O Renascer dos Nove escrita por Number Nine


Capítulo 30
O Despertar de Cinco


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora para postar :/



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Um

 

            Depois de vários dias naquele bunker sozinha eu estava começando a aceitar a existência de Sam como um fato necessário obrigatório para sobreviver nessa coisa claustrofóbica. Estamos basicamente isolados dos sem poder entrar em contato mesmo com os telefones via satélite a menos que seja uma emergência. E acho que ligar para Adamus dizendo que queria falar com Adam porque estava com saudades dele, ou com qualquer um para espantar o tédio não se qualifica como uma emergência.

            De qualquer forma, as perguntas meio filosóficas de Sam estão começando a me irritar. Gosto mais quando ele me pergunta sobre Lorien do que sobre os motivos que nos levaram aos Anciões escolherem nossos números como nessa manhã.

            Sem os outros não havia necessidade de armarmos uma mesa para nos alimentarmos. Eu disse para Sam que era só ir à dispensa e pegarmos que quisesse e comesse. Já que só temos nós dois nesse bunker imenso e o número Cinco está se alimentando de soro então não está comendo.

— Sabe, eu estive pensando aqui. – Sam aparece com uma tigela de cereais na mão enquanto eu estou na sala tentando achar algo de útil na televisão. – Você nunca pensou em por que foi a número Um?

            Olho para ele de uma maneira mortal. Claro que já pensei e isso foi um dos motivos que me fizeram brigar mais de uma vez com minha Cêpan, sinto raiva dos Anciões por terem me elegido a número Um.

— Não sei Samuel. – utilizo o nome todo dele de maneira bastante enfática para que entenda que não gostaria de falar sobre esse assunto.

            Ele se senta numa cadeira ao meu lado.

— Desculpa, é que sei lá. Você é uma das Gardes mais poderosas aqui e reparei que é a mais velha, talvez seja por isso. – ele murmura olha para os cereais.

            Reviro os olhos. Eu pensei na mesma coisa, não na perte dos poderes claro, mas na da idade. Ao contrário dos outros eu me lembro de tudo, eu já tinha idade o suficiente para me recordar dos nomes de cada um da minha família, dos meus amiguinhos da ADL, do verdadeiro nome de Hilde, só existe uma coisa da minha vida de Lorien que eu não me recordo. Meu antigo nome.

— Eu só sou azarada. – consigo dizer, não sei por que compartilho isso com ele. – Poderia ter sido qualquer um, a Maggie é a número Dois e tenho quase certeza que o Oito e a Sete são mais velhos que a maioria também. Acho que já devem ter 18 ou 19 anos.

            O garoto me olha pensativo. Deve está pondo o cérebro nerd para pensar e nem quero saber quais serão as conjecturas que ele irá tentar propor para tentar me fazer sentir-me melhor. Tenho quase certeza que uma diferença de 2 anos não justifica  me colocar na linha de frente.

— Talvez você seja tipo uma guardiã. – ele retruca. – Quer dizer, você resgatou Nove e Cinco de uma das bases mogadorianas mais bem guardadas e ainda trouxe o Adam contigo. Sem falar que você meio que detonou metade dela com um terremoto depois.

            Eu rio. É engraçado ver Sam tentar me fazer entender as coisas de uma maneira que eu não me ache um mero peão a ser descartado no jogo que os Anciões tiveram que fazer as pressas para proteger Lorien. Quando eu era mais nova até me ressentia um pouco, mas dessa vez isso não é nada muito grave.

— Está tentando me dar uma cantada Samuel? – eu falando dando um sorriso provocante de brincadeira para ele. – Eu já tenho um namorado que é um Comandante mogadoriano.

            Vejo o rosto de o garoto ficar vermelho. Eu sei que a intenção dele não era essa, mas me divirto brincando com Sam.

            Ouvimos um boletim especial aparecer na televisão. Aparentemente ontem houve um tiroteio no Aeroporto Internacional de Orlando onde foram avistados Henry e John Smith tentando fugir em um avião particular. Eles disseram que tinha uma garota com eles e o piloto não identificado e também tinham um falcão altamente treinado. A polícia estava afirmando que de alguma forma eles conseguiram escapar milagrosamente e perderam o rastro porque o avião voou em baixa altitude até chegar a águas internacionais.

