Tell You A Story escrita por STatic


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

hey!!

ok ok, nós sabemos que nós demoramos horrores para postar (três meses?) e isso é péssimo, e pedir desculpas é meio...........

mas voltando para a coisa boa: voltamos com um capítulo novinho!! E com uma novidade maravilhosa que não vou falar por motivos de spoiler hehe

Eu e a Tati queremos agradecer m u i t o a cada um de vocês que ainda estão por aqui lendo e esperamos que vocês gostem do capítulo. Ele foi escrito com muito amor ♥

Boa leitura a todos!!!!



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Castle POV

Eu estava sozinho em casa, como havia se tornado familiar nos últimos dias.

Kate havia voltado a trabalhar cedo demais, antes mesmo do tempo que a Dra. Sullivan havia estipulado para ela se recuperar. Apesar de se fazer de durona, eu sabia que era apenas para mascarar a dor que estava a destruindo de dentro para fora. Desde a nossa última conversa, nós nos falávamos apenas o necessário. Respostas monossilábicas eram 90% de seu vocabulário, os outros 10% eram o habitual "eu estou bem" e o que se tornara um reflexo: "não estou com fome agora".

Desde aquele dia, a nossa última conversa, no dia anterior ela tomou um banho longo. Escutei alguns pequenos gritos e choro, um choro onde parecia que alguém estava a ferindo fisicamente, mas eu sabia que aquilo era apenas a dor se tornando ainda mais presente em seu coração. Não iria a culpar, eu tinha certeza que aquilo ainda doía nela de uma forma que eu nem mesmo podia imaginar.

Naquele primeiro dia de volta, após se arrumar e tomar uma xícara de café, ela disse que ia voltar para o distrito e que ainda tinha uma vida profissional para cuidar. O resto do dia para mim foi de profundos pensamentos. Eu precisava escrever, mas minha mente estava nela, em como ela estaria, se ela iria agir de uma forma positiva, afinal, ela ainda não estava bem. Nem fisicamente, nem emocionalmente. Me tranquei no escritório tentando tira-la um pouco de meus pensamentos, mas parecia impossível. Não haveria nem mesmo um dia onde Kate Beckett não seria minha prioridade. O resultado: passei o dia todo daquela forma.

Quando a noite chegou, a porta principal se abriu e ela entrou, como se fosse a coisa mais normal do mundo chegar em casa perto das 23pm, sendo que seu turno se encerrava perto das 19pm. Ela precisava de um espaço, mas não de um espaço grande o suficiente a ponto de ela simplesmente se afastar de tudo e de todos, não a ponto de reconstruir todos aqueles muros em torno de seu coração. Naquele dia, não trocamos nem mesmo uma palavra.

Aquela havia se tornado sua rotina básica nas últimas duas semanas. Todos os dias ela se levantava, saía cedo de casa e voltava tarde da noite.

Eu queria confrontá-la e exigir uma explicação. Queria saber exatamente o que se passava na mente dela, saber porque ela não falava comigo, porque havia desistido de tudo daquela maneira.

Era o que eu planejara fazer hoje. Como na maioria dos dias, eu havia ido a delegacia com ela. Havia acompanhado cada passo, cada decisão perigosa com o coração tentando fazer uma fuga. Havia presenciado em primeira mão a despreocupação que tingia cada aspecto de seu dia, a intensidade com que ela se jogava no trabalho. Ela era assim com o caso da mãe, mas jamais com casos corriqueiros e eu imaginava se eram assim seus primeiros dias na NYPD.

Eu a havia acompanhado, mas havia saído mais cedo. Sob o pretexto de fazer o jantar, eu a tinha deixado para trás afim de pensar nas coisas que eu precisava dizer. E encontrar coragem. De qualquer maneira, Kate havia prometido estar em casa em uma hora.

Isso acontecera cinco horas atrás. Cinco horas, e ela ainda não havia voltado. Eu ligara duas vezes, em ambas recebendo a mesma resposta: “Nós tivemos uma pista, não pude sair”. “Estarei em casa logo, não se preocupe.”

Não me preocupar?

