O sonho começou assim:

Eu via uma corrente sanguínea, com uma voz masculina falando.

O Sangue, mais forte do que uma simples vacina, a cura para o mundo, o escolhido, deve levar a cura até os mais fracos, curando-os, tornado o mundo com mais vida. Com esse sangue em um corpo, é impossível ficar doente outra vez, não pense duas vezes, o mundo está em suas mãos, ou você escolhe salvá-lo, ou decide deixá-lo sucumbir para sempre, você tem apenas 1 chance, é uma chance preciosa, faça ela valer a pena, você sabe quem é a cura.

E foi assim que o sonho acabou, eu acordei suando frio, como assim " você sabe quem é a cura?", ele estava se referindo a mim?, a cura era uma pessoa?, e como vou saber quem é?, botei minhas mão no rosto, posso ser inteligente, mas isso não consigo entender, agora é minha missão encontrar a cura?, poxa que vida fácil que eu tenho, tirei as mãos do rosto, o Ethan ainda dormia ao meu lado, eu cheguei perto dele e beijei seu rosto, ele deu um leve sorriso, foi abrindo os olhos devagar, ele sorriu mais ainda, me deitei ao seu lado, ele ficou me encarando com aquele olhos azuis, apenas de olhar naqueles olhos, tudo que sentia ia embora, apenas a paz e a felicidade ficava, apenas ao ficar com ele, eu cheguei mais perto e ele me abraçou, me aconcheguei em seu peito, era tão bom ficar com ele, eu me sentia protegida, acolhida, me sentia feliz, ele beijou o alto da minha cabeça.

— Não quer levantar? - ele me perguntou.

— Não - resmunguei - aqui tá bom - disse sorrindo, ele riu e me abraçou mais forte, eu olhei pra ele, seu cabelo estava bagunçado, mas ainda sim, ele continuava bonito, não queria nem saber como eu estava, e sem querer, meu olhar encontrou o seu, eu sorri involuntariamente, ele também sorriu, eu dei um selinho nele e me levantei, eu estava indo para o banheiro, mas então algo me puxa pela cintura, me levantando no chão, eu gritei, mas ri também, então ele me bota nos ombros.

— Ethan! Me põe no chão! - dizia rindo, ele foi saindo do quarto, eu socava de leve suas costas e gritava, ele foi descendo as escadas.

— Ethan eu juro por Deus, que se você me deixar cair, eu MATO você - gritei me agarrando a ele, então em um movimento rápido, ele me pegou no colo e foi descendo as escadas devagar, quando ele chegou na cozinha, me botou no chão.

— Argh! O romantismo já começa logo cedo - disse a voz da Thalita, eu olhei pro lado, ela parecia enjoada, estava sentada no sofá da sala com o Victor que ria descontrolado.

— Não esquece que você também namora, isso vai acontecer algum dia com você - disse segurando o riso.

— Vai não, já aconteceu - ela disse revirando os olhos, eu comecei a rir, a Thalita não era nada romântica, mas adorava essas coisas românticas, eu sei, fui até a cozinha e peguei um sanduíche, era a única coisa que tinha, comi em silêncio, eu estava pensando no meu plano, e se não desse certo?, " para Ally, pense positivo " disse a mim mesma, terminei de comer meu sanduíche, quando terminei o Ethan praticamente brotou ao meu lado, e passou seu braço por minha cintura.

— Gente, a Ally tem um plano - ele disse.

— Opa, diz aí - disse a Thalita, fui me sentar na sala com eles.

— Bem, eu pensei que nós podíamos fazer assim.... - comecei a dizer, falei meu plano exatamente como falei ao Ethan, expliquei o máximo que podia, eles prestavam bastante atenção, quando terminei, a Thalita parou e pensou um pouco.

— Não é má ideia, é um ótimo plano na verdade - disse o Victor.

— Concordo - disse a Thalita sorrindo - Bom, é melhor irmos logo, quanto mais cedo melhor - ela disse se levantando.

*************

Já tínhamos saído da casa, estávamos arrumando os cavalos, eu amarrei minha mochila no cavalo, a Penélope já estava em cima dele, transformei meu arco e o botei em meu ombro, subi no cavalo, Penélope segurou minha cintura, iríamos para um lugar onde combinei de encontrar o Mike, ele iria ficar com as crianças.

