O Renascer dos Nove escrita por Number Nine


Capítulo 3
Contra o Tempo


Notas iniciais do capítulo

Obrigado a recomendação :) isso me motiva muito a continuar a minha história, espero mesmo que estejam gostando



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— Não, nem pensar! – era a quarta vez que Adam berrava isso. – Eu não irei voltar no tempo John.

— Adam, por favor. Você é o único que pode fazer isso, você conheceu todas as localizações e os meios que os mogs conseguiram fazer para nos encontrar. Você é o único que pode fazer isso.

            Estávamos bem longe do acampamento. Queria ter essa conversa a sós com ele para evitar esse tipo de tumultuo desnecessário, ainda bem que fiz isso.

— Mas e de que adianta Quatro? – ele fala no tom sério, que me faz lembrar qual é a raça dele. - Quem te garante que é exatamente isso que acontece? Eu volto e falho mesmo assim? O passado, o destino não é tão fácil assim de ser mudado.

—Adam, a Gwen me explicou que uma viagem de longa data você irá alterar o futuro apenas quando chegar em um determinado ponto chave. Eu não sei qual seria esse ponto, acredito que quando chegar nele, você automaticamente irá retornar ao futuro.

            Adam se ajeita meio desconfortável e se recosta numa árvore. É uma das poucas florestas virgens que restou no planeta. Sinto saudades das Quimeras, nós as perdemos a bastante tempo. – uma dor que eu e Adamus compartilhamos juntos. Eu preciso que ele altere o passado, preciso que ele vá, só ele pode fazer isso. E só há um meio de convencê-lo, é covarde o que farei, mas é a única solução.

— Adamus, é a sua chance de poder salvar a Um. – eu falo de modo calmo, suave e sereno. Sei que se me oferecessem o que estou oferecendo a ele. Dessa maneira, eu iria ficar em choque, por mais que fosse insana a ideia. A Simples chance de tentar salvar Sarah, ou até mesmo Seis, me faria surtar.

            Ele olha pra mim mais pálido que o habitual, seus olhos escuros estão arregalados e as pupilas negras dilatadas com o espanto dessa possibilidade. Acho que ela ainda não havia ainda pensado nisso. A chance de finalmente poder salvar a garota que ele fora apaixonado, mas que na verdade ela vivera apenas na mente dele, pois eles eram muito jovens quando ela morreu. Claro que ele sabe também o que significa, salvar Um quer dizer que ele perderá seus Legados e muito provavelmente isso o fará nosso inimigo.

            Adam e eu ficamos parados nos olhando por vários minutos. Posso ver as engrenagens de sua cabeça trabalhando. Posso vê-lo conjecturando todas as variáveis e planejando tudo, sei o que deve ser feito. Estou exigindo demais dele, me sinto um monstro e não acho justo, Adam já sofreu demais e perdeu muito assim como eu.

— Então... – Ele começa se afastando da árvore e se aproximando de mim. – Quando iremos começar.

            Não posso evitar de sorrir e me emocionar. A coragem desse mogadoriano que se converteu sempre me emocionou, e continuar a me espantar.

— Preciso fazer alguns preparativos, temos que cuidar de algumas coisas para não alterarmos tão drasticamente a linha do tempo de uma maneira que rastrear a Garde se torne impossível.

— Concordo. – ele diz com um tom soturno

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            Estamos reunidos na grande pedra de loralite terminando de organizar os preparativos para realizar a viagem do tempo de Adam quando Ramom aparece meio afoito. Entre nós.

— John, a agente Walker está aqui. – ele avisa.

— Peça para ela esperar um pouco.

            Não quero esperar mais. É agora ou nunca, terminei de fazer de aprontar tudo que Adam precisará levar para a missão dele, talvez esta seja a última missão, e a missão mais demorada. Espero que acabe logo teremos que contar muito com a sorte e que Adamus Sutekh seja realmente um mogadoriano diferente de todos os outros, independente de Um em sua mente, porque iremos precisar do jovem Adam nessa missão.

— Está pronto? – Falo entregando uma sacola de tecido do tamanho de um punho para ele.

— Vocês ganharam arcas, eu ganho uma trouxinha? – ele fala fingindo espanto. – Me sinto descartável.

