Presente de Onça escrita por Horologium


Capítulo 1
Capítulo Único




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Izaya não poderia afirmar que esperava por aquilo.

Tampouco poderia Shizuo.

Aliás, àquela hora da manhã, o “monstro” de Ikebukuro sequer lembrava direito quem ele mesmo era.

— Olá, olá, Shizuo-san! Feliz aniversário! — cantarolaram duas vozes femininas em uníssono, embora em entonações diferentes, um pouco abaixo do ponto o qual o recém-acordado Heiwajima fitava, aéreo, com a sonolência ainda embaçando sua vista.

— Mairu…? Kururi…? O que vocês est--

Seus olhos cor de âmbar imediatamente arregalaram-se debaixo de sobrancelhas que já enrugavam seu cenho. Àquela hora da manhã, sentir aquele odor insuportável tão intensamente…

— Shizuo-san, hoje é seu aniversário, não é? — a Orihara de óculos pressionou, embalando o corpo nos calcanhares.

— Yuuhei… (Pesquisamos sobre o Yuuhei-san e acabamos descobrindo isso.) — murmurou a outra.

Shizuo torceu o nariz. De onde diabos está vindo esse fedor?

— Então, decidimos lhe dar um presente para que se lembre de nós da próxima vez que encontrar o Yuuhei-san! — Mairu abriu um sorriso diabólico, virando-se para arrastar um saco marrom e jogá-los aos pés do ex-barman.

Em um movimento só, as gêmeas Orihara desfizeram o nó do saco e puxaram a borda até descobrir o…corpo dentro dele.

Shizuo estalou a língua.

— Shihu-han, hohe é heu anihersáhio? Iho é óhimo, has hão henho inheresse em harticihar. — mesmo amordaçado e amarrado, o verme ainda conseguia manter um sorriso audaz estampado na expressão arrogante.

— Desculpa, Shizuo-san, tentamos calar a boca dele, mas…

— Ineficaz… (Nada parece funcionar.) — completou a kuudere.

— Quero trocar meu presente. — foi a resposta imediata do loiro, fitando as garotas com um olhar sério — Veio com nota fiscal ou com algum contrato com o diabo?

— Shizuo-san, você não vive dizendo que quer matar o Iza-nii? — Mairu inclinou a cabeça.

— Chance… (Essa é a oportunidade perfeita.) — Kururi completou com um meneio de cabeça.

— Eu quero é paz. Pelo menos no meu aniversário. — suspirou, correndo uma mão pelas mechas loiras ainda bagunçadas da noite de sono.

— He irônico… — riu o moreno, ignorado pelos presentes até então.

— Cala a boca, pulga, senão te jogo da sacada. — rosnou o guarda-costas, estalando a língua novamente antes de chutar o moreno de volta a suas irmãs — Agradeço a intenção, mas hoje eu só quero ficar quieto.

— Sh-Shizuo-san! Por favor! — Mairu impediu o aniversariante com a porta a poucos centímetros de fechar por completo, abaixando o tom de voz até atingir o nervosismo: — Iza-nii vai querer nossas cabeças assim que estivermos sozinhos…

— Então vocês já estão contando certo com a morte do próprio irmão? — suspirou, exasperado, com uma pontada de pena da família da pulga.

— Improvável… (Duvidamos que Shizuo-san vá realmente matá-lo.)

— Mas pelo menos, ele esfria a cabeça um pouco, né? — a garota de tranças sorriu nervosamente, juntando as mãos em frente ao queixo em gesto de súplica.

No fundo, Shizuo sabia que havia algum motivo que elas não revelaram, mas sabia que não seria tão fácil como “esfriar a cabeça”. Izaya era extremamente rancoroso; não deixaria passar tão facilmente.

— Ok, ok. — expirou, coçando a nuca enquanto caminhava arrastando as bainhas das calças de abrigo pelo corredor de seu andar em direção ao homem imobilizado no chão.

— Yaaay! — exclamou Mairu, mudando completamente a expressão para pura alegria, aparentemente satisfeita com a situação.

— Vamos… (Vamos indo, Yuuhei-san está em algum lugar do distrito.)

— Ah, claro! — a gêmea virou-se para o loiro, que agora levava o saco de batata rebelde em cima do ombro com uma facilidade monstruosa — Até mais, Shizuo-san! Aproveite o aniversário!

E assim, as irmãs Orihara se foram, saltitando.

— Ah…verdade…

Como se finalmente atingisse a lucidez, Shizuo olhou para dentro do próprio apartamento, mirando um calendário perto da geladeira.

