This is my storm escrita por Phaerlax


Capítulo 1
life's full of tough choices ain't it


Notas iniciais do capítulo

Episódio 5, Polarized: sacrificar Arcadia Bay.



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O tornado avançava sobre Arcadia Bay, arrancando prédios do chão e esmagando pessoas com sua potência absurda. No farol, tudo que se podia ouvir era o rugido do vento; no entanto, Max jurava ser capaz de distinguir os gritos de cada vítima.

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Em algum ponto do vórtice, a fotografia da borboleta azul voava rasgada em dois pedaços.

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Aquele vento voraz parecia soprar através da pele da garota, chacoalhando seus olhos e revirando seu estômago. Não era possível distinguir suas lágrimas da água salgada que o vento trazia.

Sem que se desse conta, estava de pé na beira do abismo. O mar revoltado explodia lá embaixo, acusando-a. Somando a altura à correnteza às rochas ásperas da falésia, uma queda seria fatal cem em cada cem tentativas

Ela devia pular. Talvez acordasse de um pesadelo... ainda que não, ela merecia ser engolida pelo tornado.

Seus olhos se afundavam nas ondas como se já estivessem submersos. Gritos femininos eram carregados pelo vento. A princípio, achou que fossem seus, mas a garganta estava demasiado comprimida. Só quando sentiu-se puxar pelos ombros ela lembrou que não estava sozinha.

Viu seu rosto, de olhos mortos e maquiagem escorrida, refletido em íris azuis arregaladas. Percebeu então que seria incapaz de pular, plenamente incapaz; nenhum universo paralelo jamais se desdobraria a partir daquele momento.

Maxine Caulfield! Fala comigo! — Chloe trovejou, mais alto que a tormenta. — Não ouse apagar de novo!

Max piscou, certa de que estava chorando, mas sem conseguir diferenciar lágrimas da chuva que jorrava por sua face. O semblante contorcido por preocupação da garota de cabelos azuis metia uma estaca de gelo em seu ventre; a última coisa que queria no mundo era preocupar Chloe, mas o remorso era forte demais para que pudesse afogá-lo.

— É minha culpa — sussurrou ao vento. — É minha tempestade. Eu… eu fiz…

— Esse tornado é meu! Você fez por causa de mim! — Chloe a sacudiu pelos ombros, tentando puxar Max de onde quer que estivesse — E fique longe daquela beira se não quiser que eu vá atrás de você!

A fotógrafa virou-se, contemplando a destruição da Baía. O oceano já avançara sobre metade da cidade. Em algum ponto de sua psique, sentia alívio por sua família morar em Seattle, e quis flagelar-se por esse sentimento.

Chloe intensificou seu aperto ao ver como ela olhava para a cena. A dor das unhas se enterrando em seus ombros foi uma sensação distante.

— Você ainda… ainda pode voltar! — gritou, puxando-a mais para trás. — Restaurar a foto e voltar! Foram só alguns minutos…

Max não respondeu, tampouco virou-se a ela. Tinha o olhar transfixado no cataclismo.

— Por favor, Max, você não precisa… — As palavras entalaram na garganta de Chloe. Sacrifícios heroicos eram muito mais fáceis em qualquer lugar que não a vida real — Pelo menos não olhe.

Ela tentou cobrir os olhos de Max, mas a garota segurou seu pulso.

— Eu quero olhar — declarou, soturna. — Eu preciso.

Após uma profunda hesitação, Chloe assentiu, pondo-se a seu lado. Ela buscou a mão de Max, que, passado um instante, agarrou a sua com força.

As duas contemplaram a condenação de Arcadia Bay. Já era difícil enxergar a cidade através do vento escuro, mas relâmpagos frequentes davam flashes da destruição. Max tremia como se houvesse um terremoto também, lutando para olhar à frente.

Ela não aguentou mais dois minutos, fechando os olhos com força e abaixando a cabeça, enquanto tampava as orelhas como quem tenta esmagar o próprio crânio.

É tão alto, tão— berrou, sem saber o que pretendia dizer. — Eu não queria nada disso!

Chloe a envolveu com os braços, puxando-a para perto. Max se desfez em soluços, enterrando a cabeça contra seu peito. Os dedos da mais velha se entrelaçaram no cabelo embaraçado de Max, talvez doendo mais que consolando, mas Chloe não sabia o que fazer. Logo sentiu braços apertarem seu torso com força surpreendente.

— Piratas lidam com tempestades o tempo todo em suas aventuras — cochichou contra o cabelo, sua voz embargada bem diferente do tom confortante que pretendia. — Depois da tormenta, vem a calmaria. Aguente firme, maruja!

Max certamente não conseguia ouvi-la com o rugido do vento tomando conta de tudo.

— Eu prometo que nunca vou deixar você se culpar por isso. Por mais que você queria. — Plantou um beijo na testa da companheira — Essa é minha tempestade.

Δ

Os primeiros raios de sol da calmaria despontaram. Equipes da IFRC empilhavam corpos e buscavam por sobreviventes. Apesar dos apelos, o único carro civil que percorria solitário as ruas destruídas não parou antes de sair de Oregon.


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Notas finais do capítulo

e viveram genocidas para sempre :3