E se fosse verdade? (Dulce e Poncho) escrita por Candy


Capítulo 1
E se fosse verdade?


Notas iniciais do capítulo

Ei, gente! Tudo bem? Esta fic tem apenas um capítulo e foi inspirada na música The Scientist (Coldplay) e no filme nacional O Homem do Futuro. Eu a escrevi no dia 09/01/2012 e nunca a tinha postado. Espero que gostem! Boa leitura!



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Pi-pi-pi-pi-pi-pi

Ainda de olhos fechados com a cabeça mergulhada confortavelmente sobre o travesseiro, estiquei o braço na tentativa de alcançar o despertador para interromper  aquele som incômodo. Precisei bater algumas vezes sobre o aparelho até acertar o botão correto.

Deixei escapar um suspiro pesado antes de me levantar e espreguiçar meus braços. Eu precisava encarar aquele dia, ainda que o que me esperava eram longas horas de ensaio para a peça de teatro que eu estava envolvido. Resolvi ir para o banheiro de uma vez.

Momentos mais tarde, eu já me sentia mais desperto e disposto após um bom banho. Chegando à cozinha, comecei a minha rotina habitual; passei pela bancada e liguei a cafeteira. Fui até a porta em busca do meu jornal que é deixado diariamente sobre o meu tapete de entrada pelo funcionário do prédio.

Voltando para a cozinha, parei no meio para ligar a TV em busca do noticiário. Neste momento minha gata, Miau, manifestou-se com seu miado circulando minhas pernas com o rabo empinado. Deixei o jornal e o controle da TV sobre a pequena mesa da cozinha e fui preparar o café da manhã da minha gata.

Minutos depois, me servi de uma xícara de café e me sentei para ver o noticiário. Solvi um pouco de café enquanto observava uma típica matéria na TV sobre enchentes e alagamentos no subúrbio do DF, algo que vinha se tornando cada vez mais frequente. Abandonei a xícara para começar a minha leitura do jornal, mas uma pequena imagem no alto da folha indicando o assunto principal do caderno “Música e Tv” chamou a minha atenção de imediato.

Como ela estava linda!

Sorri involuntariamente, porque apesar de qualquer coisa eu sempre me sentia bem ao vê-la. Mas ignorei a minha vontade de ler a matéria sobre ela, como andava fazendo nos últimos tempos, apesar de todos os esforços das fãs que nos querem ver juntos outra vez me mandar milhares de links diariamente sobre ela ou sobre nós.

Desviei minha mirada para a TV, onde o apresentador do jornal falava sobre a queda do dólar, assunto que pouco me interessa. Fui em busca do caderno de esportes para me atualizar sobre o campeonato nacional de futebol, meu time estava na frente o que me dava muita satisfação.

De repente, o apresentador do telejornal anunciou a próxima matéria, me pegando de surpreso.

“Agora, como o prometido vamos à matéria especial com a cantora Dulce Maria”

Eu poderia ter desligado a TV neste momento, como eu havia ignorado o jornal, mas não me permiti. Eu tinha curiosidade. E mais, eu sentia saudade de ouvir a sua voz.

Toda linda falando com orgulho da sua carreira. Dos shows, novo CD, nova turnê. Esse sorriso que sempre amei tanto provando que estava feliz de verdade.

“Linda” – disse baixo, sem poder evitar sorrir.

“Agora terei que perguntar o que todos os seus fãs me pediram tanto pra perguntar através do twitter” — ela, ainda sorrindo toda linda, assentiu – “E então, Dulce, é namoro?”— a repórter sabia o que perguntava. Ela não perguntou se tinha namorado, ela pediu uma confirmação se as fotos que andam sendo publicadas é namoro ou curtição.

Seu sorriso quase desapareceu, provando que ela não esperava esta pergunta, ou que não a esperava desta forma. Mas ela se recuperou logo, passando segurança.

“Eu estou muito bem, e muito feliz”— com cara de que não responderia nada além disso.

Antes mesmo da matéria terminar, eu alcancei o controle da TV e a desliguei. Já não me importava mais as notícias. Apenas o fato de sentir através daquele sorriso que ela estava realmente feliz. Aquele cara estava fazendo-a feliz. E provavelmente, ela estava apaixonada.

