Éramos só nós dois escrita por Annie Jackson


Capítulo 1
Epílogo - Escolha inesperada


Notas iniciais do capítulo

Quando li o livro "Como eu era antes de você" me apaixonei pela história e pelo casal. Sofri muito com a morte do Will, monsegui aceitar que a morte dele era importante para mostrar aos leitores que é uma decisão apenas da pessoa, e lendo tudo o que ele passava eu pude compreendê-lo. Contudo, o que me deixou mais chateada foi que Will e Lou tiveram poucos momentos de romance, eles demoraram muito para se entregarem ao amor que sentiam um pelo outro. E eu sempre fiquei pensando como seria se eles tivessem tido um pouco mais de tempo? Como seria o namoro deles?
Fiquei tão entusiasmada com esses pensamentos que resolvi escrevê-los e compartilhá-los.
Provavelmente não está bom, pois nunca escrevi uma fanfic antes, mas esse ano resolvi arriscar e fazer o que me der vontade, sem medo de críticas e percebi que escrever me faz bem.

Esse capítulo é bem curto.



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“Éramos só nós dois, eu murmurando no quarto vazio e ensolarado. Will não disse muito. Não retrucou, ou fez comentários ácidos ou irônicos. Às vezes, anuía, murmurava algo, ou emitia um pequeno som que podia ser de satisfação ou de alguma lembrança boa.

— E esses foram — falei — os melhores seis meses da minha vida.

Fez-se um longo silêncio.

— Engraçado, Clark, os meus também.

 [...]

Eu me deitei de novo, olhando-o. Vi o relógio sobre a porta e tive, então, a noção do tempo passando. Coloquei o braço dele em volta de mim, enrosquei braços e pernas de modo a ficarmos bem enlaçados. Peguei sua mão (a boa) e entrelacei meus dedos, beijei o nó dos dedos quando apertaram os meus.

Conhecia seu corpo de um jeito como nunca conheci o de Patrick — suas forças e suas fraquezas, suas cicatrizes e cheiros. Cheguei o rosto tão perto do dele que suas feições ficaram confusas e comecei a me perder nelas. Passei a mão nos seus cabelos, no seu rosto, na sua testa com a ponta dos dedos, as lágrimas escorrendo por meu rosto, meu nariz encostado no dele e ele não parava de me olhar em silêncio, atento como se guardasse cada molécula minha. Ele já estava indo para algum lugar impossível de alcançá-lo.

Beijei-o, tentando trazê-lo de volta. Deixei meus lábios nos dele de maneira que nossa respiração se misturou e minhas lágrimas viraram sal na sua pele e disse a mim mesma que, em algum lugar, pequenas partículas dele virariam pequenas partículas de mim, ingeridas, engolidas, vivas, eternas. Queria apertar cada parte minha nele, deixar alguma coisa minha nele, dar a ele cada pedaço da minha vida e obrigá-lo a viver.

Percebi que estava com medo de viver sem ele. Com que direito você destrói a minha vida — eu queria perguntar —, e eu não estou autorizada a dizer nada a você sobre isso?

Mas eu tinha prometido. E segurei-o, Will Traynor, ex-rapaz esperto da City de Londres, ex-mergulhador, ex-atleta, viajante, amante. Eu o mantive perto e não disse nada, durante todo o tempo repetindo, silenciosamente, que ele era amado. Não sei quanto tempo ficamos assim.”

(Trechos do penúltimo capítulo do livro).

 

Eu disse apenas uma frase:

— Queria ter tido mais tempo com você. - Ele me respondeu com um suspiro profundo.

Eu estava relaxada, me sentia protegida, amada, sentia que estava no meu lar. Sentia o sono chegando, principalmente porque dormi muito pouco na última noite, mas não queria perder esses últimos valiosos minutos dormindo. Will tinha a respiração leve, mas também não dormia.

Ouvi vozes do lado de fora, passou um bom tempo e batidas na porta foram ouvidas. Dois médicos entraram, assim como a família do Will, informaram que faltavam apenas dez minutos para às cinco horas, que após esse horário não poderiam realizar o procedimento, tinha que agora.

Meu coração começou a acelerar imediatamente, o pânico involuntariamente me invadiu. Com meu corpo colado ao seu, sei que Will percebeu as batidas fortes do meu coração. Olhei para ele, ele estava de olhos fechados e apenas disse:

— Remarque o procedimento.