— É parece que eles estão se divertindo bastante... – eu murmuro me levantando do sofá. – Temos que fazer nossas tarefas.

            Sam concorda com a cabeça. Com nossas tarefas eu quero dizer, ele ficar no computador enquanto eu fico de enfermeira do número Cinco trocando o soro dele e os ferimentos. De alguma forma eu me sinto culpada pelo estado do garoto, talvez se eu tivesse ajudado eles contra aquele enorme monstro, a história tivesse sido diferente.

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            Naquela mesma tarde eu estou brincando de fazer as coisas levantarem no meu quarto. Jamais irei admitir, mas era legal ter a Seis para dividi-lo comigo, mesmo ela não sendo a colega de quarto mais sociável do mundo.

            Ouço alguém –Sam é óbvio - bater na porta do meu quarto e começo a baixar as coisas com a telecinese. Deixo a cama cair meio torta e ela faz um baque meio estranho. Provavelmente se não fosse de metal acho que teria quebrado. Abro a porta com a telecinese também só para me exibir.

— O que eu disse sobre não me importunar nos meus horários de privacidade, Samuel. – eu digo de maneira altiva para ele.

            Sam está parado no corredor não entra. Pela sua expressão acho que ele está bastante afoito para me mostrar alguma coisa. Deve ser algo relacionado há atividade que os outros o incumbiram de fazer.

— Dá um tempo nas gracinhas Um. – o garoto dispara nervoso – Eu a encontrei! Finalmente a encontrei, preciso que venha comigo na Base de Vigilância.

            Quem ele encontrou? Então era isso, Adamus queria que Sam encontrasse alguém. Estou magoada com ele agora, poderia ter me dito desde o começo quem ele queria que eu encontrasse, não sou perita em nada dessas coisas tecnológicas, mas eu poderia tentar outros métodos. Quem será essa pessoa?

— Quem é essa pessoa? – eu pergunto tentando ganhar alguma informação antes de segui-lo.

— Não sei Um, ele me disse antes de partir que caso eu a encontrasse eu deveria te chamar. – Sam parece tão confuso quanto eu. – Disse que você seria a única pessoa que essa pessoa iria conversar, depois da conversa que tivemos hoje de manha, acredito que talvez ela seja uma de vocês também.

            Meu coração dispara. Mais um lorieno e Sam conseguiu entrar em contato com ele, não sei se isso é possível, mas é bom eu ir ajuda-lo antes que isso acabe entregando nossa posição. Pode muito bem ser uma armadilha mogadoriana.

            Saio do quarto e sigo Sam até a sala onde Adamus ficava a maior parte do tempo monitorando todas as atividades da Garde para saber se a linha do tempo estava ocorrendo da maneira mais correta possível sem que as alterações estejam a distorcendo na maneira que a gente não queira.

            De algum jeito olhar todas essas televisões ligadas ao mesmo tempo sempre me faz estremecer. É como um mundo inteiro conectado e fico imaginando que se nós podemos fazer isso quer dizer que eles também fazem conosco.

            Procuro ávida por notícias e encontro um boletim de ocorrência em uma das telas sobre um assalto que ocorreu numa loja de conveniência de supermercado na Carolina do Norte. Aparentemente o bandido drogado com uma faca tentou matar um garoto, que dominou e deixou em seguida o agressor desacordado. O garoto não foi encontrado para dar sua versão dos fatos e foi embora logo após o incidente. O bandido foi levado até a delegacia local que três horas depois foi invadida e os policiais e todos que estavam nela mortos.

            Sinto um frio na espinha. Algo me diz que isso deve ter algo relacionado com a nossa equipe que foi resgatar as Chimeras. E o fato que um mogadoriano preso foi justificativa para se matar todos dentro de uma delegacia é sinal que ele já não se  importam tanto assim em ficarem nas sombras. A guerra vai eclodir e precisamos ficar todos juntos depressa.

— Vem cá Um. – Sam me chama para perto dele.

            Ele está com o notebook de Adamus aberto na mesa no centro da sala aberta. Parece que ele estava com um site chamado Alienígenas Anônimos aberta e quando eu vejo que ele está olhando ele abre uma sala do fórum da página privativa.

