Você Mudou escrita por Nessa pml


Capítulo 13
Capítulo XII




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—POSITIVO! –Alice confirma.

O choque que eu pensei que seria menor, foi mil vezes pior, pois agora tenho a certeza que não tenho chance nenhuma de um resultado que me favoreça.

Sinto o mundo girar em torno da minha infelicidade e a escuridão me consome.

—Malu? –Ouço Guilherme me chamando mas não consigo reagir.

...

—Nós vamos dar um jeito Malu. –ele diz enquanto me abraça.

—Como Guilherme? Estou mesmo gravida. –ate pronunciar essa frase me doeu.

—Você tem que contar pro Cris, Malu. –Alice diz preocupada.

—Não sei Alice, não posso tomar nenhuma decisão agora. Nem sequer sei o que farei da minha vida. –digo com as mãos na cabeça.

...

Passar a semana junto com meus pais, sem poder contar minha atual situação foi desastroso. Os enjoos matinais são muito piores do que tudo o que já ouvi a respeito, e enganar minha mãe quanto a eles fez parecer ainda mais difícil.

Mesmo assim não tive coragem de frustrar as férias dos meus amigos por causa da minha irresponsabilidade, então depois de muito insistir viemos passar uns dias no litoral.

Minha janela fica de frente para o mar, e passei o dia sentada junto a ela admirando os casais passearem apaixonados, enfeitiçados pela beleza do lugar, mas nem toda sua perfeição me fez esquecer do meu pequeno problema, inconscientemente me pego alisando minha barriga.

—Ah bebe, por que você resolveu surgir em minha vida? Você não tem ideia do problema que me causou. Você não terá um pai meu amor...não terá. –sussurro triste para mim mesma.

Será que posso culpar o destino pela minha desgraça? Será que serei egoísta a ponto de culpar outro senão a mim mesma pelo rumo que minha vida ira seguir?

—Oi. –Alice entra no quarto.

—Oi. –respondo sem animo.

—Ta melhor?

—Na medida que posso. –dou um sorriso fraco.

—Malu eu sei que você já disse que não quer, mas eu tenho que insistir. Você tem que contar para o Cristiano sobre o bebê, ele tem responsabilidade tanto quanto você.

—Alice não sei como fazer isso, você não entende? Eu simplesmente não consigo. Como  vou chegar e dizer: Escuta eu sei que estamos separados para sempre mas sabe, eu to gravida  –sou sincera.

—Amanha quando desembarcarmos no aeroporto você vai direto encontrar com ele Malu, não aceito não como resposta, afinal tenho responsabilidade de madrinha por essa criança. –me ignora.

—Amanha vemos isso, hoje não quero pensar mais nesse assunto, quero só me despedir  daqui fingindo estar em paz.

...

—Rafael, seja discreto por favor, não queremos que a tal Bruna descubra esse encontro entre os dois ok? –Alice combina meu encontro com o Cris pelo telefone, enquanto eu me controlo para não vomitar no taxi.

—Tudo certo. –ela diz cheia de alegria me abraçando de lado no carro.

—Moço por favor, pode ir nesse endereço? –entrega um papelzinho amassado para o motorista.

—Vai dar tudo certo amiga, você tem que ser firme não só por você, mas também pelo nosso bebezinho. –a confiança de Alice me surpreende. Quando foi que ela assumiu tanta responsabilidade?

Enfim chegamos no prédio onde ele mora, só de imaginar o que terei que fazer, sinto as pernas petrificarem e amolecerem ao mesmo tempo, suando frio eu chamo o elevador, fazendo uma prece suplicante para que ele não esteja lá.

No primeiro toque da campainha, ele atende a porta. Esta igual a ultima vez que o vi, mas nem a beleza ou o cheiro inconfundíveis dele puderam esconder a frieza em seu olhar.

—Oi. –cumprimento-o num fio de voz.

—Ta fazendo o que aqui? –pergunta surpreso e desconcertado.

—Posso entrar? Preciso falar com você. –recupero a voz milagrosamente.

—O que você quer aqui Maria Luiza? –pergunta seco quando entro no apartamento.

—Tenho uma coisa pra falar com você. –estremeço diante da raiva em sua voz.

