Avatar: A lenda de Mira - Livro 3 - Terra escrita por Sah


Capítulo 2
Apreço




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Mira

Já faz três meses que todos os meus problemas, aparentemente, foram resolvidos.

Estou vivendo com o meu pai e meus irmãos na casa cedida pelo governo, por que eu ainda sou considerada uma dobradora comum. Tenho que ir para a escola, mas ninguém me obriga, por isso e não apareço lá  desde o meu coma, apesar do ano quase estar acabando, eu ainda estou matriculada.

Ás vezes Meelo vem me visitar. Ele e a enorme família dele agora vivem no centro de Republic City, Suni quase vive na minha casa, e sem quaisquer notícias do Riku.

— Mira! – Ela me cumprimenta quando atendo a porta. Eu retribuo o cumprimento com um leve aceno.

— Você não vai para a escola de novo? – ela suspira – Como eu queria ter a sua vida. Ligaram ontem na minha casa. Disseram que eu não apareço lá há uma semana. Dá para acreditar?

— Na verdade dá.

Ela faz biquinho.

— Você bem que podia ir hoje né? Pelo menos para ver como as coisas estão.

Meu interesse por tudo havia sido reduzido a nada, desde que eu despertei Haru, o avatar anterior, as pessoas me descartaram como um papel usado. Eu não ligo para o que as pessoas  acham, mas ele conseguiu resolver tudo o que aflingia nosso mundo.

Ele era um bom diplomata, ele não se alterou quando soube o que haviam feito com ele, e nem pela traição de Unac.

Aliás, Unac, a pessoa mais louca que eu já havia tido o desprazer de conhecer. Ele convenceu Haru a ir como ele para congelá-lo. Para ver se conseguia repetir o que houve com o Avatar Aang, e assim usar Haru quando ele precisa-se, mas tudo indica que isso não deu tão certo, por que eu nasci.

A guerra com a união do fogo perdeu forças, com a volta de Haru, nova Ba sing se não tinha motivos para continuar contra Republic City.  Haru ainda conseguiu Laogai como aliado. E todos sabem ninguém tem chances contra Laogai.  Pronto, problema número um resolvido.

A UCG foi dissolvida. Zun foi preso, mesmo ele dizendo o contrário, a principal causa da organização era apoiada em Haru.  Meu pai foi praticamente perdoado. Ele terá que  passar por um tipo de tratamento psicológico. Disseram que a UCG fez um lavagem cerebral em quase todos os seus membros.   Problema número dois resolvido.

Eu sou o problema três, o qual Haru não conseguiu resolver. Depois que saímos do grande deserto, eu só havia o visto uma vez, quando ele trouxe o meu pai pela porta da frente. Com um sorriso prepotente que só eu enxergava.

— Ele será perdoado. Eu consegui um acordo. Agora você poder ter uma vida normal, como um simples dobradora. – Ele havia dito tão calmamente que eu quase o expulsei voando. Mas eu havia me segurado.

— Obrigada. – Eu disse sem vontade.

— É o mínimo que eu poderia fazer você me achou e me despertou.

—Eu fiz isso, não é?

— Fez, e eu sempre serei muito grato.

Por algum motivo, eu não acreditei nas palavras dele. Diferente de outras pessoas, eu sentia alguma coisa errada em tudo o que vinha dele . Tudo parecia real, mas ao mesmo tempo muito falso. Como se tivesse alguma coisa errada por ele simplesmente respirar.  E tinha, ele  não deveria existir.  Acho que ele se sentia do mesmo jeito em relação a mim.

O conselho foi desfeito, outras pessoas foram eleitas e o chefe do conselho era Haru.  E assim  que as coisas estavam indo.

Referente a mim, ninguém disse nada, e eu também não  fiz questão.  Eu apenas era uma aberração que podia dobrar dois elementos. Todos tinham a consciência de que não poderia ter dois avatares, e eles tinham razão. Só existe um Avatar por ciclo e sendo assim um de nós dois é uma fraude.  Diferente do que houve com o suposto Avatar da União do Fogo, isso seria muito difícil de provar, por isso foi mais fácil ignorar a minha existência.

