O Sucessor escrita por Jessy F


Capítulo 12
Final


Notas iniciais do capítulo

Nossa caminhada foi longa, cheia de alegrias e lagrimas, risos e surpresas. Mas chegamos ao fim.
Espero que tenham gostado e muito obrigada por ter chegado até aqui.
Sou muito grata a você, pois me fez crescer como escritora e como ser humano. Espero que Hanna, Aleksei e Davi tenham ensinado a vocês algo como aconteceu comigo.
Em breve nos veremos de novo, em outro mundo e com outras pessoas pra amar, odiar, se surpreender.
Até mais
Isa.
(Acompanhem meu perfil no nyah para ficarem por dentro das minhas atualizações. Abraços e obrigada)



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A morte de Aleksei pegou a todos de surpresa. Foram dias difíceis me desfazer de tudo que me lembrava do homem que amei, mas se teve algo que eu aprendi como regente foi que tradições existem para não serem ignoradas. Vesti-me de branco, simbolizando o luto e fui guardando em várias caixas de mesma cor cada roupa, cada joia e cada objeto que ele usava ou gostava. Até o par de brincos que ele adorava-me ver usando tive que colocar naqueles cubículos de papelão que em breve serão incinerados.

Após a cerimonia de cremação, eu e Davi passamos longos quinze dias sem nos ver e sem nos falar. Deveríamos sofrer nossas dores e luto sozinhos, é o que a tradição também dizia, porém meu coração de mãe falava mais alto do que a viúva que chorava pelos cantos naquele quarto. Eu me preocupava com a maneira que meu filho reagiria dali por diante.

Finalmente abri a porta do meu quarto que agora tinha uma cama de solteiro e apenas um armário e uma escrivaninha. Tudo estava pela metade, inclusive meu coração. Todas as minhas roupas queimaram junto com as coisas de Aleksei e agora o branco era a minha cor oficial. À medida que descia as escadas, algumas serviçais comentavam: foi tão de repente, ela é tão jovem para ser viúva. Eu pouco me importava com os comentários, porque tudo era verdade, e todos tinham razão.

— Bom dia majestade. — Uma jovem se curvou diante de mim.

— Qual seu nome?

— Susana senhora.

— Susana. — Falei olhando a juventude em seus olhos claros e bochechas rosadas. Sua aliança cintilante em seu dedo me fez lembrar quando Aleksei e eu renovamos nosso casamento, longe de todo furor real. Apenas nós e Deus. Davi tinha um ano e pouco sabia sobre a vida, assim como eu. Aleksei me tornou mulher e fez com que a garota da Província dois de sotaque alemão se tornasse a rainha sensata que agora assumirá o lugar de princesa da segunda instancia de Kor. — Onde está meu filho?

— Descerá em breve para o café da manhã senhora.

— Obrigada.

Coloquei minha capa acinzentada e acompanhada pelos guardas reais caminhei até a estufa. Ela estava vazia. Sem flores, sem as arvores e sem as mesas que meu marido havia escolhido. Mesmo sem ter nada que um dia lhe pertenceu naquele lugar. Tudo o lembrava.

— Mãe. — A voz de Davi ecoou atrás de mim.

Levantei serena e fui abraça-lo.

****

Minha mãe parecia à mesma de sempre, mas a tristeza era mais notória do que suas roupas brancas. Meu maior desejo antes de tudo isso acontecer era manter o reino bem e dar orgulho aos meus pais, porém hoje vejo que as coisas não são bem assim. Realmente entendo o que meu pai dizia que manter o reino não era apenas algo profissional, era algo pessoal, não no sentido de reinar com base em nossos sentimentos, mas reinar com base em quem nós somos. Hoje não quero mais deixar Scindet bem e dar orgulho aos meus pais. Hoje eu quero dar bem estar a minha família e isso reflete da melhor maneira no povo, já que minha família viverá bem apenas quando Scident estiver bem também.

— Como você está mãe? — Falei beijando a sua testa.

— Bem meu filho, eu fiquei muito preocupada com você.

— Eu sei. — A abracei novamente.

Durante os dias de luto minha mãe ficou reclusa em seu quarto e por isso não foi a minha posse nem ao meu casamento, mas talvez foi melhor assim, tradições são feitas por algum proposito.

— Você está tão bonito. — Ela tocou minha barba. — Você é tão parecido com o seu pai.

— Fui feito pelas melhores e mais belas pessoas que já conheci. — Toque no rosto pálido e sem maquiagem dela. — Você continua linda. — Minha mãe ainda possuía o ar juvenil em seu rosto e a beleza natural que um dia encantou o meu pai.