—O que? –vira de costas, e eu recuo ao perceber que esse não é o momento para falar de uma gravidez indesejada.

—Você ta feliz com a Bruna? –desconverso.

—Veio aqui pra perguntar isso Malu? Você é absurda demais!

—Não..sim. Eu não sei, responde logo Cristiano! –me descontrolo.

Ele pensa por alguns instantes e se vira de frente para mim.

—Sou. –responde ainda mais seco.

—Ela é melhor do que eu fui para você? –Meu Deus, não acredito que estou prestando esse papel. Controle-se Malu.

—Ela me ama e demonstra isso, o que você acha? –desvia novamente o olhar.

Eu respiro fundo buscando a força que necessito para dizer realmente o que preciso. Mas ele me encara com os olhos ardendo em raiva, quase chegando ao ponto de me dar medo.

—Vai embora Malu, você já ouviu o que queria ouvir. A Bruna esta para chegar e não quero um problema com ela por sua causa.

—Ela é tão importante a ponto de te fazer me expulsar daqui Cristiano? –pergunto sem nenhum indicio de que tenha amor próprio. Isso é humilhante, me esforço de forma brutal para não chorar.

 -Já disse Malu, ela me ama e eu valorizo esse amor. –dispara.

—E você a ama? –não por favor, não!

—Vou pedir ela em casamento. –sinto um soco me atingir em cheio no estomago, por muito pouco não caio sentada.

De forma surpreendente eu recupero a razão mas não me sinto capaz de contar a ele sobre nosso filho. Meu filho, ele é só meu agora.

—Não quero mais incomodar. Adeus Cristiano.

—Não posso acreditar que você tenha vindo aqui só pra isso. –diz balançando a cabeça.

—Nem eu acredito, Cristiano. –digo enquanto atravesso a porta de cabeça baixa.

...

Cristiano eu te amo, apesar de minhas escolhas estupidas eu te amo. E te juro que, se naquele dia eu soubesse das consequências do meu não, eu teria dito sim meu amor. Para você eu sempre diria sim. Mas agora é tarde, agora você ira se casar.

—Eu o perdi Alice, perdi para sempre. –digo chorando no colo da minha amiga.

—Você devia ter contado Malu, tenho certeza que não seria esse o resultado se ele soubesse. –diz afagando meus cabelos.

—Você não vê Alice? Se eu contasse ele poderia ate assumir seu papel de pai, mas jamais me aceitaria de volta. Nunca formaríamos uma família. De que adianta ele saber Alice, se não seria nada mais do que um pai sempre ausente.

Ele não me ama mais.

Parti da casa de Cristiano direto para a fazenda dos meus pais. Preciso enfrentar de frente todas as consequências vindas daquela noite no sótão, a noite magica que não queria acabar, agora sei por que.

—Preparada? –Alice segura minha mão.

—Não, mas sei que vai dar tudo certo. –tranquilizo-a.

—Acha que seus pais vão surtar?

—Felizes não vão ficar né? Claro que sempre sonharam em ser avós, mas sob outras circunstancias, e comigo casada com ele. Mas vão aceitar com o tempo. –digo bastante cansada.

Contar para meus pais não foi tão ruim quanto pensei que fosse, houveram momentos em que eu só ouvi, outros em que me defendi, mas em todos me senti como uma garotinha assustada morrendo de medo dos pais ao descobrirem uma travessura. Eu precisava de colo.

Quando se é criança, sempre fantasiamos como será a vida que teremos quando crescer.

Enroladas em colchas coloridas nos imaginamos estar no vestido de noiva perfeito. As bonecas bem cuidadas serão no futuro, os filhos muito amados. E o felizes para sempre é o mais importante de toda a fantasia.

Ah, meu bebê é uma pena que na vida adulta não é assim. Na realidade da vida, existem mamães criando filhos sozinhas sem a presença dos papais, e sem nunca ter sequer experimentado o vestido de noiva que tanto sonharam quando criança.

Por você meu amor, mamãe vai amadurecer e lutar muito para que nunca saiba a dor traz a falta de seu pai. Essa dor só eu mereço sentir.

Agora somos só nós dois.

Te amo meu bebê.


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