Flashlights & Clapperboards escrita por Paper Wings


Capítulo 4
Cap.3: Circles


Notas iniciais do capítulo

Heeey! Após muuito tempo, finalmente estou de volta? Como vocês estão, walkers queridos? Estou enrolada demais para escrever e só consegui postar hoje, pois esse capítulo estava quase pronto. Só faltavam alguns detalhes. Tenho um monte de fics para atualizar, misericórdia! Muitas saudades de vocês e, sem mais delongas, o capítulo 3.



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If you're looking for a diamond

You gotta sift through the gold

If you're searching for a way out

You gotta take a new road

Circles - Machineheart

 

Era estranho estar ali, em meio a tanta gente divertida e unida. A saudade de Nate surgiu em algum ponto dentro de meu coração e eu fraquejei meu sorriso por um segundo; apenas por um segundo... Logo depois, suspirei e vi de soslaio Norman, Andrew e Steven tirando selfies com churros, fingindo que as guloseimas eram charutos. Eles imitavam o semblante mafioso de Don Vito Corleone, de "O Poderoso Chefão", e provocavam risos na sala. Não pude evitar sorrir também, espantando a tristeza de Nathaniel não estar ali comigo para desfrutar de momentos tão preciosos.

Sentia-me um pouquinho deslocada, pois todos já se conheciam e tinham uma ligação maior entre eles, enquanto eu era a novata; a nova aquisição da família Walker. Devido a esse motivo específico, eu me limitava a passar meu tempo no círculo, somente sorrindo e às vezes gargalhando com os outros. Apesar de estar meio acanhada ainda, estava bem. Estava feliz.

— ... e Kenric e eu estávamos tendo um momento só nosso, entendem?

Melissa e Danai riam com a história contada por Sonequa. Era sobre, basicamente, aniversário de três anos de casamento, filho e momentos não muito oportunos... Com um sorriso plantado em meu rosto, ainda rindo internamente com a pérola de Green, deixei-as para visitar a mesa de comida. Ela era deveras chamativa, cheia de biscoitos, tortas, bolos... Os churros, porém, estavam quase acabando, por causa dos três patetas, os quais não paravam de tirar fotos.

Aproximei-me daquele mundo maravilhoso das gordices e contemplei aquela visão linda. Imediatamente decidi gravar aquele momento açucarado para fazer Nate passar vontade. Só porque sou uma boa amiga, sabe? Tirei meu celular da bolsa estampada e depois mandei a foto — eu fingindo suspirar de cansaço, ao lado daquela quantidade absurda de comida — para aquele idiota que eu amava demais, com a legenda: "É uma vida árdua; não podemos evitar.". Sorri para mim mesma ao ver que ele havia recebido.

Guardei o aparelho e analisei os doces com minúcia. Pareciam todos tão bons... Passei o olho por uma torta de maçã, a qual exalava um aroma forte e perfeito de canela; um bolo red velvet que parecia bem gostoso e, enfim, avistei na extremidade oposta da mesa meu objetivo supremo: rosquinhas. Acho que praticamente saí atropelando o trio dos churros para alcançar aquelas saborosas delícias. Quando mordisquei a rosquinha, sorri, presa em meus próprios pensamentos. Lembrei do dia D, em que Nate e eu esbarramos em Andrew; meu refúgio londrino; meu pai, do qual sentia tanta saudade; e...

— Você só pensa em comer?

Quase caí de costas. Nem havia notado que havia fechado os olhos com o sabor de lembranças em minha boca até ouvir a voz de Chandler perto de mim. Isso mesmo: Chandler! Com um pulo, virei-me e dei de cara com o garoto, o qual possuía a sobrancelha arqueada e um sorriso debochado no rosto. Credo! Nem posso ter um momento só meu, não? Eita...

— Dá licença? — Fingi irritação, em vão, enquanto limpava os resquícios de creme colorido de meus lábios. — Não posso nem comer em paz agora?

Ele negou com a cabeça, rindo baixo, como se eu fosse uma palhaça.

— Vem, Piper. — Tocou em meu ombro, puxando-me para longe da mesa. — Quero apresentá-la ao Mingus.

Ok, tive várias reações naquele instante. Foi um tanto explosivo. Primeiro, surtei internamente por Chandler Riggs estar me guiando para conhecer esse Mingus, que, se minhas contas estivessem certas, era filho do Norman; depois, soltei um muxoxo por estar sendo afastada forçadamente da mesa das maravilhas, olhando para trás com um leve bico no rosto e um semblante triste; e, por fim, fiquei irritada, pois lembrava de Mingus estar perto da mesa quando havia chegado e pensava agora por que raios ele decidira se mudar para outro canto, longe dos doces.

