Magia na Floresta escrita por Vlk Moura


Capítulo 29
Capítulo 29




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Eu me sentia cansada, mas não sabia porquê. Meu corpo se movia sem que eu mesma conseguisse me mover, eu observava os movimentos, as caminhadas pela escola. Estou fraca.

— Ag! - meu corpo parou, me virei e lá estava Carla - Você está bem?

'Estou meio fraca, mas acho que estou...' minha voz, ela não sai.

— Estou bem - o que é isso? Quem está falando. - Só preciso ficar sozinha, agora.

— Está tudo bem, mesmo?

— Eu já disse que sim, me deixa em paz. - ela me olhou assustada, que droga era essa, por que estou sendo grossa com a Carla?

'Você entendeu...' essa voz, Morfino! 'Sim, sou eu' tentei ficar de pé, mas eu não tinha certeza se antes estava deitada ou sentada, não tinha noção das direções 'Você é minha agora, Agnes!' Não! eu tentei correr, mas bati contra algo, fui tateando. Ele tinha me aprisionado, minha consciência estava aprisionada. 'Me tira daqui!' gritei com ele, seu riso cortou o ar 'Vamos ter uma luta, justa, Morfino, me tira daqui', algo se projetou a minha frente, afastei alguns passos, ou apenas me movi para trás, não tinha certeza 'Se eu te tirar daí nunca mais vou viver' ele falou e parou como se um vidro nos separasse 'Você está com seus dias contados, então acho bom aproveitar o o showzinho que vou te proporcionar' olhei em volta e depois o fitei 'O que quer dizer com showzinho?' ele encostou no que agora realmente pareceu ser um vidro 'Quero dizer com a destruição da sua vida, o que mais poderia ser?' 'Se você fizer qualquer coisa com qualquer um deles eu juro que vou acabar com você!' ele riu e me deu as costas 'Você sequer pode sair daí de dentro, como vai acabar comigo?' ele sumiu e eu fiquei gritando.

Morfino caminhou por toda a escola, eu podia ver tudo o que ele via e isso me deixava mal. Eu não podia reagir a nada e eu não fazia ideia de como sair dali. 

— Agnes! - Luna! - Agnes, você está bem?

— Mas que saco! - Marfino falou com ela, Luna, ei, por favor, Luna, não sou eu. Eu batia no que me deixava presa, eu esmurrava aquilo, mas sequer tremia, chutei, dei socos, bati com o ombro, mas nada aconteceu - Eu estou bem, ta legal? Eu só estou querendo ficar sozinha por causa de tudo o que aconteceu.

Morfino saiu andando, eu via Luna nos observando. Ela mexeu os lábios, ela disse algo, ela disse algo, mas o que ela disse? Tentei fazer meu corpo voltar, mas nada ocorreu.

Sentei no que parecia ser o chão, mas como eu disse ali eu não tinha noção de espaço, apenas sabia estar presa e suspeitei que fosse algo como uma caixa. Abracei minhas pernas e apoiei a cabeça nos joelhos, eu precisava pensar em algo, eu tenho que sair daqui.

Meu corpo continuava se movendo pela escola parecendo buscar por algo. 

Foi até o quarto onde antes estava o Morfino, desviou das caiporas, abriu a porta e lá encontrei o quarto vazio, tinham removido o corpo e eu senti que Morfino ficou feliz, ele se sentiu mais forte e foi como se a caixa tivesse reduzido, olhei em volta tentando enxergar algo, mas o espaço estava completamente vazio. Morfino mexeu em algo na cama que antes estivera deitado, tirou algo de dentro do colchão e o colocou no pulso, uma onda invadiu aquele espaço e me acertou, eu comecei a tossir e no meio da tosse sangue começou a a sair da minha boca e do meu nariz 'O que é isso?' perguntei em meio ao surto.

— Esse é o seu fim, Agnes.

Mais uma crise de tosse. 

Eu não estava entendendo aquele ambiente em que me encontrava. Era apenas minha consciência, mas tudo tinha efeito em mim como se aquele fosse meu corpo fisico. Aquilo ia me enlouquecer.

Morfino voltou a andar pela escola, alguém o parou pelo ombro e o virou.

'Neville!' eu quase chorei falando o nome dele, eu senti que meus olhos se encheram, mas não no corpo físico, Morfino o encarava sem emoção.

— Ag, eu fiquei preocupado! - ele realmente estava, percebi por sua voz - Você saiu e não falou com ninguém.

— E deveria? - 'Não trate-o dessa forma!' eu apoiei na parede e observei Neville.

— Teria sido bom para sabermos que você estava bem depois de tudo.

— Depois de tudo?

— Morfino está morto - um riso no corpo físico, 'Droga, Neville! Ele não está morto, você precisa perceber a diferença'. Eu bati na parede que me prendia. O corpo físico tocou a pulseira  e novamente a crise de tosse me atingiu, eu queria chamar a atenção de Neville, ele precisava perceber, comecei a bater na parede com o pouco que eu conseguia controlar do meu corpo até que percebi meu corpo físico estremecer - Ag - ele segurou meus braços e olhou nos meus olhos, observei aquilo no meio da crise e do sangue - Tudo acabou, você e Nyack estão livres.

