I Hate Everything About You escrita por DarkAngel


Capítulo 4
Intruso


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo bem fresquinho para vocês. Vocês quem? É ... não tem quase ninguém a acompanhar a história, mas isso não vai fazer com que pare de postar, quero terminar esta história, porque acho que ela tem bastante futuro. Tenho bastantes ideias fixas e quero po-las em prática. Então aqui mais um capitulo, se caso haja leitores "submissos" eu pedia para que deixassem um comentáriozinho :D
É sempre bom receber criticas ou conselhos, ou até mesmo elogios.
Caso achem erros ortográficos, por favor avisem-me. Assim eu poderei emendar de imediato.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/676216/chapter/4

 

"Não há odio, não há amor"

Dark on me- Starset

Uma semana e meia se passou desde o incidente. Eu quase poderia esquecer tudo o que já se tinha passado, tirando o pequeno detalhe que ainda mantinha os óculos do rapaz em minha casa. Tinha mandando eles para reparar e no mesmo dia, depois de sair do trabalho, já estavam como novos.

Eram de cor preta. Um pouco graduados, mas não exagerados para grandes graus de miopia. Talvez apenas tivesse um pouco de descuido na adolescência e isso se refletisse agora. As antigas lentes não mostravam nenhum sinal de riscos ou de uso, ou seja, eram novos.

Era uma terça-feira. O dia estava lindo. Ensolarado. Um pouco quente, mas a brisa que de vez em quando aparecia refrescava os nossos corpos.

Uma semana e meia, e nem sinais do tal ser humano ter aparecido na minha casa em busca do seu objeto. Talvez ele nao quisesse mesmo me ver mais. E aquelas palavras do outro dia eram bem reais. Se me visse mais alguma vez, não sairia viva. Pensar naquilo assustava-me.

Sai do trabalho um pouco mais tarde do que o costume,mas ainda tinha algumas compras para fazer, então decidi apanhar o metro para o outro lado da cidade. Era mais socegado naquela zona e a possibilidade de encontrar alguém conhecido era menor.

Eu era um pouco anti social. Gostava do meu espaço, não tinha amizades que durassem mais de um ano. Os meus colegas de trabalho, eu apenas me dirigia a eles em caso de emergência. E tinha de estar relacionado com o meu próprio emprego, senão, eu evitava falar com eles. Apenas bom-dia ou boa-tarde saiam da minha boca, por educação. Os meus colegas chamavam-me muitas vezes para sair, mas eu apenas negava. E por detrás das minhas costas, agiam como se eu fosse a má da fita, mas qual era o mal de eu querer estar apenas na minha? Sabia que aquele emprego não era fixo, que de um dia para o outro poderia ser despedida. E quando isso acontecesse, não iria levar nenhuma amizade comigo, porque simplesmente, as pessoas no emprego só nos querem ver piores que elas, então apenas nos elogiam para o nosso ego subir um pouco, e quando damos por isso, estamos cá em baixo.

Então sim. Eu era anti-social. Fazia o meu trabalho e vinha embora. Simples assim.

O metro tinha chegado.

Entrei nele, sentei-me num lugar vago e esperei ele partir.

O metrô tinha um cheiro peculiar. Era um pouco mal-cheiroso, claro que por transportar várias pessoas, milhares até, dia após dia, deixava um cheiro desagradável. Mas eu preferia andar em transportes públicos. Eram mais simples e não tinha despesa com uma viatura própria, então nos finais dos meses, poupava bastante.

Naquela hora, os metrôs iam cheios de estudantes, que voltavam para casa. Cansados. Mas eu gostava de os admirar. Cada um deles tinha a sua história, o seu objetivo de vida. E alguns até que era fácil de ler. Pela maneira de falar, agir ou do que transportavam nas mãos ou maneir a de vestir. Fazia-me lembrar um pouco da minha época. Eu tinha sido uma aluna excelente, mas com poucos amigos. Mas não me arrependo de ter sido assim na adolescência. Foi esse raciocinio que me levou onde estava agora.

Metro parou na primeira paragem. Algumas pessoas sairam para mais entrar.

Duas paragens depois, cheguei ao meu destino.

Desci da carruagem e dirigi-me ao meu destino principal. O supermercado.

Entrei na enorme loja. Peguei um carrinho e comecei a comprar o que a minha lista continha. Comida, acessorios de banho, higiene pessoal. Coisas normais.

Paguei.

Voltei ao metrô e dirigi-me para casa.

