Aurora escrita por Mariana


Capítulo 1
Capitulo Único


Notas iniciais do capítulo


Espero que vocês gostem e por favor deixem suas opiniões, positivas ou negativas.



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    Malfoy. Draco Malfoy. O que eu era agora além de a sombra de um sobrenome?

Harry Potter vencera a guerra e Voldemort fora derrotado. Cada comensal estava sendo caçado e devidamente julgado. Eu e minha família fomos encontrados numa cabana ao sul da Irlanda em pouco tempo, algum comensal capturado provavelmente nos delatara. Nos trouxeram ao ministério e logo fomos julgados. Para minha surpresa eu e minha mãe fomos rapidamente absolvidos. Apesar de tudo, o ministério julgou nossos erros como atos de sobrevivência uma vez que meu pai era fiel ao Lorde das Trevas e nada podíamos fazer além de obedecer as ordens do mesmo para não sofrer as consequências. Apesar de alguns protestos, muitos acabaram apoiando nossa triste história no final, até o Santo Potter que inclusive depôs a meu favor, afirmando que eu era apenas um garoto seguindo um destino que não me pertencia.

O olhar de pena em seu rosto me deu nojo e, por um segundo, odiei-o como nunca odiara nada em minha vida. Odiei-o por tudo que ele teve, por toda sua glória, pelos amigos que tinha e pelo futuro brilhante que o aguardava. Deixei o ódio queimar dentro de mim até sentir o frescor da gratidão, senti-me pela primeira vez agradecido ao garoto que sobreviveu por livrar a mim e a minha mãe de uma vida de sofrimento em Azkaban.

Quanto ao meu pai, ele não recebeu tanto apoio do Potter porém também foi perdoado. Todos os Malfoy haviam abandonado a causa de Voldemort antes do fim da guerra o que nos deu algum crédito perante o júri. No entanto só fomos completamente perdoados após termos nos comprometido a ajudar na captura de todos os comensais e a identificar qualquer objeto que contivesse magia negra.

Assim, após dias sombrios, pude finalmente ter um pouco de paz. No entanto cada vez que fechava os olhos ainda podia sentir toda a dor e sofrimento de antes, flashes de quando era um comensal passavam por meus olhos toda a vez que ousava descansar. Cenas rubras de sangue e escuras de medo coloriam meu pesadelos. Minha única saída era lembrar dos escassos momentos felizes que tivera em Hogwarts com uma pessoa em especial.

Minha válvula de escape? Aurora Aveyard. Uma sonserina que iluminou meus momentos mais escuros.

Tantos olhares trocados e palavras não ditas. Gostaria de ter tido mais tempo ao seu lado antes da terrível guerra estourar. Lembro-me da primeira vez que a vi, ou que ao menos notei sua presença, eu ainda não era um garoto tocado pelas trevas por isso nem me importei tanto com seu brilhantes olhos verdes que faiscavam em minha direção.

Flashback on

Eu estava em meu quinto ano. Era noite e todos já deveriam estar em seus respectivos salões comunais. Eu vagava por um dos corredores tranquilamente com meu distintivo de monitor brilhando em meu peito, fazia alguns dias que havia entrado para brigada inquisitorial e estava morrendo de vontade de encontrar algum aluno, de preferência um grifinório, aprontando pelos corredores para tirar pontos de sua casa ou mandar-lhe para Umbridge. Já tinha presenciado o que aquela pena podia fazer e esperava logo ver as palavras "não devo ser um grifinório irritante" gravadas na mão de um dos leões.

Enquanto passava perto da sala de transfigurações ouvi um barulho e, mal contendo o sorriso zombeteiro, corri para checar. Não para a minha surpresa, encontrei uma garota remexendo as cadeiras da sala.

— Posso saber o que a senhorita faz a uma hora dessas fora de sua casa?! — perguntei fazendo a levar um susto e quase derrubar uma das carteiras enquanto colocava-se ereta.

Com o rosto corando respondeu empinando o nariz — Estava procurando o meu caderno. Achava que tinha esquecido aqui.

— E lá são horas de procurar um caderno? Já passou há muito do toque de recolher. Acredito que devo tirar pontos de sua casa. — Disse com um sorriso sarcástico

— Ah é?! Vai tirar pontos de sua própria casa? — Perguntou triunfante. Meu sorriso morreu na mesma hora ao passar os olhos por suas vestes sonserinas. Olhei confuso para a garota a minha frente, ela era da minha casa, deveria ser do mesmo ano que eu, mas não a conhecia.

