..., talvez nunca mais volte para o colégio, pelo menos é o que sinto no momento.

    Andei por um longo período. Resolvi ir para aquele lindo campo de tulipas vermelhas onde parte dos meus sonhos havia se tornado realidade ao lado do Joaquim.

    Atravessei o enorme corredor em uma lerdeza divina. Não queria que ele acabasse. Depois vou para o mesmo lugar aonde aconteceu meu sonho e o piquenique com o Joaquim. Tenho ótimas recordações desse lugar o que significa que é perfeito para eu pensar em tudo que está acontecendo.

    Eu sei que não estou fazendo certo em pensar nele. Por mais que eu tente é impossível. Talvez se eu não tivesse ido para o quarto com ele..., nunca a Manuela teria nos pego. Só você sabe o quanto estou arrependida por tudo, pensei que esse ano daria tudo certo, mas mal começou e já estou azarada.

     – ALICE!? ALICE, VOCÊ ESTÁ AQUI!? – eu reconheço a voz. Joaquim está me procurando. Permaneço no lugar sem responder ao chamado – ALICE!? SEI QUE ESTÁ AQUI..., ME RESPONDA, POR FAVOR!

     Logo o silêncio volta a reinar, o que me fez pensar que Joaquim já havia ido embora.

     – Alice por que não me respondeu? – olho para trás e vejo o Joaquim da mesma forma que o deixei no quarto. Deve ter saído atrás de mim logo após os deixar.

     – Não quero ver ninguém!

     – Nem mesmo a mim?

     – Você é a pessoa que eu menos quero ver!

     – Mas por que? – ele disse vindo em minha direção.

     – Você que é o culpado de tudo!

     – Eu por que? – ele disse pegando na minha mão.

     – Não me toque – me levanto e me afasto dele.

    – Eu so quero entender...

    – Eu vim aqui para eu pensar e não para ver você!

    – Pensar em mim?

    – Não, vou embora – pego a minha bolsa do banco e caminho na direção contraria, tentando lembrar a saída.

    – Espere! Preciso falar com você! – ouço os passos de atrás de mim.

    – Entenda, eu não quero falar com você!

    – Eu realmente estou apaixonado por você!

    – Me esqueça, você é namorado da minha amiga!

    – Terminei com ela por você.

    – Pois não devia ter feito isso. Eu não sinto nada – corro para me afastar e ele faz o mesmo para me alcanças. Resolvo me apressar mais, mas de nada adianta. Passo pelo portão de entrada e eu ia atravessar a rua quando ele gritou:

    – NÃO!!!!!!!!!!!!!!!

∞∞∞

     Abro os olhos e noto que estou em um quarto de hospital. Joaquim se levanta da poltrona que estava sentado no canto do quarto quando vê que acordei.

      – Como se sente?

      – Não dá para ver?

      – Está doendo muito?

      – Estou com muita dor de cabeça e... O que aconteceu com minha perna?!

      – Relaxe, você quebrou a perna e vai ficar tudo bem.

      – O QUÊ? Eu quebrei a perna, e você diz isso com essa tranquilidade?

      – Respire, vou chamar um médico – chamo a atenção dele novamente antes que saia do quarto.

      – Espere, minha mãe já sabe disso?

     – Não consegui me comunicar com ela. Peguei o número do seu celular, mas só da caixa postal.

     – Ainda bem, ela não está muito bem. Não quero causar mais problemas por algo que aparentemente é simples.

     – Você é tão boa, pensa nos outros até mesmo na condição em que se encontra. Vou chamar o médico.

   Joaquim me deixa sozinha no quarto e após alguns minutos volta com o médico que vê uma ficha antes de perguntar:

   – Se sente melhor?

   – Estou com muita dor de cabeça e minha perna...

   – Era de se esperar. Você quebrou a perna e o impacto, além do susto irá lhe causar dor, mas os exames voltaram normal. Irei prescrever algo que possa ajudar nos próximos dias e devemos ligar para sua mãe.

    – Minha mãe está fora do país. Uma ilha que é difícil conseguir sinal.

    – Então para o seu pai?

    – Não tenho pai.

    – Sinto muito mais precisamos de alguém que seja responsável por você.

    – Essa pessoa precisa ter quantos anos? – perguntou Joaquim

    –  Tem que ser próximo da paciente e tem que ser maior de idade.

    – Sou o namorado dela e em breve completo os dezoito. Posso pagar qualquer conta também, dos exames.

    – Me acompanhe. Vamos ver o que fazer nesse caso já que a mãe não poderá vir busca-la.

    – Okay, já volto amor! - diz jogando um beijo no ar.

    Ele segue o médico e eu fico sozinha com os meus pensamentos. Qual seria o motivo dele ter me ajudado e ter se passado pelo meu namorado? Será que é verdade mesmo que ele me ama? Porque eu estava brava com ele. Ele me beijou mais eu devia ter impedido o beijo e não me entregado.

    Joaquim retorna após um tempo com um sorriso malicioso nos lábios.