Apenas uma chance escrita por TulipaFlores


Capítulo 3
Desafio




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O corredor estava frio. Fiz bem em pegar minha blusa. Caminho devagar olhando para minhas unhas do pé pintadas de preto. Chego no quarto 33 e bato na porta. As luzes piscam e a musica está em um volume bom para quem não quer ser pego. Bato uma segunda vez e mais forte dessa vez, e nada de me ouvirem. Então eu abro a porta e entro.

O dormitório dele é injustamente maior do que qualquer outro que eu tenha visto. Tem uma mesa no centro do quarto com vários tipos de petiscos e ao lado, tem um frigobar pequeno com várias bebidas geladas. A cama não é um beliche como a do meu quarto, é uma cama de casal grande que agora está com várias pessoas sentadas. Um casal está se beijando, e é visível que estão bem bêbados pois a língua está mais fora da boca do que dentro. Meu estomago embrulha com aquela cena e então vejo o Martin de longe. Ele está rindo junto com o Paul e o Ted. Seu olhar encontra o meu e um sorriso grande aparece em seu rosto. Paul continua falando mas o Martin não da atenção. O Martin vem caminhando em minha direção ainda sorrindo e o Paul me nota, com um olhar mortal. Encaro ele e vejo o Ted falar algo com ele olhando para mim e Paul gargalha como se zombasse de algo.

– Você veio! - Martin me olhava feliz e eu me sentia culpada por não corresponder seu sorriso. - Quer beber algo?

– Eu só vim porque não estava conseguindo dormir. - senti seu sorriso murchar um pouco. - Mas o que tem para beber? - tentei parecer menos chata.

– Vem. - ele me conduziu até a mesa e pegou um copo e colocou uma bebida e me entregou o copo. - Essa é a que eu mais gosto. - olhei em seu copo e ele bebia a mesma bebida que acabara de colocar em meu copo. Bebi um pouco e realmente era boa.

– Acho que não estou vestida apropriadamente para uma festa né?! - eu era a única de pijama, todos estavam bem vestidos, até maquiagem algumas garotas estavam usando.

– Você está linda assim. - ele respondeu próximo do meu ouvido pois a musica estava mais alta do que quando cheguei. - Você não quer ir lá para fora, não da para conversar aqui. - o Paul me olhava desde a hora em que entrei aqui e estava me observando agora. Ele realmente estava me incomodando.

– Vamos. - andávamos esbarrando em algumas pessoas que estavam bêbadas. Saímos e ele me conduziu para um corredor vazio.

– Então, você não me falou muito de você. De onde você veio? - ele se encostou na parede ao meu lado.

– Illinois.

– E porque veio para tão longe?

– Trabalho da minha mãe. - não ia falar que quase matei minha colega de classe né.

– E seu pai?

– Morreu. - ele não morreu. Infelizmente. Mas depois conto a verdade sobre ele.

– Sinto muito. - ele falou meio sem graça por tocar no assunto.

– Não sinta. - bebi o ultimo gole da minha bebida e joguei o copo no chão do meu lado. Ficamos em silêncio por um tempo ouvindo apenas o som distante da festa.

– Você namora? - ele falou baixo e meio rápido. Como se estivesse com medo de perguntar.

– Não mais.

– Porque não mais? - não respondi. Eu vim para cá pare esquecer o que aconteceu naquele lugar e ele fica me lembrando. Não sou obrigada a falar. - Desculpa. Estou perguntando de mais né? - ele me olhava mas eu olhava para frente, encarando a parede amarela.

Ele entrou na minha frente substituindo o amarelo da parede pelo rosa da sua boca. Ele era alto e sua boca ficava na altura dos meus olhos.

– Violet... Eu... Eu preciso te falar uma coisa. - levantei meus olhos e ele pareceu mais nervoso ainda. Ele levantou a mão em menção de me tocar e eu esquivei o rosto. - Eu... É...

– Até que enfim achei você - ouvi uma voz no fim do corredor e logo sai de perto do Martin. Vi sua expressão mudar de nervoso para frustação. Era o Paul. - Te procurei por tudo, estava fazendo o que? - sua voz é muito grossa e seca, não demostrava nenhum sentimento. Assim como seus olhares. Secos e indecifráveis. Ele me viu e seu olhar ficou mais duro do que antes. - A, já entendi. - ele me encarou tentando me intimidar mas não me deu nem um pouco de medo.

– Eu já vou Martin. Depois a gente se vê. - passei pelo Martin e passei esbarrando no Paul. Ok, não é uma coisa muito adulta de se fazer, mas ele acha mesmo que coloca medo me olhando desse jeito? Vou mostrar que ele precisa de muito mais para me intimidar.

...

Acordei com a Dory batendo freneticamente em minha porta. Minha cabeça latejava pela bebida que bebi ontem. Já fui mais forte para bebida.

