O Renascer dos Nove escrita por Number Nine


Capítulo 1
Capítulo 1




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O Mundo explodia diante meus olhos.

                Estamos nessa guerra por muitos anos. Já perdi muitos amigos, pessoas que amo, pessoa muito boas e inocentes que não mereciam morrer, muito menos do jeito terrível que pereceram. Olho para meu tornozelo direito, sete cicatrizes, sempre olho para elas, para que me lembre. Mesmo que ganhe essa maldita guerra, eu falhei, nós falhamos, Lorien não irá retornar. Eu sou o número Quatro, um dos últimos da minha espécie.

                Todas aquelas batalhas, éramos jovens e tínhamos perdido nossos Cepans. Acreditávamos que mesmo as coisas indo de uma maneira tão rápida era sinal que iriam se encaminhar para um confronto final rápido. Como estávamos errados.

                Após o confronto contra Setrákus Rá no templo lorieno, ele ficou gravemente ferido por Seis e demorou meses para se recuperar. Com isso, tivemos tempo para treinar a Garde humana e tentar frear o avanço das naves mogadorianas nas cidades da Terra. Era uma tarefa quase impossível, fora muito difícil reunir nove pessoas e nem todas sobreviveram, imagine centenas numa invasão alienígena de escala global? Perdemos muitos possíveis recrutas antes mesmo que eles pudessem ter a chance de serem treinados.

                Tentei ajudar um grupo de três crianças na Colômbia enquanto estava acontecendo uma invasão na cidade de Bogotá, Bernie Kosar estava comigo. Conseguimos chegar na hora em que eles haviam sido cercados por vinte soldados mogadorianos e 2 pikens, a batalha foi intensa e sangrenta. Eu ainda estava tentando extrair todo o poder do meu Legado Ximica, testando os limites dele, queria ver se conseguia dominar o teletransporte, mas infelizmente, acho que Oito esteve pouco tempo presente perto de mim para assimilar completamente como ele fazia aquilo. Enquanto eu tentava usar o Legado, um dos pikens avançou e com um bote engoliu uma das crianças que eu estava tentando proteger. Foi tudo muito rápido, outra das crianças sofreu um tiro no rosto e a terceira se enfureceu e começou a correr e derrubar todos os mogadorianos envolta de um furacão particular.

                E para piorar, fiquei anos sem falar com Seis. Desde Sarah, pobre Seis, eu a culpava. Seis morreu achando que eu a odiava. Foi na batalha para defender Miami. Abatemos duas naves de batalha mogadoriana, a maior vitória da Terra sob os mogadorianos, mas no final da batalha quando eu estava comemorando com Sam e Nove, senti uma dor no tornozelo, foi a maior dor que senti na minha vida. Eu gritava e chorava de dor, cogitei a possibilidade de amputa-lo para que parasse de doer. Quando finalmente recobrei a consciência, estava sendo carregado por um dos meus aliados e Nove estava sendo por outro. Quando chegamos na praia, lá estava ela.

                Seu cabelo tinha voltado a ser escuro. Ela estava estirada na areia, por mais que fosse ironia, o pôr do Sol estava lindo naquele dia, a areia estava com um aspecto dourado, exceto onde Seis estava, onde ela estava a areia tinha uma coloração rubra, uma cor única. Ao seu lado estava Marina aos prantos.

— John! Eu juro que tentei, quando cheguei já era tarde demais! – ela falava soluçando.

                Eu não conseguia falar nada. Vi Sam correr e ficar ao lado de Marina gritando para Seis acordar, chorando sem parar em completo desespero, vi Nove derrubar um coqueiro com apenas um soco gritando de raiva, os outros aliados com expressões tristes e de medo. Eu não consegui dizer nada. Só lembrei de Seis me implorando desculpas

— John, eu queria acabar a guerra, ela foi tentar me ajudar.

— Ela foi tentar te ajudar! – eu praticamente berrava com ela dentro da nave com o corpo de Sarah nos meus braços. – Quem aqui é um alien com poderes e quem era um humano normal, era pra você protege-la.