Hey, Gus. — Chandler chamou um loiro. — Essa aqui é a Piper.

Ele se virou e a primeira coisa que passou pela minha cabeça na hora foi: "Aquilo é um filtro de água ao lado de Mingus?". Acho que fiquei com a testa franzida e o maxilar travado, semblante não muito amistoso para conhecer alguém, mas não consegui evitar; não conseguia entender.

— Ahn, oi.

Eu ainda processava a recente informação, não respondendo ao seu cumprimento. Provavelmente, eu mantinha uma expressão meio rabugenta e um tanto que psicopata. Quem troca doces por água? É a mesma coisa que trocar um panda gorducho por um... Ah, sei lá, só era estranho e incompreensível.

— Nossa, está tudo bem?

Pisquei duas vezes, despertando de meu transe e arqueando a sobrancelha levemente. Qual era o meu problema? Cruzes! Compostura, Piper Murray!

— Ahn... — Esbocei um forçado sorriso, meio envergonhada. — E aí?

De soslaio, vi Chandler suspirando pesarosamente, como se me censurasse por ser um caso perdido. Não era minha culpa se as outras pessoas eram estranhas o suficiente para me transformar em um ser pensante. Mesmo assim, foi impossível não corar por minha desatenção.

— Eu sou Mingus. — O loiro sorriu, ainda meio desconcertado por minhas ações. — Ahn... Meu pai é o Norman, sabe? — Adicionou com um tom incômodo. — Ele faz o Daryl na série.

Franzi levemente os lábios, indagando-me sobre a razão de sua expressão desgostosa ao mencionar o pai. Será que eles não possuíam uma relação muito boa um com o outro? Ou talvez ele não gostasse de ser conhecido como filho de Norman Reedus. Isso era mais plausível. Ter sua identidade roubada: ele não era Mingus Reedus, e sim, filho de Norman Reedus. Eram coisas diferentes.

— Sei não... — Brinquei, boba, provocando uns pequenos risos, algo que me deixou feliz internamente, pois fazer novas amizades sempre fora uma tarefa bem difícil para mim. — Ok, o que eu não sabia era que você vinha ao set com seu pai.

— Não é sempre que é possível... — Explicou-se. — Nós moramos em Nova Iorque, mas quando as filmagens começam, às vezes, eu venho aqui para Atlanta até as aulas começarem. Aí, eu volto para casa depois e fico no apartamento da minha mãe.

Fiquei um pouco mais à vontade, vendo que Mingus estava tentando manter uma conversa civilizada.

— Nossa, Nova Iorque deve ser bem legal... — Sorri, prosseguindo com o papo. — Eu nunca havia saído da Inglaterra antes.

— Ah, eu gosto bastante. — Ele assentiu, comprimindo os lábios. — Você tinha que ver a Emily falando sobre Nova Iorque... — Sorriu verdadeiramente. — Não é, Chandler? — Esperou o amigo concordar. — Ela ama tanto essa cidade a ponto de dizer que gostaria de morrer lá.

Arregalei levemente os olhos.

— Nossa, nada medonho... — Engoli em seco, ironizando em um murmúrio. — Quem sabe eu visite Nova Iorque quando tiver algum feriado? Agora fiquei mais curiosa ainda e...

— Crianças!

Senti um peso sobre o meu ombro, assustando-me pela aproximação repentina.

— Vamos cortar um bolo de reinício das filmagens. Quero dizer, assim que a Lauren chegar... Enfim, parem com as gracinhas e os segredinhos e venham. Vocês, jovens, gostam de se isolar, né? Estou sabendo de tudo, seus safadões! Depois eu encontro só pegação no quarto e sou obrigado a ter a conversa e...

Fiz uma careta, processando as palavras, e atentei-me a Mingus corando e respirando fundo, totalmente perdido. Virei meu rosto em direção a Norman, o qual possuía um de seus braços sobre mim e o outro sobre o ombro de Chandler, e senti minhas bochechas ardendo um pouco. Algo me dizia que estava no meio de uma indireta...

Permaneci naquela posição, imaginando o que poderia fazer para sair dali. Chandler parecia acostumado com o comportamento de Norman, mas eu não... Eu só ficava à vontade para falar de coisas sórdidas, as quais nunca vivenciara, na verdade, com Nate. O Nate que deixara em Londres, ou seja, fiquei paralisada, confusa e sem jeito.

