Louis Bryant é sinônimo de beleza (eu não digo que ele é bonito, digo que ele é bonito MESMO, tipo aqueles caras das revistas em que as mães sonham em ter como genro), sinceridade e dinheiro.

Os olhos são de um belo azul-claro. Os cabelos  escuros e  sempre penteados para trás com gel (um dos charmes indiscutíveis dele). Mesmo dentro do terno eu podia ver seu físico torneado e equilibrado.

Louis e eu nos tornamos melhores amigos. Não por escolha dele, mas por eu ser uma hipócrita sem coração. Costumávamos rodar as noites assistindo filmes de terror com baldes de pipoca, coca-cola e caixas de pizza vazias quando ele não estava ocupado em suas reuniões e relatórios conflitantes que tiravam sua paz de espírito. Coloquei-me na função de eliminar suas tensões. Ele sempre soube que eu não tinha medo dos filmes de terror que ele escolhia, mas insistia para que eu encostasse minha cabeça em seu ombro ou o abraçasse quando "ficasse apavorada". Ele era minha morada, meu porto seguro. Ele dizia que sem ele eu não seria ninguém. Talvez ele estivesse certo, afinal.

Eu amava o eco da sua risada suave depois que fazíamos alguma besteira. Seu sorriso digno de uma propaganda da "Oral B". Admirava seus olhos cor de mel me fitando com um brilho esplêndido e também quando concordava comigo só para não discutirmos, mesmo eu estando errada.

Apreciava o jeito com que ele dava ordens no escritório e principalmente quando mandava sua secretária oferecida pastar. Ficava hipnotizada com seu perfume amadeirado e hálito de hortelã. Gostava também do jeito que ele me abraçava quando eu estava triste - ou a ponto de jogar alguém pela janela. Seus abraços me rodeavam de um jeito firme e carinhoso ao mesmo tempo, como se quisesse me proteger ou afastar os abutres com câmeras fotográficas no pescoço que nos rodeava (os temidos paparazzis). Outras horas, levava-me para um passeio no parque para tomarmos sorvete e voltávamos para casa sujos e com cheiro de morango e chocolate. O cinema fora expectador do nosso primeiro beijo.

Ele queria me conquistar mais eu não queria ser conquistada. Ele deveria ser um homem sério. Eu, uma ladra sedutoramente fatal. Alguém deveria ter trocados nossos papeis na peça da vida, só podia ser. Ah, e o roteiro também deveria estar errado, sem dúvida alguma.

Mesmo depois de eu deixá-lo por dois meses para um suposto trabalho de modelo ele não parou de acreditar em mim.

Ele era O melhor. O único. O cara.

Certa vez ele me desafiou a pular do telhado da minha casa, depois que voltamos da festa onde ele conseguiu a presidência da empresa mais renomada do país, prometendo que me pegaria antes de atingir o chão. Eram cinco metros de puro terror em se arriscar a quebrar minhas costelas. Era o desafio mais idiota e ridículo que já fora desafiada um dia. Quando questionei sobre o fato de me quebrar inteira no chão, ele respondeu:

— È um risco que você tem que correr. - brincou.

Então eu pulei.

Idiota minha reação, não? Sim, demasiadamente idiota. Ainda lembro do meu cabelo voando em todas as direções e de segurar o vestido lilás de ceda que Louis me dera, da adrenalina por tão pouco tempo. De senti-lo me pegar quase no chão, rindo junto comigo depois de eu estapeá-lo com medo de que algo ruim tivesse acontecido.

E mesmo sabendo que eu era um problema, ele ficou ao meu lado. Não é isso que os amigos sempre fazem? Ele me queria e eu não podia tê-lo. De alguma forma ele sempre soube. Eu era o problema, sempre fui.

Foi então que ele descobriu a verdade. Eu juro que nunca foi minha intenção estragar tudo. Juro mesmo.

Não imaginava que ao tentar entrar na vida dele mentindo ser alguém que não era fosse me fazer apaixonar por ele. Eu era uma stripper, não tinha 26 anos como ele achava que eu tinha, meus pais não moravam em New Jersey - eles estavam mortos fazia uma década. Eu também não me chamava Natalie e não tinha um irmão fanático por futebol.