— Nyack? Como ele está?

— O levamos para enfermaria, parecia meio fraco depois de tudo.

— Hm...

Neville me encarou, Morfino ignorava o olhar dele, mas eu não podia, ele estava me avaliando, ele queria que eu dissesse nossa palavra, ele queria que eu mostrasse que eu era eu mesma, mas Morfino não sabia e não iria descobrir. 

— Cadê o Peru?

— Peru? Quem é Peru?

Eu ri.

'Qual a graça?' eu limpei minha boca com as costas da mão 'Erro número um, Morfino'. Ele olhou Neville preocupado, o professor o julgara segundos atrás, mas tinha disfarçado o olhar.

— Ninguém. - Neville o abraçou - Estou feliz que esteja bem.

Se afastou. Ele percebeu! Ele sabe! Agora é questão de tempo, preciso ser paciente e Neville irá me tirar daqui, certo?

'Quem é Peru?' fiquei em silêncio 'Eu estou te fazendo uma pergunta!' olhei em volta 'Eu estou me recusando a responder'.

Ele foi até o quarto, o meu quarto, olhou os livros que eu tinha ali, pegou algumas mudas de roupa e foi para um banho, só de pensar que um cara nojento como o Morfino iria ver meu corpo era assustador. Assim que a água quente atingiu minhas costas, a minha frente do outro lado da caixa surgiu Morfino. Continuei sentada e ele em silêncio.

 

'O que mais eu preciso saber?' ele me perguntou, eu fiquei apenas o encarando, não daria a resposta. 'Se tivesse mantido minhas memórias saberia.' ele se irritou, tocou a pulseira, uma nova crise me atingiu, eu o encarava, um sorriso de canto estampou em seu rosto, ele deu a volta no lugar que me prendia, agachou ao meu lado 'Não me desafiaria se fosse você' 'Então deixa eu esclarecer algo, você não sou eu!' 'Não é o que aquele corpo no banho diz' 'Você pode ter meu corpo, Morfina, mas ainda assim não será eu' ele riu e se afastou até eu perdê-lo de vista.

Na hora do jantar percebi algo, mas Morfino provavelmente não notaria. Carla e Leo se sentaram com os outros e Neville estava com eles. Observei em volta conforme Morfino fazia o reconhecimento do espaço. A Diretora fora até o grupo acompanhada de Raoni, todos se levantaram e a seguiram, Carla me olhava e sua expressão indicava sua dor, voando acima dela tinha Peru, ele me olhou e acelerou no voo querendo sair dali o mais rápido possível. Eu queria poder segui-los, mas não conseguiria.

— A comida é boa - Morfino comentou, eu o ignorei.

Eu estava indo me deitar quando Draco parou no meio do meu caminho.

— Draco Malfoy... - ele me analisou. Ficou em silêncio - É bom tê-lo aqui.

— Agnes, se você está ai em algum lugar - eu me levantei - mande um sinal, qualquer sinal!

Morfino se assustou. Eu gritava dentro da minha caixa, eu batia contra a parede, eu queria que ele pudesse me ouvir, qualquer coisa. O homem que controlava meu corpo riu e encarou Draco de uma forma que eu nunca seria capaz.

— Ela não está aqui - Para! Não minta para ele ! Eu estou aqui! 'Estou bem aqui, maldito Malfoy!'.

Os olhos de Draco se arregalaram, ele fitou o corpo a sua frente e parou nos meus olhos, aqueles olhos cinzentos buscavam por algo bem no fundo, algo que um pescador em alto mar faria para buscar seus peixes. Tentei pensar em algo, qualquer coisa.

Bati contra a parede dessa vez delicadamente e percebi que era possível fazer algumas alterações de estrutura, com minha unha comecei riscar aquilo. Morfino fechou os olhos com dor, apertou os ouvidos, era como quando ele entrava na minha mente.

— Agnes! - Draco sorriu, parei de arranhar e o encarei, ele percebeu - Não se preocupe, darei um jeito de te livrar dele!

— Não! - Morfino o olhou - Não dará, você é como eu, Malfoy, você repudia os sangue-ruim, você prefere vê-los mortos a ajudar um.

Draco ficou em silêncio e deu um riso de canto, parecia um riso cúmplice. O que ele estava fazendo?

— Você tem razão, Morfino! - Não! Não, Draco, para com isso!

Eu senti a empolgação correr o corpo do Morfino, meu corpo. Ele gostou de ter arranjado alguém que estaria ao seu lado, droga, Draco, você estava indo tão bem, por que agora está fazendo isso? Não posso acreditar.

— Em suas veias corre o sangue Malfoy, por alguns instantes realmente pensei que você poderia ser diferente, mas não é - Morfino tocou o rosto de Draco como alguém toca uma bela estátua, Draco não se mexeu - Pensei que seria um fraco, mas você é apenas um menino perdido, Draco - Draco não tirava os olhos dos meus, e de dentro daquela caixa eu queria arrancá-lo daquelas mãos nojentas, sei que são minhas mãos, mas são nojentas, neste exato momento são muito nojentas.