Não sou egoísta de dizer que não gostaria que ela se apaixonasse por outro cara. Eu quero e sempre quis que ela fosse feliz. Afinal, eu também tive outras mulheres que me fizeram feliz depois dela.

Mas também não sou hipócrita de dizer que não acho estranho, apesar de todo este tempo. E ela sempre foi uma pessoa tão incrível.. que não terminamos porque deixei de gostar dela, e sim porque ela achou melhor assim. E desde que terminamos sempre carreguei comigo um sentimento de que se eu quisesse e tivesse feito diferente, estaríamos juntos até hoje. Em algo eu falhei, e se pudesse voltar, eu voltaria para o exato momento em que terminamos.

Meu celular soou lá da sala. Ao olhar o visor, atendi.

“E aí, cara”

“E aí, Poncho..” – meu irmão falou do outro lado da linha – “Então, está em casa?”

“Sim.. saio daqui a pouco”

“Estou precisando de um favorzão seu, cara. Estou aqui perto... posso passar aí?”

“Claro.. estou te esperando”

Só tive tempo de me arrumar, e logo ouvi batidas na porta para em seguida Oscar entrar com uma caixa nas mãos.

“Eu preciso que você fique com estava caixa para mim por alguns dias” – ele falou momentos depois, após trocarmos  algumas palavras.

“Mas por quê? Que caixa é esta?”

“Poncho, é muito confidencial.. é da universidade” – ele disse, me fazendo lembrar que ele dava aula de física e matemática na universidade – “Na verdade é um projeto que eu juntamente com uns alunos estamos desenvolvendo, mas teremos uma visita do reitor de uma universidade dos EUA e não queremos dividir a nossa descoberta com os americanos”

“Descoberta?” – perguntei rindo, pois parecia papo precisamente de filme americano – “Do tipo que pode mudar o mundo?”

“Você está achando engraçado, mas o assunto é sério. Desenvolvemos um chip capaz de voltar no tempo, e-” – o interrompi.

“Wow-wow-wow.. Espere aí... Que diabos você está falando, Oscar?”

“Poncho, é confidencial.. Não era nem para eu estar te falando o conteúdo desta caixa.. Mas você é a pessoa em quem eu mais confio para deixar isto... E sei que posso te contar, até porque preciso contar isto para alguém senão enlouqueço”

Nos sentamos no sofá, e desde que ele falou que era um chip capaz de voltar no tempo, eu me mantive calado. Confesso que um riso estava preso no meio da minha garganta, por isso precisei me concentrar para não ofender a bebedeira do meu irmão.

Ele abriu a caixa e de dentro dela tirou um tablet, um pen drive e um chip. Pude observar que lá dentro ainda havia outras coisas, como um carregador, por exemplo.

“Veja” – ele me mostrou o pen drive – “Fomos nós que o desenvolvemos para que o chip fosse acoplado a ele por aqui” – apontou uma extremidade do pen drive onde provavelmente o chip era encaixado – “E então, conectamos o pen drive ao tablet” – ele disse inserindo o pen drive ao tablet – “E veja só.. é como se fosse outro sistema operacional... Cada ícone tem uma utilidade. Neste por exemplo, é o calendário onde a pessoa pode escolher o momento exato onde quer ir.” – disse apontando – “Ou este que é organizado por temas ou datas comemorativas, e este organizado por nomes de pessoas”

Eu começava a perceber que talvez ele não estivesse bêbado, algo ali fazia sentido. Porém, o único sentido seria que tanto número estava deixando meu irmão louco. Resolvi sorri e entrar no jogo.

“Tudo bem, tudo bem.. Não se preocupe, ficarei com este brinquedinho seu por uns dias e estará bem guardado, okay?!”

“Poncho, só me prometa não tentar usá-lo, sim? Por que ainda não está pronto, então não sei afirmar os pós e contras”

“Relaxa.. Estou satisfeito com minha vida.. Não quero voltar ao passado. Só se for para te bater mais na infância” – Abracei sua cabeça e comecei a bagunçar seu cabelo enquanto nós dois riamos.

