Dejame Ser escrita por Meel


Capítulo 3
Dúvidas




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E, com o passar dos dias, Remo percebera que Tonks estava mais próxima de Joseph do que havia dito que estaria – e percebeu que estava um tanto enciumado também. Numa tarde, ela recebeu uma missão e deveria ser acompanhada por Joseph e, assim que soube, ficara toda entusiasmada.

            A lua cheia chegou e Remo se transformou no porão do Largo Grimmauld, como todas as vezes desde que passara a morar lá. Porém no dia seguinte, ao acordar, Remo acreditava que veria o rosto em forma de coração de sua amada ali, em sua frente, já cuidando de seus ferimentos – o que iludiu o licantropo, pois ela não estava ali, embora já houvesse retornado da missão. Ainda assim, como estava acostumado, pôde cuidar deles sozinho.

            Ao sair do porão dirigindo-se à cozinha para o café da manhã, encontrou Tonks e Joseph sentados lado a lado, à grande mesa que havia na sala de jantar.

            - Bom dia. – começou ele.

            - Bom dia, Aluado. – respondeu Tonks.

            - Bom dia, Remo. – disse Joseph.

            - Se não se importa, eu preferia que você me chamasse de Lupin. – advertiu-o o lobisomem, de costas para ambos.

            - Me desculpe, Lupin.

            - Assim está melhor, obrigado.

            - Está tudo bem, Remo? – perguntou a metamorfomaga, percebendo que alguma coisa estava errada.

            - Apesar da noite, estou sim. – respondeu ele.

            - Com licença, eu posso perguntar o que houve durante a noite? – perguntou Joseph, que aparentemente não sabia da condição de Remo.

            - Não sei se te contaram, mas sou um lobisomem. – ele respondeu à pergunta do garoto, ainda de costas para os dois. – E noite passada foi a primeira noite de lua cheia deste ciclo.

            - Er... – Joseph corara: não sabia o que responder. – E - eu sinto muito, não sabia. Então... os gritos que eu ouvi durante a noite foram seus, Lupin?

            - Foram sim, mas... ah, não importa. Contando que você não entre naquele porão durante uma noite de lua cheia. – respondeu Remo, e logo completou: - Posso ser perigoso, sabia? Já imaginou você entrar num aposento e dar de cara com um lobisomem adulto transformado? - Remo riu imaginando a possibilidade de o garoto ser estúpido a ponto de fazer tal coisa.

            - Eu já imaginei e já presenciei, Aluado! – disse Sirius rindo, enquanto descia as escadas em direção ao amigo.

            - Ah, mas você não é base, Almofadinhas. Qualquer loucura de que se possa ouvir falar tem seu nome no meio!

            - Não fale assim de mim, lobinho. Não fui eu que disse uma vez que se pudesse controlar-me durante a transformação entraria no dormitório feminino em Hogwarts!

            Ambos caíram na gargalhada, e Remo percebeu que Sirius o estava ajudando a fazer algo que não havia planejado, mas estava gostando muito: eles estavam assustando Joseph com essa historia de “lobisomem”.

            - Não conte essas histórias, Almofadinhas. As crianças vão ficar traumatizadas. – falou o licantropo alto o suficiente para que os outros dois ouvissem, mas logo depois abaixou a cabeça para continuar preparando algo para comer. Ainda assim, Sirius viu o sorriso maroto no rosto do amigo.

            - Eu já lhe disse que não sou criança, Remo. – Tonks parecia irritada com o amigo, mas ainda assim ria da conversa dele e de Sirius. O licantropo ignorara o comentário dela, terminou de preparar seu café e se retirou da cozinha, dirigindo-se até a sala de estar, onde se sentou em uma poltrona e continuou a leitura de seu livro.

            Alguns dias mais se passaram e Tonks deixara toda sua atenção sobre quem ela voltara a chamar de “Joe” - se ela ainda queria a atenção de Remo, estava sendo uma ótima atriz disfarçando isso. Porém, estava percebendo que Remo estava diferente, a tratava de uma forma diferente – não deixara o cavalheirismo e educação de lado, mas não a tratava com aquele carinho de antes, aquele carinho de quando se tornaram namorados por dois meses, até que ele disse que não dava mais.