— Perdão, qual o seu nome? — Seus olhos verdes faiscaram de raiva mas logo respondeu.

— Aurora Aveyard. Nós temos algumas aulas juntos sabia?

— Hum — Murmurei desconfortável. Retomando a postura pensei rapidamente. Não tiraria pontos de minha própria casa mas também não perderia a chance de punir a morena em minha frente. Assumindo uma expressão indiferente voltei a falar — Então senhoria Aveyard, espero que entenda que preciso puni-la de alguma forma?

— Na verdade não entendo não. Só vim aqui procurar pelo meu caderno e como não encontrei já vou indo. Passar bem Malfoy — e começou a sair da sala, porém assim que passou por mim segurei seu braço impedindo que continuasse a fuga.

— Sabe, você é uma garota bem teimosa. Acho que vou levá-la para Umbridge. — Seu rosto empalideceu e começou a protestar.

— Ah Malfoy! Não fiz nada demais! Por favor, a Umbridge não. Você sabe o que vai acontecer se me mandar pra ela — Naquele momento não quis mais puni-lá, independente de quem ela fosse, eu não podia fazer isso, não enquanto olhasse para seus olhos suplicantes. Eu poderia me afundar neles, eles eram tão verdes quando uma floresta repleta de vida, não eram verdes como um mar mas sim de um tom mais escuro e brilhante como de uma folha recém tocada pelo sol. Eu poderia me perder no bosque que era seu olhar.

Voltando a mim soltei seu braço e desviei meus olhos para algo mais seguro, como a massa de cabelos castanhos sobre seus ombros.

— Tudo bem — disse levemente a surpreendendo — Não a punirei dessa vez. Mas saiba que está me devendo uma. — completei num meio sorriso. Seus olhos se arregalaram perplexos, provavelmente sabia da minha reputação não tão gentil. Pegando-me de surpresa ela jogou-se em meus braços num abraço que mal durou um segundo mais que foi o suficiente para deixa -lá constrangida e levemente corada. Ela ajeitou o cabelo atrás da orelha e tentou retomar a face fria típica de sonserinos, porém falhando enquanto suas bochechas continuavam rosadas, o que de certa forma me agradou. Minha confusa mente achou que a garota ficava muita mais bonita descontraída do que tentando ser uma sonserina esnobe.

— Então... acho melhor acompanhá-la até as masmorras, minha ronda já acabou de qualquer forma. — E saí da sala sem confirmar se ela estava me seguindo. Ouvi seus passos silenciosos um pouco atrás de mim e sorri para mim mesmo.

Seguimos num silêncio confortável até a entrada do nosso salão comunal, onde ela se despediu com um obrigado e olhos brilhantes que provavelmente roubariam meu sono naquela noite.

Flashback off

De fato aqueles olhos roubaram algumas de minhas noites e me manteram são em muitos de meus dias.

Aurora. Minha Aurora. Pergunto-me onde ela está hoje. Ela esteve em Hogwarts no dia em que Potter derrotou Voldemort. Eu a vi rapidamente lutando contra uns comensais ao lado de meu amigo Blasio e de uma garota loira. Só espero que ela esteja bem agora, sei que não está morta, procurei por seu nome diversas vezes no Profeta Diário e, para meu alívio, ele não constava na lista de óbitos da guerra.

Onde você está Aurora?

Flashback on

Atrasado. Eu ia chegar atrasado para aula do Snape. Eu era um sonserino por isso ele não me tiraria pontos, mas receber seu olhar mortal nunca era agradável. Mas para minha sorte quando entrei na sala ele ainda não havia chegado porém, para meu azar não havia mais lugares vagos, apenas um, ao lado de uma garota morena ao fundo da sala.

Quando a garota levantou seus olhos de seu material e olhou para mim um sorriso involuntário apareceu em meus lábios e foi sutilmente retribuído por ela. Talvez não fosse tão ruim assim chegar atrasado. Fazia uma semana desde quando a vi na sala de transfigurações, mas parecia ter sido ontem quando olhei nas suas orbes verdes cintilantes.

— Olá! Posso me sentar aqui ? — Perguntei.

Ela fez uma cara pensativa e disse:

— Depende, ainda te devo um favor? — revirei meus olhos com a petulância.