                Seis chorava e não falava nada. Os outros ficaram calados só observando. Seis, naquele dia eu perdi as duas mulheres que amei, mas só notei que ainda a amava quando a vi morta na areia. Depois soube que ela abateu naquele dia mil mogadorianos e uma das naves que destruímos na verdade foi abatida sozinha por uma tempestade com direito a um ciclone e tudo criada por Seis a Nave foi completamente tragada e destruída, mas isso depois a enfraqueceu de tal maneira que um mogadoriano a esfaqueou por traz no coração, ninguém soube quem foi. E foi assim, a saga de Seis, a mais poderosa de nós morreu, algum tempo depois chorei muito por ela, eu queria ter abraçado seu corpo ao meu, ter amaldiçoado cada mogadoriano vivo. Ter voltado para o campo de batalha e destroçado cada um dos sobreviventes que estivesse ali, mas a única coisa que fiz foi olhar seu corpo. Eu queria ter tido coragem para dizer a Seis mesmo que fosse para seu corpo que tinha vontade ter a beijado naquele dia em frente a cabana.

                Uso meu Legado de Telecinese para mandar a mensagem a todos os remanescentes da Garde para me encontrarem no Stonehenge. Lá será a batalha final, o último local onde tem uma pedra de loralite gigante que não foi abduzida ou destruída pelos mogadorianos.  Sobraram poucos de nós. A Terra que está sendo no final a principal derrotada. O mogadorianos achando que nossas principais bases eram no hemisfério Sul jogaram uma bomba de gás negro similar ao utilizado por aquele chicote de Setrakus Rá. E transformou aquela área do planeta inteiro num deserto de pedra negro. Nós acreditamos que só usando o poder de Legado, a Entidade de Lorien, poderemos despertar aquela parte destruída do planeta, mas para isso precisamos usar uma das pedras de loralite, pois tem alguns anos que a Entidade parou de se comunicar conosco, acredito que ela adormeceu, devido a agressividade do confronto no planeta.

                Chego a pensar que é irônico os soldados mogadorianos não terem ainda destruído este lugar. Setrákus Rá talvez queira deixar a última pedra de loralite escondida que está no local mais espalhafatoso por último, como sinal de egocentrismo próprio dele. Eu não me espantaria com isso. O monumento está intacto, claro que sei que não é puramente verdade, alguns anos atrás, Marina havia me contado que ela e Oito haviam levantando aquelas pedras numa tentativa desesperada de achar a pedra gigante de loralite escondida ali, também me contaram que ali antigamente era um cemitério dos antigos lorienos quando visitávamos a Terra ainda em desenvolvimento. Queria poder ter tido a chance de enterrar meus amigos aqui.

                Logo quando chego noto que não sou o primeiro. Noto alguns carros e motos parados próximos ao monumento. Noto que todos estão pelo centro do Stonehenge e aterrisso com meu Legado de voo bem no meio dele para que todos vejam que eu cheguei.

                Não são muito presentes, mas fico feliz em ver que meus principais companheiros ainda vivos já chegaram, Sam está parado de braços cruzados encostado numa pedra que se fosse para chutar eu diria que teria umas 7 toneladas, está usando uma jaqueta marrom e ele está com uma barba por fazer com a mesma cor de seu cabelo loiro. Sentado numa pedra próximo dele está Adam, o mogadoriano que veio para o lado lórico, ele está com a cor pálida da sua raça habitual e usa um sobretudo preto. – no meu ponto de vista isso não deve ter sido visto com bons olhos para o resto do pessoal. Seu cabelo escuro continua um pouco grande, e ele tem olheira que parece que não dormiu por bastante tempo, nas suas costas está a espada mogadoriana que pertencia ao seu pai o General Andrakku Sutekh.

                Por mais estranho que seja ver essas duas pessoas completamente diferentes me alegra um pouco. Me lembra da época em que as coisas pareciam mais fáceis, parecia que eu tinha esperança.

— John! – Sam fala abrindo um sorriso ao me ver.

                Adam sorri e apenas se levanta.

— Quantos chegaram até agora? – pergunto.

— Temos 15 pessoas até agora, com você 16. – Adam se manifesta. – Tem certeza que quer fazer a batalha final aqui?

— Sim. Tive umas visões que me mostraram que de algum modo aqui é onde nossos Legados estarão mais fortes, sem falar que Setrakus Rá irá querer aproveitar a chance de derrubar dois coelhos uma cajadada só.

— Isso para mim não parece muito bom então. – Sam se manifesta. – Quer dizer que ele virá com tudo que tem contra nós.