— O que é cara, você me chamou para participar de uma conferência nerd com seus amigos? – pergunto com raiva.

— Você acha que eu te chamaria aqui se não algo sério? – ele retruca parecendo ofendido. – Da pra parar de agir como se eu fosse um mané, estou tentando ajudar vocês, o rainha do baile.

            As palavras de Sam me ferem. Quando eu era mais nova cheguei a ter algumas experiências escolares que acabaram comigo socando a cara de uma líder de torcida, acho que minha atitude meio babaca com ele está me fazendo tornar-me igual aquela garota.

— Desculpa Sam. – digo sendo sincera e coloco minha mão no ombro dele. – Quem é essa pessoa?

            Sam digita algumas palavras no fórum do chat privado. Vejo que o nick que ele fez é JOLLYROGER182.

— Que foi? – ele me olha sem graça como se soubesse que estou pensando algo sobre o nome de usuário. – O seu mogadoriano mentor disse que era para por esse nome de usuário, eu queria por algo como ChimeraLover, ou BruceKent.

— É... Acho que JOLLYROGER182 foi uma ideia menos idiota. – estou sendo sincera com ele dessa vez.

            Sam volta a digitar algumas palavras. Ele está dizendo que conheceu os mogadorianos em Paradise naquela batalha que aconteceu na escola, que o amigo dele estava sendo caçado por eles. O amigo dele se chamava John Smith, mas que na verdade ele tem uma denominação de Quatro e que foi ajudado por outra pessoa com a denominação de Seis e outra de Dois. Assim conseguiu escapar vivo das mãos dos mogadorianos.

            Eu não acredito que Sam acabou de revelar essas coisas para um completo desconhecido. Se forem os mogadorianos eles podem nos hackear até aqui, estou quase dando um tapa na cabeça do garoto quando vejo uma nova mensagem aparecer na tela.

GUARD: Interessante. Quer dizer que Dois conseguiu sobreviver, achei que ele estivesse morto. Mas não deveria dizer essas coisas em um chat como esse cara. LOL. Vai que os mogadorianos te rastreiam.

— Ele tem razão. – eu digo, colocando a mão na cintura. – Vai acabar nos matando, e seu tiver que salvar alguém. Vou dar preferência ao cara que não está nos delatando para um site.

— O notebook de Adamus não é comum. – ele me explica. – Ele se utilizou de peças mogadorianas e ele emite sinais quando eu posto algo que embaralha o sistema de IP do computador.

            Olho para ele com a sobrancelha franzida. Não entendi merda nenhuma que ele quis dizer.

— Eles não conseguem rastrear o computador, porque o sinal se perde em vários satélites.  – ele fala de maneira mais sucinta.

— A sim... – tento demonstrar que agora consegui entender.

JOLLYROGER182: Relaxa. eu sei me virar. Tenho uma amiga para me proteger LOL. Ela quer falar com vc.

            Fica um longo silêncio sem que a pessoa responda. Se Sam está tentando nos fazer criar um vínculo com esse possível lorieno, não está se saindo muito bem. Qualquer um que tenha visto seu planeta ser devastado e tenha vindo para um lugar onde tenha sido obrigado a se esconder e ser caçado como animal irá precisar de provas para confiar em alguém.

            Pego uma das cadeiras da sala e a puxo até o lado da que Sam está sentado e fico ao seu lado.

— Precisamos mostrar para ela que eu sou de Lorien de alguma maneira... – murmuro pensativa. – Já sei!

            Pego o notebook e o puxo para perto de mim e começo a digitar. Deixo minha mente vagar para todas aquelas lembranças daquele dia e começo a digitar.

JOLLYROGER182: Aqui é a amiga do JOLLYROGER182. Eu estava lá naquele dia no Quarto Crescente com minha família, eu estava bastante feliz. Ainda mais porque seria meu aniversário depois de 10 dias daquela data e planejávamos uma viajem para Deloon onde eu comemoraria num hotel perto da costa. Tínhamos ido até o Parque Eilon para vermos os fogos... Minha avó sempre gostou dessas coisas sobre os Anciões, e o poder de Lorien então tínhamos que ir todo o ano ver essa comemoração e claro... Depois ela preparava um banquete, essa era a melhor hora. Só que não houve banquete nesse dia, quando os Pináculos de Elkin começaram a desabar e a invasão começou.