— Considere sua dívida quitada. — devolvi sentando-me ao seu lado e espalhando meu material ao lado do seu.

Snape entrou na sala com sua capa esvoaçando atrás de si e todos calaram-se no mesmo momento. Toda a agitação desapareceu num piscar de olhos e a temperatura da sala caiu pelo menos uns 4 graus. No entanto, para meu contentamento Aurora lançou-me um último sorriso caloroso antes de se focar na aula e de repente algo se aqueceu no meu peito e a sala não me pareceu mais tão fria.

Flashback off

O quinto ano passou e vejo agora que devia te-lo aproveitado mais. Com o sexto ano tempos mais sombrios chegaram e minha busca por luz começou.

No quinto ano não passei tanto tempo com Aurora, sentávamos juntos apenas nas aulas de poções e pouco conversávamos, apenas ficamos um ao lado do outro num silêncio reconfortante enquanto fazíamos as mais diversas poções. Cumprimentávamos nos corredores e sempre a via nos treinos e jogos de quadribol da sonserina. Sua presença naquele momento era notada por mim, porém era uma presença muda, silenciosa, não havia necessidade de palavras apenas olhares a distância, sorrisos contidos e bochechas coradas. Era algo inocente, como um jogo de criança, apenas queríamos ver quem desviaria os olhos primeiro. Porém com a chegada do Outono em nosso sexto ano algo mudou. Os olhares tornaram-se mais intensos, não era mais um simples jogo, um desafiava o outro a não desviar os olhos. À distância não funcionava mais, precisávamos de mais. De sussurros, de toques roubados num corredor escuro.

Flashback on

O verão acabou e já se podia sentir uma brisa gelada que indicava que o inverno logo chegaria. As coisas não estavam indo muito bem em casa e todos podiam sentir o peso de uma nova guerra se armando. As trevas estavam chegando e todos sabiam quem era o eleito para acabar com elas.

Fazia alguns dias que não conversava com Aurora, ela tinha ficado meio resfriada com a mudança de temperatura mas hoje de manhã a tinha visto no café, ao lado de uma loira barulhenta. Ainda podia ouvir o som de sua risada com as maluquices que a loira dizia.

Me encontrava agora num corredor perto da biblioteca, faltava pouco para o jantar mas sabia que ela me encontraria ali. Ela havia lido o bilhete que mandei na última aula que tivemos de feitiços e havia concordado com a cabeça.

Escutei passos leves no corredor e virei minha cabeça para observá-la. Ela vinha levemente apressada agarrada ao seu suéter verde que destacava seus olhos e seu gorro escuro quase da cor de seus cabelos. Assim que me viu ela sorriu e apressou mais o passo, correndo com suas botas pretas que eu sei que ela adorava.

Quando chegou perto o suficiente ela jogou-se nos meus braços apertando-me da mesma forma que eu a apertava com força contra mim. Afundei meu rosto em seus cabelos macios enquanto ela apoiava-se na dobra de meu pescoço. Ficamos assim por uns bons minutos até nos afastarmos sem sair dos braços um do outro.

— Estava com saudades — ela disse meio ofegante. Fazia mais de uma semana que não nos víamos de verdade, apenas rápidos encontros pelo corredor. Não sei quando, mas minha necessidade por ela tinha aumentado tanto que não conseguia mais suportar ficar separado dela. De repente só ser seu amigo não bastava mais.

Contornei a maçã de seu rosto com o dedo, desejando ardentemente que ela sentisse o mesmo que eu. Passei meu dedo suavemente pelo seu rosto até perto dos lábios. Ela olhava para os meus olhos, atenta para qualquer movimento meu. Perdi-me um pouco na imensidão verde até retornar para seus lábios rosados. Deviam ter um gosto tão bom, foi tudo o que pensei enquanto contornava seu lábio inferior com a ponta do dedo. Ela suspirou quando movi meu dedo até seu queixo inclinado-o para cima. Aquela foi minha deixa.

Choquei meu lábios contra os seus num beijo intenso e voraz que foi rapidamente correspondido. Segurei sua cintura, apertando-a contra mim o máximo que podia. Ela colocou as mãos ao redor do meu pescoço e me puxou mais para si aprofundando o beijo. Não precisávamos respirar. Precisávamos apenas sentir um ao outro enquanto houvesse tempo.