Naquela noite, cheguei exausto como já havia previsto antes mesmo de abrir os olhos naquela manhã. Estávamos a uma semana da estréia e tudo precisava estar impecável para a apresentação.

Após um banho relaxante, passava diante da cama enquanto enxugava os cabelos quando me deparei com a caixa que Oscar havia deixado aos meus cuidados naquela manhã. Refleti ser muita loucura tudo o que ele havia me dito a respeito daquele aparelho.

Ainda que ele entendesse muito bem de números e lidasse com isso diariamente, não queria dizer que ele chegasse ao ponto de criar algo desse tipo que só se via em filmes de ficção cientifica.

Balancei a cabeça para os lados sorrindo do louco que tudo isso parecia. Eu ainda não havia chegado a nenhuma conclusão a respeito disso tudo, se meu irmão estava louco, chapado ou drogado.... ou na pior das hipóteses, se ele falava a verdade.

Mas me dei conta de repente que antes dele me ligar naquela manhã, eu a havia visto tanto no jornal quanto na TV quase que simultaneamente. Eu senti saudade dela naquele momento, eu afirmei que se pudesse voltar ao passado eu faria as coisas diferentes para ficar com ela.

Coincidência ou um sinal Divino, eu não sabia o que era.

Abandonei a toalha molhada sobre a cama, me sentei e peguei a caixa. Montei tudo como Oscar havia dito, ignorando a parte em que ele dizia para eu não mexer, pois não estava completamente pronto.

Se eu pudesse voltar ao passado... Qual o momento exato que eu voltaria para mudar o futuro?

Pensei, enquanto dava um toque no ícone ‘Calendário’.

Ano? 2005. Mês? Maio. Dia? 13. Ok? Cancelar?

 

Pensei por quase um minuto, até que por fim resolvi clicar de uma vez.

OK

“Mientras mi mente viaja donde tu estas..”

Ouvi a voz da Anahí soar e pisquei os olhos de par em par. Mas que diabos.. Onde eu estava?

Olhei para baixo e me vi sentado num sofá e vestido com a roupa que eu costumava me vestir na....

TOUR GENERACIÓN.

Dei um salto ficando agachado sobre o sofá. Olhei para os lados. Eu estava num camarim. Ao girar os olhos pelo lugar vi Luisillo e Pedro conversando, Oso perto da porta conversando com um homem, Anahí diante do espelho se maquiando e aquecendo a voz ao mesmo tempo, Maite estava ao seu lado com BJ atrás arrumando seus cabelos. Christian e Christopher no canto com dois homens retocando suas tatuagens.

E lá estava ela.. Espalhava gliter sobre o colo e braços. Estava séria e parecia alheia a tudo. Como não? Já sabia que após o show terminaríamos.

“Poncho?! O que está fazendo?” -  fui obrigado a desviar os olhos dela ao ouvir a voz de Pedro. Assim como acontecera anos atrás, eu estava sentado no sofá observando-a quando Pedro se aproximou pedindo que eu fosse até ela. Saí de cima do sofá e fiquei de pé um pouco tonto tentando assimilar tudo aquilo – “Ande, vá com Dulce para que lhe passe um pouco de gliter. Depressa, está quase na hora”

Então Oscar estava falando sério! Deus, então eu estava tendo a chance de mudar meu futuro com a Dulce! Não deixaria que terminasse comigo, desta vez ficaríamos juntos custe o que custar. Agora sabia por tudo que passamos e tudo o que aconteceu a partir deste dia.

Aproximei-me dela um pouco receoso. Ainda que, até agora já estava previsto esta aproximação e o sorriso que ela me daria.

Ela ensaiou um sorriso quando me aproximei. Já não estava conseguindo esconder que não estava bem, e só agora eu sabia disso.

“Vai ficar tudo bem” – Falei mudando o rumo dos acontecimentos. Esta era a minha chance. Ela me olhou surpresa – “Pode estar parecendo que não vai dar certo, mas vai. Confia em mim, pequena”

“Poncho, do qu-” – a interrompi, acariciando a sua bochecha.

“O que eu estou dizendo é que depois do show temos que conversar. Não é isso?” – ela assentiu confusa.

“Sim, eu ia mesmo te falar isso, mas como voc-?”