Eu acabei cedendo à insistência de Suni.

Subi rápido para o meu quarto.  Coloquei roupas limpas e estava penteando o meu cabelo quando ele apareceu na porta.

— Mira, não precisa ir se não quiser. – Ele disse baixo. Como se fosse uma pessoa totalmente diferente.  E ele era. O meu pai de antes não existia mais. Todos os seus objetivos se dissolveram com a UCG, parecia que ele tinha perdido a razão de viver. Seu cabelo estava comprido e bem bagunçado, a barba por fazer a várias semanas e os olhos antes brilhantes estavam opacos.  O tratamento do governo só piorava seu estado, cada vez mais.

— Eu vou. Alguém tem que fazer alguma coisa de útil, tenho que fazer o meu papel, se não seremos despejados. – Falei duramente.

O olhar dele não se alterou. Apenas franziu o cenho, ele tentava entender o que eu faria.

Terminei e prendi o meu cabelo bem alto. Coloquei roupas escuras.  E desci. Suni me esperava enquanto brincava com os meus irmãos.

Eles sorriam enquanto corriam em volta dela.  Nem pareciam que sentiam falta da mãe. Wana, às vezes aparecia por aqui, para ver as crianças.  Mesmo pedindo perdão inúmeras vezes, por várias coisas diferentes. Meu pai não a considerou nenhuma vez.

— Vamos acabar logo com isso.

O dia estava ensolarado. Andamos um pouco e suor estava escorrendo pela minha testa.  Estava bem quente, e minha roupas só pioravam a situação.

A escola não ficava tão distante, mas chegamos lá exaustas.

Já estava na hora da aula dos outros alunos. Passei por eles tentando me disfarçar, porém alguém apontou para mim e disse o meu nome em alto e bom som. Acabei atraindo toda a atenção. Muitas daquelas pessoas me olharam torto, outras eu senti uma pontada de admiração.

Eles abriram caminho para mim e Suni.

Senti um puxão na minha blusa. Olhei para trás em seguida.

A garota de cabelos claros me olhava com alguma antecipação. Demorei um pouco para reconhecê-la. Ela também estava diferente. Seu cabelo estava curto, e seu olhar um pouco afiado.

— Hina? – Perguntei baixo.

Ela confirmou com a cabeça.

Eu senti vontade de abraça-la, de contar para ela tudo o que estava acontecendo, mas as coisas haviam mudado. Eu não tinha a procurado antes, e acho que ela ressentia por isso.  

— Pode ir na frente. – Eu falei para Suni.

— Não me abandone! – Ela disse continuando o caminho.

Assim , eu chamei Hina para conversar em um corredor vazio.

— A quanto tempo. – Ela me disse seriamente.

— Sim, bastante. – Eu apenas confirmei.

Isso era estranho. O clima estava tenso. Era como se eu devesse alguma coisa para ela.

— Bem. Isso é constrangedor. – Hina quebrou o silêncio.

Eu suspirei.

— Sim, é.

— Eu só queria te dizer uma coisa. Antes de tudo se tornar público. – ela parecia um pouco inquieta.

— Estou ouvindo.

— Eu agora estou trabalhando com o meu irmão.

Sina, o irmão de Hina. Um rapaz um pouco estranho, muito frio para falar a verdade. Ele trabalha com o governo e é responsável por mim e Riku.

— Trabalhando?

— Sim, eu passei na prova. 

Em Republic City existiam duas formas de trabalhar para o governo. A primeira é sendo um dobrador a segunda e passando na prova. A grande prova, a esperança para todos os pobres. É uma chance de mudar de vida, mas é só na teoria, a verdade dura, é que só quem teve estudo de qualidade e bons contatos teria alguma chance disso.

— Parabéns!

— Sina era mais novo que eu quando conseguiu, mas mesmo assim meu pai ficou orgulhoso.

— Era isso que você queria me dizer?

— Eu vou fazer um estágio, e fui recrutada para trabalhar com o Avatar Haru no conselho, e eu achei que você devia saber.      


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