Quebramos o beijo ofegantes apenas quando a necessidade por oxigênio falou mais alto. Colei minha testa a dela enquanto recuperávamos o ar. Empurrei-a gentilmente até a parede do corredor, apoiando-me na pedra lisa sem nunca descolar meus olhos dos seus.

— Draco... — ela sussurrou num fio de voz puxando meu casaco preto. Encostei meus lábios ao dela novamente e dessa vez beijei-a com calma, como se tivéssemos todo o tempo do mundo. Apoiei-me na parede fria enquanto Aurora colocava-se nas pontas dos pés, quase da minha altura, enquanto segurava firmemente meu casaco perto de si.

Não jantamos nessa noite, ficamos apenas nos beijando e beijando até dar a hora de voltar para o salão comunal o que relutantemente fizemos, com a promessa que depois nos encontraríamos de novo.

Flashback off

De fato nos encontramos depois. Encontramo-nos várias vezes naquele inverno. Contei a ela meus medos e segredos, sobre o envolvimento de meu pai com o Lorde de Trevas e sobre o quanto estava perdido. Ela me abraçou e prometeu que tudo ficaria bem. Aurora também me contou sobre sua família, que sua mãe era uma bruxa de sangue puro e seu pai um nascido trouxa, quase Romeu e Julieta ela disse sorrindo. Ela ignorou minha careta sobre seu pai ser um nascido trouxa e disse que eu era preconceituoso sem motivo, disse que um dia me apresentaria a seu pai e veria com ele é incrível. Ela me contou também sobre seu irmão, ele tinha 9 anos na época e estava muito animado para entrar em Hogwarts, ela disse que ele provavelmente entraria na Corvinal ou quem sabe na Lufa-Lufa, ele definitivamente não queria entrar na Sonserina, ela me contou rindo.

Nós conversamos muito e rimos muito naquele mês, derrubamos muitos livros da biblioteca nas nossas sessões de amasso o que irritou bastante a Madame Pince.

Flashback on

— Não acredito! Vocês aqui de novo! Já não tinha dito para não voltarem aqui se não for pra estudar — Ralhou Madame Pince enquanto expulsava a mim e Aurora da biblioteca. Nós saímos correndo e gargalhando para a torre de astronomia em busca de um lugar em que pudéssemos ficar a sós. Aurora não gostava tanto de ficar passeando por aí em público. Uma coisa que eu gostava bastante nela pois ultimamente queria contanto com o menor número de pessoas que podia.

Ao chegar a torre de astronomia Aurora me puxou para sentar no chão ao seu lado.

— E então? — Ela disse cortando o silêncio. — Você não parece ter dormido bem. O que houve?

Olhando para seus olhos preocupados apenas neguei com a cabeça e deitei no chão. Aurora logo deitou ao meu lado, olhando para o mesmo ponto que eu, talvez tentando descobrir em que eu pensava.

— Sabe uma coisa me incomoda? Que eu nunca consegui fazer? — perguntei desviando meus olhos para os interrogativos dela.

— O que?

— Um patrono— respondi.

— Sério? É bem fácil — Ela disse levantando e me ajudando a levantar — Eu te ensino.

Eu olhei contrariado pra ela. Não achava que conseguiria, da ultima vez que tentei não tinha me saído muito bem. Provavelmente, na época, não tinha uma memória feliz o suficiente. Mas talvez agora eu tivesse, pensei enquanto observava Aurora fechar os olhos e empunhar a varinha.

— Expecto Patronum! — ela pronunciou enquanto abria os olhos. De sua varinha saiu um pequeno feixe de luz azulado que logo se transformou numa raposa saltitante que dava voltas pela sala até parar na minha frente, me encarar e sumir. Ela era linda e alegre mas sem deixar a esperteza de lado assim como Aurora. — Viu como é fácil? Agora é sua vez.

— Acho melhor não, não estou muito confiante — Respondi meio medroso.

— Vamos Draco! Tem que tentar! — disse colocando as mãos na cintura enquanto eu cedia lentamente — Pense na sua memória mais feliz e deixe ela fluir por você. Você consegue, vai, sem enrolação — Disse autoritária.

Respirando fundo pensei em quando Blasio derrubou todo seu suco de abóbora em mim no café e ele e Aurora riram até chorar. Apesar de bravo por Blasio ter me sujado inteiro eu não consegui me conter com o divertimento deles, que se dobravam de tanto rir, por isso logo me juntei a eles na risada inocente tão incomum na mesa da Sonserina.