— Vocês não me enganam... — Ele prosseguiu, enviando um olhar acusador e meio brincalhão a seu filho. — Começa com: "É só trabalho de escola, pai...". Cedo ou tarde, vira...

— Que merda, pai! — Cortou o pai, meio desesperado. — Até quando você vai me atormentar quanto a Clem?

— Clem, não é? — Norman abriu um sorriso sacana. — Quando você trouxe a loirinha em casa, era Clementine Marie Jones. Mocinha de família, apresentando com nome completo e tudo... Agora é só Clem?

Mingus estava até com uma tonalidade meio esverdeada e eu suprimi um risinho. Aquilo era novidade para mim. Meus pais nunca haviam tido conversas sobre aquele assunto comigo e, assim, senti um pouco de vergonha. Sempre andava com Nate e, com ele, nunca havia realmente me preocupado em encontrar alguém... Eu estava completa com Nathaniel; não necessitava de garotos ou pegação. Talvez eu não fosse uma adolescente normal mesmo. Só de imaginar uma cena com um beijo entre Jodie e Carl, minhas mãos suavam de nervoso. Meu primeiro beijo nas telas de "The Walking Dead"? Será que eu precisava treinar? Ai, não! Treinar?! Ai, Piper Murray, você é um caso perdido!

Não pude evitar e encarei de relance Chandler. E se eu fizesse feio? E se o beijo desse completamente errado e eu tivesse que desaparecer nos confins de meu diário mental de micos? E se...

Uma sensação estranha surgiu e um arrepio na minha coluna me fez perceber que Riggs olhava para mim com uma expressão interrogativa. Desviei o olhar no mesmo instante e voltei a prestar atenção nos dois Reedus, com uma simples palavra martelando em minha cabeça: ''idiota''.

— Pai, essas coisas acontecem, caralho! Como se ela fosse a primeira garota que... — Mingus parou de falar e travou o maxilar ao ouvir o que acabara de dizer. — Olha aqui, pai... Se o que você queria era me humilhar, tenha certeza que você conseguiu! Você mesmo já me contou como você era com a minha idade e...

Norman arqueou a sobrancelha e sorriu de lado, deixando evidente que havia alcançado seu objetivo: deixar Mingus com cara de tacho, mesmo eu tendo uma certa desconfiança que o Reedus mais novo só não queria comentar sobre quem pegara na frente de todos, inclusive de mim.

— Ah, vem cá, seu canastrão! — O homem soltou-me e foi em direção ao filho, bagunçando o cabelo loiro de Mingus, com um ar quase orgulhoso. — Tal pai, tal filho! Somos Reedus... As mulheres que se cuidem, hein, filhão?

Novamente mergulhei em minhas próprias reflexões, ignorando a mudança de humor de Norman... Por mais que Nate soubesse de tudo sobre mim, inclusive quando ganhei meu primeiro sutiã — momento totalmente embaraçoso de minha pacata vida —, perguntar sobre como beijar apropriadamente uma pessoa estaria ocupando o top cinco de perguntas, as quais não deveriam ser feitas, a não ser que eu fosse alguém bem desinibida. Mesmo confiando os meus segredos mais profundos a Brown, ainda seria difícil começar uma conversa daquelas, ou seja, eu estava perdida!

Acabei por fitar o ator mais jovem novamente, mesmo que em um ato impensado. Beijar Chandler seria muito confuso e muito estranho por sinal, pois eu descobrira que a minha fase "crush-celebridade" ainda estava escondida em algum canto de minha cabeça bitolada. Tudo bem que eu seria profissional e tudo mais, porém, seria novidade. Uma novidade na frente de nem sei quantas pessoas e câmeras, portanto, nada de pressão, não é?

— Piper?

Tive a leve impressão de ouvir meu nome, mas afundei mais uma vez no medo de fazer feio. Beijar deveria ser muito simples, certo? Beijar alguém dotado de tanta beleza como ele deveria facilitar a perfomance mais ainda... Piper Murray, compostura, sua pervertida! Desde quando eu pensava naquelas coisas? Eu era a londrina, a qual preferia a companhia de seu babaca predileto, das séries e dos livros... Só de me mudar não significava que essa parte havia sumido, não é? Ou eu estava me transformando em uma típica adolescente cheia de hormônios à flor da pele, preparada para agarrar qualquer garoto pelo caminho? Ai, não! E se eu estivesse me tornando uma pessoa completamente diferente?