— Qual é Adam, eu queria mandar fazer uma camisa escrita “Eu voltarei” com a sua cara, mas não iria dar tempo. – Sam fala sorrindo.

— O que? – Adam fala franzindo o cenho.

— Exterminador do Futuro cara... Mogs não tem cultura...

            Adam fica quieto e põe a sacola que eu lhe dei, no bolso do seu sobretudo e fica sentado na pedra caída próxima a loralite gigante. Fazemos um círculo em volta dele.

— Lembre-se Adam. – Eu falo. – Concentre-se nas coisas daquele dia, como era o local, como estava o dia, como eram as pessoas, as sensações, tudo mais que puder lembrar...

— Eu sei como funciona John... – ele fala meio nervoso. – Eu vi como Gwen fez.

            Coloco minhas mãos na cabeça de Adam e respiro bem fundo. Respiro e Inspiro, Respiro e Inspiro. Utilizo toda minha concentração para criar o vórtice do Chronos e conseguir enviar meu amigo para o passado. – É agora que começa, a batalha final.

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—HILDEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!!! – Eu não consigo conter o grito quando vejo minha Cêpan ser atravessada por uma espada mogadoriana.

            Aquilo é demais pra mim. Não aguento mais tudo aquilo, o que eu fiz para eles? Para os malditos mogadorianos? Para os Anciões? Se eu tinha que morrer, por que não morri em Lorien de uma vez, ter que ser caçada como animal aqui, não aguento mais essa tortura. Sinto a raiva crescer, sinto raiva de todos eles, quero poder para esmagar esses bastardos que mataram minha Cêpan. Quero vinga-la!

            O chão começa a tremer, não sei como. Os mogs parecem espantados. Um Legado! Agora que ele surge, timer horrível. Direciono o Legado para eles e faço destruir a cabana e todos os quatro mogadorianos irem pelos ares com o terremoto que criei. Estou espantada com meu poder espantada e eu eufórica.

            Por um momento me viro para Hilde para lhe mostrar o que acabei de fazer mas vejo seu corpo inerte na minha frente e sinto um calafrio ao olhá-la. Ainda não acabou... Olho para frente e vejo mais 15 mogadorianos fortemente armados prontos para avanças e mais longe há mais três, parece que ele está com dois garotos da minha idade?

            Vejo dois mogadorianos se recuperando do espanto pelo que fiz pela cabana e avançando contra mim brandindo suas espadas cintilantes. Elas são diferentes de tudo que já vi, parece estar clamando pelo meu sangue. Ganhando vida a cada passo que eles dão para próximo de mim, mas eu não vou permitir isso.

            Invoco a raiva que senti na hora que mataram Hilde e piso no chão criando outro tremor e fazendo o chão abrir bem no meio deles dois. Com um berro ouço um deles cair no buraco, o outro perdeu sua espada, mas consegue se apoiar segurar com uma das mãos e com a outra ele saca o que parece um canhão e mira em mim.

            Consigo criar outro tremor leve para jogá-lo de vez no buraco, mas não antes que ele conseguisse efetuar um disparo desesperado acertando de raspão no meu braço. Solto um gemido de dor, não queria fazer isso. Eu de algum modo sabia que a relutância deles de me atacar era por causa do feitiço. Meu desespero aumenta quando ouço os mogadorianos gritarem de alegria quando ouvem meu grito.

            Tento controlar meu medo, eu não vou morrer aqui. Eu não posso, não agora que tenho meu Legado, eu tenho que proteger os outros, tenho que honrar Hilde ela deu sua vida por mim, porque fui imprudente. Eu vou sobreviver.

            Vejo dessa vez todos os soldados mogadorianos correrem na minha direção. Respiro fundo e me concentro, irei usar todo meu poder de uma vez só, mas algo acontece.

            De repente, um uma luz começa a surgir no meio do campo de batalha. Ela e muito forte e meio pulsante. Como se fosse uma estrela viva, eu não conseguia tirar os olhos dela, será que é outro de nós? Impossível, os outros são muito novos e nos disseram para ficar longe. A luz finalmente acaba.

