Save me escrita por Kori Hime


Capítulo 2
Saving is what I need


Notas iniciais do capítulo

Parte final.
Sim, é assim que a gente trabalha, com coisas bobas felizes que nos faz fazer cara de boboca quando lê.
Beijos e boa leitura.



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Sentir o vento balançando os cabelos era uma sensação agradável ao qual Byakuya se privava quase sempre. Ele dispensou o ar condicionado para aproveitar a brisa da noite entrando pela janela do carro.

— Seu amigo tem um gosto bem clássico para músicas. — Renji mexia no aparelho de som do carro. — Músicas folclóricas Polonesas não se ouve todos os dias. Gente rica tem um gosto bem estranho.

Byakuya não pode evitar um sorriso. Renji era uma pessoa divertida, inteligente e astuta. Uma companhia agradável, pelo menos nos últimos vinte minutos se mostrou mais interessante do que muitas pessoas que conheceu.

O GPS calculou toda a rota até o apartamento de Byakuya. Era um prédio de quatro andares, num bairro de classe média alta bastante arborizado e tranquilo.

Renji teve permissão de entrar na garagem do prédio, logo depois que Byakuya conversou com o porteiro.

— Ano passado um dos filhos dos moradores foi sequestrado na saída da escola — Byakuya abriu a porta do carro, quando Renji estacionou. — O assaltante o trouxe de carro até aqui, fez ele entrar no prédio... foi traumático para todos.

Renji fechou a porta do carro e foi ajudar Byakuya do outro lado.

— O senhor não parece traumatizado. — Ele segurou o braço de Byakuya, que, embora ainda mantivesse uma pose elegante, estava trocando as pernas quando dava um passo.

— Eu comprei o apartamento após nove meses no mercado. Após liberação dos reféns, infelizmente uma pessoa não resistiu ao ferimento a bala. O valor do imóvel caiu mais da metade do preço. — Byakuya aceitou a ajuda de Renji sem reclamar.

— Saquei... os supersticiosos devem até atravessar a rua quando passam por aqui.

— Mais ou menos isso.

Eles caminharam até o elevador. Byakuya não quis se olhar no espelho, estava cedo demais para um julgamento pessoal.

Ao sair do elevador, um corredor bem iluminado dava acesso para dois apartamentos. Havia uma quantidade exagerada de balões coloridos e enfeites em frente a porta do lado direito, onde Byakuya se dirigiu.

— O que é tudo isso? — Renji abaixou-se, pegando uma cesta regado com muita variedade de doces. — Só de olhar já me deu diabetes. É o presente de alguma namorada?

— Pior. — Byakuya abriu a porta do apartamento. — É o meu aniversário.

O apartamento era grande e bem decorado. Renji assobiou alto quando abriu a porta e entrou, fazendo alguns elogios sobre o espaço. Ele deixou a cesta de doces em cima de uma mesa.

Byakuya explicou que fez uma reforma, derrubando a parede para ampliar mais a sala, assim o piano teria mais destaque. Renji concordou que fazia toda a diferença um piano ali, foi uma brincadeira, obviamente, mas Byakuya não se sentiu ofendido.

— Além do mais, a parede estava suja de sangue, com buracos de bala. — Byakuya completou.

— Você comprou um apartamento coberto de sangue?

— Não, já haviam limpado... mas eu vi as fotografias. — Byakuya tirou o paletó.

— Já sentiu algo estranho aqui? — Renji olhou ao redor. — Fantasmas e vibrações negativas?

— Não. — Byakuya sentou-se no sofá, afrouxando a gravata. — Eu não acredito nessas coisas.

— Você é religioso? — Renji caminhou pela sala e parou ao lado do piano.

— Também não.

— Gosta de tocar piano?

— Às vezes.

— E de receber visitas...

— Quase nunca.

Renji caminhou até a janela. Byakuya se levantou e sentou no banco do piano. Não tocava na presença de outra pessoa já fazia alguns anos. Apenas sentiu vontade de fazer aquilo, sem pensar. O que vinha acontecendo durante toda a noite.

Ao final da música, Renji aplaudiu.

— Eu não entendo muito desse estilo de música, mas gostei muito. — Renji estava debruçado sobre a cauda do piano. — Você é um homem bastante misterioso.

Byakuya continuou tocando o piano. Mas não deixou de notar que Renji abandonou o senhor em suas frases.