— Piper?

Novamente aquela sensação de estar sendo chamada... Estranho. Enfim, beijar Chandler Riggs realmente seria complicado, mas minha mente já trabalhava com várias soluções, que consistiam em assistir a tutoriais do YouTube — só de pensar na possibilidade, decidi descartá-la —; ter uma overdose de balinhas de menta e mandar ver na hora H; ou acabar com qualquer sentimento além de uma simples e pura amizade com o garoto. A última solução era uma boa saída... Uma brilhante saída! Era só eu manter uma postura totalmente imparcial e...

— Terra chamando Piper!

Senti meus ombros sendo sacudidos e eu pisquei por um tempo, estranhando a proximidade de Chandler. Ele me encarava com uma cara de preocupação, como se eu fosse doida. O ponto era: por quê?

Cri. Cri. Cri.

O cantarolar de grilos era somente impressão? Aos poucos, fui assimilando as informações: Norman com um semblante meio malicioso, revezando o olhar entre Riggs e eu; Mingus com a testa franzida de "O que está acontecendo aqui?"; Chandler ainda meio atordoado... E, então, caiu a ficha. Ai, meu walker do céu! Eu só poderia ser retardada assim no quinto das galáxias vizinhas! Qual era o meu problema exatamente? Piper Murray, você é uma retardada sem conserto.

Amaldiçoei-me por uns bons minutos. Por quanto tempo eu havia encarado Chandler descaradamente, boiando em meus pensamentos sobre amassos e amizades? A sensação de estar sendo chamada deveria ter sido real, só para melhorar, é claro, pois não estaria falando de mim se a situação não pudesse piorar. Como Nate me aguentava? Eu nunca tinha percebido o quanto era maluca. O que eu faria?

Analisei minhas saídas: talvez berrar em alto e bom som "Opa, quem disse bolo?!", batendo tampas de panela, e fugir "discretamente"; fingir um desmaio estratégico; oferecer comida e... Ah, não. Eu estava longe da mesa dos doces por causa de Mingus! Eu não poderia oferecer rosquinhas. Quanto tempo já teria se passado? Ok, hora de improvisar, Piper Murray. Nada de fazer feio...

— Nossa, que fome! — Fiz uma careta, meio perplexa. — Caramba, acho que eu... — Assimilei todos os olhares de pura interrogação e já comecei a dar passos para trás. — ... já volto!

Com uma rapidez impressionante, virei-me e saí a passos acelerados até a mesa de doces, porém, após alguns segundos, percebi que estava indo na direção errada. Estanquei no mesmo lugar, querendo afundar no chão e ficar lá para sempre. Criando coragem, olhei para trás de relance, percebendo o peso das encaradas nada disfarçadas de Norman, Mingus e Chandler. Abri um sorriso amarelo e apontei para o poço das maravilhas açucaradas do lado oposto do salão, como se me explicasse, e passei a caminhar agora para o lado correto. Antes disso, notei na expressão do Reedus mais velho um "Coitadinha, só pode ter problema.", enquanto tentava esconder seus pensamentos.

Eu ardia de vergonha e temia que um deles viesse atrás de mim. Para alguém que possuía sérios problemas na hora de fazer amigos — algo que sempre fora inexplicável para mim —, ali eu pude compreender o nível de idiotice de minha parte. Não importava o fato de eu estar conseguindo falar com eles se minha capacidade restringia-se apenas a micos atrás de micos.

— Olha só... A garota das rosquinhas. — Andrew surgiu ao meu lado, analisando a mesa de doces com minúcia. — Fez bastante amigos? Vi que estava conversando com Chandler e Mingus...

— ... e Norman. — Adicionei com uma careta e corando ao me lembrar do teor da recente conversa. — Ahn... É, sinto que lhe devo desculpas, não acha? — Mordi os lábios, rogando pragas silenciosas a Nate. — Por causa daquele dia em que abordei você no meio da calçada... Sinto muito por aquilo.

Faltava coragem para poder encarar o inglês. Eu simplesmente sentia estar desmanchando em minha própria vergonha naquele momento e meus pensamentos logo voaram até Nathaniel, o qual estava seguro em Londres e não precisava pedir desculpas como eu, que começaria a trabalhar com Lincoln em alguns dias.

— Ora, não é necessário. — Ele sorriu, divertindo-se com meu semblante. — Foi bem engraçado e não há porquê pedir desculpas.

