Garotas Apaixonadas Procuram escrita por Beta4ferreira


Capítulo 4
Capítulo 1.3




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O que um sobrenome influente pode fazer por você? Te ferrar. Convivo com pessoas interesseiras o tempo todo e é difícil saber quem são meus verdadeiros amigos. Claro, que aos dezoito anos é muito legal sair e gastar horrores em uma noite, voltar cheio de mulher e literalmente se achar o rei do camarote.

Isso era legal há seis anos. Quando eu não sabia medir as consequências dos meus atos. Agora eu sei que todo ato tem uma consequência. Depois daquela noite eu nunca mais fui o mesmo e minha família passou a ignorar minha existência dentro de casa. Éramos uma família de aparências. Um pai rico e poderoso, uma mãe submissa e uma irmã caçula. Ah, e eu a ovelha negra da família.

─ Poxa Rafa, bem que você podia dar um tempo nesses projetos e ir para o happy hour com a gente.

─ Sem chance Sabrina, estou ocupado.

─ Você sempre está.

É verdade. Eu sempre estou ocupado, quando não estou estudando estou tocando a empresa do meu pai. Comecei lá embaixo como estagiário – precisava de responsabilidades – e só iria conseguir isso começando como os outros funcionários dele. Meu pai é arquiteto e acabei seguindo seus passos. Não foi uma pressão, mas sempre gostei do trabalho que ele fazia e o acompanhava desde novinho. Acabei indo na mesma direção, pois ele me mostrou a paixão em trabalhar com arquitetura.

Não sou uma pessoa muito receptiva, vivo desconfiado das pessoas o que não é muito bom, mas facilita a minha vida. Minha avó vivia dizendo que eu precisava de uma esposa e que o meu gênio era muito difícil de lidar, por isso nenhuma das antigas namoradas havia chegado ao posto. No fundo sabia que ela tinha razão.

─ Hey dude, quer uma carona pra casa?

─ Não, valeu. Estou de moto.

─ Vai para o happy hour hoje?

─ Vou nada.

─ E vai perder a Sabrina que está te dando mole, é um idiota mesmo.

─ É encrenca, você sabe.

─ Não estou mandando você se casar com ela, mas nada impede de fazer o teste drive. Se é que me entende.

─ Entendo, mas não estou interessado. Tem o caminho livre para conquistá-la, mas já aviso que é encrenca e das grandes.

─ Eu rio na cara do perigo, meu amigo.

─ Boa sorte.

Marcos era um cara legal, mas merecia alguém menos atirada do que Sabrina. Mas como dizia a minha irmã, ninguém sabe para onde o cupido vai atirar não é? Falando em Ana, precisava ligar para ela antes de sair.

─ Escritório da Doutora Ana Ferraz?

─ Oi Suse, minha irmã está?

─ Oi Doutor Rafael, vou transferir sua ligação.

─ Obrigada.

Ana era um ano mais nova que eu, mas mesmo assim era uma pessoa fantástica. Ao contrário de nosso pai, acabou virando Pediatra. Estava para se casar em três meses e por isso era cada vez mais difícil falar com ela.

─ Olha, se não é o terceiro homem mais importante da minha vida.

─ Terceiro?

─ É, você perdeu o segundo lugar para o Rodrigo.

─ E eu nem sabia disso?

─ Sem dramas, continua no pódio.

─ Queria falar comigo? Não consegui retornar sua ligação na hora do almoço.

─ Eu liguei? Ah, verdade. Liguei sim. Queria te mostrar um anúncio que recebi de umas amigas. Claro que achamos que fosse uma brincadeira ou uma espécie de reality show maluco, mas depois descobrimos que é sério. Pensei que fosse algum anúncio de site de namoro, mas quando entrei em contato eles explicaram que é muito mais do que isso. É como se fosse um novo experimento que eles estão testando.

─ Ana, não entendi nada.

─ Certo, certo. Passa em casa as nove para jantar comigo. Rodrigo está em um congresso de medicina em outra cidade. Assim posso te explicar melhor, ou mostrar caso você se interesse.

─ Combinado, eu levo a sobremesa.

─ Feito. Até mais tarde Rafa.

Desliguei e acabei de guardar os papeis em seus devidos lugares. Eu estava exausto, aquele trabalho poderia ser o melhor do mundo, mas precisava de umas férias mesmo assim. Fechei o escritório, desci até a garagem da empresa e subi na moto. Aquela era a segunda melhor sensação do mundo. Eu poderia passar a vida viajando em uma moto que não me incomodaria nenhum pouco.

Cheguei a minha casa em quinze minutos e estava atrasado para o jantar com Ana. Tomei um banho rápido e coloquei uma roupa mais confortável do que terno e gravata. Ainda precisava passar no supermercado para comprar a sobremesa.

─ Está atrasado.

─ Eu sei.

Ana não suportava atrasos, havia herdado isso do meu pai. Um dos seus defeitos imperdoáveis.

