Garotas Apaixonadas Procuram escrita por Beta4ferreira


Capítulo 6
Capítulo 1.5




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As pessoas acham que ser um produtor de eventos é a coisa mais sensacional do mundo. E realmente é. A não ser que tenha dado tudo errado, ai com certeza não é a coisa mais sensacional do mundo. Na verdade você se sente mais como um perdedor. Isso na maioria das vezes.

Eu gosto de produzir eventos pequenos, os grandes me deixam estressados. Apesar de estar nesse mundo oficialmente há pouco mais de cinco anos, agora posso escolher os eventos que quero produzir. A não ser que o evento seja na sua família, ai meu querido... Não tem jeito.

─ Lucas, quer prestar atenção em mim?

Fiz uma cara de entediado enquanto Bianca explicava pela décima quinta vez como queria que a banda fosse posicionada, como se eu não fizesse isso há anos. Passei a mão pelos cabelos louco para sair correndo de lá.

─ Bia, já entendi o que você quer. O casamento será perfeito. Não sei por que você me chamou para organizar isso, sabe que meu tipo de evento é outro, cacete. Não tenho paciência para esses detalhes de mulherzinha.

Bianca me fuzilou com o olhar. Era o casamento dela e claro que tinha me chamado porque a empresa estava com um conceito muito alto, mas não era o tipo de evento que eu promovia. Gostava mais de trabalhar com fotos e bandas. Mas não dispensava eventos na praia, onde as mulheres poderiam ir de biquine.

─ Detalhes de mulherzinha? Acha que eu não sei a diferença entre Medium Violet Red com o Violet Red?

─ O problema é que eu não sei e para mim é tudo rosa.

─ Exatamente, você não sabe a diferença e é por isso que estou aqui te ajudando. E para sua informação o Violet Red é um tom mais claro que o Medium Violet Red.

─ Que são dois tons de rosa praticamente idênticos.

─ Por favor, não comece Lucas. Quando for a porcaria do seu casamento espero que você não saiba os tons de cores e que sua noiva fique enfurecida com você. Como eu estou. Nesse momento estou tentando explodir sua cabeça com a força do pensamento.

─ Boa sorte. Vou pra casa.

─ Lucas!

─ Bia!

─ Pare me imitar.

─ Bia, escuta. Hoje é sexta-feira e eu realmente preciso de pelo menos um engradado de cerveja para esquecer totalmente a diferença entre os malditos rosa. Eu realmente preciso beber a ponto de esquecer o meu nome, porque eu estou andando tanto com vocês e suas amigas, madrinhas, o cacete todo. Eu simplesmente estou esgotado. Vou chamar Amanda para ajudar com esses detalhes, sei que é importante para você. Mas para mim não dá mais, me desculpa. Não vou largar o seu casamento na mão, mas ela é minha assistente e pode ajudar melhor do que eu. Estamos combinados?

─ Você que sabe, porque o casamento não é seu.

Ela ia chorar. Outra vez. Pela quinta vez naquele dia. Uma hora era por eu ter respondido de uma maneira estabanada ao telefone e outra por eu ter dito um palavrão por tomar um gole de café quente. Naquele momento seu noivo entrou no recinto e eu fui saindo pela mesma porta que ele entrou.

─ Boa sorte, meu rapaz.

Peguei minhas coisas e fui andando para o carro. Só queria me enfiar no chuveiro e esquecer a loucura dos tons de rosa. Meu Deus, tinha uma infinidade de rosas e aquela louca da Bianca queria que eu decorasse os nomes de todos eles. Era enlouquecedor. E eu não precisava daquilo.

Como de costume parei em um dos bares que costumava frequentar de vez em quando. Música ao vivo e muitas mulheres bonitas. Alguns conhecidos estavam por ali e me convidaram para me juntar a eles na mesa quando perceberam que estava sozinho no bar. Não que eu me importasse com isso.

─ E então, qual é a boa?

─ Não me diga que não sabe do maior ba-ba-do!

─ Se eu estou perguntando é porque eu não sei.

─ Então, senta que o babado é forte. Boatos de que um site novo de relacionamento está querendo testar sua teoria, criou um questionário online com muitas perguntas de níveis pessoais diferentes. Você o preenche e torce para que uma garota o preencha também. Se suas respostas combinarem, pode ser que formem um par ideal. Mas tudo isso, em Cancun meu querido! Você passa um mês com dez mulheres e dez homens tentando descobrir qual é o seu par ideal. Loucura né?

─ Totalmente.

─ Mas eu já me inscrevi.

A maioria das pessoas ali na mesa confessou que preencheu o tal questionário. Eu era o único que não sabia do que se tratava e não me pareceu tão interessante. Se bem que evitaria os preparativos do casamento. E poderia curtir umas férias merecidas.

─ Vamos te escrever agora!

─ Não, obrigado. Já estou indo embora.

─ Tão cedo?

─ Trabalhei demais hoje, juro que se alguém falar “rosa” eu pulo de uma ponte. Sério. Preciso de um banho e uma boa noite de sono.

Eu não estava brincando, se ouvisse mais uma vez alguém dizendo essa palavra eu ficaria louco. Não estava uma boa companhia, então me despedi antes que alguém inventasse um motivo para me prender por lá.

Assim que entrei em casa fui direto para a cozinha preparar algo para comer. Eu tinha um estoque de comidas congeladas de todos os tipos imagináveis e se parecia muito com uma república ou um apartamento normal de solteiro, onde a parte debaixo possui uma garrafa de água e várias de cerveja. Escolhi um lanche, deixei no micro-ondas e fui para o banho.

Quando sai o lanche já estava pronto. Peguei uma cerveja para acompanhar e liguei a televisão. Não havia nada de interessante passando, então acabei ligando o notebook. Por curiosidade acabei procurando pelo tal questionário que fora citado na conversa. Li os termos e me certifiquei de que não estaria vendendo um rim ou concordando em ser algum tipo de escravo. As pessoas nunca liam esses termos e agora eu entendia o motivo. Eram chatos pra caramba.

Um e-mail seria enviado caso eu tivesse entrado para a lista dos dez caras. Não poderia falar para ninguém sobre isso também. Avisar a família e o pessoal do trabalho, claro. Mas não poderia entrar em detalhes. Eles desejavam boa sorte com o questionário e que esperavam encontrar um par ideal para mim.

Abri o questionário e fui respondendo com a maior calma do mundo. Não queria mentir nas respostas. A possibilidade de encontrar um par ideal de acordo com a minha ficha parecia uma loucura, mas se todos estavam se inscrevendo eu poderia ter uma chance. Respondi todas e demorei bem mais do que gostaria, no final acabei dormindo com o notebook em cima da barriga.

Acordei assustado no meio da noite. Todo dolorido. Espreguicei-me e fui para o quarto. Minha cama me esperava de braços abertos e ainda bem eu que não trabalharia nesse sábado. Não estava muito animado para acordar antes do sol nascer – o que seria dentro de poucas horas – adormeci pensando em Cancun. O destino poderia me dar uma forcinha dessa vez, mas eu nunca havia ganhado nada em toda a minha vida. Nem esses bingos que eu frequentava quando era criança. O não eu já tinha, só precisava pensar no sim.

Lembrei-me da história de Peter Pan, aonde as crianças só voavam se tivessem pensamentos felizes. E eu queria muito voar ou viajar para encontrar a pessoa que combinaria comigo. Será que eu a reconheceria na hora? Ou será que o site jogava com os opostos?

Eu pensaria nisso quando acordasse.


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