Esbocei um leve sorriso e assenti, agradecida. Andrew pegou uns pastéis doces e saiu em direção ao restante do pessoal, deixando-me sozinha. Pude, enfim, voltar a respirar. Eu precisava pensar, isso sim. Deveria haver, na internet, um manual de como fazer amigos... Era algo de que realmente precisava. Depender de comida a ser oferecida não poderia ser minha estratégia todas as vezes em que tinha que escapar de minhas próprias ações.

— Cheguei, família! — Uma mulher gritou, sendo recebida por vários gritos alegres e assobios. — Sentiram saudades?

Virei pela movimentação e quase caí de costas. Lauren Cohan, a qual causara toda aquela comoção, e Emily Kinney acabavam de chegar. Elas eram as mais "divosas" do universo e estavam ali, a alguns metros de mim! Lauren, que fazia o papel de Maggie Greene, e segurava uma embalagem de bolo, e Beth! Meu coração deveria até ter parado. As Greene estavam no set! Para tudo! Inclusive Emily, que me traiu ao morrer daquela maneira injusta na série. Ela havia morrido! Morrido e me deixado em plena depressão!

Pude notar Norman aproximando-se, com braços abertos, de Lauren, que abriu um grande sorriso contagiante.

— Finalmente! — Ele chegou perto o suficiente dela, a qual já se preparava para cumprimentá-lo, imaginando que o homem se referia a ela. — O bolo!

Ignorando Lauren propositalmente e com um sorriso safado, Reedus pegou a embalagem de bolo, afastando-se, conforme uma série de risos preenchiam o recinto, incluindo os de Cohan. Estavam todos com uma aura tão alegre com a chegada das duas e não tardou até Christian Serratos, Alanna Masterson e Chad Coleman também chegassem. Eles eram Rosita, Tara e Tyreese respectivamente, ou seja, mais lendas vivas ali!

Eu continuava reclusa em meu cantinho, pensando que atrapalharia a união de todo o elenco, o qual já se conhecia. Não me sentia mal, pelo contrário, sentia-me surtada apenas pelo fato de presenciar aquela animação. Realmente parecia uma unida família... Família...

Hey.

Olhei para o lado e fitei Chandler, que se aproximava. Estranhamente, não senti qualquer sintoma da doença vinda da existência de crushes alheios. Talvez eu estivesse envolta por uma camada muito espessa de indignação e frustração. 

— Por que não vai até lá? — Seguiu meus pensamentos sobre o grupo logo adiante. — Eles são gente boa, sabia?

Suspirei, ainda envolvida pela palavra "família" e seu significado. Esbocei, entretanto, um sorriso. Não queria mostrar a Chandler Riggs que eu era uma garota com problemas em casa. Não sabia muito bem a razão. Somente Nate sabia de meus problemas, não parecia certo dividi-los com Chandler, apesar dele aparentar ser alguém legal.

— Tenho certeza que são. — Murmurei.

— Está tudo bem?

Percebi que ele estava a centímetros de mim naquele instante e acabei corando. Droga, como eu era idiota! Havia tantos motivos, os quais explicavam a razão de não poder corar pela simples aproximação dele: ele tinha namorada; eu acabara de conhecê-lo; se eu tivesse que beijá-lo — profissionalmente, é claro —, não poderia sentir algo além de pura amizade...

— Claro! — Forcei um sorriso. — E você? Por que está aqui e não ali, com todos?

Riggs acabou sorrindo, desviando a atenção sobre mim. Provavelmente, eu o enganara com meu sorriso, algo que nunca colaria com Nathaniel... Talvez isso fosse algo bom: desviar um pouco de meus problemas e minhas frustrações.

— Ah, eu fui telefonar para minha mãe... — Explicou-se. — Depois do bolo, eu tenho um compromisso, então, já deixei avisado o horário.

— Ah, ainda bem que você falou... — Arquejei. — Melhor eu ligar para a minha mãe também... Ela está em outra cidade, sabe? Se não, ele virá me buscar só amanhã. Licença, Chandler, eu já volto.

Afastei-me, imaginando se ao citar minha mãe, eu conseguira esconder a minha tristeza e certa decepção. Sacudi minha cabeça, dispensando minhas reflexões, e desbloqueei meu celular. Rodei minha lista de contatos e, antes de apertar o número da mulher, achei melhor mandar uma mensagem, caso ela estivesse ainda na reunião. Assim, eu não atrapalharia.