            Digito o enter para enviar a mensagem começo a chorar. Relembrar todo esse pesadelo. Acho que nenhum dos outros membros da Garde se lembra disso. Todos eram novos demais para se lembrar, mas eu não era.

            Sam coloca a mão em meu ombro para tentar transmitir algum tipo de consolo. Ele deve ter lido tudo que eu digitei.

            Demora uma eternidade para que a gente consiga uma resposta. E acho que isso era uma armadilha, se for um mogadoriano eu estou me sentindo horrível por ter me exposto assim. Nunca contei essas coisas nem para o Adam, quanto mais para essas pessoas, devem estar rindo de mim.

GUARD: Esse dia estará gravado para sempre na minha memória também. Eu não tinha mais ninguém a quem amar em Lorien, descobri pessoas importantes para mim quando entrei na nave do museu e vim para a Terra. Mas os malditos mogadorianos as tiraram de mim. Vamos fazê-los pagar por isso, eu prometo.

            Enxugo meu rosto e sorrio. Essa pessoa é uma de nós, mas preciso de uma confirmação, eu lembro do nome de algumas pessoas que vieram na outra nave.

JOLLYROGER182: Quais eram os nomes das pessoas que vieram na outra nave com você? Um homem e uma menininha Garde? Um grupo meu foi encontra-los, eles irão se juntar a nós para começarmos a guerra. E queremos que você se junte também.

            A demora para que essa pessoa responda está me matando. Qual o problema dela de responder rápido? Será que depois de tudo que eu falei ainda não confia em mim.

GUARD: Crayton e Ella estão bem? Isso é maravilhoso e estão com vocês! Desculpe a demora, depois de todos esses anos eu aprendi a ser cuidadosa. Estava vendo se o computador de vocês pode ser rastreável, mas pelo visto a tecnologia de vocês é superior a desse planeta como a do meu.

JOLLYROGER182: Não é só você que quer se manter ocupada dos pálidos feiosos.

            Agora que notei. Ela é uma mulher também, a nossa loriena misteriosa, quero perguntar o nome dela. Mas começo a ouvir o barulho de gritos dentro vindo da enfermaria, olho para Sam e com um salto da cadeira corro.

            Percorro todo o caminho dos corredores até a enfermaria o mais rápido que eu posso. Cinco só pode estar de sacanagem comigo, ele quer acordar logo agora?

            Quando eu chego até a porta da enfermaria eu encontro o garoto se contorcendo de dor e jogando todas as coisas que estão próximas a ele no chão. Seja usando suas mãos ou usando a telecinese, tenho que usar a minha própria telecinese para não ser atingida pela bolsa de soro no rosto.

— Cinco! – grito tentando chegar até ele.

            Uso meu campo de força para frear as coisas que estão sendo jogadas e não ser atingidas e depois uso a telecinese para fazê-lo ficar preso na cama. Ele está gritando muito e tenho que usar todo minha força com telecinese para fazê-lo ficar firme na cama.

— Me mata! – ele geme e vejo o suor escorrendo por todo o corpo. Ele rasgou toda a roupa que vestimos nele. – Por favor, eu estou sentindo aquele líquido correr meus ossos, me mata...

            Faço mais força com a telecinese a fim de fazê-lo prestar atenção em mim. Não fiquei de fora das missões para no final eu ser a responsável por tirar a vida desse garoto.l

— Cinco se acalme, os outros estão indo buscar a Sete. – lhe informo. – Ela tem o Legado de cura, vai poder te salvar.

— Eu... Não vou aguentar... – ele fala gritando e com dificuldade, cada segundo parece ser um esforço para o garoto.

            Ele está começando a se estremecer de novo. Por causa da dor e se continuar assim não conseguirei contê-lo, não da mais para induzir um coma nele, a dor já deve estar em um nível muito profundo em seu corpo. O líquido mogadoriano que ele deve ter entrado em contado deve estar o corroendo.

            Não sei o que fazer. Que droga, eu quero dar uma pancada nesse garoto e tentar o fazer dormir de novo, não se pedras da cura vão surtir efeito e nem sei se tem alguma por aqui além da minha na minha Herança.