Eu sabia, apesar de tudo, que ela odiava o que estava fazendo, o que apenas tornava tudo pior. Era visível em seus olhos o quanto ela odiava tudo aquilo. Aquela luz que havia se apagado no dia do acidente ainda não havia retornado. Não completamente. Ela sorria as vezes, ou mesmo ria. A maioria delas, entretanto, não alcançava seus olhos. Eu sentia falta daquela luz.

Quando horas se passaram, e nem mesmo o copo de whisky na minha mão acalmava a raiva e desespero que eu sentia, eu apenas esperei. Me sentei na cozinha e esperei. Como nos outros dias, a porta se abriu silenciosa e uma Kate parecendo exausta passou por ela. Observei como seus ombros caíram imediatamente quando ela entrou, como se de repente o peso que ela carregava se tornasse pesado demais.

Depositei o copo na bancada e ela se virou em minha direção.

— Você me assustou. – ela sussurrou e caminhou em minha direção, dando um beijo em meu rosto. Seu cheiro tão característico foi como um soco e eu quase me perdi. Eu sentia tanto a falta dela!

— Você me assustou também. – devolvi e minha voz saiu mais dura do que eu pretendia.

Ela me olhou surpresa e depois para o meu copo.

— É o primeiro, e eu precisava. – expliquei.

— O que aconteceu? – perguntou enquanto pegava meu copo e colocava-o na pia.

— O que... Você devia estar em casa horas atrás!

Observei quando ela se encolheu um pouco, e eu só queria que ela estivesse mais perto, que eu pudesse alcançá-la, protege-la de tudo.

­– Eu disse que nós...

— Que vocês tinham uma pista. – terminei por ela. – Eu sei, é tudo o que vem acontecendo agora. Você se prende em um caso, ou em um relatório ou em um suspeito, e esquece que eu estou bem aqui!

Kate me olhou por um longo minuto, os olhos brilhando com as lágrimas que ela recusava a deixar cair. Os lábios tremiam um pouco. Ela deu a volta na bancada e parou na minha frente.

— Eu sei, e eu sinto muito. – disse e se virou, caminhando em direção ao nosso quarto.

— Droga, Kate! – disse alto demais.

Ela não podia simplesmente sair assim. Era tudo errado, ela sabia, e nós dois tínhamos que fazer algo antes que devorasse tudo o que restava. Eu não iria permitir que ela se afogasse dessa maneira.

Me virei na intenção de segui-la, constatando surpreso que ela não saíra. Kate estava parada de costas para mim, os ombros sacudindo levemente e eu sabia que ela chorava.

— Kate – sussurrei e caminhei em sua direção. Ela se virou relutante para mim, e as lágrimas escorriam livremente pelo seu rosto.

— Eu não posso mais fazer isso. – a voz estava quebrada e implorava por alívio. Os soluços eram fortes e intensos e Deus, eu só queria poder arrancar toda essa angústia de seu peito. – Eu não... Eu não posso.

— Ótimo, porque eu também não posso. – digo em um tom firme, porém calmo.

— Por que dói tanto continuar? – as lágrimas cessaram por um instante.

— Está doendo porque você está fazendo isso sozinha. – paro por um instante. – Você não precisa levar todo esse peso sozinha. – Ela abre a boca para dizer algo, mas eu não a deixo. – Esse não é um problema apenas seu. Esse é um problema nosso, Kate. Nosso.

Tudo o que eu queria – que sempre quis – era que ela entendesse que não precisava fazer nada sozinha novamente.

Beckett POV

Castle me olhava com olhos que imploravam. Pelo que, eu não tinha certeza. No fundo sabia que tudo estava errado: Meus novos hábitos, minha rotina ridícula, nosso afastamento. Mas toda vez que eu o olhava eu era lembrada do que tínhamos perdido, do quanto o tinha decepcionado.

— Você não entende... – Tento responde-lo, mas tudo naquela conversa parecia perdido.

— Não entendo? – ele quase engasgou, parecendo realmente irritado e eu me encolhi. – Quer saber? Talvez você tenha razão e eu não entenda... Como foi que você disse? “Sou eu quem está sentindo a dor maior aqui”... Certo? Então talvez eu não entenda mesmo!