— São os seus olhos Davi. — Ela finalmente sorriu.

Voltamos abraçados para a sala de jantar e tomamos café da manhã todos juntos. Eu, minha mãe, Anne e Kristen. Anne contou todas as novidades a minha mãe inclusive que estava louca para ganhar um irmão. Eu e Kristen descobrimos que poderíamos descobrir e construir uma historia verdadeira de amor e cultivar a paixão, talvez foi sábio da parte de meu pai me fazer realizar uma eleição, afinal um casamento nutrido por um sentimento tão volátil como a paixão acaba se fazendo fugaz como ela, enquanto um amor fincado na racionalidade é um terreno propício para se  plantar e semear um amor e até uma paixão.

Compreendo que a historia de meus pais foi uma exceção, mas ainda sim, a racionalidade não deixou de ser a parte fundamental dos dois e como respeito e sinceridade o amor dos dois floresceu e deu frutos, e eu faço parte desses frutos.

****

10 anos depois

Coloquei minha capa e caminhei até a varanda do meu quarto. Vovó estava sentada como sempre próxima à estufa com o seu chapéu de sol e sua pá minúscula em mãos. Seu cabelo branco estava em um coque e seus olhos acinzentados se escondiam atrás de uns óculos de grau, seu vestido branco manchado de terra denunciava que ela não havia me esperado para semear as rosas novas.

— Anne? — A voz de Kristen ecoou atrás da porta. Eu gostava dela, tínhamos uma boa relação. Meu pai conta que quando eu tinha seis anos ganhei o Aleksei, meu primeiro irmão, ele diz que aquilo fez com que Kristen subisse do conceito de madrasta para mãe. Não lembro disso, mas eu realmente a considero assim.

— Estou indo.

— Rápido, seu pai quer falar com a família inteira.

— Estou indo. — Repeti abrindo a porta.

Segui Kristen até a sala e vi meu pai sentado de pernas cruzadas ao lado da vovó Hanna de mãos dadas com ela. Depois da morte do vovô, meu pai jamais desgrudou da vovó, por três motivos. O primeiro é porque dizem que quando meu avô foi cremado meu pai prometeu nunca abandonar a mãe dele. O segundo motivo é que é difícil não amar a doçura e a sabedoria em pessoa. O terceiro motivo é bastante obvio: eles dois se amavam.

Depois da morte do vovô a vovó Hanna nunca mais foi à mesma. Ela passou a ser mais quieta e mais fechada as pessoas. Ela conversava apenas com a família e depois que o tio Phill e Ariel se mudaram para a P2 ela se fechou ainda mais. Meu pai até tentou mudar a sede do reino para P2 a fim dela se sentir um pouco mais feliz, mas ela se negou a quebrar as tradições.

Meu irmão do meio Aleksei desceu correndo as escadas gargalhando por ter chegado antes dos caçulas na sala. Maxon e Belle eram as coisas mais fofas do mundo. Eram gêmeos ruivos como o papai e de olhos azuis, já Aleksei era um loiro de olhos castanhos e um pestinha.

Kristen colocou as crianças organizadas na sala de estar e logo meu pai deu um beijo na vovó e se levantou.

— Gostaria de comunicar a vocês que eu irei viajar com minha mãe até P2 e passaremos alguns dias por lá, gostaria que Anne ocupasse meu lugar em minha ausência.

Minhas pernas tremeram.

— Eu?

— Claro filha, você é minha primogênita e terá que lidar com isso. — ele deu um sorriso brincalhão.

— Sim senhor. — Abaixei a cabeça.

— Que grande comunicado. — Aleksei protestou em um sussurro.

— Podemos voltar a brincar? — Os gêmeos falaram juntos.

— Claro. — Meu pai disse rindo dos dois.

****

Sob a luz do entardecer em Scindet, Hanna e Davi se abraçam e sentem juntos a brisa que passa pela Província 2. O lugar onde tudo começou.

Foi naquele lugar que Hanna viu Aleksei pela primeira vez e que Davi foi concebido. Naquele solo cheio de aflições e sangue inocente derramado foi que o amor verdadeiramente floresceu e como o amanhecer trás novas expectativas o anoitecer as leva para longe.

Davi não era mais uma criança, mas sua alma estava como uma. Assim como sua mãe ascendeu e regeu o trono ele agora como sucessor faria o mesmo e sua filha também, como os seus antepassados fizeram e como todos faram no futuro.

— Te amo mãe.

— Te amo meu filho.


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