P.O.V. Noah:

— Olha quem está aqui! — ouço uma voz dizendo.

Viro-me para ver de quem é a voz, mesmo que quase já sei.

— Alex — digo. Cindy me olha com uma cara de ‘’fala sério!?’’.

— Grande amigo Noah! Que coincidência, não?! Estão almoçando? — Alex pergunta.

— Coincidência até demais — diz Cindy com um olhar suspeito e de raiva.

— Estamos almoçando sim, Alex — respondo.

— Querem companhia? — pergunta ele com a mesma cara de sempre. Eu olho para Cindy.

Não aceite! Não, por favor! Vamos embora! Não! N-Ã-O!, meu olhar suplica a ela.

— Desculpe-nos, Alex, mas já estamos terminando de almoçar e temos um compromisso daqui a pouco. Não vai dar — diz Cindy. Acho que ela entendeu o que eu queria dizer com meu olhar. Por um instante, me sinto aliviado pela resposta dela.

— Ah.... Vocês têm compromisso? — ele pergunta com a mesma expressão. A sensação de alívio passa rapidamente ao ouvir isso.

Não estou gostando dessa expressão...

— T-temos — digo. — Nós temos um compromisso e precisamos ir — me alimento rapidamente, mas tentando disfarçar, e Cindy faz o mesmo.

— Vamos, Noah? — pergunta Cindy quando terminamos de almoçar.

— Vamos — digo e nos levantamos indo em direção ao balcão para pagar a conta. Para nossa surpresa, Alex Pierre vai junto. Eu e Cindy nos olhamos apavorados, mas continuamos a caminhar.

Chegamos ao balcão. A atendente nos dá a conta e eu retiro minha carteira do bolso, mas Cindy segura meu braço. Olho para ela.

— Não precisa. Eu tenho minha carteira aqui também — ela larga meu braço e retira sua carteira da bolsa.

— Eu insisto — digo.

— Eu também — ela diz sorrindo.

— Odeio acabar com a brincadeira, mas vocês não tinham um compromisso daqui a pouco? — lembra Alex, acabando com minha felicidade, como sempre. Tinha esquecido que ele estava aqui.

Que compromisso nós tínhamos mesmo?, penso.

— Bem lembrado, Alex — fala Cindy. — Então... Vamos dividir, Noah?

— Só desta vez — digo e ela sorri. Dividimos o valor da conta e pagamos.

— Onde é o compromisso de vocês? — Alex quer saber.

Cindy e eu nos entreolhamos. Ela pensa um pouco e depois anuncia:

— Aqui perto, na casa de uma amiga. Nós já vamos então, Alex. Até algum dia.

Aqui perto? Amiga? Ela só pode estar falando da...

— Aqui perto? Eu vou junto, acompanho vocês — decide Alex, interrompendo meus pensamentos.

— Não precisa, Alex. Se é por questão de segurança, fique tranquilo, eu posso cuidar de mim e Cindy sozinho — digo.

— Eu insisto em ir, Noah. Só por garantia — ele diz com um sorriso no rosto. — Não quero que gaste seus músculos, garotão.

— Não é necessário, Alex. Noah dá conta do recado. Nós já vamos! — indaga Cindy. Sua cara é de: ‘’Me dê licença, senão eu vou acabar com esse seu sorriso! Nós já vamos, caramba!’’.

— Está decidido. Eu vou com vocês — ele decide, ignorando nossa opinião.

Alex faz um sinal de passagem com a mão para Cindy e fala:

— Primeiro as damas.

Ela desiste de tentar impedi-lo e sai do restaurante. Posso ver que ela revira os olhos de raiva.

— Você também, grande-amigo-só-que-não Noah — ele diz quando Cindy já está longe de nós. Esse cara só quer me irritar.

— Damas primeiro. Eu sou um cavaleiro — digo. Nós começamos a nos preparar para a briga, mas Cindy interfere:

— Ei! Vocês vêm ou não?

Trocamos um olhar de raiva e vamos na direção dela. Atravessamos a praça e continuamos andando até chegarmos em frente a uma casa familiar – pelo menos, para mim. É a casa de Manuela Singer.

— E é este o nosso destino, Alex — anuncia Cindy. — Satisfeito? Pode nos deixar agora, sabemos nos virar.

— Não até garantir que estejam realmente entregues — ele toca a campainha da casa.

Eu e Cindy trocamos um olhar apavorado.

Acho que estamos ferrados. Nossa amiga Manu sabe contar uma mentira convincente?