Sua voz estava elevada e eu só queria sair dali. Eu não disse nada e ainda estava incapaz de olhá-lo nos olhos, então ele continuou.

— Mas sabe o que eu entendo? Entendo sobre você não aparecer em casa por horas e sequer falar comigo, fingindo que está bem para o mundo e desabando no momento em que chega, como aconteceu agora há pouco. Isso quando você está em casa, o que é raro! Eu entendo sobre entrar em lugares sem nenhum reforço e eu entendo sobre desistir de si mesma como vem fazendo.

Ele parou novamente e passou as mãos pelos cabelos, parecendo incapaz de ficar parado. Eu me sentia uma completa idiota. Todo o meu teatro, todas as expressões que eu montava diariamente com o objetivo de mostrar que eu estava bem haviam sido totalmente inúteis. Castle ainda conseguia ver através delas, ainda conseguia me ver. E ainda percebia cada erro que eu cometia.

Eu sabia que tudo o que ele estava falando era verdade. Eu havia sido estúpida e irresponsável. Não porque não soubesse que era errado, mas simplesmente porque eu não conseguia encontrar energia o suficiente para me importar.

— Eu não... – comecei de qualquer maneira, e ele me interrompeu.

— E eu entendo sobre perda, porque eu praticamente perdi você para isso, não é?

Castle parecia torturado, e com raiva, e eu sabia que era a culpada.

— Você não me perdeu. – sussurrei e dei um passo em sua direção. – Eu só... – parei sem saber o que dizer. Mas ele sabia.

— Você está desistindo de tudo.

— Eu não estou! – gritei. Parecia a única maneira de fazê-lo me escutar. – Eu não estou! Eu só preciso de tempo, e de espaço e se você me der isso... Nós vamos ficar bem. Nós precisamos.

— Eu estou te dando tempo! Tempo demais e você está se fechando assim como antes.

Percebi que ele se arrependeu no momento em que as palavras saíram de sua boca.

— Você... – eu parei. Como ele podia pensar que eu estava o excluindo assim? Eu não estava! Estava? Não como antes. Definitivamente não como antes.

Ele deu dois passos e estava muito perto de mim agora.

— Kate, eu estou te pedindo para não me deixar de fora disso assim como você vem fazendo nas últimas semanas. – Rick parecia muito mais chateado do que eu era capaz de lidar. Eu não o culpava, afinal, boa parte disso era por minha causa. – Você está me colocando contra você quando na verdade eu estou do seu lado! Eu estou jogando com você aqui. Eu sempre fiz isso, e sempre vou fazer.

Respirei fundo e fechei os olhos, voltando a abri-los um minuto depois. O olhei diretamente e eu sabia que se não dissesse aquilo, jamais seria capaz e nós não seguiríamos em frente.

— Você ainda quer outro bebê? – perguntei com a voz firme, controlando cada respiração.

Castle me olhou por um segundo, a expressão dividida entre dizer ou não o que queria, e eu sabia a resposta antes que ele falasse.

— Sim. – disse e parecia ter perdido um pouco de esperança ali mesmo na minha frente.

Assenti uma vez.

— Então você não está do meu lado. – constatei, a frase doendo em mim tanto quanto sua expressão.

Dei um passo e me preparei para virar e sair da sala, quando sua mão pegou meu braço. Ele havia se aproximado muito rápido. Olhei sua mão em contato com minha pele por um momento e desviei o olhar para o canto da sala. Eu não conseguia encará-lo, ao menos não sabendo o que veria em seus olhos.

Eu queria correr e me esconder, todas os instintos que eu imaginava ter superado me pegando desprevenida, zombando de mim. Ótimo.

— Kate, olhe para mim. – ele pediu, voz firme mas gentil. Eu não tinha a menor intenção de fazê-lo, mas ele esperou e depois de um tempo sentindo seu olhar queimar meu rosto eu tive que olhá-lo. Me arrependi no segundo em que nossos olhos se encontraram. Todo a raiva, a preocupação, a dor e amor que vi ali eram demais. Muito fortes para eu encarar.