                Concordo com a cabeça. É uma ideia arriscada, muito louca, mas é a melhor que temos. Essa guerra tem que acabar, eu sou o único que pode derrota-lo, meus Legados já estão desenvolvidos, eu irei conseguir vencer essa maldita guerra de uma vez por todas.

                Olho um pouco para a paisagem, me dá tristeza. O Stonehenge e o ao redor dele nada parece ter sido afetado pela guerra, a rua próxima ao monumento está intacta, embora não passem mais carros. Ainda consigo sentir uma brisa fresca e tranquila, o céu tem um aspecto azul e tranquilo, Por um momento acho que se fechar os olhos eu irei esquecer estamos nesse inferno de guerra e mortes.

                Ouço o barulho de mais carros chegando e vou ver quem são as pessoas novas.

                Os Gardes Humanos são todos jovens, a maioria está com mais de 16 anos. Boa parte deles já desenvolveu mais de um Legado além da telecinese e hoje isso será exigido muito mais deles. Mandarei que alguns deles os que possuam Legados de velocidade e voo contatem as forças armadas das Nações Unidas, iremos precisar de cada humano, cada arma, cada coisa que consiga fazer algum tipo de dano nos mogadorianos para vencer.

                O carro que chegou é um SUV vermelho de quatro portas, dele saem duas mulheres. Eu as conheço muito bem, são sobreviventes assim como eu, são tudo que sobraram de Lorien. Ella e Marina. Eu as encaro por alguns segundos até que finalmente sorrimos um para o outro e as duas vem me abraçar.

— John. – Marina sussurra no meu ouvido. – Essa é a batalha final, por favor, não suporto mais saber que esses cretinos estão entre nós.

— Será, Marina, confie em mim. – respondo com convicção.

                Depois olho para Ella. A menina é uma Aeternus, mas está com sua idade verdadeira, que seria agora 18 anos, ou seja, já se passaram 6 anos desde que essa guerra começou. Agora eu noto que devo ter uns 22 anos, nem sequer sabia mais minha idade por causa dessa guerra.

— John, por favor, deixe-me ir para a batalha contra meu avô com você, sabe que temos o mesmo Legado que pode inutilizar os dele. – Ella fala com determinação de pedra para mim.

                Isso me assusta, não consigo olhar para ela sem me lembrar da menininha que mudava de idade para uma garotinha de 6 anos quando estava tímida. Agora se tornou uma mulher endurecida e determinada, mas além de mim que aprendi o Legado de Dreynen graças a Ella, ninguém mais o possui.

— Ella, você ficará na retaguarda, caso eu falhe. Será responsável por pegar o maldito desprevenido e tirar o poder dele. – eu falo.

                Sinto um sorriso travesso surgir no rosto da menina. Isso me faz lembrar da Ella que conheci na cobertura do Nove.

                No final do dia já havíamos reunido cerca de 40 Gardes remanescentes e eu duvidava um pouco que esse número fosse aumentar, infelizmente. Alguns eu já conhecia de longa data, desde aquela reunião organizada por Legado para conhecermos toda a nova Garde Humana e outros foi porque eu mesmo os encontrei e ajudei a treinar seus poderes um pouco.

                Um grupo de seis pessoas conversava animado, eu conhecia um deles, o olho faltando de um tiro após ver a irmã ser comida por um piken. Ramon o nome dele, ao lado o irmão mais velho que consegue criar tornados ao redor de si mesmo Pablo, riem com outros que não conheço bem. Sinto meu corpo pesar de cansaço e decido ir para uma das barracas que montamos para descansar.

                Estou dormindo tentando há alguns minutos. Mas não consigo eu os vejo, todos eles. Todos que eu amei e que morreram, começa por Henry em Paradise, depois Sarah, Seis, BK, Nove até mesmo Cinco, todos meus amigos que morreram nessa guerra eu os vejo. Não consigo mais dormir então apenas fico de olhos fechados até ouvir alguém entrar dentro da barraca também, não me importo quem seja, mas a ouço falar.

— Está cansado de não dormir? – ouço o sussurro de Marina. – Eu também não consigo mais dormir, vejo Oito, Hector, Seis, Nove, Adelina, são tantos John, tantas pessoas, eu não sei mais como dormir se essa guerra não acabar.