Cheguei o relógio marcava 7:47. Sorri um pouco desiludida. A minha casa, embora pequena, parecia gigante para uma única pessoa morar sozinha. Gostava de ter um pouco de companhia, mas o condomínio não premitia animais. Então vim vivendo sozinha durante estes 3 anos.

Pousei as compras em cima do balcão da cozinha. Comecei a arrumar o conteúdo dos sacos, até o som da campainha tocar.

Assustei-me. Não tinha ninguém que me viesse visitar mesmo, então porque raio haveria alguém vir a minha casa?

Dirigi-me à porta. Rodei a maçaneta fazendo a porta abrir.

Do outro lado, um corpo masculino se apresentava. Alto. Corpolento. Bem charmoso. Vestia um blazer com uma camisa branca por baixo e umas calças pretas. Não de terno, mas jeans de cor preta. Era lindo. Mas aquele rosto era tão familiar. Então só depois reconheci pelos seus olhos acizentados. Era ele. O rapaz daquele dia.

Os meus olhos arregalaram-se espantada. Estava receosa por ele estar à minha porta depois deste tempo todo que tinha passado.

—Acho que tens uma coisa que me pertence.

Ele falou. Com voz baixa mas auditivel aos meus ouvidos. Aquela voz... tão masculina, mas ao mesmo tempo suave e muito apetitosa de ouvir. Nada da aparência dele poderia dizer que ele tinha uma má personalidade. Mas eu sabia dessa má personalidade.

Ele levou a mão esquerda ao bolso. Retirou um papel rasgado ao meio, colado com fita-cola. Era o papel que eu tinha escrito naquele dia no hostipal.

—Achei que tinha dito para não apareceres na minha vista. Mas foste teimosa e deixas-te este pequeno recado com o médico.

Voltei a realidade então. Ainda não tinha dito nada. E ele olhava-me com superioridade.

—Sim eu deixei com ele.

Apenas disse, um pouco com medo. A minha voz saiu muito baixa. Mas ele entendeu o que eu falei. Afastei-me da porta e fui dentro do quarto buscar o que lhe pertencia. Aquele momento no meu quarto consegui acalmar-me. Ele apenas estava ali porque eu tinha lhe dado a morada, então não era errado. Eu tinha de lhe devolver o que era dele. Na minha cabeça isso era lógico.

Peguei nos óculos e voltei à entrada da porta. Mas ele adientou-se para dentro da casa enquanto eu tinha ficado ausente e esperava-me encostado ao sofá.

Ele naquele sitio parecia mais calmo. Não parecia a mesma pessoa assustadora de dias atrás. Olhava curioso em sua volta. Com aqueles olhos preciosos, de criança até. Era a única coisa sincera e inocente nele.

—Aqui está. – Estendi os óculos na palma da minha mão em direção ao seu olhar. Ele não agradeceu. Apenas os pegou e colocou-os no rosto.

—Óculos são caros. Só por isso os peguei de volta. Senão tinha ido comprar outros. Não fiques convencida que eu apenas vim para te ver.

Falou sarcástico, mas muito sincero ao mesmo tempo. Era cruel.

—Não pensei isso..

Sussurrei. Ele era intimidante e eu odiava sentir-me inferior, mas era provável que o fosse.

Mesmo ele já tendo o que queria, ainda estava ali diante de mim. Não ia embora.  Porque seria? Queria perguntar-lhe mas tinha medo da reação dele. Ele desapertou o primeiro botão da camisa, que parecia que o sufocava.

Agora que pensava. Ele estava bem vestido. Mas pelo que eu sabia, ou pelos menos pensava que sabia, ele não tinha onde morar nem comia em condições. Mas aquela roupa tinha aspeto de ser cara. E ele estava bem ajeitado.

—Estás a encarar-me porquê?- Ele falou alto e nervoso. Fitando-me ameaçador e irritado. As sobrancelhas dele contorceram-se e formaram uma ruga entre elas, em sinal de irritação.

—Isso pergunto eu. Ainda estás aqui em minha casa. Já tens o que querias. Né?

Falei um pouco sem pensar. Ele estava a deixar-me nervosa, então sem perceber soltei a voz mais grossa do que queria. E ele tirou a expressão de irritação. Desencostou-se do sofá e voltou-se para a porta.

—Tudo bem.

Abriu a porta, mas fez uma pausa. Parecia que ele queria me pedir algo. Mas não tinha coragem. Fiquei preocupada. Porquê? Não sei..

—Sabes...

Ele começou a falar. Com um tom de voz mais baixo que o anterior. A voz parecia até falhar a meio da pequena frase.

