dentro e fechando-a com uma força desnecessária.

Com um sorriso amargo analisou as paredes meio amareladas e o gesso delicado já meio escuro. Esse lugar precisa de uma boa limpeza. As fotos realmente trouxeram uma beleza que o local não mais possuía.

Seguiu para os quartos e agradeceu a Deus pelo chuveiro pelo menos ter agua quente.

Abriu as cortinas, deslocando uma grande quantidade de pó que incomodou seu nariz. Pelo menos a vista era bonita, revelando um jardim bem cuidado e os prédios iluminados. Observou o sol se pondo e sorriu ao imaginar ver a cena todos os dias antes de dormir.

Caminhou sem pressa até a mala laranja já desbotada e abriu o menor bolso, retirando de lá um papel cuidadosamente dobrado e um anel dourado. Uma aliança que provavelmente não significou nada para ele. Nadinha. Enquanto para ela, tola, significou uma nova vida.

Sua garganta ardeu e seu coração apertou, mas nem uma lagrima desceu por seus olhos. Oque sentia não era mais tristeza e sim raiva pura.

Abriu o papel revelando um belo desenho que um casal e as palavras “Me perdoa?” escritas em letras belas e caprichadas. Nunca. Essa foi sua resposta, rabiscada de qualquer maneira, mas nunca teve a chance de entregar a resposta.

Como a covarde tola que era, pegou o primeiro voou para o apartamento escolhido as pressas e ligou confirmando a proposta de trabalho oferecida há tanto tempo e a qual foi reafirmada varias e varias vezes. Nunca agradeceu tanto por ganhar a bolsa como engenheira química e ter finalizado o curso com recomendações dos professores.

Abriu a porta, enfiou o papel e a aliança no bolso, seguindo para o correio pelo qual havia passado de taxi, não era muito longe, então apenas apanhou sua bolsa e saiu, sem pensar duas vezes.

Ao chegar lá, pegou uma caneta qualquer e escreveu no pacote o endereço desejado, implorando para a moça que enviasse sem o remetente, explicando por cima a situação e contanto com o suporte feminino, afinal a ultima coisa que precisava era ele batendo em sua porta. Após muita insistência conseguiu convencer a atendente, que reclamou da babaquice dele e defendeu seu ponto de vista.

Sorriu ao imaginar sua reação. Nunca saberia onde estaria. Ninguém sabe afinal. Estava livre daquele tormento sexy ambulante, que em todo o tempo em que estiveram “juntos” apenas fudeu sua cabeça e sua dignidade. Mas não mais. Nunca mais.

Voltaria a ser a caçadora que era e adormeceu em seu nome, não seria mais a tola que foi. Estava decidida. Não iria acabar com oque sobrou de sua dignidade por causa dele. Estava pronta para levar uma vida superficial pelo tempo necessário. Esse era o plano. Não se deixar mais levar. Seria apena sexo ocasional e talvez um caso ou outro por algum tempo. Não era feia, possuía curvas belas e seios consideravelmente fartos, um bumbum empinado e coxas torneadas, ela tinha plena noção de seus encantos e usaria isso ao seu favor. Não seria mais uma criança inocente. Ele lhe deu isso. A maturidade. A noção de como o mundo pode ser terrível.

Agora, apenas cuidado. Não era mais a garota boazinha.

A vida segue. Ironicamente, mesmo após ser despedaçada sob seus olhos.

Sorrio ao lembrar-se do acréscimo ao pacote. Uma foto. E uma frase que seria entendida facilmente.

 “ Seu erro mandou lembranças”.


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Notas finais do capítulo

Bom é isso pessoal! hahahahah é meio confuso eu sei, mas a interpretação pessoal é necessária nessa fanfic. Vai de cada um entender e enquadrar a pessoais situações.
Se gostaram: comentem, favoritem e recomendem (principalmente recomendem) e se não gostaram: comentem, favoritem e recomendem mesmo assim
Obrigada por lerem ;)
Bjokas



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