— Estamos com problemas Paulo...
Com minha boca próxima ao comunicador, eu digo um pouco apreensiva, observando a presa por um telhado velho e cheio de talhos.
— Não se preocupe Jessica, eu estou aqui para te proteger!
Ouvindo as palavras de Paulo, sinto uma pequena gota de suor descer pelo meu pescoço, observando aquele homem andando pelo beco com uma jaqueta branca, óculos fundo de garrafa e andar lento, mas parecendo um medico expulso de seu plantão de hospital.
— Paulo, Ele esta próximo de mim...
Digo com meu coração pulsando forte em meu peito, também me lembrando de que não sou capaz de atacar ninguém, mas eu queria! Para provar que não uma inútil e que não preciso ser protegida pelo Paulo, eu também queria protegê-lo.
— Não se preocupe Jessica! Eu já estou vendo ele!
Sua voz ficava baixa, permitindo apenas o chiado do comunicador e o barulho de Paulo correndo sobre o telhado em direção ao homem, com coragem, mas sem preparação e estratégia nenhuma, me deixando mais aflita e nervosa com a situação.
— Paulo!
O nome dele foi a única coisa que consegui gritar para tentar fazê-lo parar de atacar.
Já era tarde demais, o homem já havia percebido Paulo, mas para ele também era tarde demais, a mão esquerda de Paulo queimava envolvida pelas chamas que também brilhavam em seus olhos mirando no peito do homem, Paulo estava frente a frente a ele, e a sua única reação foi se preparar para receber o impacto.
— Moeru Te (Mão Flamejante)
Meus olhos brilhavam automaticamente fazendo aparecer um sorriso em meu rosto, sentindo meu coração se acalmar.
— Acabe com ele Paulo!
Gritando de felicidade e alivio, observo Paulo acertar um soco no peito de nosso alvo, o lançando longe pelo impacto, deixando apenas um rastro de sangue e carne putrefata e queimada pelo chão.
— Conseguimos Jessica!
Abrindo minhas asas que de acordo com meus amigos pareciam de um anjo pela minha aparência e por elas mesmas, descia ao encontro de Paulo, observando o sangue pelo chão deixando meus olhos cansados, como se tivesse ficado de repente sonolenta.
— Bom trabalho Paulo...
Fico ao seu lado observando o corpo do homem no chão, percebendo que mais uma vez eu não pude ajudar em nada, mais uma vez eu deixe o Paulo se arriscar sozinho.
— Desculpa Paulo...
Digo baixinho segurando as lágrimas e fechando meu punho forte, tão forte que minhas unhas já marcarão a minha carne deixando pingar algumas gotas de sangue no chão, me sentindo nervosa e desapontada comigo mesma.
— Jessica, você esta bem?
Sinto um toque suave em minha mão direita a abrindo com carinho e ternura.
Observo Paulo colocar minha mão aberta no peito dele me fazendo sentir as batidas de seu coração e aos poucos a sua energia quente que envolvia completamente o meu corpo fazendo minha tristeza e nervosismo desaparecer.
— Sim, eu estou...
Digo com um sorriso espontâneo em meu rosto tirando minha mão do peito dele olhando para baixo afastando uma lágrima que tinha aparecido no canto de meus olhos.
— Que fofinho
Ouço uma voz estranha perto do corpo caído e logo dou um passo para trás.
— Quem está ai?
Digo já apreensiva observando Paulo ficando a minha frente em sinal de proteção a mim, eu não iria permitir ele fazer tudo de novo, enquanto eu ficava na retaguarda.
O corpo agora pouco caído e frio agora levantava a minha frente restaurando a ferida que se encontrava em seu peito olhando para nos e sorrindo maliciosamente.
— Me desculpe fazê-los esperar tanto, eu estava tirando uma soneca enquanto ouvia vocês falarem, prazer em conhecê-lo, eu me chamo Hadou D, Pablo.
A garota que um dia se escondeu para não machucar ninguém agora luta com todas as forças contra o inimigo a sua frente, essa è Jessica Rodrigues.
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