“Porque eu te amo. Ouviu?” – Segurei suas bochechas com as duas mãos – “Eu te amo, pequena. Será que não vê?!” – perguntei, tombando a cabeça e franzinho o cenho. Eu me sentia muito feliz em poder dizer isso para ela outra vez – “E depois do show, vou te falar porque você deve ficar tranqüila e me deixar te fazer feliz” – sorri, e ela me olhava sem entender – “Show? Show!” – me dei conta de repente que pisaria num palco novamente e sentiria aquela emoção de milhares de pessoas cantando junto outra vez – “Vou cantar e dançar.. Nossa, que saudade que eu sentia disso” – coloquei a mão na boca e disse rindo.

“Poncho.. o que está falando? Fizemos um show anteontem, lembra?” – perguntou franzindo a testa. Eu ri.

“Só me deixa te beijar outra vez?!”

“Me beijar?” – perguntou, e me dei conta de que soou estranho eu lhe pedir permissão.

“Pelo amor de Deus” – pedi rindo, não agüentando mais a saudade.

Aproximei nossos lábios roçando-os lentamente antes de lhe beijar. E ela me correspondeu apaixonadamente. Estava dando tudo certo!

“Você precisa passar um pouco desse gliter em mim” – falei afastando, não muito, nossos lábios.

“O quê?” – ela perguntou, ainda de olhos fechados. Eu ri.

“Pedro pediu que você passasse um pouco desse gliter em mim, também”

“Ah..” – ela por fim abriu os olhos, como se tivesse voltado a realidade. Eu sorri afastando sua franja ruiva.

“E aí, Poncho..” – Charlie se aproximou – “Está confirmada a social no quarto do Bicho hoje?!”

“Valeu, cara.. mas não vou, não! Já tenho programa para esta noite.. e para todas as outras” – disse olhando para ela, que escutava e me olhava sem acreditar.

“Cara, você esqueceu daquele lance?” – cochichou para que ela não o ouvisse – “As fãs bonitinhas que também vão, e tal..?”

“Estarei ocupado.. Procurando um filme na TV pra assistir com a namorada mais linda do mundo” – A puxei abraçando-a de lado, que ensaiava um sorriso tímido.

Eu nunca a traí, mas eu começava a gostar daquelas sociais que aconteciam nos quartos de alguém da banda. Me divertia bebendo, conversando, rindo e conhecendo garotas sempre lindas e na maioria das vezes elas eram fãs. Nessas ocasiões ela sempre preferia ficar em seu quarto lendo, escrevendo ou ouvindo música.

“O que deu em você?” – me perguntou confusa, enquanto passava o gliter em mim.

Pensei em tudo que eu havia conquistado pessoal e profissional. Pessoas que eu havia conhecido. Permiti-me questionar se eu conquistaria tudo outra vez ou se seria diferente. Questionei em pensamento como seria abrir mão de tudo o que vivi.

A observei enquanto passava o gliter sobre o meu peito. Ela tinha um sorriso torto nos lábios, como se não conseguisse conter o alívio ou a felicidade que provavelmente sentia.

Dei-me conta, então, que não importava se eu voltaria a conquistar tudo aquilo que eu estava abrindo mão, nem das pessoas que haviam passado pela minha vida. O mais importante era estar ao lado dela. E as conquistas, seriam conquistadas com ela. Nada mais importava se eu a tinha.

Eu não sabia se no futuro Oscar voltaria a criar uma máquina como a que me trouxe de volta para ela. Mas eu estava imensamente agradecido por esta oportunidade que tive.

“Dois anos atrás você imaginava um futuro assim?” – ela me olhou pensativa por um segundo, antes de voltar ao que fazia – “Nós dois juntos vivendo isto aqui?” – ela balançou a cabeça para os lados, sorrindo apertado – “Eu também não. Mas sabe, já imaginei um futuro sem você” – disse me referindo a realidade antes de voltar no tempo – “em que desistíamos de nós dois. E posso falar? É uma merda!” – ela soltou um riso curto.


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Notas finais do capítulo

Já imaginaram isso acontecendo? Quem nos dera, né? Espero que tenham gostado! E até a próxima!



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