— Gente, me sigam - disse aos meus amigos e comecei a andar, com eles me seguindo. O lugar onde as crianças iriam ficar, era bem escondido, e escuro, mesmo estando de dia ainda, paramos de frente a uma loja quase isolada por árvores, de um beco ao lado da loja saiu o Mike, ele estava em forma de tigre, desci do cavalo e fui até ele.

" Ally! Que saudades!" - disse lambendo meu rosto, eu ri com os carinhos.

" Também senti saudades Mike, eu trouxe as crianças, vai dar conta? " - disse.

" Claro, sem problemas"

Sorri pra ele e me virei para meus amigos, assenti pra eles, eles ajudaram as crianças a descer dos cavalos, levamos elas até o Mike.

" Cuide bem delas pra mim Mike " - disse a ele.

" Pode deixar, Ally " - ele disse e levou as crianças para o beco, depois que eles sumiram de vista, subimos nos cavalos de novo, eu sorri, sempre gostei de desafios, isso iria ser divertido.

— Prontos? - perguntei/gritei aos meus amigos.

— Sim - responderam em uníssono, então começamos a correr em direção ao leste, enquanto corríamos, percebi que começou a nevar, a cidade passava como um borrão, corríamos extremamente rápidos, era como se eu guiasse todos, eu simplesmente sabia para onde estava indo, meu coração parecia bater mais rápido, eu sentia uma sensação de liberdade, minha vontade era de erguer os braços e gritar, o mundo a minha volta pareceu entrar em câmera lenta, os flocos de neve caiam lentamente, então o tempo voltou a correr novamente, o brisa fria batia em meu rosto, me trazendo boas lembranças, dos natais que passava com familiares, quando acampávamos na fazendo dos meus avós, nas noites frias, onde a neve se acumulava no chão, um sorriso se formou em meu rosto ao lembrar disso, a saudade preencheu meu coração, mas então lembrei do que estava acontecendo e tentei esquecer isso, tínhamos um acampamento para invadir.

************

Estávamos correndo a muito tempo, estávamos correndo ao lado de árvores, quando eu consegui ver luzes, parecia fogo, eu parei de uma vez antes de sairmos de trás das árvores, meus amigos fizeram o mesmo, fiz sinal de silêncio a eles, desci do cavalo sem fazer barulho, me aproximei das árvores e tentei ver alguma coisa, eu via um portão enorme de madeira, tinha tochas em volta do portão, do lado direito e esquerdo, tinha dois guardas, um muro enorme de tijolos, que parecia ter forma circular, os guardas estavam armados, eu suspirei, esperava que meu plano funcionasse.

Plano: Os meninos iriam distrair os guardas, fazendo eles saírem de perto o suficiente do acampamento, então eu e a Thalita já invisíveis, vamos escalar o muro e entrar no acampamento, depois disso, vamos tentar saber como funciona lá dentro, e se tem como ajudar-mos, depois iríamos sair sem sermos vistas de novo, nessa ultima parte, teríamos que ter cuidado, pois não poderíamos fazer barulho.

Voltei até os cavalos e olhei para meus amigos, eles tinham expressões de esperança assim como eu, olhei para o céu, que agora já estava quase escurecendo, voltei-me pra eles.

— Ok, tem um portão de madeira ali, e realmente tem guardas, apenas dois, façam o possível para tentar chamar a atenção deles, mas tomem bastante cuidado - disse baixo.

— Sem problemas, são apenas dois, damos conta - disse o Victor, eu sorri aliviada, estava torcendo para que desse tudo certo. Amarramos os cavalos nas árvores, transformei meu arco e o coloquei em meus ombros, eu e a Thalita ficamos entre as árvores esperando o momento certo, os meninos tinham corrido para o outro lado, onde tinha um muro com árvores também, eles tinham pedras nas mãos, ficaram alguns segundos olhando e depois jogaram as pedras, elas se quebraram no muro, os guardas se assustaram e olharam na direção dos meninos, eles rapidamente correram para o outro lado, se escondendo dentro das árvores, eu e a Thalita já invisíveis começamos a correr, como o muro era de tijolos, seria fácil escalar, quando cheguei perto do muro, pulei e me agarrei a ele, comecei a escalar rapidamente, sem fazer barulho, ele não era muito alto para minha sorte, logo cheguei no topo, mas ele era muito estreito, então eu desequilibrei um pouco e acabei reaparecendo, mas então algo me puxa, me segurando pelos pulsos, então a Thalita reaparece em minha frente.