Deixei o calor da lembrança passar por todo o meu corpo antes de dizer o feitiço.

— Expecto Patronum! — Recitei olhando atentamente para o brilho que saía de minha varinha. Um brilho fraco no início mas que se transformou num majestoso dragão a minha frente. Ele não era muito grande mas era incrível, ele voou pela sala antes de me contornar e sumir.

— Um Dragão! — disse Aurora embasbacada — Faz muito sentido — disse sorrindo e me abraçando. Eu rodei com ela em meus braços por toda a torre, esquecendo de todos os problemas que nos aguardavam no mundo real. Meu dragão e sua raposa brincaram muito naquela noite enquanto eu e Aurora assistimos seu show abraçados aproveitando o fim do outono.

Flashback off

Foi nessa época que as coisas começaram a piorar. Com a chegada do inverno eu me tornei um comensal da morte assim como meu pai, e a mim foi designada uma missão que eu não poderia falhar. Eu deveria matar Dumbledore. O diretor de Hogwarts que nunca me havia feito mal algum.Eu precisaria pensar num jeito rápido e eficiente de matá-lo sem ser descoberto, além disso ainda precisava consertar o armário sumidouro e colocar alguns dos comensais mais famosos dentro do castelo.

Flashback on

Minha vida estava um caos naquele momento, um deslize sequer poderia custar a minha vida e de minha família. Passava noites sem dormir tentando bolar um plano brilhante. O colar envenenado não funcionara, tudo que consegui foi mandar uma grifinória idiota para o hospital. Agora tinha que pensar em outra coisa pois o Potter e seus seguidores já começavam a suspeitar de mim e, apesar de tudo, só conseguia pensar em uma pessoa.

Eu havia me afastado de Aurora, no começo ela insistiu um pouco porém com o tempo ela pareceu perceber que havia algo errado e só estava esperando eu tomar coragem e contar para ela. Toda vez que a encontrava ela me lançava olhares encorajadores e pequenos sorrisos, que de certa forma faziam me sentir um pouco melhor com seu apoio silencioso. Apenas Blasio sabia que eu era um comensal, isso porque seus pais estavam insistindo para ele se tornar um também.

Eu queria contar a Aurora, queria mais do que tudo abraçá-la e contar-lhe tudo que eu estava passando, queria sentir o cheiro de seu perfume e deitar-me ao seu lado para ver o céu, porém não podia. Não podia porque era covarde, tinha medo da reação dela, sabia que ela me deixaria no momento que contasse que me juntei ao lado das trevas. Além disso, a pequena parte nobre em mim queria protegê-la, evitar que ela se envolvesse e acabasse se machucando. No entanto a parte egoísta venceu e decidi contá-la. Não aguentaria mais um segundo com esse aperto no meu coração.

Já era 8:05 e tinha medo que ela não viesse, ela só estava cinco minutos atrasada mas mal podia me conter. Passei as mãos por meu cabelo despenteando-o todo e fechei os olhos. Ao sentir um perfume tão conhecido tornei a abrir olhos e virei-me em sua direção. Ela estava parada ali, impecável no meio da torre de astronomia. Seu vestido vermelho escuro de mangas contrastava com sua pele pálida como a neve que caia lá fora. Senti alívio pela primeira vez em dias ao vê-la tão pronta a escutar todos os meus segredos mais obscuros.

Ela se aproximou lentamente de mim e segurou minha mão fria contra suas quentes, ela estava me incentivando a começar. Eu olhei para seus olhos escuros, respirei fundo e comecei a contar tudo, desde quando descobri que meu pai era um comensal até à missão que me foi atribuída. Ela ouviu tudo sem questionar, apenas segurando minha mais forte quando a história parecia difícil de ser contada. Quando acabei de falar um silêncio profundo nos abateu, ela se afastou alguns passos e passou a me avaliar minuciosamente com olhos que transbordavam todo o tipo de emoção, desde raiva até compaixão.

Abaixei minha cabeça levemente olhando para meus sapatos esperando qualquer tipo de acusação, mas não foi isso que aconteceu. Ela voltou a se aproximar, segurou meu braço e disse:

— Deixa eu ver. — ambos sabíamos do que ela estava falando. Olhei cautelosamente para seus olhos enquanto puxava a manga de minha camisa até deixar a marca negra aparecer. Aurora tocou-a levemente com as pontas dos dedos, fazendo calafrios percorrerem meu corpo.

