Jovem Potência escrita por Jr Whatson


Capítulo 1
Pescamos animais terrestres


Notas iniciais do capítulo

' Deixa eu amar minha cama em paz! ' — SEKKAL, Sammy.



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Sammy's POV

Acordei com uma almofada na cara.

— Levanta, paspalho! — Um senhor de cabelos grisalhos dono da casa gritou.

Comecei o dia levemente frustado. Eu não queria estar sendo obrigado a acordar em um horário específico porque odiava esse tipo de situação. Já tinha que aguentar minha mãe me chacoalhando em minha cama mandando eu acordar e me arrumar para o colégio, e agora, de férias, também tinha que aguentar o vovô? Era pedir demais.

— Ô, seu dorminhoco! — Vovô Peter continuou me chamando. — Nós não podemos ir pescar de tarde! A gente tem que almoçar os peixes que vamos conseguir. Do jeito que você está demorando na cama, até os peixes vão estar almoçando em algum restaurante embaixo d'água e a gente vai estar com a nossa barriga roncando.

Ele tinha um ponto. Ficar com a barriga roncando de fome era horrível. Já tinha passado por isso várias vezes, mas não por falta de comida. Eu era um garoto bastante comilão mesmo.

— Já vou... — Resmunguei meio sonolento, meu braço pendurado para fora da cama. — Tô com sono... Me deixa mais uns minutinhos...

Dei uma espiada, abrindo os olhos. O homem estava parado encostado no batente da porta enquanto um garoto vestindo uma camisa listrada veio correndo e pulou na minha cama.

Meu corpo subiu alguns centímetro e logo caiu junto com o cobertor novamente sobre os lençóis.

— Vamos! — O menino de olhos castanhos bem claros estava super agitado. — Vai ser legal! A vó disse que o nosso vô já fez essa pescaria com o nosso pai milhares de vezes, Sams!

Meu irmãozinho irritante. Ele era muito legal, mas conseguia ser chato facilmente. Não sei de onde que ele tirava tanta animação para as coisas. Primeiro ele estava quieto em seu próprio canto mergulhado em seus próprios pensamentos e do nada... PAM! Ficava agitado.

Murmurei qualquer som para que ele saísse da minha cama e fosse para a dele, mas não adiantou. Ele pegou a almofada que tinha caído no chão e ficou batendo com ela nas minhas pernas.

— Esqueceu de mencionar que essa pescaria é passada de geração para geração, Leo. — Meu avô lembrou para o meu irmão.

Esse era o nome do mini diabo da Tasmânia: Leo. Por isso tinha o costume de chamar ele pelo apelido que eu mesmo dei: Taz, como o do desenho animado.

O garoto tinha apenas 14 anos e já era uma pilha humana.

— Ah, é. — O mini diabo se lembrou.

Ainda estava meio receoso sobre o passeio.

— Será que não tem nenhum perigo? — Perguntei em uma voz que só Leo conseguiria escutar. — Não curto muito a ideia de me afastar do sítio...

— Claro que não, Sams! — Leo não se ligou que era para falar baixo. — Deixa de ser medroso! Sai dessa cama!

— Vocês disseram alguma coisa? — Vô Peter perguntou da porta.

— Não, não. — Respondi mais rápido que Leo. — Até que ele não ter uma boa audição serviu para alguma coisa. Ele poderia ter se magoado comigo.

Minha voz estava cada vez ficando menos sonolenta, mas a vontade de continuar a manhã inteirinha enrolado no cobertor era tremenda que meus olhos já iam se fechando.

— Garoto, você ainda não levantou da cama? — Uma voz feminina irrompeu pela porta. Era minha vó, batendo com a ponta de um dos pés no chão, impaciente.

— Eu já sei o que vai acordá-lo! — Leo exclamou.

— Não! — Falei rápido, colocando os pés para fora da cama. — Já estou acordado. Já vou.

Me encaminhei para o banheiro antes que levasse água gelada no rosto ou passasse por uma chuva de almofadas ou travesseiros.

Olhei para o espelho, minhas olheiras estavam enormes. Joguei água na cara para ver se o sono passava e adiantou apenas um pouco.