— Não tenho nenhum grande mistério, não sou bom com mentiras. Talvez com meu pai eu fui bom, mas foi uma questão de sobrevivência.

— Um corretor de imóveis que não mente? Não quero ofender, mas me deixou ainda mais intrigado. — Renji decidiu sentar ao lado de Byakuya, compartilhando o mesmo banco do piano. Ele apertou algumas teclas com os dedos, imitando o que acabara de ver o outro fazer.

— Gosto de conquistar a confiança das pessoas com verdades. Mentiras são geralmente complicadas demais de sustentar.

— Então você sempre fala a verdade?

Renji continuava imitando Byakuya, até que conseguiu tirar algum som agradável do piano.

— A maioria das vezes. Ou eu prefiro me calar.

Byakuya notou que os olhos de Renji eram castanhos e contrastava perfeitamente com os cabelos vermelhos. O seu sorriso era contagiante, dava vontade de retribuir.

— Então, se eu fizer alguma pergunta, você responderá com a verdade... ou vai se calar, caso não tenha maneiras de mentir? Interessante. Mais pessoas sabem desse esquema, ou é algo pessoal?

Kuchiki passou os dedos por cima da mão de Renji, alcançando as teclas mais ao longe.

— Apesar das pessoas quererem sempre a verdade, elas não estão preparadas para a verdade. — O braço de Renji roçava na manga comprida de sua camisa, era um contato muito leve para causar tanta excitação. — Eu digo a verdade e muitas vezes elas não acreditam. Preferem achar que eu estou apenas dando uma outra visão dos fatos. E daí eu me pergunto se a honestidade é uma virtude em extinção. — Byakuya olhou para Renji.

— O cara que estava com você no restaurante, é só um amigo?

— Sim. Nos conhecemos na faculdade e desde então somos amigos. Pelo menos as vezes eu acho que sim. Mas eu acredito que essa não é a pergunta que você quer fazer. Certo?

Embora ele não parecesse o tipo de pessoa que fica constrangida, Renji estava corado.

— Enquanto eu trabalhava essa noite, várias vezes peguei você me olhando. E eu tenho a impressão de que não queria parecer discreto.

— Hoje é meu aniversário. O segundo dia do ano que eu costumo beber mais do que o normal. Antes do meu pai morrer, o Natal era o dia que eu mais bebia. Um bartender nessas épocas é bem indispensável. — Ele mentiu, como fazia quando o pai perguntava sobre as garotinhas do colégio e ele sempre tinha uma resposta pronta.

— Essa é sua maneira politicamente correta de dizer que sente atração por um bartender?

Byakuya se calou.

Ele fechou os olhos quando Renji o beijou. Sua mão deslizou pelas teclas do piano, a princípio desastrado, encontrando um espaço para reagir. O beijo de Renji era avassalador, causava arrepios na espinha e comichão na boca do estômago. Era um verdadeiro clichê de histórias românticas acontecendo tudo ao mesmo tempo.

A mão esquerda de Renji segurava seu rosto, enquanto a outra entrava dentro de sua camisa. O toque inicial era suave, de reconhecimento, mas ficou intenso. Renji o abraçou, com um pouco mais de habilidade ele os ergueu, colocando Byakuya em cima do piano.

O apartamento foi preenchido pelo barulho desordenado das teclas do piano numa música sem harmonia, mas cheia de paixão.

Na manhã seguinte, Byakuya sentia uma típica dor de cabeça pós ressaca. Ele espreguiçou-se na cama. Estava sozinho. Em um momento da noite, Renji o avisou que precisava ir embora cedo, pois iria trabalhar.

O Kuchiki se levantou e tomou um banho frio, como costumava fazer todas as manhãs. Vestiu um roupão e foi preparar o café, encontrou a mesa da sala bem arrumada com suco de laranja, um prato com panquecas protegido por uma tampa de vidro, o café na cafeteira ainda estava quente, e uma taça de Martini com azeitona no meio da mesa. Havia um bilhete embaixo da bebida.

“Se precisar de um bartender, é só chamar (310) 641 - 0216 ”

Byakuya sorriu, talvez o dia dos namorados/seu aniversário, não seria mais um dia tão horrível assim.


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Notas finais do capítulo

Depois dessa, até eu concordo que estou devendo um lemon. Vamos deixar para a próxima.
Beijos.