Dissonante escrita por Karenina


Capítulo 1
Dissonante




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Cole, o jovem garoto que não era um garoto, que tinha vindo porque a canção dos Templários estava errada, dissonante, e tinha ficado porque a música daquele grupo que se denominava Inquisição era bela, incrível e justa, escutava Aveline Trevelyan enquanto dormia. Ninguém o viu, porque ninguém deveria vê-lo. Ele, as vezes, ia em direção a Roderick, ia vê-lo, o triste, irritado, solitário homem que os tinha levado pelo caminho do peregrino com segurança, mas ele ficou principalmente por causa dela. E escutou.

Ela soava como sangue e morte e só o brilho tênue de esperança veio quando eles a levaram para um dos magos curarem. A esperança era um fio que conectava ao homem grande e loiro que ele tinha ajudado a escapar da inveja em Therinfal, e ele era o que mais entrava e saia de perto dela. Ele soava como cólera e ansiedade e carinho sob uma fina camada da velha música dos Templários, aquela que Cole amava. Nele era desgastada e algumas vezes alcançava sustenidos em seus ouvidos antes de voltar a calmaria, mas ele gostava, embora tivesse que dar sua atenção a Aveline.

Os curandeiros que entravam e saíam eram azul e verde e gentis, suas canções acalmavam sob a pele, sob os ossos quebrados e o deixava o sangue lento, para consertar a carne e aliviar a dor. A magia deles chamava a mágica dela, uma sinfonia de Lírio e, estranhamente, cinzas.

"Laranja e luminoso, queimando. Como a fé, como o amor, como o ódio, dois lados de uma mesma face.

O resto da inquisição se juntava a canção dela quando eles iam e vinham vê-la, suas notas complementares e em oposição a ela própria.

A Investigadora possuía a batida no mesmo tempo que tambores de guerra, a nota em pura convicção, e o calor constante de uma fé. Quando ela falava suas palavras através de Aveline, sua fé aumentava, ascendia, banhava Cole em luz.

Madame de Fer soava como carrilhões de vento, alto, puro e duro, e comedido, contido. Sua magia era o inverno, mas até mesmo o frio queimava como a de Aveline queimava, se misturando em uma única afinação para empurrar tudo perante eles que se opusesse a Inquisição. 

Red Jenny, Sera, que não conseguia parar de ficar se remexendo acrescentava o bater dos pratos e a doçura da antecipação. Suas palavras soavam como armas, fogo rápido e suplicante, e Aveline a acalmava com a música.

O Touro tinha uma som exótico, estrangeiro, como se muitas vozes cantassem uma profunda nota ressonante. Atrás dele estava o respeito, um escudo forte, espalhado com o sons de seus mercenários.

Varric era a pedra, lento e pesado, com ecos de outra melodia, enterrados profundamente, escondido, e a promessa de retribuição, rápida e repentina. Sua canção tomava lugar e tentava se juntar com a canção da Investigadora.

Solas soava velho para os sentidos de Cole, os sussurros do Imaterial mergulhados em tristeza e decepção. A canção de Aveline fazia com que a canção de Solas vacilasse, ela própria mais forte, mais pura. 

Lady Josephine trouxe um turbilhão de músicas e risos e uma brilhante inteligência, uma festa para os sentidos. Por baixo, ela era o choro doloroso de esperança.

O guardião que não era guardião. Ele ainda era um grande e profundo mar de águas escuras, porém cristalinas, um sussurro descuidado no ouvido errado, o passado distante soprando ao vento. Ele cantava uma canção de esperança junto com a voz de Josephine.

No início ele pensou que Leliana não tinha música. Em sua cabeça, ela usava a forma de um rouxinol, um lindo pássaro com uma música de partir o coração.

Naquele dia, quando Aveline acordou a primeira vez depois de alguns dias, algumas memórias escaparam para além dos limites de sua própria melodia, ele se virou para Cullen que estava sentado próximo dela, inexpressivo.

"ela soa como raiva, frio e amargo. A memória de um lugar dói tanto nela, profundo,onde realmente importa."

Cullen se virou, inclinando a cabeça para estudá-lo. Ele não deu nenhuma sugestão de surpresa ao vê-lo, Cole sabia que ele se lembrava dele.

"Parece o quê?", ele perguntou.

Ele balançou a cabeça, ansioso. "Sim. Eu escuto a música, as suas canções."

Quando Cullen não falou nada, ele continuou adiante. "Você possui uma música. Ela gosta da sua música."

Cullen estremeceu, um movimento quase imperceptível de seus olhos. Cole fez uma careta. "Sua música é linda, mas está enterrada, esmagada por um peso. Seus sonhos."

Os olhos azuis afiados estreitaram no rosto de Cole. Antes que Cullen pudesse falar algo, Aveline suspirou, balançando a cabeça.

Cole tocou a mão de Cullen, e em seguida a de Aveline,  algo como se fosse um pedido. Cedendo, Cullen estendeu a mão e pegou a mão de Aveline, e apertou. A mulher na cama se acalmou, ela parecia relaxada. Cullen lhe enviou um olhar, misturando surpresa, pesar e tristeza. 

"Sua música as vezes é como a canção dela. Dói-lhe, lá no fundo, onde realmente importa. " Quando Cullen suspirou, fechando os olhos, Cole relaxou. se deixando desvanecer.

"você é a melhor coisa que ela encontrou também."


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