            Numa tarde, Remo, que já estava enjoando com a conversinha de Tonks e Joseph, a chamou para conversarem.

            - Tonks? – chamou ele.

            - Sim? – ela respondeu, virando-se para encarar o licantropo.

            - A gente pode conversar? – ele perguntou, tentando não olhar para o garoto ao lado dela.

            - Até podemos, mas eu não pensei que tivéssemos alguma coisa para conversar nesses últimos dias.

            - É sobre... é sobre uma duvida que eu tive em seu ultimo relatório.

            - Ah, sim. Pode perguntar.

            - Podemos subir? – perguntou ele, apontando para o andar acima deles.

            - Está bem. – disse ela, parecendo confusa. – Eu volto logo, Joe. – disse ela levantando-se.

            Andaram até o escritório, que era onde ficavam todos os relatórios após Dumbledore ler e devolvê-los e onde ele ficava a maior parte do tempo. Ele abriu a porta e deu passagem para que ela entrasse primeiro.

            - Qual é a duvida, Remo? – perguntou ela, acreditando no motivo que ele dera.

            - Er... – ele pensou antes de perguntar a ela: - Tonks, você ainda gosta de mim?

            - O quê? – perguntou ela, rindo disfarçadamente. – Que pergunta é essa, Remo? Claro que eu ainda gosto de você, eu ainda confio em você, e ainda é um grande amigo, e...

            - Não foi nesse sentido de gostar que eu quis dizer. – interrompeu-lhe ele. O sorriso no rosto em formato de coração dela se esvaiu. – Eu quis perguntar se você ainda me ama como me amava antes.

            Ela sentou-se na cadeira em que ele geralmente ocupava, já que o lobo continuava em pé.

            - Amo, Remo. Eu ainda o amo. Só que eu estou tentando colocar na minha cabeça que você não quer nada comigo, já que é velho, pobre e perigoso demais pra mim, e...

            - Shit*! Que imbecil eu fui, e sou ainda! – disse ele levando as duas mãos ao rosto. – Eu nunca devia ter te dito isso, Dora!

            - Ah, agora volta meu apelidinho?

            - Eu nunca deixei de usar seu apelido. Só não queria usar na frente daquele tal de Harreys... Não queria que ele percebesse que éramos próximos. – respondeu ele, baixando as mãos aos bolsos do paletó.

            Ela ficou alguns segundos quieta, apenas refletindo nas palavras dele. Até que respondeu:

            - Vai me dizer agora que quer voltar?

            - É, eu estava pensando nisso... mas acho que você não vai querer, né? Agora que reencontrou um ex-namorado, e depois de tudo o que eu te disse aquele dia.

            - Remo, eu não posso ter uma conclusão certa agora. Não posso te dizer se é sim ou não. Eu ainda te amo muito, mas Joe é um cara legal, ele está mudado desde que saímos de Hogwarts: ele está um pouco mais racional. Então eu estou muito confusa agora.

            Ele levou as mãos ao rosto novamente, passou-as pelos cabelos cor de areia e suspirou.

            - Tudo bem, eu já entendi. Então, qualquer que seja a sua escolha, eu espero que seja feliz.

            Ele deu três passos em direção a porta e Tonks chamou-o de novo.

            - Eu ainda te amo, Remo, e muito. Mas eu não tenho culpa que você seja muito idiota, ok?

            - Certo. – ele respondeu, sem se virar para encará-la. Levou a mão à maçaneta para sair dali e ouviu seu nome sendo novamente pronunciado pelos lábios dela.

            - Remo, por acaso você não está com ciúmes, não é?

            Ele se virou, andou até ela e suspirou antes de responder.

            - Sim, pra lhe falar bem a verdade, eu estou.

            - Remo, como é que você tem coragem de sentir ciúmes entre Joseph e eu? – ela alterara a voz: estava gritando com ele - Ainda depois de tudo o que a gente passou, e as discussões sempre sobre o mesmo motivo!