— "Mãe, daqui a pouco o pessoal vai embora"... — Murmurei enquanto teclava. — ... ''você consegue vir em uns quarenta e cinco minutos, por favor?".

A mensagem foi visualizada quase que no mesmo instante, mas ela não respondeu. Tomei isso como um sim... Seria horrível ser abandonada ali, no set.

— Avisou?

Voltei o olhar a Riggs e acenei positivamente, ainda aérea.

— Beleza. — Ele deu um sorriso de lado. — Vem, a Katelyn chegou. Acho que vocês se darão bem.

Vasculhei minhas lembranças e lembrei que essa Katelyn era a terceira parte do triângulo amoroso da série. Eu nunca havia tido uma amiga e isso fez com que um leve receio tomasse meu corpo. Sempre tinha sido Nate e eu; somente nós dois. Como tudo estava mudando tão rápido?

Segui Chandler até o restante do elenco, plantando um sorriso em meu rosto. Eu precisava causar uma boa impressão... Pude notar que mais gente chegara: Josh McDermitt, Seth Giliiam, Michael Cudlitz e dois jovens, de mais ou menos a minha idade, estavam lá.

Quando estávamos próximos o suficiente, os dois adolescentes vieram até nós. A garota deveriam ser a tal Katelyn. Ela possuía cabelo castanho e trajava uma camiseta larga de banda — muito boa, por sinal; era do Nirvana — e uma calça verde musgo, totalmente estilosa. Já o garoto, bom, eu não fazia a mínima ideia de quem pudesse ser. Reparei em seu cabelo loiro e meio bagunçado de maneira proposital e, na hora, lembre-me de Nathaniel e seu cabelo, ao acordar após as nossas maratonas de séries e filmes clássicos.

— Oi, Chandler. — Ela o cumprimentou, seguida pelo cara desconhecido. — Oi!

Engoli em seco, esboçando um sorriso em resposta.

— Piper, essa é a Katelyn e esse é o Austin.

— Oi, é um prazer.

— Hm, e esse sotaque, hein? — A menina falou em tom de brincadeira. — Chegou quando aqui, nos Estados Unidos?

Mordi os lábios.

— Hoje, na verdade.

— Que legal! — Katelyn abriu um largo sorriso, toda animada. — Eu estava falando com o Austin agora mesmo sobre viagens e o lugar número um da minha lista é o Reino Unido, com certeza!

Ergui as sobrancelhas, surpresa. Eu sabia que Londres, principalmente, era um ponto turístico bem famoso, mas como trocar uma cidade quente e ensolarada, como Atlanta, pelo clima cinzento de minha terra natal? Ok, eu amava a minha terra natal... Quem eu queria enganar? Talvez a animação quanto à minha nova vida estivesse afetando meu julgamento.

— Boa escolha. — Garanti. — Você vai adorar toda a vibe britânica...

— Você é de Londres? — Austin indagou, introduzindo-se à conversa. — Já fui lá algumas vezes... É bem legal mesmo.

— Aham... — Senti meus olhos brilharem de saudade de tudo, o qual havia deixado para trás. — Minhas memórias mais preciosas foram feitas lá, sabe? Já estou morrendo de saudades de Londres. Sem ofensas, é claro! — Adicionei rapidamente, assustada com a possibilidade de segundas interpretações. — Vocês são bem legais.

— Claro que somos. — Chandler abriu um sorriso sacana. — E olha só: cinco minutos sem oferecer comida para para quem acabou de conhecer? Caramba, acho que isso já deve garantir seu lugar no Guiness.

Minhas bochechas esquentaram e direcionei uma expressão de "não tem a mínima graça" a Riggs. Enquanto Katelyn e Austin estavam completamente "boiando", Mingus também veio até nós, cumprimentando os recém-chegados.

Logo, toda a atenção foi desviada para, é claro, o trio de patetas. Eles tinham acabado de encontrar o aparelho de karaokê. Misericórdia... Juntos, faziam uma apresentação cômica de "I will survive", com direito à coreografia e caretas engraçadas. Foi muito bem-vindo, na real, pois me ajudou a espantar os pensamentos pessimistas sobre minha família, deixando-me menos atordoada e alegre o suficiente para gargalhar com o elenco.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Comentem, por favor, a sua opinião! No próximo capítulo, teremos um pouquinho mais da festinha de reinício das filmagens e mais alguns micos da nossa protagonista!
Xxxxxx



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