                Ela começa a chorar e soluçar a na minha frente e então ajo por instinto, eu abraço e a puxo para mim. Marina é alta e magra, estamos bastante próximos, posso sentir o hálito de menta dela, mas eu não faço nada. Só a abraço forte ela para de chorar em algum momento. E ficamos assim, acho que eu durmo. Eu e Marina somos os últimos de toda a galáxia que dividem uma história de um planeta que morreu, somos sobrevivente. Claro que ainda há Ella, mas a menina era recém nascida no dia da invasão, não se lembra de nada.

                Eu acordo com um gritinho assustado de fora da barraca. É Ella, a menina está vermelha olhando para mim e Marina, posso jurar que ela ficou uns três anos mais nova. Eu posso jurar que fiquei vermelho também. A situação só fica mais constrangedora quando Marina dá um gritinho também puxando um cobertor pra ela. Sério? Você tá de roupa? Nem quero saber com o que ela tava sonhando.

— D-Desculpa. – Ela gagueja sem jeito.

— Tudo bem, nós não conseguíamos dormir por causa de pesadelos. – digo pigarreando recuperando a compostura. – Mas me diga Ella, o que houve.

— Uma menina. – ela diz ainda agitada. – Gwen o nome dela, ela é de Gales.

— Ela, de onde a menina é não é importante. – eu digo incisivo. – O que aconteceu com ela?

                Ella só gesticulou para que eu a seguisse e assim fiz me levantando rapidamente da barraca com Marina logo atrás de mim. Pude notar o risinho de duas meninas com uns 16 anos quando nós dois saímos da barra. – sérião? Guerra alienígena e risinho adolescente? Seguimos Ella até uma das cabanas mais próximas do Stonehenge.

                Quando eu chego parecia que a menina já sabia que estava para acontecer por que ela no mesmo momento saiu de dentro da barraca. Com uma expressão muito atormentada e chorosa, será que ela tem o Legado de ver o futuro? Ella também o tem, eu acredito que se fosse algo grave a própria teria visto.

— Você é a Gwen? – eu pergunto.

                A garota assente assustada. Eu não lembro dela, a garota é relativamente nova, provavelmente acabou de descobrir um Legado assustador. Ella põe a mão em seu ombro a encorajando a falar.

— Vamos, me conte aquilo que me falou.

— Senhor Smith... – ela parece procurar as palavras de modo estranho. – não sei como falar isso, mas eu vi o senhor morrer, todos aqui morrerem, foi horrível, um massacre.

                Tento não deixar o medo transparecer, foi apenas uma visão.

— Você teve uma visão Gwen... – tento falar, mas ela me corta.

— Não! – a menina berra. – não foi uma visão eu estava começando a desenvolver esse Legado, nunca havia tentado voltar tanto tempo assim, daqui há cinco dias. A batalha final irá acontecer. Setrakus irá liberar o canhão Apófis da Anúbis e irá destruir tudo aqui, só quem estiver perto da pedra de loralite com o Legado de escudo vai sobreviver você salvou a maioria de nós, mas as forças armadas, elas foram dizimadas, depois o massacre começou foram muitos...

                Fico chocado, mas para mim. Minha mente parou na primeira informação.

— Você pode voltar no tempo? – pergunto segurando a menina com o máximo de calma possível.

                Noto Gwen estremecer um pouco assustada ao olhar pra mim. Isso é incrível o Legado mais raro depois do Ximica, Chronos.

— S-Sim. – Eu posso.

— Gwen, eu preciso aprender como esse Legado funciona. – eu falo sem esconder o entusiasmo.

                Olho para Marina e ela entendeu minha ideia. Já sei o que fazer, essa guerra, vai ser travada em dois frontes, Setrakus terá que tentar nos vencer em presente e passado. Nós podemos vencer agora, podemos ter uma chance de reerguer Lorien.


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Notas finais do capítulo

Bom é isso, eu curti muito ter escrito esse primeiro capítulo, me desculpem se houver muitos erros eu não possuo beta, então se virem muitos erros de português, e quiserem me sinalizar podem mandar mensagem interna se quiserem e eu corrigirei, obrigado galerinha.
O que ocorrerá agora com esse Legado de alterar o tempo?
Quem será que irá voltar no tempo?
Quem John irá tentar salvar para reverter a situação catastrófica da guerra?



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