Futuro (adjetivo): o que há-de vir; o porvir; o destino; que está por acontecer.

Layna

Abri a porta do gabinete e ele olhou-me.
— Bom dia. - Sorriu. - Vamos começar? - Anui para depois me sentar na cadeira à sua frente. - Como te tens sentido desde a nossa última visita?
— Bem, pelo menos é o que sinto. - Visitei pela primeira vez o psicólogo quando Andrew e Zayn começaram a brincar com os meus sentimentos e não conseguia arranjar outra solução a não ser me auto-mutilar.
— Tens-te ferido? - Olhei os meus pulsos e neguei com a cabeça sabendo que estava a mentir.
— Não. - Respondi por fim, olhando-o.
— Layna. - Chamou e inclinou-se para a frente com ambas as mãos juntas ao queixo. - Tens a certeza que está tudo bem?
— Está tudo bem, apenas me sinto cansada e com saudades da minha mãe. O seu aniversário está próximo e faz com que fique mais sensível.
— Fico feliz por teres vindo cá e por estares bem.
— Posso ir? - Pedi.
— Sim. - Corri para a sala de aula pois estava atrasadíssima e sentei-me no lugar assim que a professora consentiu a minha entrada.
Coloquei o estojo sobre a mesa e olhei a tesoura e suspirei, talvez seja ela a única amiga que tenha e que me compreende embora me faça mal, ou talvez seja eu própria que me faça mal.

— Vocês passam a vossa vida presos num labirinto, a pensar como um dia poderão escapar a pensar no quão fantásticos irão ser, e a imaginar o que o futuro vos reserva, mas nunca o fazem, vocês apenas utilizam o futuro como uma escapatória para o presente.
Zayn olhara para mim, aquele gesto não era normal. Ele olhava-me gentilmente, estranho, algo que eu nunca conhecera, mas depressa estragou isso
— Tu deves-te resumir a agradar homens. - Instalou-se riso na turma.
— Zayn para a Direção, imediatamente! - Falou um pouco mais alto. Mas aquilo não iria fazer qualquer diferença, ele iria fazê-lo novamente e repetidamente.
— Continuando... - Disse depois de Zayn ter saído. - Vão ter de fazer um trabalho sobre esta frase, sobre como um dia ansiavam ser, ou como acham que vão ser, o que querem fazer e o que acham que farão daqui a 10 anos, o que acham que o mundo vos reserva e o porquê de não fazerem agora e apenas esperarem que algo caia do céu, é um trabalho a pares. - Começaram todos a entreolhar-se na escolha dos pares. - Mas sou eu que escolho os pares. - Aborrecimento, zanga e irritação foi o domínio do ambiente, a professora tira uma pequena bolsa da sua mala e abre-o. Aqui estão os nomes de cada um de vocês, vou tirar 2 nomes e esses dois ficam juntos.

Alguns pares depois ouço o meu nome.
— Layna. - E esperei ansiosa por saber quem iria fazer comigo este trabalho. - Bryan.
Felizmente é alguém com quem até me dou razoavelmente bem, quem não me olha com desprezo e apenas quer tirar boas notas.

Zayn sentou-se no seu lugar habitual mais uma vez depois da visita ao diretor, sabia que a professora, no final da aula, ia perguntar o que tinham falado e com certeza o diretor fechou os olhos ao egocêntrico.
— Zayn vai ficar com a Tara. - Disse a professora enquanto deitava os papéis que continham os nossos nomes no lixo.
— Porquê? - Perguntou ele indignado.
— O trabalho de grupo que eu falei enquanto o senhor estava fora, depois a sua colega o esclarecerá. - Tanto eu quanto ele olhamos na direção da rapariga que o admirava com um sorriso idiota, Zayn suspirou o que me fez largar um ligeiro sorriso.
A professora continuou a falar sobre o assunto do trabalho e explicou como queria que o fizéssemos mas antes que pudesse acabar a explicação o toque final soou.