— Cinco, tem que ter um jeito de ganharmos tempo cara! – falo tentando ver se ele me da alguma luz.

            O garoto começa a respirar fundo e tenta parar de gritar. Ainda tenho que usar minha telecinese para que ele evite se contorcer, mas é a nossa única alternativa. Ele olha para a barra de ferro da cama e a segura. Não sei o que o Cinco está pretendendo até que vejo todo o seu corpo começar a se transformar no mesmo metal da barra da cama. O metal fosco que é seu corpo faz as pernas da cama entortarem.

            De repente sinto que ele parou de gritar e não está mais se debatendo. Cinco conseguiu transformar todo o seu corpo em metal sólido.

— Brilhante cara! – eu o parabenizo. – Você nos ganhou tempo.

— Depende... – Cinco murmura distante. – Não sei por quanto tempo irei conseguir ficar nessa forma, estou muito fraco.

            Ele tem razão, do jeito que as coisas vão indo, iremos precisar de uma maneira rápida para fazê-lo chegar até a número Sete.

— Acho que temos sal lórico que os outros juntaram das Arcas. Se racionarmos para lhe dar, você consegue sustentar essa forma por dois dias. – tento lhe dar alguma esperança.

— E depois disso eu morro... – Cinco me olha sem esperança. – Deveria ter me matado.

— Claro... Você não vai morrer Cinco. Eu te prometo isso, vou ligar para os outros e dizer que você acordou.

—Onde... Estamos? – ele pergunta, esqueci completamente que Cinco saiu sem consciência de West Virgínia então não tem a mínima noção do que está rolando.

— É uma longa história. – falo. – Lhe conto aos poucos.

            Ajudo-o a se levantar e o levo até a sala de estar. O garoto está precisando de um pouco de ambiente normal que não seja base mogadoriana e nem uma enfermaria toda escura.

— Quer alguma coisa para comer? – pergunto sem ter ideia do que dar para o cara que fez o estômago virar de ferro, o que eu dou para ele? Uma banana ou um prego?

— Uma água seria bom. – Cinco fala de maneira formal e sem jeito.

            Vou até a cozinha e pego um copo para encher com água. Aproveito e pego um bolinho na dispensa e levo os dois até Cinco.

            Deixo o garoto comer e me lembro de que tenho que falar com a minha amiga loriena misteriosa, mas Sam está saindo da Sala de Vigilância com o notebook de Adamus na mão. Ele parece um pouco animado e quando olha para Cinco seus olhos brilham de um jeito que só um nerd poderia se empolgar ao ver um cara todo de ferro.

— Que irado, o Homem de Ferro tá aqui?

            Cinco olha para Sam sem entender a referência que o garoto acabou de fazer.

— Quem é? É um Garde também. – ele pergunta abrindo o bolinho e o estudando como se aqui fosse uma coisa de outro planeta... Tecnicamente, isso para a gente é de outro planeta.

— Não, é só um nerd de estimação que o Quatro arranjou. – eu falo dando um sorriso sarcástico e Sam entendeu que não é para que Sam entendesse que não quero que brinque sobre a aparência de Cinco.

— Quatro está aqui também? – Cinco parece interessado em saber disso. – Por falar nisso, cadê o Nove, ele não chegou?

— Já disse. Tenho que resolver muitas coisas. – eu me viro para ele e aponto para o notebook. – Respostas depois, é o lema dessa casa.

            Cinco dá de ombros e isso pareceu bastar pare ele. Acho que depois de duas semanas em coma você está mais interessado em comer do que ouvir o que está acontecendo, para mim isso é um alívio. Se eu tivesse dois Sams aqui eu seria obrigada a largar os dois e ir embora.

            Sam coloca o notebook na mesa de jantar e abre e clica em um link que GUARD enviou para ele no chat privado do fórum. O link abre o que parece ser um mapa com GPS embutido de um endereço. O endereço de onde podemos encontra-la.

— Ela disse que podemos acessar no celular também. Caso precisemos ir dirigindo. – Sam me informa.

            Eu parabenizo Sam e pego o notebook. Agora que temos um endereço não podemos perder tempo. Eu o fecho, olho para Cinco e o vejo ficar zapeando nos canais da televisão, por hora irei dar uma colher de chá para o garoto.