            O homem que está parado na minha frente tem cabelo preto, um pouco comprido. Usa um sobretudo preto, não como o dos mogadorianos, mas possui uma espada preta que nem a deles. O que me faltava, um mogadoriano com delírio de estrela do rock, mas tem algo errado.

            Ele não está virado para me enfrentar, ele quer enfrentar eles? O mogadoriano desembainha sua espada e até os mogs ficam espantados com tal atitude. Vejo o mogadoriano que está mais distante se inclinar para falar algo para as crianças.

— Você está bem, Um? – ele me pergunta.

            Tomo um susto. O tom da voz dele, é frio, mas tem um toque de emoção. Como se já tivéssemos compartilhado uma história.

— Olha só, o dia está bem louco hoje. – Eu digo sendo sincera. – Mas estou, o melhor possível que a situação me permite.

            Ele me olha e sorri.

— Ótimo então.

            Com isso ele corre para cima dos mogadorianos que pela segunda vez ficam espantados demais para saber o que fazer. Vejo o mog do “bem” cortar os outros os transformando em cinzas como uma rapidez impressionante e resolvo ajuda-lo. Tento usar meu Legado nos adversários mais distantes dele de leve para desequilibrá-los e dificultar que mirassem nele, mas não dá certo. Percebo o mog que está me ajudando cambalear junto. Por um breve momento.

— O que está fazendo? – ele grunhe pra mim.

— Desculpe... – Eu digo sem graça. – Ainda não aprendi a controlar.

            Ele decepa a cabeça de um mogadoriano e joga para mim o canhão dele.

— Mira e atira. – fala para mim fazendo uma imitação esdrúxula de como fazer o movimento.

            Tento fazer isso e consigo abater um mog que estava se aproximando dele enquanto gesticulava para mim. Percebo que o mogadoriano que estava com os dois menores está vindo na nossa direção e pela sua expressão ele não está muito feliz. Vejo os três mogadorianos que sobraram abrirem caminho para ele. Estamos chegando no fim, tenho a impressão que os mog não imaginavam que as coisas chegariam a esse ponto.

— Um, vê aqueles garotos mogadorianos lá longe? – ele grita para mim.

— Sim,

— Preciso que capture o magro, não o mate, eu preciso dele, é muito importante. Tome cuidado o outro garoto embora novo é muito perigoso.

            Eu olho melhor para o tamanho do mogadoriano que chegou. O cara deve ter uns 2 metros e é completamente diferente dos outros que nós estávamos enfrentando, tirando o tamanho ele parece muito mais humano que os que possuíam aquela coisa de dentes pontiagudos pele tão branca que parecia cera, mas este certamente emitia uma aura mortal, parece muito mais com meu amigo mog do bem.

— Tem certeza? – pergunto meio nervosa ao ver aquele cara chegando.

— É... – ele diz meio incerto. – Eu já o derrotei uma vez, consigo fazer de novo.

            Saio de perto do rio e ouço o mog líder gritar algo na língua deles, com certeza algo como “idiotas, vão pegá-la”. De repente sinto outro tremo, mas é impossível eu não usei meu Legado. Olho para traz e vejo mais coisas surpreendentes.

            Aparentemente o mog que é meu aliado também consegue fazer a tremores. Os mogs o atacavam cambaleando com suas adagas, mas foram derrubados facilmente com um golpe de espada certeiro de cada vez até que sobrou apenas o grandão. É, acho que ele dá conta.

            Quando chego no lugar dos mogadorianos mais novos um deles sumiu. Só está o mais novo para minha sorte, é o magrelo. Ele me olha assustado, eu esperava mais das crianças mogadorianas, há julgar pelos soldados e por aquele líder gigante eu imaginava que as crianças brincavam sei lá de MMA até a morte ou jogavam futebol americano contra caras da faculdade. Esse aí tem cara de quem deve ser trancado no armário da escola por um humano. Mesmo assim tem algo familiar nele.

            Ele puxa uma adaga que eu vi algum dos mogadorianos usarem, mas eu rapidamente tiro da mão dele usando minha telecinese e a trago até minha mão.

— Hey, mog-boy. Escuta...