            - Me desculpe, Dora.

            - Eu estou tentando, Remo. Só que não sei se você percebe, mas não é muito fácil. Eu chorei muito por você, choro até hoje! Eu sofri muito tentando te convencer que poderíamos ficar juntos numa boa e levar a vida normalmente, apesar da licantropia.

            - Eu sei, Dora. – o tom de voz dele poderia ser facilmente abafado pelo dela, já que ele continuava ali, parado, apenas ouvindo tudo o que ela queria lhe falar. – Tenho percebido isso ultimamente.

            - Ah, é? Mas se percebeu não fez nada pra nossa situação mudar?

            - Eu... ainda assim eu não podia.

            - Pelos mesmos motivos de sempre?

            - Não, Tonks. Porque você já achou alguém melhor que eu.

            - REMO JOÃO LUPIN! Ouça-me! Ninguém nunca vai ser melhor do que você, está bem?

            No andar de baixo, Joe ouvia tudo claramente, pelo menos as falas dela. E cada vez ficava mais triste por pensar que então ela realmente não reataria com ele, que ela ainda queria Remo. Este, por sua vez, estava estático frente à metamorfomaga, olhando diretamente nos olhos dela. Olhos que agora estavam fortemente escuros, assim como os cabelos negros e compridos, referentes à família Black. E era impossível não se perder na imensidão desses olhos escuros. Remo teve vontade de beijá-la para fazê-la parar de falar e resumir a discussão em alguns “eu te amo” e “não vou te deixar nunca mais, eu prometo”.

            - Por favor, Remo! Coloca isso na sua cabeça, ok? Ninguém vai tomar o seu lugar! Só que pra você ocupar ele, tem que merecer, e eu sei que você tem capacidade de merecer.

            - Tonks, eu posso falar? – pediu ele calmamente, torcendo para que ele o tenha escutado, pois não queria por nada erguer a voz para ela. Assim que ficou calma, ele continuou: - Eu te amo, ok? Por favor, me perdoa. Eu sei que fui imbecil, idiota, burro, irracional e...

            - Dá pra parar de se xingar?

            - Ok, parei. Mas você me perdoa? – ele estava suplicando, pedindo com aquela carinha de lobo sem dona, ainda que não percebesse.

            Ele se aproximou e beijou-a lentamente, as lágrimas escorrendo dos rostos de ambos. Porém, ainda que estivesse adorando o beijo, Tonks afastou-o e deu-lhe um tapa no rosto. Ele ficou ali, parado e sem reação, com os olhos cerrados enquanto sentia o lado esquerdo do rosto arder fortemente.

            - Me desculpe, Remo. Doeu-me muito fazer isso. Acho que dói mais em mim do que em você, já que em mim é emocional.

            E, secando as lágrimas, ela foi em direção à porta. Abriu-a, mas antes de sair, disse:

            - Quando decidir se a tua opinião é o que você me disse agora ou o que me dizia antes, me procura. Sabe onde me encontrar.

            Assim, saiu dali e desceu as escadas, deixando no escritório um Remo Lupin totalmente destruído psicologicamente pela situação em que se encontrava. Ele se jogou contra a parede e suas costas escorregaram por ela, até que ele estivesse sentado no chão frio da sala, chorando demasiadamente.

            Ao chegar à cozinha, ela encontrou Joseph e Sirius estáticos ali, abobadados pelo que acabaram de ouvir. Mesmo que somente Sirius estivesse entendendo exatamente o porquê da discussão, já que sabia o que havia acontecido anteriormente aos dois – as outras discussões e os momentos bons e ruins de ambos -, Joseph também ficara estupefato com o desentendimento entre os dois.

            - Não se preocupem comigo, eu estarei bem. Vou até a casa de meus pais, talvez minha mãe possa me ajudar. – disse ela, avisando aos dois.

            - Dora, você não quer pelo menos tomar um pouco de água antes de sair? – ofereceu Sirius.

            - Não, primo, obrigada. Estou saindo.

*Shit: termo em inglês, que pode ser traduzido para “droga, merda, etc.” num sentido de xingamento para algo.


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