Os sapatos dele chiaram ao rodar para me encarar. Os olhos por detrás dos óculos olharam diretamento nos meus, dando um pequeno arrepio na minha espinha.

—Naquele dia no hospital eu fui demasiado bruto. Eu tive razão para isso, afinal tu sempre me irritaste. Esse teu jeito de ser. De parecer superior, evitando as pessoas. E ao saber que é que me “salvas-te” enfureceu-me ainda mais.

Ele falava calmo. Olhando para mim, mas não me vendo. Parecia que eu era invisivél. Apenas falava as palavras soltas, quase como obrigação.

—Era isso. Não vou agradecer na mesma, porque eu não queria ser salvo. Eu merecia ser punido.

Ele saiu para fora. Mas eu agarrei-o pelo blazer fazendo ele parar por uns instantes.

—Eu ainda não sei o teu nome.

Falei sem pensar de novo. Admito que até senti o meu rosto queimar, então não retirei o meu olhar focado no chão. Esperava uma resposta clara. Mas ele não respondeu. Apenas sacudiu  a minha mão.

—Isso importa? Não vais mesmo voltar a ver-me. Só vim pegar o que era meu. Quando receber do trabalho volto para te pagar o arranjo deles.

Levantei o olhar e ele começou a andar em direção ao corredor. Vê-lo por trás era um mau sinal. E no fim fiquei sem saber o nome dele, de novo. Ele desceu o primeiro lance de escadas, e eu apenas fiquei na porta a escutar os seus passos, até ouvir a porta da entrada a fechar para o prédio ficar de novo em silêncio.

O meu coração palpitou. E eu corei. Corei? Sim era esse o nome que se dava aquela reação. Ele realmente não me era indiferente. Mas eu odiava sentir aquilo por uma pessoa que me ameaçou anteriormente.

Voltei para dentro de casa, fechei a porta. Deixei o meu corpo cair encostado à porta. Afinal ele não era um coitado qualquer. Ele tinha emprego e até jurou pagar o que devia, do arranjo dos óculos.

A minha cabeça doia. Só depois de uma semana é que ele se dignou a aparecer. E então fingiu que estava tudo bem?

Naquela noite demorei para adormecer. Mas quando adormeci, passadas algumas horas ouvi um som alto vindo da entrada. Aquele som deixou-me atordoada. Acordei assustada com o som. Parecia alguém a dar socos na minha porta.

Corria até a sala. Parei na frente da porta e esperei até o som parar. Mas não. Alguém, do outro lado, presistia em socar a minha porta.

Decidida abri a porta.

Alguém entrou a correr para dentro da minha casa, fechando a porta rapidamente atrás de si.

Era ele de novo.

Eu sabia. Tudo o que vinha dele era mau, não vinha nada de bom daquela pessoa, e eu feita idiota deixei-me envolver com ele.

Vinha a cambalear até mim, mas caiu exausto no chão. Ficou ajoelhado quase aos meus pés a recuperar o folêgo. Trazia uma roupa diferente desta vez. Respirava rapidamente.

Só então reparei no rasto vermelho que vinha desde a porta até onde ele estava. Sangrava da perna direita, tinha um golpe bem fundo e eu quase chorei assustada ao ver aquilo.

—O que se passou?

Falei histérica. Ele estava a arrastar-me para o presente dele. Para a vida insegura dele.

Ele não me respondeu. Arfava cansado. Saiu da posição que estava e sentou-se no chão com as costas encostadas ao sofá. Apontou para a porta.

—T-tranca a porta...

Falou quase em sussurro. Eu demorei para me mexer mas corri até a porta para a trancar e apaguei as luzes. Fingindo que a casa estava vazia.

Olhei para ele. Ele estava cansado. Tremia ao de leve e gemia com a dor que provinha da sua perna. Andei até à casa-de-banho e peguei o kit de primeiros socorros. Voltei até onde ele estava. Ajoelhei-me perto dele, prendi o cabelo atrás.

—Posso?

Pedi autorização para o ajudar. Ele olhou-me raivoso e desconfiado. Mas afastou a mão na ferida e deixou-me ajudar.

—Força. – Sorriu de lado, um pouco desajeitado e tremido. Aquela era a primeira vez que o via a sorrir. E como esperado, o sorriso era lindo. Mesmo que fosse um sorriso torcido, os lábios dele faziam uma linha perfeita. E os dentes brancos e alinhados defeniam toda a sua beleza.

Ele encostou a cabeça no sofá e fechou os olhos, esperando que eu terminasse.