— Arrume suas coisas Sam. – eu lhe informo. – Iremos partir em uma hora.

— Para onde? – ele me pergunta espantado. – Não achei que fôssemos sair numa missão, você quer encontrar a GUARD sem os outros?

— Não podemos fazer isso. – eu falo e aponto com a cabeça para Cinco, se não fosse a saúde dele essa seria a melhor opção, mas ele só tem dois dias e depois vai morrer. – Temos que dar um jeito de levar o Cinco até a Sete antes que seja tarde demais.

            Sam anda atrás de mim.

— Como irá fazer isso? – ele me pergunta afoito. –

            Eu ando até meu quarto e procuro desesperadamente entre as minhas coisas até que finalmente acho o que estava procurando. O celular estupidamente gigante via satélite que Adamus me providenciou. Começo a discar para ele. E espero alguns segundo até que ouço o telefone ser atendido.

— Ocupado? – eu pergunto. – Está inteiro e não perdeu nenhum braço.

— Estou fazendo o possível para ficar, sabe que sou difícil de matar. – ele me informa bem humorado, isso é bom. Para esse velho ranzinza estar assim quer dizer que as coisas deram certo.

            Começo a falar tudo que aconteceu. Sobre o despertar de Cinco e sobre a GUARD. Adamus ouve atentamente e percebo que o garoto ter acordado não estava nos planos dele também e quero saber o que iremos fazer.

— Isso é mal. – ele fala. – Não irá dar tempo da equipe que está na Espanha se organizar para retornar e chegar a tempo. Ainda mais com John e Henry com eles, teremos que ir com a segunda equipe de avião para o bunker da França.

            França. Quero gritar de felicidade, adoro ir para lá. Uma pena que eu terei que ser babá de meia dúzia de baderneiros com poderes agora.

— Alguém irá precisar ir encontrar a GUARD. – eu digo. – Ela está aqui nos Estados Unidos.

— Sim, de fato. – Adamus fala pensativo. – Acho que essa missão pode ficar por sua conta, já que foi você que entrou em contato com ela.

            Lá se vai meu sonho de ir para a França.

— Estão todos bem? – pergunto de maneira casual, claro que ele sabe o que quero perguntar.

— Adam está bem Um. – ele me responde e não posso evitar sorrir. – Agora temos que ser rápidos, nos encontre no aeroporto de Richmond na Virgínia amanhã, estamos contra o tempo.

            Concordo com ele. Ainda bem que já mandei os outros começarem a se arrumar. Preciso pegar a minha arca e a de Cinco e depois sairmos do bunker e já tenho uma ideia de qual carro irei pegar. E tenho a ligeira impressão que Sandor irá detestar isso, mas eu não estou nem ai.

            Saio do quarto e vou até a sala para informar Cinco sobre as coisas e encontro ele e Sam parados em frente à televisão boquiabertos com alguma notícia. A princípio acho que é algo relacionado aos outros na Espanha, mas a repórter do noticiário está falando de algum lugar próximo ao Himalaia.

— As pessoas estão dizendo que os homens adeptos ao Partido Oito Nacionalista de Vishnu que alegam seguir a reencarnação do Deus hindu de mesmo nome que retornou e só ganha mais adeptos agora entrou em guerra contra um grupo de terroristas que querem provar que esse tal Vishnu, na verdade é um falso Deus.

            A mulher continua a falar e eu não estou prestando muita atenção até que vemos três naves prateadas sobrevoarem rapidamente o céu dos Himalaias rumo às cordilheiras. O câmera aponta para elas e a mulher olha sem entender nada. Todos começam a gritar coisas sobre Óvnis. E a transmissão é cortada.

            Sam e Cinco me olham. É estranho olhar para um cara todo de metal boquiaberto. Parece uma estátua de museu, mas eles entenderam o que está acontecendo. Está havendo uma guerra na Índia.


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Notas finais do capítulo

Esse é o último capítulo do Renascer dos Nove, irei postar mais um capítulo com as informações do segundo livro no próximo capítulo da fic e então darei está como encerrada :)
Obrigado a todos que me acompanharam até aqui e espero que gostem da continuação.



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