─ Poderia ter mandado uma mensagem avisando.

─ Ana, foram dez minutos.

─ Na verdade foram quinze.

─ Cinco de tolerância. Podemos mudar de assunto, por favor?

─ Claro, o jantar está pronto há quinze minutos e agora preciso aquecê-lo novamente porque já deve estar frio.

Ana foi até a cozinha esquentar o jantar e a segui para guardar a sobremesa. Torta holandesa. E já começou a falar sobre o questionário de pares ideal. Explicou que era uma experiência nova e que as pessoas poderiam realmente encontrar o amor da sua vida, que eles apenas juntavam os pares que completavam o que faltava no outro e vice-versa. Confesso que não tinha me interessado muito, até ela tocar no assunto sobre o Resort em Cancun. Aquele que eu estava babando para ser meu próximo roteiro.

─ E como funciona?

─ Você preenche um questionário imenso, sem mentir e envia para o site deles. Se o seu par ideal tiver preenchido o mesmo formulário que você e vocês combinarem, vocês ganham a viagem.

─ E como eu vou saber quem meu par?

─ É aqui que está. Eles sabem, mas não te contam, você precisa descobrir sozinho;

─ COMO É QUE É?

─ Ah querido, você não achou que eles simplesmente fossem entregar o prêmio assim de bandeja. Eles dão trinta dias para você descobrir qual das dez garotas é o seu par ideal.

─ E se eu não descobrir?

─ Bem, não cheguei a perguntar isso porque acredito na sua capacidade de dedução. Mas pelo menos curtiu trinta dias em um lugar maravilhoso. Se você for selecionado, tem como reservar para a minha lua de mel?

─ Obrigado pela parte que me toca irmãzinha.

─ E ai, tem interesse ou não tem? As inscrições estão acabando.

─ Quantas perguntas tem esse questionário?

─ Deixa de ser preguiçoso, eu te ajudo a responder depois do jantar.

E assim foi feito. Jantamos, comemos a sobremesa e estávamos relembrando algumas de nossas brincadeiras favoritas na infância quando ela me lembrou de que precisávamos preencher o formulário.

─ Eu digito metade.

─ Feito.

Meia hora havia se passado e eu bocejava na frente do computador, quando ela disse que o questionário era imenso não exagerou. Ele era realmente enorme. Ana trocou de lugar comigo e fazia as perguntas de vez em quando. Seus dedos trabalhavam rapidamente, mas percebi que as respostas estavam ficando cada vez mais pessoais.

─ Tem medo de que?

─ De nada.

─ Extraterrestre.

─ Não é bem um medo...

─ Não, só um pavor ou uma fobia.

─ Não tem graça.

─ Ele aceitou a resposta. Procure pela garota que ou tenha muito medo ou medo algum de extraterrestre.

─ Idiota.

Já passava das onze e meia quando finalmente finalizamos o questionário. Ana havia pedido para que eu respondesse as últimas dez questões e ela acabou adormecendo no sofá. A cena era até bonitinha, mas eu precisava tirá-la de lá. Lembrei-me da sensação de adormecer no sofá e acordar no quarto. Passei meus braços por baixo de seu corpo e a encaixei como se fosse uma criança pequena. Sorri com a sensação. Coloquei-a em sua cama e dei um beijo em sua testa. Antes de sair deixei um bilhetinho carinhoso para ela.

Fui para casa e aproveitei o trajeto todo para pensar no que eu tinha feito. E se não desse certo? E se eu não conseguisse encontrar o meu par ideal no meio das dez meninas? Resolvi que não iria me preocupar com isso, não agora. A resposta viria por e-mail daqui alguns dias. Precisava tirar isso da cabeça.

Quando cheguei fui direto para o chuveiro novamente, foi um banho rápido. Estava muito calor para me preocupar com roupas. Coloquei uma cueca e deitei-me. A última coisa que eu me lembro era de estar sonhando com a praia de Cancun que eu havia namorado por fotos uns meses atrás. Eu só queria que tudo desse certo.

Acordei com o toque do celular. Era Ana.

─ Bom dia flor do dia.

─ Bom dia!

─ Obrigada por me colocar na cama, sério. Foi uma sensação incrível adormecer no sofá e acordar na cama, poderia fazer isso sempre.

─ Você pode chamar o segundo para fazer isso por você.

─ Ciumento.

─ Sou nada.

─ Ahan. Rafa?

─ Oi?

─ Você merece alguém que te faça feliz, sério. E que aguente as suas crises de ciúmes e te ame muito. Torço para que ela seja uma cabeça dura igual você, ia ser engraçado assistir. Bom trabalho big brother.

─ Obrigada little sis. Torço para que você e Rodrigo sejam muito felizes.

Foi assim que nos despedimos. Eu esperava que ela estivesse certa sobre meu futuro par ideal, pelo menos ela era mais otimista do que eu.


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