Nossos olhares finalmente se encontraram apropriadamente depois de tudo o que aconteceu nas últimas semanas. Agora mais de perto eu conseguia ver o quanto essa situação havia acabado com nós dois. Rick me olhava de uma forma tão intensa que meu corpo se arrepiou completamente apenas por isso. Nós iríamos acabar com nós mesmos se continuássemos com aquilo por mais um segundo.

Sua mão tocou meu rosto gentilmente, e quando menos esperei ele avançou contra meus lábios me tomando em um beijo avassalador. Foram semanas sem sentir como os nossos lábios se encaixavam perfeitamente, semanas sem sentir o gosto único que só ele tinha, e semanas sem sentir o que era algo que deveria estar presente conosco em todos os dias.

Gemi entre o beijo, passando as mãos por cada pedaço da pele dele que eu encontrava, como se toda a proximidade do mundo ainda não fosse o suficiente. Quando me dei conta, minhas pernas envolviam sua cintura e seus braços me seguravam em seu colo, enquanto caminhávamos para o nosso quarto. Minhas costas estavam finalmente sentindo o colchão e os lençóis macios me recebendo enquanto sentia o peso de seu corpo cobrir o meu. E, quando menos esperei, todas as roupas haviam desaparecido de nossos corpos, em uma velocidade impressionante.

Tudo ficou claro demais quando nos tocamos. Toda a mágoa, todo o sofrimento que nos fora causado, o sentimento de impotência. Entretanto, tudo parecia de uma importância mínima no momento em que senti suas mãos macias e confiantes, seu toque familiar mas que ainda era capaz de surpreender. Nossos corpos trabalhavam em conjunto e eu sabia que independente do que acontecesse, nós ficaríamos bem. Não iríamos quebrar por isso.

Naqueles momentos, a mistura de sentimentos era tão forte quanto as sensações físicas. Raiva, tristeza, dor e mágoa. Mas ainda assim, de alguma forma, felicidade, aceitação, entrega e amor. Todos coexistindo sem se destruir, nos alimentando e guiando.

Opostos que de algum jeito se completavam. Como nós.

— Você está bem? – o ouvi sussurrar após um longo tempo em silencio. Sua respiração causava arrepios em minha pele, seus dedos tocando minha pele com leveza. Eu estava de costas e seus braços envolviam minha cintura e, embora não pudesse vê-lo, sabia como seus olhos estariam.

— Claro.

— Mentirosa. – murmurou e eu me virei para encará-lo.

E que sentido tinha negar aquilo? Que sentido tinha mentir para ele e dizer que aquilo já tinha acabado com a gente? Que sentido fazia me jogar em um espiral de pena e não olhar o redor? Que sentido tinha colocar uma máscara e fingir que estava tudo bem e que sentido tinha fingir que eu não estava apavorada?

Ele era Castle. Rick Castle, a melhor coisa que aconteceu em toda a minha vida, a pessoa que mais me amava no mundo, que se jogaria em frente a um trem para que eu não me machucasse. O homem mais doce, gentil, infantil e maravilhoso do mundo, e que sentido tinha esconder algo dele? Castle, que eu parecia não conseguir parar de machucar.

— Eu só estou com medo. – admiti e me encolhi em seus braços, descansando a cabeça em seu pescoço. Escondendo meu rosto, para ser honesta. Senti uma mão nos meus cabeços e suspirei.

— Medo de que?

— Eu não sei, só... Medo.

Castle me apertou um pouco mais por um segundo, e depois levantou meu rosto para que pudesse olhá-lo.

— Nós vamos ficar bem. – afirmou e me beijou. Eu sorri para ele quando nos afastamos.

— Eu amo você. – disse. Era tão bom dizer aquilo! Voltei a me esconder em seu pescoço e ele respondeu.

— Eu amo você também. Demais. – e depois de alguns segundos ele repetiu com a voz mais baixa: – Nós vamos ficar bem.

Não respondi, mas ali, naquele momento, eu podia acreditar nele.


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Notas finais do capítulo

e então? hahahahsdh



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