– Vamos Violet, você vai se atrasar. Levanta. - ela puxou meu cobertor fazendo uma brisa gelada passar pelo meu corpo e me arrepiar toda. - Hoje temos aula ambiental. Vamos você vai gostar. Mas vou escolher uma roupa para você porque se não você vai morrer com os insetos e o frio. Vai, vai tomar banho rápido. - Nem tem como sentir falta da minha mãe aqui, a Dory já está fazendo o papel dela.

Tomei banho ouvindo os gritos da Dory me mandando ir logo. Me vesti com as roupas que ela separou para mim. Calça moletom preta, camiseta e blusa moletom cinza. Me vesti e segui ela que mais corria do que andava, estranhei quando ela passou direto nas portas das sala de aula e foi para o lado de fora. Tinha vários alunos em um grupo, tentando ouvir o que um homem falava.

– Eu não tive tempo de te falar. - Dory começou a falar e de longe vi o Martin e o Paul junto com o grupinho. - Mas as aulas ambientais são ao ar livre e de vez em quando ele nos da uns desafios. E o melhor do desafio é que toma todo o primeiro período de aula, ou seja, se ele fazer desafio hoje ficaremos cinco aulas aqui. O que é melhor do que ter aula na sala. Vem o professor já deve estar explicando qual a aula de hoje.

Nos aproximamos e o professor falava algo sobre flores. Assim que o Martin me viu ele acenou e sorriu para mim e eu acenei de volta. Vi os olhos da Dory se arregalar ao meu lado, mas ignorei como sempre faço para tudo.

– Com esse explicação básica das flores, hoje vocês terão um desafio. - vi a Dory vibrar com o anúncio do professor. - O desafio de hoje será em dupla. Mas como no desafio passado alguns alunos ao em vez de pesquisar o que mandei ficarem fazendo outras coisinhas... - ele encarou um casal que vivia se pegando - Eu vou escolher as duplas. - Dory soltou um som de desapontamento. Eu também deveria soltar porque não quero fazer dupla nem com a Dory quem dirá com essas pessoas que nem conheço, por cinco aulas. - Como o desafio de hoje é mais complexo. Para a alegria de vocês, será usado os dois períodos. - Ótimo dez aulas com um estranho. - O desafio é o seguinte, eu vou montar as duplas e vou entregar um cartão desses aqui para cada dupla. - ele levantou um cartão preto para todos verem. - Nesse cartão contém o nome e a foto de uma flor. As duplas terão o desafio de encontrar a flor e trazer para mim. As dez primeiras duplas que trouxerem para mim passaram para a outra fase que explicarei só quando a primeira fase acabar. Na segunda fase terá cinco ganhadores e esses cinco passaram para uma terceira fase que farei em nossa próxima aula, pois não teremos tempo. Bom, é isso. Dúvidas? - uma garota levantou a mão com as unhas grandes e pintadas de rosa.

– E o que vamos ganha com isso tudo? - ela tinha uma voz enjoada e mascava um chiclete.

– Esqueci dessa parte. Quem passar pela primeira fase, ou seja os dez primeiros que me trouxerem as flores vão ganhar três pontos na média. Os outros cinco que passarem pela segunda fase, ganhará cinco pontos na média, e poderá escolher o que vai querer comer de almoço por dois dias. Valendo qualquer tipo de comida, pois nossa escola providenciará. Agora a dupla vencedora da fase três, ganhará dez pontos na média, ou seja, metade do que precisa para passar de ano. Poderá escolher o almoço por uma semana, e ainda passará um dia fora daqui.

As pessoas logo começaram a se animar e conversarem alto uns com os outros.

– Esse com certeza é o melhor desafio que ele já fez. - Dory falava com animação no olhar. - Ele nunca deu mais do que pontos, agora vamos poder até escolher o que vamos comer! Amo esse professor.

– Façam silêncio que vou sortear as duplas. - ele colocou a mão numa caixa e foi sorteando os nomes e entregando um cartão junto. O Martin me olhava apreensivo toda vez que o professor colocava a mão na caixa, mas nossos nomes nunca saíam. - Martin Schumann e... - o professor mexia os dedos para lá e para cá e o Martin não tirava os olhos de mim - Kellany Bigger. - Martin abaixou o olhar e foi até a sua dupla. A mesma garota que tinhas a voz enjoada.

Os papeis estavam acabando e nada do meu nome, estava com medo de não estar lá por ser uma aluna nova. Mas mudei de ideia quando ouvir meu nome sendo pronunciado.

– Violet Collins e... - só tinha mais três papeis lá dentro. E só faltava a Dory, Filip um garoto nerd e estranho, e claro o Paul. Fala Dory, por favor Dory. Dory. Dory. - Violet Collins e Paul Milan. - sou super sortuda como pôde ver.

Vi o Paul bufar e não veio ao meu encontro como todos os outros foram quando foram anunciados. Ótimo porque não queria ficar perto dele. O professor entregou um cartão para o Paul e ele nem olhou. Anunciou a ultima dupla, Dory e Filip e vi o olhar de nojo de Dory para o olhar malicioso do Filip.

– Bom é isso galera. Vocês tem exatas... - ele olhou o relógio. - 4 aulas para me trazer as flores. Boa sorte. - sim, vou precisar.


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