— Novan, você viu o meu par de sapatos marrom pela casa? — Ouvi a voz do meu avô vinda do lado de fora do quarto chamando a minha avó, mas não ouvi a resposta.

Saí do banheiro e me deparei com Leo segurando os tais calçados.

— Vamos, cara. — Ele chamou com a mão livre. — Eu tenho que devolver isso. — Se referiu aos sapatos.

— Por que você fica escondendo as coisas dos outros, Taz? — Perguntei porque não fazia sentido nenhum na minha mente.

— É divertido. — Ele deu de ombros, enquanto íamos para a cozinha.

A mesa estava posta. O que era bom, porque queria meu café da manhã logo.

"Ah, danado!". Foi a resposta do vovô quando recebeu os sapatos por Leo.

Minha avó colocou uma faca em cada um dos dois pratos na mesa.

— Só faltam vocês comerem, queridos. — Ela avisou.

Não era um problema. Comi meu sanduíche em poucos segundos, enquanto meu irmão demorou um ou dois minutos a mais do que eu. Que lerdo.

— Está na hora de sair! — Leo se animou de novo. — Vamos pescar!

Às vezes eu me perguntava se meu irmão era maluco. Essa possibilidade aparecia em alguns momentos de convivência com ele. Ele ganhava empolgação de repente de não sei onde!

Não era inveja. Apenas surpresa. Só tinha um ano a mais do que ele. Não era pra haver tanta diferença de quantidade de energia entre nós dois.

 

De qualquer jeito, quando saímos de nossa casa no sítio, pudemos perceber o dia lindo que estava do lado de fora. Vários nuances de azul e algumas nuvens pintavam o céu claro que sempre aparecia naquela nossa última semana de férias.

Enquanto caminhávamos até a lagoa, observei a posição do Sol. Ele estava no meio do caminho entre o Leste e o seu ponto mais alto, o que poderia me dar a ideia de que eram umas 9 horas. Teríamos bastante tempo para pescar até o momento do almoço.

Os únicos sons que se ouviam eram os dos nossos passos na grama alta enquanto de vez em quando aparecia algum sopro de vento pelos nossos ouvidos.

Decidi quebrar o silêncio, finalmente.

— Por favor... — Choraminguei, com as pernas doendo. Já estava exausto de caminhar no campo. — Por favor diga que a gente já está chegando, vô.

Ele olhou pra mim e deu uma risada. 

— Relaxa, Sam. — Ele apontou para um grande conjunto de árvores à direita. — Estamos passando em frente à floresta agora. Então sim, estamos chegando.

Comemorei internamente, dando um pequeno sorriso enquanto ajeitava as três varas de pescar em meu ombro.

— Aproveitando que o Sammy resolveu dizer alguma coisa... — Meu vô continuou. — Não quer fazer um favor pra mim, não, Leo?

Meu irmão pensou um pouco, mas logo ficou curioso.

— Qual? Fala aí.

— Leva o balde com isca. — Nosso avô pediu. Fazendo a expressão de quem tinha acabado de chegar do trabalho e estava morto de cansaço. — Ele é pesado e eu já estive o carregando o caminho inteiro.

— Claro. — Sempre prestativo, meu irmão. Rapidamente pegou o balde, mas justo quando ele fez isso, nós ouvimos um rugido vindo de trás da gente.

Viramos para trás e vimos uma onça correndo velozmente atrás da gente. E a distância era nós e ela era de uns 20 metros. 19... 18...

— Rápido, meninos! — Vovô gritou, desesperado. Eu sem saber o que fazer. — Vão para a floresta! Lá tem lugar para vocês se esconderem!

Ele virou para a esquerda, indo para um caminho diferente. Ele pretendia nos deixar sozinhos?

— Oi, Onça! — Leo gritou, levantando o balde com isca no alto. — É comida que você quer? Então vem pegar! — E correu para a direita, adentrando na floresta. 4 metros...

É, Taz era realmente um garoto muito maluco.


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Notas finais do capítulo

Então, leitor. Esse foi o primeiro capítulo de muitos dessa história. Espero que tenha ficado bem apresentador. ;)
:161 (30/01/2016)



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