Concrete Heart escrita por Carolina Muniz


Capítulo 17
Capítulo 16 - Chances


Notas iniciais do capítulo

Oiiii.



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Os olhos dele estavam quase pétricos de sede. Ele não estava sorrindo, como fazia sempre em minhas visões - seus lábios estavam pressionados em uma linha dura. Havia uma qualidade diferentemente parada e pensativa na forma como ele curvava o seu corpo, como uma cobra esperando por uma oportunidade de dar o bote. O seu olhar maligno, indescansável passava entre mim e Victor, mas nunca parou nele por mais de meio segundo. Ele não conseguia manter os olhos dele longe do meu rosto por mais tempo do que eu conseguia manter os meus longe do dele.

A tensão saía rolando dele, quase visível no ar. Eu podia sentir o desejo, a paixão consumidora que o segurava em seus braços. Quase como se eu pudesse ouvir os batimentos dele, mesmo que vampiros não tenham coração.

Ele estava tão próximo do que ele queria - o foco de toda a existência dele por meses, agora estava tão perto.

A morte de Victor.

O plano dele era tão óbvio como era prático. A garota loira me atacaria. Assim que eu estivesse suficientemente distraída, ele avançaria em Victor. Em sua mente, tudo seria rápido - ele não tinha tempo pra jogos aqui - mas seria completo. Uma coisa da qual seria impossível se recuperar. Alguma coisa que nem o veneno dos vampiros poderia reparar.

Ele teria que parar o coração de Victor. Era isso. Ele decidiu. Só precisava arrancar o coração de Victor do peito.

A uma imensa distância ao longe, o uivo de um lobo ecoou no ar parado. A garota loiro olhou para James pelo canto dos olhos, esperando pelo comando dele.

Ela era jovem em muitos aspectos, talvez fosse mais velha que os outros na clareira, mas ainda assim, nova demais. Ela era forte, mas inapta. Apenas uma distração.

James apontou o queixo na minha direção, dando uma ordem silênciosa para a garota ir em frente.

— Riley - Eu disse com uma voz suave.

Ela congelou, seus olhos se arregalando.

— Ele está mentindo pra você, Riley - eu disse a ela. - Me ouça. Ele mentiu pra você assim como ele mentiu para os outros que agora estão morrendo na clareira. Você sabe que ele mentiu, que ele fez você mentir pra eles, que nenhum de vocês dois ia ajudá-los. Será que é tão difícil de acreditar que ele tenha mentido pra você também?

Confusão atravessou o rosto de Riley.

Ela não acreditava totalmente nele. Mas estava completamente perdida.

— Ele não ama você, Riley. Ele nunca amou. Ele amou Victória, e você não passa de uma ferramenta pra ele.

Riley deu uma olhada frenética na direção dele.

— Riley? - chamei-a.

Riley se reconcentrou automaticamente em mim.

— Ele sabe que eu vou te matar, Riley. Ele quer que você morra pra que ele não tenha mais que continuar com o fingimento. Sim, você já viu isso, não viu? Você já leu a relutância nos olhos dele todos as vezes em que estão juntos, suspeitou da nota falsa das promessas dele. Você estava certa. Ele nunca te quis. Tudo era uma mentira.

Eu me movi, indo alguns centímentros em direção à ela, alguns centímetros pra longe de Victor.

Os olhos de James se firmaram no espaço entre Victor e ele. Levaria menos de um segundo para matá-lo - ele precisava apenas da menor margem de oportunidade.

Mais lentamente dessa vez, Riley se reposicionou.

— Você não precisa morrer - eu disse. - Existem outras formas de se viver além da que ele te mostrou. Nem tudo são sangue e mentiras, Riley. Você pode ir embora. Você não precisa morrer pelas mentiras dele.

Dei mais um passo a frente, sempre me concentrando nos pensamentos de James.

Riley circulou demais, compensando em excesso dessa vez. James se inclinou para a frente.

— Riley? - sussurrei.

O rosto de Riley estava desesperado enquanto ela olhava

para James, procurando respostas.

— Ela está mentindo, Riley - James disse, com a voz falsamente doce. - Eu te falei sobre os truques com mentes dela. Você sabe que eu só amo você.

A mandíbula de Riley endureceu, e ela enquadrou os ombros. Os olhos dela esvaziaram - não havia mais confusão, não havia suspeita. Não havia nenhum pensamento. E ficou tensa para atacar.

O corpo de James parecia estar estremecendo, de tão enrijecido que ele estava.

Os dedos dele já eram garras, esperando que eu me movesse apenas um centímetro para longe de Victor.

Seth atacou.

— Não! - James gritou em descrença.

A um metro e meio de mim, o enorme lobo despedaçou e estraçalhou a vampira loira embaixo dele. A mão branca e dura de Riley bateu nas pedras e caiu aos meus pés.

James não desperdiçou um olhar com a garota ao qual ele havia jurado amor.

Os olhos dele ainda estavam em mim, cheios com um desapontamento tão feroz que ele parecia desarranjado.

— Não - ele disse de novo, através de seus dentes, enquanto eu comecei a me mover em sua direção, bloqueando o caminho dele pra mim.

Riley já estava de pé de novo, parecendo disforme e desfigurada, mas ela foi capaz de dar um chute violento no ombro de Seth. Eu ouvi o osso quebrar.

Riley estava com os braços pra fora, preparada, apesar de estar sem uma mão.

A apenas alguns centímetros, eu e James nos encarávamos. Não exatamente circulando, porque eu não estava permitindo que ele se posicionasse mais perto de Victor. Ele moveu pra trás, se movendo de um lado pro outro, tentando encontrar um buraco em minha defesa. Eu comecei a me mexer só uma fração de segundo antes que ele se mexesse, lendo as intenções em seus pensamentos.

Seth se lançou em Riley pelo lado, a pele dela se rasgou com um horrível som de algo guinchando. A outra mão de Riley vôou pra dentro da floresta e caiu fazendo um som pesado. Ela rosnou furiosa, e Seth pulou pra trás - incrivelmente leve com os pés para o tamanho dele - enquanto Riley tentava socá-lo com uma mão mutilada.

Agora James estava dividido, os pés dele o guiando para a segurança enquanto os olhos dele se ligavam aos meus como se eu fosse um imã, o atraindo.

Eu podia ver o desejo de matar lutando com o seu instinto de sobrevivência.

— Não vá, James - eu murmurei. - Você nunca terá outra chance como essa. Ele está aqui. Nunca mais poderá chegar tão perto dele. É sua única chance...

Ele mostrou os dentes, mas foi incapaz de se mover para mais longe de mim.

— Você sempre pode fugir mais tarde. Tem bastante tempo pra isso. É isso que você faz, não é? Era por isso que Victória te mantinha por perto. Útil, se você gosta de jogar esses jogos mortais. Uma parceira com um misterioso instinto pra fugas. Ela não devia ter te deixado, ela podia ter usado as suas habilidades quando eu a peguei em Phoenix.

Um rosnado ricocheteou entre os dentes dele. Ainda assim, ele continuava tentado a fugir, e se ele fugisse, eu não poderia deixar Victor, e ir atrás dele.

Suspirei e sua atenção se intensificou.

— Foi tão fácil. Ela podia ser uma rastreadora, mas era muito fraca. Eu acabei com ela antes mesmo de me divertir. Mas eu admito, eu gostei de arrancar a cabeça dela e jogar no chão. Como se não fosse nada. Bom, era o que ela realmente era, não é?

Ele pulou da pedra e parou na minha direção, os olhos pegando fogo.


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Notas finais do capítulo

XOXO



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