Um sorriso apareceu no meu rosto, teria pelo menos mais algumas horas ao seu lado. Os médicos perguntaram que horas ele desejava. E para a minha surpresa e alegria, ele respondeu:

— Daqui a seis meses.

As lágrimas começaram a surgir no meu rosto. Percebi que a Camilla e Georgina também estavam chorando. Ainda de olhos fechados, suspirando profundamente, ele disse.

— Não alimentem esperanças, eu estou decidido a continuar, só quero mais alguns meses de alegria. Mas nem tentem me fazer mudar de ideia. E Lou, você não vai parar sua vida por mim, vai voltar a estudar.

Não havia palavras que eu pudesse dizer naquele momento, a ideia de ter mais alguns meses ao seu lado era a melhor notícia que poderia ter recebido. Apenas me aconcheguei mais ao seu corpo, abraçando-o e molhando sua camisa com minhas lágrimas de felicidade.

Alguns minutos depois o Sr. Traynor se manifestou:

— Bem, vou reservar mais um quarto para vocês dois no nosso hotel. O que acha de aproveitarmos para irmos jantar?

— Acho uma ótima ideia pai – para nossa surpresa, Will disse.

— Não sei se é uma boa ideia, Will está sem enfermeiro aqui, não trouxe todos os seus medicamentos, pode ser perigoso. – A Sra. Traynor comentou preocupada.

— Mãe, há alguns minutos eu iria me matar e agora está preocupada se eu posso morrer se ficar sem um enfermeiro? E Lou pode cuidar perfeitamente de mim, não é?

Eu assenti com um enorme sorriso no rosto.

Fomos para um restaurante recomendado pelo Will, era daqueles restaurantes que eu nunca imaginei entrar, perguntei ao Will se estava vestida adequadamente com meu vestido de bolinhas e meias rosa, Will apenas respondeu que eu estava absolutamente linda.

O jantar passou de forma tranquila e agradável, parecia que era o primeiro jantar amigável dos Traynor em anos. A Sra. Traynor e a filha me trataram muito bem e diversas vezes percebia o olhar comovente de Camilla quando eu tratava Will, limpava sua boca, ou quando ele sorria para mim.

Retornamos ao hotel, dei os medicamentos ao Will e troquei os seus cateteres, mandei uma mensagem para Treena avisando que estava tudo bem e fui para o melhor lugar do mundo, nos braços do homem que eu amo.

— Eu sou muito egoísta. Ficar mais esses meses ao seu lado me fará muito feliz, trará mais alegria para os meus dias tormentosos, me fará imaginar que a minha vida poderia ser diferente. Mas só lhe fará mal, fará com que tenha esperanças inúteis, fará com que minha partida seja ainda mais difícil para você, eu não deveria ter feito isso, não foi um ato de amor, apenas egoísta.

Percebi todo o seu sofrimento a falar essas palavras, mas ele estava errado, apenas me fez mais feliz. Então beijei-o como nunca beijei outra pessoa na vida, demonstrando todo o meu amor, minha admiração, minha gratidão e felicidade por ter ficado, nem que seja apenas por mais alguns meses.

Seus lábios eram carinhosos e ao mesmo tempo fortes, fazendo um arrepio percorrer o meu corpo. Como era possível apenas um beijo me trazer essa sensação deliciosa?

Beijei todo o seu rosto, seu pescoço, o lóbulo de sua orelha, respirando apressadamente, um calor subindo por meu corpo, percebia que ele também respirava com dificuldade, levei meu pescoço em direção a sua boca, sua barba roçando deliciosamente em minha pele, seus lábios quentes passaram a beijar minha clavícula, enquanto minhas mãos puxavam seus fios de cabelo, apertava-lhe a sua pele da nuca.

Era tão intenso, tão forte e maravilhosamente bom, sentada em seu colo eu percebi que Will tinha tido uma ereção, tinha lido naquele fórum que tetraplégicos também tinham ereção, mas não esperava por isso agora, a felicidade de fazer-lhe sentir-se assim me encheu de felicidade e prazer.

Mas não pude desfrutar essa sensação por muito tempo, pois algo me surpreendeu, mais do que a decisão do Will de prolongar sua vida por mais seis meses, os dedos de sua mão que eu havia posicionado em meu quadril, levemente me apertaram, percorrendo um minúsculo percurso por minhas costas, mas que para mim significou uma ponta de esperança.

 

 


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