POV. Autora
Os pais de Carlos Daniel fitaram Paulina por alguns segundos, entretanto, não pareceram desconfiar de nada. Apenas a encararam com certo pudor, afinal, se tratava da noiva de seus filho, tinham que analisar bem a moça.
—Olá. Prazer senhores Bracho. -cumprimentou Paulina esticando sua mão para o pai de Carlos Daniel, Carlos, mas ele apenas a encarou com certo desprezo, deixando sua mão no ar. Letícia então apertou sua mão no lugar, para evitar uma situação constrangedora.
—O prazer é todo nosso. -respondeu a mesma - Sentem-se por favor, vamos jantar em paz. -disse e encarou Carlos, repreendendo-o com o olhar.
Logo todos obedeceram, sentando-se na mesa.
—Eu quero ir embora, então façam logo o que tiverem que fazer. -respondeu Carlos, parecendo já estar cansado de tudo aquilo, ele não era um homem que se interessa por muita coisa, na verdade, poderíamos dizer que Carlos não se interessava por nada... Além de dinheiro, claro.
—Então Paulina... Por que não nós diz algo sobre você? -Sugeriu Leticia.
—Ah... Não tem muito o que dizer de mim! Meus pais morreram quando eu nasci e deixaram toda fortuna para mim, desde então, sou a única Bittencourt! -Disse, sentindo um grande aperto em seu coração, doía demais ter de fingir que sua mãe estava morta. 
— Sinto muito. -lamentou Leticia.
—Tudo bem, o Carlos Daniel me ajudou muito a superar tudo isso. -Ela disse e CD sorriu para ela, Paulina estava fazendo tudo certo, exatamente da forma que eles tinham combinado.
— Eu acho curioso demais, que você sendo dona de uma grande fortuna, nunca ter aparecido em eventos, nem nada do tipo... Na verdade, nunca ouvi falar de você, senhorita Bittencort! -Paulina olhou assustada para Carlos Daniel, que segurou sua mão embaixo da mesa, para acalmá-la.
Então, nesse mesmo momento, o garçom se aproximou e Paulina agradeceu aos céus por não precisar responder agora, fizeram seus pedidos e em seguida, o garçom se afastou novamente, então Carlos Daniel explicou:
—Papai... Desde que os pais de Paulina morreram, ela não se sente muito confortável em sair nem nada do tipo... O senhor entende, não é?
—Não seja tão indiscreto, amor. -Repreendeu Leticia.
—Está tudo bem, eu entendo! -Falou Paulina, sorrindo sem graça.
—Claro que entende, eu não posso permitir que meu filho se case com qualquer uma, ele tem que casar-se com uma mulher recatada e de uma boa família, que esteja a sua altura. -Afirmou Carlos e Paulina balançou a cabeça em concordância, mas, na verdade, aquilo a machucou bastante por dentro, ela sabia que no fundo ela não era nada daquilo... Na verdade ela era apenas uma moça humilde que tentava dar o melhor para sua mãe em seus últimos momentos de vida, ela era apenas alguém que nunca estaria a altura de Carlos Daniel, tais pensamentos a entristeciam profundamente.
—Se formos observar, acredito que eu na verdade nunca esteja na altura de Paulina... -Disse Carlos Daniel e todos o encararam sem entender - Pois ela é a pessoa mais nobre que eu já conheci, fez de tudo para salvar seus pais, enquanto pode. Ela é a pessoa com mais puros sentimentos que eu já conheci! - Disse e Paulina o encarou encantada, ele parecia ter dito aquilo realmente em relação a ela, não para aquela personagem que eles haviam criado.
—Você realmente parece estar apaixonado, filho. Isso me deixa contente! - Afirmou Leticia, sorrindo.
—Assim espero. -Falou Carlos, desconfiado como sempre.
Então, logo o garçom aproximou-se novamente, deixando os pedidos em cima da mesa.
O resto do jantar, foi bem mais leve, conversaram sobre assuntos mais normais e Carlos tentou não ser tão rude, para sorte de Paulina que já estava se sentindo bem desconfortável com toda aquela situação. Então, apesar de tudo, no fim tiveram um bom jantar, na medida do possível.

...

POV. Paulina

Por sorte o tal jantar havia terminado, agora estávamos no carro, rumo a minha casa, nem acredito que tudo deu certo... No inicio fiquei bem constrangida, mas na verdade, eu esperava algo bem pior, de acordo com as circunstâncias, então estou feliz.

—Muito obrigada por ter suportado meu pai, ele é bem inconveniente! -Disse Carlos Daniel, enquanto dirigia.

—Ele tem motivos, você não é nenhum santo. - Falei e ele sorriu, como alguém pode ser tão lindo? - Mas, está tudo bem. -Completei.

Após isso um silêncio assustador, tomou conta do carro, ambos ficamos calados por alguns minutos.

—Bom... Passamos o dia inteiro juntos e você não me disse muito sobre você! -Lembrei, com o intuito de puxar assunto.

—Prefiro manter assim, não gosto de falar sobre a minha vida. -Ele deu de ombros.

—Claro... Você não confia em mim. -Falei, sem parar de observá-lo nenhum instante.

—Olha, talvez querendo ou não, eu tenha que confiar, já que irei me casar contigo, não acha?

Sorri e balancei a cabeça em concordância.

—Faz sentido.

—Apenas prefiro manter meu espaço. -Ele explicou.

—Ah sim, mas, talvez fosse uma boa nós tentarmos ser amigos, ou pelo menos próximos, já que iremos morar juntos... -Sugeri, talvez no fundo, eu quisesse mais do que isso e como sempre, quebrei a cara.

—Er... Na verdade, eu prefiro deixar exatamente assim. -Ele falou e parou em frente minha casa, havíamos chegado.  Eu o encarei sem entender, Carlos Daniel era um enigma pra mim. Era realmente impossível compreendê-lo.

—Tchau Carlos Daniel! -Falei abrindo a porta do carro em seguida, talvez isso tivesse me deixado mais nervosa do que deveria.

—Paulina...Não me entenda mal, eu apenas não sei lidar com sentimentos e... pessoas! -Ele disse, então eu franzi o cenho... Cada vez ele se mostra mais estranho!

Apenas não quero me aprofundar, não quero me interessar demais por ele, não quero me machucar.

—Está tudo bem, até mais! -Falei e sai do carro, entrando rapidamente em minha casa em seguida, sem nem se quer olhar para trás.

Eu não quero tentar entender as coisas confusas que Carlos Daniel diz... Esse já foi um dia cansativo demais!