            Antes que consiga falar sou agarrada e arremessada no chão pelo outro garoto mogadoriano. Sinto minha cabeça bater com força na grama e um gosto de sangue subir na boca. “Ótimo Um, você derrotou um exército mogadoriano e foi derrotada por um garoto mog”. Consigo ver o garoto montar em cima de mim e preparar para começar a me socar, tento concentrar a minha telecinese para jogá-lo para cima, mas a dor na minha cabeça é muito forte. “Droga eu vou morrer! ”. Noto então que eu estou com adaga ainda na minha mão e a enfio no mogadoriano.

                Ele urra de dor e cai para o meu lado. Dessa vez é a minha vez de montar nele, eu não irei tortura-lo, por Hilde, por Lorien. Apena um golpe, cravo a adaga na garganta do garoto mogadoriano e ele começa a cuspir sangue e entrar em choque, depois morre. Para minha surpresa o corpo desse garoto não desaparece como o dos outros.

                Me volto para o outro garoto, ele me olha com medo. Está encolhido apavorado certo da morte. Eu sei o que ele sente. Jogo a adaga longe.

— Não irei lhe matar. – Digo me aproximando dele e estendendo a minha mão. – Qual o seu nome?

                Acho que isso o deixou mais confuso do que se eu simplesmente o tivesse deixado levantado pendurado pelo com minha telecinese e brincasse de arremessar mogadorianos a distância.

— Adamus... – ele finalmente fala.

                Me sinto um pouco tonta. – O ferimento por causa do outro garoto, eu preciso descansar um pouco, mas ainda tem o outro garoto. Quando lembro disso sinto outro tremor, o maior de todos que já senti hoje. Me faz cair no chão em cima de Adam, nesse momento sinto medo, se ele quiser pode me matar facilmente. Ao invés disso ele fica me olhando e me estudando de maneira perplexa.

                Onde o outro mogadoriano e o líder dos mogs que querem me pegar estão lutando desferem golpes com suas espadas de maneira incrível. O mog inimigo é mais forte e maior, só que o outro possuí o Legado de fazer tremores o que faz o peso do inimigo ser um empecilho.

                As espadas continuam se chocando como se pedissem para lutar. Uma hora o meu salvador quase acerta uma estocada no peito do grandalhão, mas ele é rápido e consegue desviar como se fosse um gato do golpe e logo em seguida está rebatendo o ataque contra ele. Outro tremor começa a ocorrer e joga o mog inimigo para traz alguns centímetros e com um grito o meu aliado desenha um arco no ar com a espada arranca o braço do inimigo.

                O mogadoriano grita. O sangue que sai dele é diferente do sangue do garoto, é negro quase como se fosse algo maligno, posso perceber Adam olhando a batalha também.

— Pai! – ele murmura.

                Sinto a bile subir, aquele mog do mal é pai dele? Por Lorien o que eu estou fazendo? Esse garoto vai me matar de qualquer maneira, se ganharmos a batalha eu morro e se perdermos eu morro, não tenho mais condições de lutar.

                Por mais que me envergonhe disso, me afasto lentamente do garoto mogadoriano até achar uma pedra e a seguro com minha mão. Se ele avançar contra mim terei que acertá-lo com ela, não terei escolha.

                O mogadoriano se recupera da mão perdida e avança como um toura contra o meu aliado, essa rola para o lado e invoca outro tremor fazendo o mogadoriano cair no chão. É isso... O líder está sem mão, perdeu o seu exército e está sendo humilhado pelo inimigo. Percebo ele gritar alguma coisa, não consigo ouvir, deve ser algum insulto e corre para cima do mog que está do meu lado.

                Mesmo usando apenas uma mão para usar a espada o golpe parece ser muito forte, suficiente para fazer o outro ter que usar as duas mãos para defender a investida. Mais um tremor, o mog se desequilibra a espada cai da mão dele e de repente surge um brilho metálico que atravessou o pescoço dele e em seguida separa ela do corpo. Parece que as coisas acontecem em câmera lenta...

                Começo a cuspir sangue, “merda”. Por um momento achei que Adamus tinha me atacado e eu não tinha percebido, mas ele está de joelhos em estado de choque olhando para o corpo do pai decapitado. Começo a ficar zonza e caio, de repente tudo começa a escurecer...


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Notas finais do capítulo

Será que o destino é mesmo inevitável?
Um tem mesmo que morrer?
O que o jovem Adam fará agora?



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