— Hoje é meu aniversário, huh…

— Homo alhém eshece do hróhio anihersáhio? Shihu-han é mehmo ehtúhido, ahaha~

Uma veia pulsou na testa do anfitrião. Quase me esqueci desse inseto.

Entrando no apartamento, o loiro chutou a porta até que fechasse atrás de si, em seguida derrubando o informante no sofá como o saco de batata que parecia no momento.

— Ouh… He groheria, Shihu-han! — debatia-se Izaya, sentando-se do melhor jeito possível nas almofadas desbotadas.

— Grosseria? Não vejo como eu poderia tratar um filho da puta como você diferentemente. — zombou o ex-barman, dirigindo-se à cozinha para apanhar seu frasco matinal de leite.

— Hrate os ouhros homo hocê hostaria he ser hratado hocê mehmo, nee~?

— Olha quem fala.

Um sorriso abafado do moreno encerrou a discussão.

— Há hra hirar hesse hroço dahi? — suspirou o refém, lançando um olhar exasperado ao loiro.

— Bem, você já está me irritando de qualquer forma, então… — após um gole de sua bebida, Shizuo simplesmente rasgou a mordaça ao redor da boca de Izaya.

— Ah, bem melhor. Os músculos da minha cara já estavam ficando dormentes. — ergueu as orbes traiçoeiras ao inimigo e deixou a cabeça pender para um dos ombros — Além do mais, é melhor para você assim também, hmm?

Izaya ergueu uma sobrancelha e Shizuo riu pelo nariz, balançando a cabeça em desaprovação enquanto se aproximava do menor. Pairando sobre ele, encaixou uma palma na base da nuca alheia e inclinou-se para juntar os dois pares de lábios calorosamente.

— Elas sabem, né? — murmurou, ainda sobre a boca de Izaya, quando se afastaram um pouco.

— Definitivamente. — riu o informante, mantendo suas pálpebras em uma altura média — As desculpas que elas deram são muito furadas, mesmo que envolvam seu irmão.

— Isso é ruim?

— Não faço ideia. — deu de ombros — Mairu e Kururi são mais interessadas no que diz respeito ao espaço e pessoas mais próximos delas, mas provavelmente vão usar isso como chantagem.

— Hmm…

Recostando-se às costas do sofá, Izaya percebeu ainda estar amarrado.

— Shizu-chan. — chamou, girando o tronco de modo a mostrar os nós ao redor de seus pulsos atrás das costas.

Por um breve momento, agindo por impulso, Shizuo se aproximou com intenção de libertá-lo. Entretanto, ao pensar na raridade da situação de Orihara Izaya ser capturado, estancou.

— O que está esperando, Shizu-chan? Minhas mãos estão dormentes. — bufou o menor, encarando o “inimigo” pelo canto do olho.

Algo na forma como Izaya estava em uma posição completamente submissa, privado de todo e qualquer tipo de controle exceto pelos sentidos, fazia um calor familiar inundar o baixo ventre do guarda-costas. O tom de suas íris tornou-se mais escuro com a dilatação predatória de suas pupilas, e antes que pudesse se dar conta do gesto, correu a língua pelos lábios antes de esticá-los em um sorriso sádico. Um arrepio desceu a espinha de sua “presa”.

— Sabe, Izaya-kun… — o informante conhecia bem até demais esse tom de voz do amante e, embora não fosse admitir (não que fizesse diferença, já que Shizuo tinha ciência disso), achava-o extremamente excitante — Suas irmãs foram tão legais a ponto de embrulharem você para presente e virem atééé aqui me entregar… Acho uma pena jogar esse trabalhão todo no lixo… Não concorda?

Como bom jogador, Izaya não poderia recusar um jogo.

— De fato, Shizu-chan… — dentes perfeitamente alinhados foram revelados em um sorriso de canto elegantemente sedutor — É uma oportunidade única…

Shizuo aproximou-se vagarosamente, como um predator esgueirando-se até seu próximo banquete. Apoiando ambas mãos no encosto do sofá, enterrou um joelho no estofado entre as pernas de seu “presente”.

— Então…

Inclinando-se até que Izaya pudesse sentir seu hálito quente ao pé do ouvido, o loiro sussurrou, rouca e gravemente:

— O que devo fazer com você, pulga?


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Notas finais do capítulo

Se tiver algum erro, me avisem! Escrevi isso em uma hora e tive que postar correndo porque ia sair! ;3; Nunca hesitem em me corrigir, aliás!Amo v6 ;*