P.O.V Cindy:

— Você vai ir para esta festa comigo por que me achou legal agora e quer ir por livre e espontânea vontade, ou por que nossos pais estão nos obrigando? Eu sei que a verdade é que eles que nos mandaram ir juntas e que mal nos conhecemos, mas sabe, eu tive uma boa primeira impressão de você. Gostei de você, acho que seremos boas amigas — pergunto, meio hesitante.

Ela ficou me encarando em silêncio por uns segundos e depois olhou para o chão, ainda em silêncio. Está envergonhada ou triste pois sabe que sua resposta não vai me agradar? Acho que não sou boa em leitura corporal.

— Bem, Cindy... a verdade é que.... Ah, quer saber mesmo? Sinceramente? — ela começa, eu assinto com a cabeça. — Eu vou ir para esta festa com você por vontade própria, pois, pelo pouco tempo que passamos juntas, percebi que você é uma ótima pessoa. Não estou falando isso da boca para fora, só para te alegrar, não! Eu faço isso, é verdade, mas com minhas amigas não. Com elas eu sou verdadeira... eu acho. No caso: estou sendo verdadeira agora, Cindy. Ok, eu enrolei bastante, mas... Enfim, como você mesma disse, acho que seremos boas amigas.

— Estou sem palavras. O que você quer ouvir depois dessa grande declaração de amizade? — pergunto. Ela me olha emocionada, acho que seus olhos estão cheios de lágrimas. Com esse olhar, essa emoção, Manuela me contagia e fico da mesma maneira: emocionada com os olhos cheios de lágrimas.

— Talvez um: ’’Estou emocionada, Manu. Me abraça!’’ — ela diz rindo e eu, em um ato rápido, abraço a. Ela retribuiu o abraço na hora. Acho que estou derramando lágrimas em seu ombro, mas fico feliz em saber que consegui mais uma amiga e nos emocionamos juntas. Talvez rápido demais, porém é a intenção que vale.

Sabe, acho que seremos ótimas amigas., penso enquanto luto contra as lágrimas que insistem cair. Desisto! Não faz mal chorar agora, vou até mostrar meu ótimo coração mole.

As lágrimas começam a cair e eu não interfiro em nada. Bom, mesmo se quisesse, eu não conseguiria.

Podem cair lágrimas, não me importo, não tenho nada a esconder agora., penso novamente. Eu estou conversando com minhas lágrimas?!

Ficamos um bom tempo assim, abraçadas e chorando de emoção e felicidade, até que nos afastamos.

— O.k, chega de choradeira, sei que é muita emoção, mas já deu! Isso realmente não está pegando bem — digo depois que me afasto. Agora ela limpa as lágrimas e eu também enquanto rimos juntas como duas bobas. Clichê.

No resto da tarde, ficamos conversando sobre nossas vidas, nossos sonhos, como chegamos a Paris, do que gostamos, onde estudamos, como nos encontraremos para a festa semana que vem.... Várias coisas.

— Tenho que ir. Já é hora de meus pais voltarem para casa e vou levar uma bronca se não estiver lá — digo olhando a hora em meu relógio e levantando-me da cama. Ela também levanta.

— O.k, vamos lá. Te acompanho até o portão.

— Não sei se reparou, mas você não tem escolha, tem que me acompanhar para abrir a porta, o portão e segurar Cookie.

— Estou tentando ser educada — ela diz e nós duas rimos enquanto saímos do quarto.

Nós descemos as escadas e saímos da casa. Cookie chega, Manuela afaga sua cabeça e nós todos nos despedimos. Ela abre o portão enquanto segura Cookie e eu saio.

— Tchau, Manu. Tchau Cookie — digo me afastando da casa. Cookie late. Ele pode até ser um cachorro, mas é muito fofo e esperto.

P.O.V Manuela:

— Tchau, Cindy. Nos veremos em breve — me despeço acenando. Ela faz o mesmo e vai embora.

Entro novamente em casa e vou para meu quarto. Ligo o notebook e faço uma ligação por webcam para Kim e Sarah. Espero elas atenderem a ligação.

— Pensamos que não ligaria mais, Manu! Você demorou, hein? Mas vamos ao que interessa: como foi? Queremos saber tudo! — diz Sarah. Elas pareciam estar totalmente animadas e ansiosas para ouvir tudo e entediadas pela espera. Nada surpreendente.

— Oi para você também, Sarah — digo e nós todas rimos. Em seguida, conto como Cindy é, o que ela disse, o que fizemos, quais fantasias escolhemos.... Tudo. Como se eu fosse uma narradora dos jogos de futebol brasileiro.

— Hm... Ela parece ser legal... Mas não mais do que eu, é claro — comenta Kim rindo. Eu e Sarah apenas rimos da Kim–modo–convencida.

— Mas então, querem que eu apresente ela para vocês? Ela pode fazer parte do grupo? — pergunto. Isso tudo parece muito com os filmes colegiais onde os alunos sempre têm seus grupinhos preconceituosos. Eu estou sendo como eles agora?