Conto de Crime escrita por otomriddle


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Depois de muito procurar, consegui encontrar um Conto (que eu me lembrava perfeitamente de ter escrito, ainda que não me lembrasse de seu conteúdo) que fiz à 4 anos atrás.
Como eu sou saudosista e cuidadosa com as coisas que escrevo, trouxe de volta o tal - com algumas modificações muito necessárias.



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Ele já tivera diversos nomes, porque após cada golpe era necessário mudar de vida, e isso incluía sua identidade. Atualmente, era conhecido como Luca Karon.

Também já fora chamado de uma infinidade de coisas, porque ladrões como ele costumavam acumular inimigos. Atualmente, era chamado de cadáver.

As manchetes dos principais jornais diziam praticamente o mesmo:

Empresário é encontrado morto em seu quarto, em zona nobre da cidade.

(É bom frisar que o termo Empresário é designado a todo aquele cidadão que fez fortuna e não se sabe como.)

As histórias também eram praticamente as mesmas.
Morrera após ingerir vários calmantes com bebida destilada; deixara uma viúva que afirmava que seu "querido marido andava meio nervoso e deprimido"; e, antes da morte, vendera suas milhares de ações para um comprador com nome não divulgado.

Apesar da aparente aleatoriedade do ato, Luca não deixara muito mistério quanto à sua morte "Todos que estiveram em contato recente com ele estão sendo interrogados, mas apenas por formalidade" dissera o detetive, Carlos Soames, responsável pelo caso. Todos concordavam. Fora suicídio.

Nenhuma linha dos jornais se perguntou como Luca Karon conseguira sua fortuna.

Nenhuma linha destinada à desvendar o passado nem tão límpido de Luca Karon.

Nem uma linha de nada realmente relevante ao leitor.
Isso porque Luca Karon fora esperto, e fizera amigos espertos que não gostavam de perguntas demais. E os jornais normalmente acatam a esse tipo de gente, afinal, o importante no ramo não é informar: é manter as portas abertas.

Mas nem todos os jornais trabalham assim.

Um recém-formado Jornalista Insignificante trabalhava para um pequeno jornal ainda mais insignificante que ele.

Esse Jornalista recebeu a difícil tarefa de escrever a história por trás do suicídio de Luca Karon. Infelizmente para o passado de Karon, o Jornalista resolveu saber como o homem chegou onde chegou e porquê se suicidou.

Segundo as pesquisas iniciais feitas em páginas online, os negócios de Luca Karon iam bem obrigado. Era casado com uma bela esposa 20 anos mais nova que "o amava perdidamente". Nunca tivera problemas com a justiça. A única coisa errada na vida dele era o fato de ter se suicidado.

Felizmente para o Jornalista, ele tinha muitos contatos. Ou melhor, muita gente lhe devendo favores. Um desses favores trabalhava em um grande Jornal, fazendo Grandes Matérias, incluindo a do próprio empresário morto.

Foi em um café sem importância que o Jornalista ficou sabendo, por intermédio deste outro jornalista mais bem sucedido, que Luca Karon não existia. Na verdade, aquele era um nome adotado pelo famoso estelionatário Joseph Kravos, que já aplicara golpes em vários países sem nunca chegar perto de ser preso por seus crimes. Isso porque as provas nunca eram suficientes ou conclusivas ou mesmo existentes. Simplesmente não havia como determinar que Kravos fizera o que fizera.

Nada havia sido comentado no grande Jornal pois era um assunto delicado a ser abafado.

Mas, para o azar do senhor Kravos, o Jornalista resolveu publicar a história que conseguiu, juntamente com algumas outras informações que descobrira por conta própria.

MORRE ESTELIONATÁRIO JOSEPH KRAVOS
por: Luiz Bracci

Morreu no dia último dia 15 (quarta-feira) um homem conhecido como Luca Karon, grande empresário no ramo do petróleo. Seu nome real, como se veio a descobrir, é Joseph Kravos, o famoso estelionatário que já agiu na Argentina, Estados Unidos e Rússia.
[…] Morreu de forma suspeita. Apesar das investigações apontarem para o suicídio, a falta de motivo leva a crer que foi, na verdade, um acerto de contas. Segundo contatos, o "Comprador das Ações Sem Nome Divulgado” não efetuou nenhum tipo de transação monetária para uma das diversas contas em nome de Kravos. Em contrapartida, as ações foram recebidas em um Banco Nacional para imediatamente serem transferidas à outra conta, na Suíça. O mais provável é que o assassino tenha acessado o computador pessoal de Kravos após sua morte, transferido as ações para si e deixado nos registros do estelionatário comprovantes falsificados da suposta venda. […] A polícia não quis comentar nada.“

A esposa de Joseph Kravos nunca se pronunciou sobre o caso, se mudando para a Nova York semanas depois do fim das investigações.

As ações e o suspeito nunca foram encontrados, assim como Luiz Bracci, que sumiu dois dias depois de sua matéria ter sido publicada.


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