Olhei o ferimento mais de perto. Pareceu-me que ele tinha ido contra algo de vidro. Tinha pequenos cacos de vidro na ferida ainda aberta. Deu-me volta ao estômago ver aquele sangramento. Respirei fundo e com a pinça comecei a remover os pequenos cacos.

Ele gemeu de dor e agarrou-se a perna, como forma de se acalmar. Pedi desculpa mentalmente. Afinal era normal que tudo aquilo doesse um pouco, mas ele própria se maguou porque quis.

Depois de limpa a ferida, tapei-a com ligaduras. Ele pareceu-me mais calmo.

Coloquei tudo dentro do kit e fechei a tampa dele, levando-o de volta para o sitio. Peguei numa esfergona e comecei a limpar o rasto de sangue desde a porta até onde ele estava. Tudo isto em silêncio absoluto. Eu sentia-me tão idiota naquela situação. Porquê ele estava ali denovo? Ele próprio disse que não iria vê-lo de novo. E ali estava ele. Encostado ao meu sofá, arfando. Apertei o cabo da esfregona com raiva. E encarei-o.

Ele estava calmo, olhando o teto. Como podia estar tão calmo em casa de uma desconhecida que tinha ameaçado a uns dias atrás?

—Parece que sempre que algo corre mal acabas sempre por te meter no meio.

Ele falou rispido. Fiquei parada. Como assim? Meter-me no meio? Ele próprio veio ter comigo! Que lata a dele de falar assim! Eu própria tinha feito um pacto comigo mesma, que caso ele não aparecesse eu iria esquecer tudo. Mas ele fez questão de aparecer. E não apenas uma, mas sim duas vezes no mesmo dia. Todos aqueles pensamentos fizeram-me perder a paciência.

—Meter-me no meio? Tu próprio me arrastas para os teus problem-

Interrompi a frase quando o olhei. Ele olhava para mim em forma de me dizer “Cala-te”. Olhava-me por cima dos óculos, com o cabelo a entrar na frente dos seus olhos. A sua boca desenhava uma linha perfeita. E o seu punho fechado, mostrava que ele não gostou do tom com que falei. Fiquei de novo de costas para ele e levei os itens de limpeza para o sitio deles. Quando voltei, ele estava de novo encostado ao sofá. Então a minha mente perguntava o que eu iria fazer a seguir.

Fiquei de pé, a alguns metros dele. Mas conseguia vê-lo perfeitamente. Respirando suave. Assim parado, quem diria que ele era aquela pessoa descontrolada? Ele relaxou as costas e abriu o punho que até agora estivera fechado. Rodou lentamente a cabeça na minha direção e ficou olhando para mim. Os olhos dele, seguiam cada traço do meu corpo. Desde os meus pés descalços, até ao último fio de cabelo que tinha solto.

—Não sei porque vim aqui. Mas acho que sabia que acabarias por me ajudar.

Ele falou. Enquando os olhos voltaram para baixo, olhando para os meus pés.

—Eu tive uns problemas com umas pessoas, por causa do meu passado. E eu fugi delas, acabei por ir contra uma vitrine e me ferir. Então a tua casa apareceu-me na mente. Apenas isso.

Apoiou a palma da mão no chão e fez balanço para se levantar. Pôs-se de pé e sentou-se no sofá. Parecia que tudo era dele. Falou “confortável” bem baixo, que eu não consegui ouvir, mas consegui ler os seus lábios.

—Que pessoas?

Falei receosa. Ele tirou os óculos e apertou os olhos com os dedos.

—Hannah Moris, vou te fazer uma pergunta.

Ele falou abrindo os olhos e ficando olhando para mim de canto, esperando eu falar algo. Acenti com a cabeça.

—Queres saber o meu passado? Ou preferes que fique escondido?

Silêncio.

Não sabia o que falar. Eu realmente queria saber. Mas o que implicava isso? Era do tipo: Se souberes tens que morrer? Era assustadoramente curioso. Eu queria muito saber, mas tinha medo do que isso implicava.

—Mas... se souberes, não podes afastar-te de mim. Porque eu não deixaria.

Ele falou calmo, com toda a certeza na sua voz. Continuava a encarar-me de canto.

—Então o que escolhes?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então que tal?
Como sempre, cada capitulo tem uma imagem ilustrativa, do plano onde se passa ou se passou a acção. Decidi então no inicio deixar uma pequena frase "moralista" para cada capitulo que começar. Para deixar mais interessante.
Espero que tenham gostado



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I Hate Everything About You" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.