— Eu estou perdido, Morfino - ele usou uma voz tão frágil que meu coração se partiu em mil pedaços - Me ajude...

'Draco...' eu estava colada na parede o observando, minhas esperanças fugiram tão rapidamente quanto nasceram quando ele gritou para mim.

— Eu vou te ajudar, rapaz... - contive minhas lágrimas e os soluços de choro.

— Agnes! - Neville! nós dois o olhamos, ele estava acompanhado por Carla e Rony. - Draco...

Morfino deu um sorriso que me fez dar outros socos na parede, socos desesperados, mas eu estava perdida em dor. Draco conseguira me destruir com poucas palavras. Tentei arranhar novamente a parede, mas dessa vez nada aconteceu. Morfino surgiu a minha frente, ele ria com meu sofrimento 'Você me pegou de surpresa, mas isso não vai acontecer novamente' ele falou e olhou o eu olhava 'Espero que curta o show!' 'Maldito!' eu urrei batendo contra o vidro 'Maldito...' eu chorava agora sem me conter. 

Draco olhava Neville que nos encarava, Carla me assistia sem entender o que eu estava fazendo, na verdade, eu realmente não sei, não sei o que esse maldito pretende fazer.

Morfino me fez ficar nas pontas dos pés, não, ele não... Não! Não com o Draco, não com o Neville! 'Não!' esse grito saiu quase rasgando minha garganta com tanta força. Morfino beijou Draco, eu me afastei daquela imagem, não poderia encarar aquilo. Eu não podia mais acompanhar aquela cena, eu não podia... Mas ela tomava todo o espaço.

— Malfoy, seu...! - Neville ia para cima, Carla e Rony o pararam. 

Morfino se afastou um pouco do Draco e observou o trio que nos encarava. 'Neville...' mais lágrimas correram pelos meus olhos 'Eu não... Por favor... Neville...' observei Carla, ela me encarava com nojo 'Ca... Você sabe que não sou eu... Eu nunca faria isso...'.

— Algo errado, professor? - Neville me encarou com ódio nos olhos. Eu não suportava encarar aqueles olhos. 

Ele nos deu as costas e saiu com passos firmes acompanhado por Rony, Carla continuou ali me encarando.

— Você não é mais a Agnes que eu conheci - ela falou e olhou o Peru - Com toda certeza não é, eles tinham razão - ela riu.

Ela sabe! Eu quase consegui sorrir. Mas aquilo já permitiu que meu coração se regenerasse um pouco, Carla sabia e ela sabia que eu não seria capaz de fazer aquelas coisas. Droga! Estou precisando dos abraços que ela me dava quando as pessoas me zoavam quando nos conhecemos, preciso das longas conversas malucas que tinha com ela. 

— Vamos, Draco, precisamos resolver uma coisas ainda.

Draco nos seguiu. Eu não podia mais encará-lo, como eu ia olhar para o homem que até pouco tempo era um grande amigo e estava se redimindo e de repente se junta com o cara que está me matando? Como que poderia viver em um ambiente em que todos aqueles que amo estão feridos gravemente e eu sou a causadora disso? Talvez seja mesmo melhor largar tudo, deixar Morfino ficar com essa minha carcaça. 

Morfino pedira para Draco o levar até seu quarto, ali seria sua nova base, mesmo que as entradas e saídas fossem trancadas todas as noites. 

Ele pegara algumas poções e plantas, quando Hermione nos trancou, Morfino pegou a mochila cheia de coisas, começou a fazer algumas misturas. Eu apenas o observava sentada ao canto da minha prisão, não tinha mais o que fazer apenas esperar que aquilo reduzisse ao ponto de me esmagar. Morfino ficou muito tempo acordado, quando finalmente acabou o que fazia, guardou tudo se trocou e dormiu, eu ainda estava ali no escuro, não sentia a necessidade de dormir. Um sussurro invadiu meu espaço. Olhei em volta esperando a projeção de meu assassino, mas nada ocorreu.

Fiquei de pé e dei a volta pela prisão tentando encontrar algo.

— Agnes, desculpa por tudo - Draco! - eu preciso ganhar a confiança dele, preciso que ele confie em mim para então te salvar.

'Draco...' eu me emocionei mais uma vez.

— Neville provavelmente vai acabar comigo amanhã, mas saiba que todos já estão cientes... - sua voz sumiu, meu peito se encheu de alegria, como eu poderia largar tudo sabendo disso? E o mais importante, Morfino parecia não saber  disso tudo. 

Agora eu até poderia tentar descansar, saber que eu estava certa sobre Draco e Morfino errado me deixava feliz, me deixava ainda mais cheia de esperança, mas meu assassino não poderia desconfiar de que tudo estava bem( para mim), ele não poderia nem sonhar com essa hipótese. Então eu fingiria, vou entrar no jogo com eles. 


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