— Não tenho tempo agora, Srta. Cindy. Estou ocupadíssimo. Falamos outro dia — ele disse sem tirar os olhos do notebook.

— Desculpe-me Sr., mas outro dia quando? Quando vocês estiverem na Grécia? — eu disse. A raiva começou a brotar dentro de mim. Ele apenas me olhou e rapidamente voltou a olhar para o notebook.

— Não sei que dia será, mas agora não, Srta. Cindy — ele continuou com os olhos colados no notebook.

Hm... O notebook..., pensei. Ele é o meu alvo. Não quer falar comigo por bem, vai falar por mau.

Em um ato rápido, baixei a tela do notebook com toda força. Noah ficou apavorado, com certeza não achou que eu fosse chegar a esse ponto. O Sr. Crawford levou um susto e depois me olhou incrédulo, não acreditava no que eu havia feito:

— Srta. Cindy, O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?

— Como dizem nós, jovens: estou mandando a real pro Sr. — a raiva já tinha me dominado por inteiro e eu precisava demonstrá-la para ele entender os fatos. — Como eu disse, nós somos jovens mas mesmo assim já temos o direito do livre-arbítrio; isso mesmo, podemos fazer nossas escolhas, decidir o que faremos, como faremos e porque faremos. Isso inclui faculdade, trabalho, amigos, vida.

— Srta. Cindy, EU NÃO TINHA SALVO MEU TRABALHO NO NOTEBOOK! — ele gritou. Com certeza ignorou tudo que eu havia dito.

— Shhh...! Quem fala agora sou eu, e você, apenas escuta — eu disse fazendo um sinal de silêncio com o dedo indicador. — Quanto ao seu trabalho: eu pensei que você fosse mais inteligente, Sr. Crawford. O notebook só está bloqueado, é só ligá-lo novamente.

Sr. Crawford me olhou com raiva, quer dizer, muita raiva. Mas eu o encarei com uma cara que significava: quer me desafiar, amigo? Apenas escute e fique quieto. Parece que ele entendeu, pois ficou quieto. Noah ainda estava totalmente apavorado. Provavelmente não imaginou que eu iria ofender o seu pai um pouquinho e que pegaria pesado. Na verdade, nem eu imaginei.

Ela é corajosa., Noah deveria estar pensando.

— O que quero dizer, é que você não pode forçar as pessoas a fazerem o que não desejam. Cada um tem um sonho diferente e merece ter oportunidade para correr atrás dele. Merece poder escolher o que quer e o que não quer. Se Noah quer fazer faculdade de eletrônicos, deixe-o ter uma oportunidade de tentar. Ele e nem ninguém, é um bonequinho seu que só recebe ordens! Nós já podemos escolher o que queremos, o que faremos, como faremos, quando faremos e porque faremos! Lide com esse fato, Sr. Crawford. Nós temos o livre-arbítrio.

— Deixar Noah fazer faculdade de eletrônicos junto com você? Para quê? Você não está sendo uma boa influência agora, Srta. Cindy. Parabéns pelo discurso, muito belo e bem feito, mas infelizmente não irei mudar de opinião. Nós vamos para a Grécia e Noah irá fazer faculdade de administração para, no futuro, administrar meus negócios.

— Isso não está certo, Sr. Crawford! Não é assim que as coisas funcionam. Aceite os fatos! — à essa altura, já estávamos gritando no meio da praça.

— Não vou fazer administração, pai! Eu já disse que fui feito para a faculdade de eletrônicos! Cindy está certa, não é assim que as coisas funcionam! Aceite isso logo! — finalmente Noah se pronunciou.

— Faça isso e você não será mais meu herdeiro.

— Não estou nem aí para o seu dinheiro! — gritou Noah, totalmente irritado.

— Não? E para sua casa? Você está se importando com ela? — disse o Sr. Crawford. Noah ficou quieto e encarou seu pai com todo ódio do mundo em seus olhos. Confesso que fiquei com medo dele. Sr. Crawford continuou a falar em um tom autoritário, como sempre. — Vamos para casa, Noah. Amanhã partiremos para a Grécia. E você, Srta. Cindy, deveria ser mais gentil e educada. Cuide de seus problemas e nós cuidamos dos nossos. Vá para casa também, está tarde. Adeus, Srta. Cindy. Ah! Mais uma coisa: se meu trabalho não estiver salvo naquele notebook...!

— Eu já disse que o notebook só está bloqueado!

Na verdade, estou desejando que ele tenha desligado e você, perdido tudo, Sr. Crawford!, pensei.

Ele foi embora com o notebook e Noah, contra sua vontade, também tinha que ir.

— Adeus, Sr. Crawford. Adeus, Noah. Mantenha contato, ouviu? E não deixe de lutar pelo que você quer! Você vai conseguir, eu acredito.

— Obrigado por fazer isso, Cindy. Nos vemos em breve. Eu vou conseguir. Adeus, gamer girl — ele se despediu. Nós trocamos um abraço e ele foi embora.

No dia seguinte, Noah e seu pai foram para a Grécia.

~FLASHBACK OFF~