— Você tá bem? - ela perguntou, eu assenti.

— Obrigada, agora temos que descer - disse sorrindo e logo desci pelo muro, desci com rapidez e agilidade, quando cheguei no chão, ajudei a Thalita a descer. Um resumo breve do acampamento: chalés de madeiras formando um círculo em volta de uma fogueira enorme, ao redor dessa fogueira tinha varias pessoas sentadas conversando, outras andando pelo acampamento, e alguns guardas. Eu e a Thalita nos escondemos atrás de um arbusto próximo da fogueira, dali consegui observar melhor, a Carly estava lá, ela tremia, parecia pálida e nervosa, todos olhavam pra ela de forma estranha, então uma mulher se aproximou da fogueira.

— A Capitã se aproxima - ela disse e logo todos se levantaram, uma sombra se aproximava, quando ela chegou perto o suficiente da fogueira consegui observar, era uma mulher extremamente bonita, seus cabelos pareciam fios de ouro, ondulados e batiam na cintura, tinha olhos em um tom cinza claro, irradiava poder, todos se curvavam diante a ela, ela usava uma roupa de caçadora, toda de couro escuro, e tinha uma coroa prata na cabeça.

— Sentem-se - ela ordenou, todos se sentaram imediatamente, ela sorriu gentilmente.

— Povo meu, estamos reunidos aqui para discutir um assunto não tão agradável - ela disse ainda sorrindo - Sei que estão confusos, mas logo vão descobrir - ela disse e andava em volta da fogueira.

— Vocês sabem que, nossa missão é achar alimento e suprimentos para sobrevivermos, certo? - ela perguntou.

— Sim senhora! - todos responderam em uníssono

— E alguém sabe me dizer o que acontece com quem não cumpre a missão? - ela perguntou, então uma menina com aparência de 9 anos, levantou a mão.

— Ela é condenada, pode ser morte certa ou punição com trabalho, dependendo da situação - ela disse com orgulho, a mulher riu e se aproximou da menina.

— Inteligente como sempre, Isabella - ela disse e segurou seu queixo, a menina riu e se sentou outra vez.

— Bom, uma pessoa desse acampamento não cumpriu a missão - ela disse, e muitos se assustaram, outros nem se mexeram - Por favor Carly Willson, levante-se - ordenou a mulher, então a Carly, no meio de todos, se levantou, ela tremia tanto que pensei que ia ter um colapso.

— Querida Carly, por que não nos conta o você fez? Ou melhor, o que você não fez - a mulher riu com desgosto.

— Eu... - Ela começou a dizer, mas então parou, ela parecia que ia vomitar ou era impressão minha.

— Nossa amiga Carly, foi colocado como líder, na missão de achar alimento para nós, mas ela não conseguiu - a mulher se adiantou.

— Minha senhora, perdoe-me, eu... - ela implorou.

— Calada! - a Mulher gritou - Você não traz alimento a nós, perde 4 de nossos melhores cavalos e ainda pede perdão? - a mulher falava com ódio.

— Perdoe-me - a Carly disse e abaixou a cabeça, a mulher respirou fundo, observou a Carly por mais longos segundos.

— Prendam-na - a mulher disse, a Carly olhou para ela assustada, guardas chegaram e seguraram ela.

— Não! Não! - a Carly gritava - Eu te imploro, por favor! - ela começou a chorar.

— Você será decapitada amanhã ao nascer do sol e será jogada nos corvos - a mulher disse com ódio.

— Não! - a Carly berrou, eu já estava começando a chorar, como ela podia fazer aquilo?, mesmo eu odiando a Carly mais que tudo, não iria deixá-la morrer, não daquele jeito, eu saí de traz do arbusto.

— Ei! - eu gritei, todos olharam para mim, peguei meu arco e mirei - Soltem ela! - disse, com ódio. A mulher me olhou com raiva, mas depois riu com ironia.

— Parece que teremos uma noite longa - ela disse sorrindo - Guardas! - ela berrou, então vários guardas vieram em nossa direção, a Thalita já estava em ao meu lado, todos estavam com armas em punho, algum nos olhavam sorrindo, como se dissessem " Hora do Show ", eu agi sem pensar, gritei e fui para cima de todos, essa realmente seria uma noite longa.