Plano 1: Tentar ser amiga dele

Plano 2:  Tentar ser íntima dele

Plano 3:  Pegar o dinheiro

Plano 4: Cair fora

Era tão simples e eficaz que não pensei nos riscos que correria. A dívida que meu pai, um traficante, deixara para mim era absurdamente grande e minha única saída era mentir, entrar de alguma forma na vidado do empresário de 28 anos e omitir a verdade.

Na verdade eu era Susan Klopp, de 23 anos; stripper desde os quinze e dona de uma fortuna em dívidas.

Eu tinha despedaçado seu coração em mil pedaços e ele continuava me amando com a mesma intensidade. Acreditei veemente nisso até vê-lo com um avião de saia e saltos 15 cm, mulata de cabelos negros e corpo estilo Megan Fox. Fora um golpe baixo dele. Megan era minha atriz preferida, ele não podia ter pego uma coroa viciada em bingo?

Eu queria odiar o sorriso dele nas entrevistas, queria odiar o cheiro dele na camisa que ele esquecera em meu apartamento e até hoje não tivera coragem de devolver. Queria odiar vê-lo feliz enquanto eu me sentia a pior mulher do mundo. Não queria dizer "não" quando meu coração dizia "sim". Queria não ser uma mentirosa, porém era tarde demais.

Eu não queria ser como as outras. Ser só dele era meu único objetivo e eu falhara. Dizia a mim mesma que ele nunca encontraria alguém que o amasse tanto quanto eu.

Louis nunca tinha desistido de mim e na primeira oportunidade eu o decepcionei. Queria entender o porque do coração não ser compatível com o destino, entender porque ambos não podiam colaborar um com o outro e "FIM". Quando ele me deixou percebi que a vida gosta de dar voltas e brincar conosco, seguindo á risca as regras e não poupando ninguém das consequências. Não é a toa que todo mundo colhe o que planta.

Para mim, o certo era deixá-lo em paz e sendo feliz com quem quer que fosse, longe de mim "a mulher problema". Segundos depois me questionei se meu certo o faria feliz. Eu estava errada. Entrei no carro e voei até a empresa e arrombei - acredite se quiser - a porta da sala de reuniões, encarando acionistas assustados. Pedi perdão á ele. Pedi perdão por ser estúpida e omitir a verdade quando ele tinha sido a sinceridade em pessoa. Fiquei arrasada quando ele me mandou embora com seguranças no meu encalço. Fui do céu ao inferno em segundos. Afundei-me no novo emprego de bartender e suportei cantadas baratas por meses até ouvir que você havia assumido o namoro com a mulata mais linda que eu já vira. As pessoas só entendem como é ter um coração partido quando se apaixonam de verdade, o resto é só bobeira ou medo de se machucar, aceitei o fato de amá-lo e senti o mesmo que ele quando isso aconteceu. Eu não era digna dele, não era a mulher da vida de Louis.

Parecia um zumbi pela rotina tão programa. Já tinha largado meus "programas", eu seria só de Louis mesmo que ele não fosse mais meu. Nesse tempo ele rompeu com a morena, engatou com uma ruiva de olhos azuis e terminou novamente. Rumores de que ele estava saindo com aquela sua secretária galinha e tarada apareceram, mas eram só rumores. Fiquei sem notícias dele por meses até vê-lo me fitando de longe no aglomerado de pessoas que dançavam na boate. Desviei meus olhos dos dele para não fraquejar. Ele não queria me ver e seria melhor eu ajudá-lo nisso, escondendo-me. Continuei trabalhando e o ignorando, até que meu chefe do tamanho de um armário, músculos visíveis e olhos verdes, me mandou buscar mais garrafas de uísque. Quando entrei no porão o vi. Sua camisa rosa estava com os dois primeiros botões abertos, as mangas dobradas até o cotovelo e seu cabelo loiro despenteado e rebelde do jeito que eu gostava. Comecei a chorar e ele me abraçou, pediu desculpas e prometeu nunca mais me deixar. Depois de secar minhas lágrimas, puxou minha nuca e selou nossos lábios de maneira inesquecível. Fiquei fora da realidade com seus toques e por saber que ele não iria embora.

Agora, estou me olhando no espelho, alisando a leve saliência em minha barriga. Irei contar mais tarde, depois que estiver sem meu vestido branco e o véu. Sei que este é seu grande sonho e agora é o meu também.

Hoje serei sua mulher, somente sua. Sem "mas", "poréns" e sem mentiras. Serei eternamente sua.