— Sinto muito Draco. — disse ela olhando nos meus olhos e me puxando para um abraço. Deixei algumas lágrimas caírem pela primeira vez na noite enquanto soluçava em seu ombro.

— Voc... Você não me odeia? — perguntei me afastando e limpando as lágrimas de meu rosto e me recuperando.

— Como poderia? — sorriu tristemente — Eu te amo Draco! — disse olhando nos meus olhos enquanto segurava meu rosto próximo ao seu.

Suas palavras ecoaram na minha cabeça enquanto cada célula do meu ser parecia se incendiar. Apesar de tudo ela me amava, foi o que repeti para mim mesmo enquanto sentia-me extasiado pelo novo sentimento que me preenchia.

— E... Eu... — tentei falar algo enquanto segurava seu rosto delicado.

— Não precisa responder Draco, não agora. Prefiro que você me diga o que sente apenas quando tiver total certeza, quando você não estiver mergulhado numa bagunça de emoções. — respondeu simplesmente enquanto brincava com o meu cabelo. Como havia sentido falta da sua presença, da sua honestidade, de seu sorriso brilhante. Queria dizer que a amava de todo o meu coração mas aquele ainda não era o momento por isso só a beijei-a apaixonadamente, demonstrando tudo o que sentia por ela.

Segurei sua cintura com força, puxando para mim enquanto movia meus lábios sobre os seus. Comecei beijando-a devagar, apenas sentido o gosto de seus lábios, até senti-la suspirar. Acariciei seu lábio inferior com a língua e em resposta ela abriu seus lábios para mim, permitindo que eu explorasse cada centímetro de sua boca. Nós suspirávamos entre cada beijo sempre ansiando por mais. Desci os beijos por seu pescoço alvo enquanto ela sorria com as caricias e apoiava suas mãos nas minhas costas para não cair. Enquanto ela inclinava mais o seu pescoço deitei-a no chão levemente enquanto continuava a beijando.

Ela me puxou de volta para si beijando-me avidamente enquanto passava suas mãos por baixo de minha camisa, arranhando levemente milhas costas. Eu deslizei uma manga de seu vestido enquanto beijava seu ombro agora desnudo enquanto ela desabotoava um a um os botões de minha camisa.

— Draco... — meu nome saiu de seus lábios tão suavemente que pensei que fosse minha imaginação me pregando peças. Olhei para a sua face rosada e seus lábios vermelhos, ela estava mais linda do que nunca, chamando meu nome numa súplica doce.

— Tem certeza? — perguntei com o último fio de razão que me restava. Eu a queria mais do que tudo naquele momento.

Aurora confirmando seu desejo balançou a cabeça e me apertou contra si fazendo-me deitar completamente sobre ela. Uma a uma cada peça de roupa foi retirada e amamo-nos sob as estrelas entre suspiros e declarações. Ficamos acordados até os primeiros raios de Sol aparecerem no horizonte, e assistimos a aurora reinar no céu.

A garota adormeceu em meus braços e finalmente entendi, ela era minha luz, minha aurora que chegava para iluminar minhas noites mais escuras. Ela era minha salvação. E com esses pensamentos em mente adormeci ao seu lado num sono sem sonhos pelas próximas horas que poderia aproveitar antes de ter que acordar para o mundo real e experimentar mais dias sombrios que valeriam a pena se no final de cada dia pudesse ter minha própria aurora ao meu lado.

       Flashback off

As trevas finalmente acabaram e talvez seja hora de realizar meus sonhos, talvez seja hora de amar como nunca amei antes sem nada que me impeça de ser feliz. Era hora de encontrá-la.

       Aurora Aveyard, Draco Malfoy está a caminho.


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Notas finais do capítulo

Então???
Já que você, pessoa maravilhosa, chegou até aqui o que acha de comentar e deixar uma autora muito feliz?
Sério, comentários ajudam muito, principalmente para uma iniciante como eu.
Eu adoraria escrever outras fics, já tenho algumas ideias ;) Algum incentivo seria muito bem vindo.
Agradeço muito por ter dado uma chance a minha fic, sério você está no meu coração.
Mil beijos!



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